Enquanto Marlene discutia os detalhes do contrato de Lily/Marie, James dizia a si mesmo que a gravidez mexeu com o juízo da irmã de criação. Que tipo de temporária era aquela?

– O que você está querendo com todas essas cláusulas absurdas?

– James quer parar de interferir? Sei fazer meu trabalho. – Marlene retrucou irritada.

–Desculpe, é que essa situação da filial de Nova York está me deixando tenso.

– E além do mais eu sei que sem essa cláusula você a demitiria segundos depois de vê-la.

– Por que eu faria isso? Ela pelo menos sabe digitar? – perguntou ele temeroso.

– É claro que sim – mentiu ela descaradamente – Mas eu te conheço, ela é diferente da Minerva. Tem uma aparência diferenciada e uma personalidade única...

– Por que não chama ela de uma vez? – pediu James impaciente.

– Está bem.

Intrigado ele viu a irmã caminhar lentamente para a porta, ainda desconfiava que houvesse algo de errado com ela, porém um movimento na porta chamou sua atenção.

– James, esta é Marie Jones, sua temporária.

Silêncio

James olhou boquiaberto para a mulher em sua frente. Roupas pretas, largas e franzidas que tiravam as formas do seu corpo. Parecia que ela havia saído diretamente de um filme de terror. Já tinha ouvido falar de pessoas que viviam em túneis de grandes cidades, talvez ela fizesse parte desse grupo.

– Sr. Potter. – a mulher o cumprimentou em um tom tímido.

Pelo menos a voz era normal, pensou ele.

– Por favor, sente-se.

A mulher era uma bruxa, não havia outra explicação.

– Seja bem vinda a Potter Investimentos. Espere um minuto aqui, por favor. Com licença.

James saiu da sala e foi encontrar a irmã em sua própria sala.

– Você só pode estar maluca, Marlene. Que roupas são aquelas? Não posso deixar que ela receba meus clientes naqueles trajes.

– Entendo, providencie a mudança.

– Eu??? – perguntou ele assustado - Você a contratou

– Lamento, mas a partir de hoje estou de licença maternidade. Dorcas está lá fora cuidando do serviço da Minerva por enquanto. Até a volta querido irmão. - dizendo isso Marlene foi embora.

James respirou fundo e voltou para sua sala, exasperado com o comportamento de Marlene.

– Quer um café? – ofereceu servindo-se de uma xícara.

– Não, obrigada. – recusou ela educadamente. – Jamais bebo café.

– Impressionante! Não vivo sem várias xícaras por dia.

– A Sra. Black disse que terei de assumir todos os deveres de Minerva. Ela também disse que devo cuidar muito bem do chefe enquanto ela estiver fora. Prometi a ela que vou fazer o que puder.

James tentou relaxar abrindo e fechando as mãos e contando até dez, mas nada daquilo adiantou, continuava tenso.

– Alguma pergunta até aqui? – quis saber ele.

– Bem, sim Sr. Potter. Alguns executivos redigem listas com os nomes de pessoas cujas ligações podem ser passadas de imediato. Não quero ofender nenhum de seus associados ou suas amigas, os fazendo esperar na linha. Meu antigo patrão era obcecado por privacidade e discrição. Quero que saiba que sou a mais discreta das secretárias. Não costumo beijar e contar.

James quase cuspiu o café. Felizmente nenhuma gota caiu sobre sua camisa branca. Constrangido ele se virou para limpar a boca com um guardanapo

– Sr. Potter? Algum problema? – perguntou ela se levantando.

– Nenhum, engasguei com o café. Odeio quando isso acontece.

Aparentemente aliviada Lily se sentou novamente.

– Não tenho uma lista – continuou ele. – É bem simples. Tenho uma linha que é usada por todos, um celular que só a minha família e alguns bons amigos conhecem o número. Não costumo distribuir meu número para as mulheres com quem saio.

– Entendo.

Um garçom entrou empurrando um carrinho com o almoço. James normalmente não almoçaria com uma temporária, mas Marlene havia tomado todas as providencias para deixar Lily mais a vontade. Uma imagem estranha invadiu sua mente, os lábios vermelhos dela se moviam e ele começou a imaginar como seria beijá-la. O que estava acontecendo com ele?

– Sr. Potter, quero que saiba que estou muito feliz por estar aqui.

– Marie, essa será uma grande oportunidade pra você, mas terá de trabalhar duro. Terá de estar sempre pronta para atender meus chamados e fazer tudo o que eu disser sem questionar. Ah, e regra número um: o que acontece no escritório fica no escritório.

– Não se preocupe, sei guardar segredos. – e com os dedos fingiu trancar a boca. – Como posso provar?

“Colocando a sua boca na minha e me beijando até que um de nós dois perca o fôlego ou o juízo...” Que pensamentos eram aqueles? James se assustou com o que se passava na sua cabeça.

– JAMES!

Uma voz feminina em um tom estridente e indignado o assustou. Teria ele dito aquilo em voz alta? O alivio por descobrir que não durou pouco ao ver na porta de sua sala a beldade loira com as mãos na cintura.

– James! Esqueceu nosso almoço?