Regret escrita por Kaline Bogard


Capítulo 9
Capítulo 09


Notas iniciais do capítulo

GEEENTE

Alguém lembra disso? Acho que não, né?
Mentira, eu sei que a Mokona lembra e ela sempre me cobra (nada) gentilmente sobre a finalização da fic dos detetives.

Então, vou tentar terminar a história, prometo. Ai, Mokona, só você pra me fazer escrever isso de novo xD



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Regret

Kaline Bogard

Capítulo 09

— Obrigado, doçura. Você salvou minha vida — Travis desligou o celular e voltou-se sorrindo para Wes, a tempo de vê-lo girando os olhos — O que foi? Gostou de ver o papai em ação?

— Claro, Papai — resmungou.

— Não fique com ciúmes, Wes. Só tenho olhos pra você. Mas o lobo precisa afiar os dentes de vez em quando...

O loiro respirou pesado, parando o carro em um semáforo.

— Ta, e o que Kendall queria? — referia-se a garota da Informática que telefonara para o celular de Travis.

Nesse ponto o moreno ficou sério, assumindo a postura profissional característica de quando ia dizer algo importante.

— Ela descobriu sobre a filha adotiva dos Singer. Ela não era tão pequena na época, nós que deduzimos errado. Está com dezenove anos agora. Então já tinha idade para lembrar de tudo o que aconteceu.

— Isso é ótimo. Mas se ela soubesse de algo teria dito e constaria nos registro — refletiu Wes, já não mais tão animado com a própria idéia de investigação — E por que está no sistema?

Travis respirou fundo.

— Porte de drogas. Saiu sob fiança. Ela se chama Emma Smith e trabalha em uma lanchonete perto daqui. Tem que manter contato ocasional com o Serviço Social, como parte da condição para limpar a ficha.

— Ótimo! — talvez a pista não desse em nada, mas era melhor do que ficar parado.

— Sim, você insistiu tanto para verificarmos. Vamos lá agora mesmo. Talvez dê pra comer algo e pular o almoço.

Wes não respondeu. O sinal abriu e ele manobrou o carro.

A lanchonete não ficava longe, realmente. Uma construção perdida entre dois altos prédios, como um dente estragado que alguém sente pena de arrancar. Los Angeles era a cidade dos sonhos. Os que almejamos e os que abandonamos. E a “Blue Dinner”, nome da lanchonete, parecia exatamente isso: uma condensação de todos os sonhos impossíveis que as pessoas abandonam.

Um lugar velho, encardido e mal conservado. Assim que atravessaram a porta depararam-se com um ar rançoso, estagnado; quase uma parede invisível e intransponível. Duas ou três pessoas comiam refeições que pareciam ter saído direto do lixo. Sem animo, peças perfeitas no cenário decrépito.

Atrás do balcão havia apenas uma jovem, de cabelos curtos loiros, amassados. Uma carga pesada de maquiagem a fazia parecer bem mais velha do que era. Sequer ergueu os olhos para receber a dupla.

Travis e Wes se entreolharam.

— Olá — o moreno se aproximou, mostrando a insígnia presa ao cinto — Departamento de Policia de Los Angeles. Homicídios. Queremos falar com Emma Smith.

— Sou eu — a garota pegou um cigarro que repousava no cinzeiro e o tragou. Só então olhou os rapazes — Querem saber sobre os Singer?

— Sim — Wes respondeu sem parecer surpreso. O Dentista atacara novamente, talvez Emma estivesse acostumada a ser interrogada sempre que um novo caso surgia. Que vida...

— Foram rápidos dessa vez. Ano passado demoraram mais a me procurar — soprou a fumaça segurando o cigarro entre os dedos indicador e médio. A mão tremia.

— Pode nos ajudar?

— Não — ela balançou a cabeça — Eu tinha catorze anos na época, fiquei com eles por menos de uma semana. Estava assustada, porque crianças mais velhas são devolvidas com freqüência, com raiva por pensar que eles podiam me mandar embora. Não deixei que se aproximassem. Não os conheci direito. Eu estava na escola quando aconteceu. Enrolei antes de voltar para casa e os encontrar. Não faria diferença ter voltado antes. Estavam mortos há horas e horas — foi repetindo um discurso decorado.

— Não tem nem um detalhe, algo que achou estranho...? — Wes perguntou com gentileza.

— Um vizinho suspeito? Uma ligação esquisita? Qualquer coisa?

— Não, nada — ela respirou fundo — Acredite, detetive. Esse assassinato acabou com a minha chance de ter uma família. Voltei para o Imaculado Coração e tive muito, muito tempo para pensar. Fui a celebridade por um tempo, a órfão do destino trágico. Eu queria mesmo lembrar de algo. Mas esses anos todos... fiquei com os Singer apenas uma semana, não posso ajudar. Sinto muito.

Travis e Wes se entreolharam. Uma tentativa que os levara a um beco sem saída. Apesar disso, Mitchell pegou um cartão e estendeu para ela.

— Caso se lembre de algo... — deixou a frase no ar.

A loira pegou e guardou no bolso sem ler.

— Mais um pra coleção — deu de ombro — Eu só queria que parassem, sabe? Cada ano, cada assassinato, cada dupla de detetives, cada cartão. Esse ciclo deveria ter um fim. Engraçado, não é? Eu tinha medo de ser devolvida, mas não dessa maneira. As pessoas desaparecem do nosso lado... tão fácil.

Não puderam dar resposta para aquilo. Só fazer o melhor possível para pegar o serial killer. O encontro toldou os ânimos. Como prosseguir dali pra frente? Mais um dia infrutífero de investigações chegava ao fim. Seriam vencidos pelo astucioso assassino?

Nem Travis, nem Wes permitiriam que a vitória de um monstro durasse outro longo ano. O animo de Marks, especialmente, era dos mais baixos.

Sim. Pessoas desapareciam muito rápido dos nossos lados. Passara por lares adotivos o bastante para saber daquilo. Tivera várias mães, irmãos e irmãos, pais. Aprendera a amá-los e a não ser egoísta, aceitando que não fizessem mais parte de sua vida. Aprendendo que relacionamentos eram transitórios e passageiros.

Até conhecer certo loiro que mudou sua forma de ver o mundo. Certo loiro complicado que queria manter para sempre com ele. Mais do que tudo no mundo.

Era hora de tomar uma decisão. Marks não podia mais deixar as coisas como elas estavam.

T&W

— Você se importa de ficar em casa sozinho? — Travis perguntou — Tenho um compromisso importante.

Wes ergue as sobrancelhas, surpreso pelo pedido inusitado.

— Não. Vou voltar para o hotel, preciso resolver algumas coisas — ele disse como forma de despedida, com o carro parado em frente a casa do detetive moreno, depois de terem passado algumas horas do expediente, graças ao caso d’O Dentista.

— Sinto muito, cara. É algo sério. Preciso resolver isso, depois teremos uma conversa, prometo.

O ex-advogado não compreendeu a seriedade nas feições do amante. Ficou um tanto preocupado. Quase assustado. Mas não invadiu o espaço que ele pedia. Apenas acenou com a cabeça e foi embora, deixando Travis parado na frente da residência.

Depois que o veículo desapareceu em uma esquina, Travis pegou o celular e discou rápido uns números decorados. Foi atendido no terceiro toque.

— Alex? Tudo bem com você? (...) Precisamos conversar, você pode me receber essa noite? (...) Obrigado, é muito importante.

Continua...


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Notas finais do capítulo

A esperança é a última que morre! Vou tentar não demorar dois anos com o próximo! Haha



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