O calor era insuportável no estádio no dia seguinte. Lily não sabia o que estava fazendo ali. Mas Petúnia insistiu tanto que resolveu concordar.

As pessoas andavam de um lado para o outro e conversavam, comiam sanduíches, tomavam cerveja e refrigerante e chupavam sorvete. Eram apenas seis e meia e a enorme estrutura de ferro e concreto liberava o calor armazenado durante todo o dia de sol forte.

Petúnia e Valter estavam se esforçando muito para ajudá-la, mas era inútil. Não consegui superar a tristeza e o desanimo.

– Lily... Lily... – ela escutou uma voz distante

Agora tudo estava piorando. Até passou a ouvir vozes que chamavam seu nome.

– Lily, eu acho que alguém está chamando por você. – disse Valter que estava sentado ao seu lado.

Então não era uma alucinação?

– Não vi ninguém conhecido. – disse Petúnia.

– Quem é aquele sujeito acenando no corredor das cadeiras numeradas? – perguntou Valter

– Onde? – perguntou Lily

Um dos oito amigos do casal que estavam com eles apontou para o homem de braços erguidos.

– Ei Lily! Ali, ele está gritando seu nome. Levante e acena para ele de volta.

– Mas... Aquele ali é o James!

– É mesmo? Ei pessoal! A Lily o conhece. Respondam bem alto para ele poder ouvir. – disse Valter ficando em pé na cadeira.

– Valter! Não...

Mas era tarde demais. O grupo de dez pessoas gritava e acenava, e aos poucos as pessoas que estavam no estádio foram se dando conta do pequeno acontecimento.

– Levanta Lily. Você está no ar. – falou Petúnia a puxando pelo braço.

– No ar? Que bobagem é essa Petúnia?

– No telão, olha lá.

Apavorada ela olhou para a tela enorme que ficava em um canto do estádio e viu seu rosto exposto para pelo menos cinqüenta mil pessoas que lotavam as arquibancadas e as cadeiras numeradas.

– O que ele está falando? – perguntou Valter – Parece...

– Fica comigo? – disse um dos rapazes que estavam com eles.

– Não! Ele disse fale comigo. – disse uma moça que estava um pouco abaixo de onde eles estavam.

– Ele disse encontre comigo. – falou Petúnia.

De repente no telão apareceu James que segurava um cartaz onde estava escrito: ME ENCONTRE DO LADO DE FORA

– Vai lá Lily. – disse Petúnia.

– Mas... Agora?

– É. Agora!

– Você sabia?

– Sabia. Marlene me ligou ontem e pediu minha ajuda. Ela planejou tudo isso com o James e me pediu para te passar um recado: não desperdice a sua grande chance.

– Ah não. – ela sorriu – Não vou desperdiçar

Ela deu um abraço na irmã e saiu correndo entre as pessoas para se encontrar com James.

***

Quando Lily chegou no lado de fora James já estava lá. Andando devagar ela se aproximou sabendo que teria que se conter para não se atirar nos braços dele. A esperança que ele tivesse a perdoado crescia dentro dela, mas por outro lado teria que preservar a sua dignidade caso o assunto que ele teria para tratar com ela não fosse o que ele estava esperando.

– James... – ela começou hesitante.

– Lily! – ele sorriu, e para ela foi como se uma luz se acendesse em uma noite escura – Vem comigo.

– Para onde?

– É uma surpresa. Prometo que vou te explicar tudo.

Um motorista estava esperando por eles, e cerca de vinte minutos depois o carro parou em frente á um prédio da cidade que se confundia entre um restaurante e um hotel.

– O que estamos fazendo aqui? – ela perguntou – Não estou vestida para ir a um restaurante.

– Nós não vamos ao restaurante.

– Não?

Sorrindo James a puxou pela mão, pelo saguão do hotel e a levou até uma suíte que tinha alugado. Havia vários vasos com lírios por todos os cantos da sala, e ele pediu que ela sentasse.

Ele começou a dizer:

– Sei que você não iria querer falar comigo se eu não tivesse tomado uma atitude como essa.

– Olha James... Devido ao jeito que terminou nosso ultimo encontro, eu confesso que não estava muito a vontade para falar com você. Só aceitei por que vi seu rosto no telão do estádio.

Lily sabia que não poderia se entregar tão facilmente.

– Marlene sabia que só uma medida drástica poderia te convencer.

– E o que pode ser tão importante?

– Eu precisava falar com você por que... – James parou um pouco e continuou – Bom... Eu cometi um erro terrível.

– Erro?

– Isso mesmo. Eu fiz um julgamento injusto e te magoei com as minhas palavras. Quero te pedir desculpas. Mais que tudo, quero que as coisas voltem a ser como eram antes. – ele parou por um momento e continuou – Na verdade não é isso o que eu quero.

– Não? – Lily perguntou sentindo a pontinha de esperança que estava crescendo em seu peito começar a murchar como se fosse uma bexiga em final de festa.

– Quero que as coisas sejam melhores que antes. Eu tive a sensação de experimentar a felicidade e deixei escapar das minhas mãos por orgulho. Eu fui um idiota.

– Não James. Tudo bem. Eu também errei. Eu menti, omiti os fatos. Queria contar tudo para você. Falar sobre o dinheiro, mas eu não tive coragem e... Ah, não importa. Eu não aceitei o pagamento.

– Eu sei. A Lene me contou. E foi por isso que eu percebi como eu tinha me enganado ao seu respeito. – James segurou as mãos delas – Naquele dia, eu queria conversar com você, te convencer a ficar e se você aceitasse a gente podia começar um relacionamento. Ai depois eu ouvi a Dorcas falando sobre o dinheiro, e eu me senti usado, traído. Deixei que a raiva dominasse a razão. Por isso que eu não deixei você se explicar.

– Quero que você saiba que eu nunca transaria por dinheiro. Jamais!

– Eu sei.

– Só fiz amor com você naquela noite por que...

Lily parou pra pensar. Por que não dizer o que sentia? Afinal, não tinha nada a perder.

– Por que eu te amo.

– Eu também te amo.

Instantaneamente os olhos dela se encheram de lágrimas.

Aquelas eram as palavras que Lily mais sonhava em ouvir de James. Ela tentou dizer alguma coisa, mas um nó bloqueava a garganta dela.

– Eu preciso de você, Lily. – James tirou a caixinha com o anel do bolso. – Quer casar comigo?

Lily segurou a caixinha e abriu. Tirou o anel e olhou. O que pra ela era o anel mais lindo do mundo.

– Por favor, Lily, aceita meu pedido e o meu amor.

– Você tem certeza?

– Claro que eu tenho. Do contrario eu não ia entrar naquele estádio e segurar um cartaz agindo com um imbecil.

– Você é o imbecil mais lindo que eu conheço. – ela disse rindo e chorando ao mesmo tempo.

– Então você aceita?

– É claro que eu aceito!

Ele pegou o anel da mão dela e colocou no anular direito dela. Depois ele a beijou. E Lily se sentiu mais feliz do que poderia imaginar.

James resolveu parar quando estavam sem fôlego.

– Sabia que tem uma cama grande e confortável aqui?

– É mesmo?

– A gente pode aproveitar muito. É a Marlene quem está pagando. Afinal de contas, ela deve Trinta Mil para gente.

– Hum... Tem razão. E agora que eu não trabalho mais para você, acho que eu posso começar dar as ordem por aqui.

– E o que a futura senhora Potter deseja?

– Que você me mostre onde fica essa tal cama. E você só vai levantar de lá quando eu quiser.

– Claro! Seu desejo é uma ordem.