Estávamos navegando a mais ou menos treze horas indo em direção ao Mar de Monstros – sim, infelizmente era para lá que teríamos que ir e iriamos pela mesma entrada que usamos anos atrás por ordens de Ártemis, nunca devesse contrariar um Deus, ou Deusa, e também essa era a forma mais rápida de se ir até lá. E usando o meu “GPS” e sabendo da velocidade do navio, eu estimava que chegaríamos em mais ou menos meia hora. Chegaríamos mais rápido do que Thalia e Neal haviam falado.

Mas com tudo que aconteceu ontem à noite, sobre o sonho que Nico teve, isso não pode ser considerado uma boa noticia até que passássemos pelos irmãos monstros que guardavam qualquer meio de entrada para o mar de monstros, Squila e Caríbdis,  e chegássemos o mais rápido possível na ilha em que estavam todos os sequestrados e, mais uma vez, salvássemos o mundo.

E esse era um grande problema. Como passaríamos por eles sem tudo ir pelos ares como da ultima vez em que estivemos aqui? Tomara que Ártemis tenha algo oculto por trás de nós mandar vir por esse caminho que nós permitirá passar pelo menos inteiros.

Sim, algo oculto. Já falei que não temos nem um canhão a bordo? Nem de enfeite?

Pois é, segundo Thalia e Neal não havia nem um canhão a bordo porque assim o navio ficava mais leve e sua velocidade aumentava consideravelmente.

Suspirei desanimado colocando os braços sobre a amurada e deitei minha cabeça sobre eles olhando para o mar a minha frente, mesmo a essa alta velocidade você não sentia nada, era como se o navio estivesse parado e uma brisa suave estivesse passando. Ficar pensando muito em algo e esperar sem fazer nada não era algo que eu gostava muito.

Os outros tinham coisas para fazer, eu fui praticamente expulso da ponte porque Astrid e Michele, a outra caçadora que veio com a gente, não queriam a companhia de nem um homem mesmo ele sendo um filho de Poseidon.

Connor e Travis estavam ao lado de Jack Manson sentados no convés preparando “dispositivos”, segundo eles mesmos disseram, para ajudar na luta. Varias peças de vários tipos e tamanhos, garrafas com alguma coisa dentro, ferramentas e outras coisas estavam em volta deles. Ninguém ousava chegar perto deles com medo que algo explodisse.

Perto da ponte estavam Festus e Nyssa que cuidava do dragão compactado.

Sim, você leu certo. Festus estava no navio e em sua forma compactada com uma alça no topo e rodinhas para melhor locomoção – o imenso dragão de bronze ficou, despois que Nyssa apertou um dispositivo ou sei lá o que na pata dianteira esquerda dele, com a carcaça compactada, seus pescoço e cauda encolheram para dentro do corpo, as asas baixaram e seu tronco se contraiu até formar um retângulo de metal do tamanho de uma mala de bordo – mas só Tyson, Happy e Lily têm forças para arrastar a “mala” do dragão.

Eles eram os únicos que estavam por aqui. Neal estava treinando com Thalia na popa do navio, ele estava realmente querendo um treinamento intensivo. Os outros estavam dentro do navio fazendo sei lá o que. Eu só sabia que Nico e Annabeth estavam tendo uma seria conversa sobre o sonho que Nico teve e ninguém ousava interromper eles.

Todos sabiam sobre o sonho que Nico teve e infelizmente sobre o final incerto do mesmo. Annabeth disse que a ultima imagem que ela viu antes de conseguir acordar Nico não foi muito motivadora de um final feliz, passou bem longe na verdade.

Levanto a cabeça rapidamente ao sentir a velocidade do navio diminuir drasticamente até a ficar a dez nós. Franzi o cenho confuso, ainda teríamos mais ou menos quinze minutos de viagem pela frente.

– Navio a bombordo. – a voz de Astrid saiu estranhamente robotizada dos autos falantes que tinham espalhados pelo navio.

Olhei para a onde ela falou e a mais ou menos a cinquenta metros a bombordo um cruzeiro chamativo. Um navio bem luxuoso pelo que dava para ver daqui, mais de 1,186.5 pés de cumprimento – equivalente a 361,6 m –, largura de 213 pés – 64,9 m – e 236 pés de altura – algo como 72 metros.

Mas não era isso que o fazia chamativo e sim o fato de ter um imenso polvo enrolado no cruzeiro completamente. Se o cruzeiro tinha aquele tamanho todo esse polvo deveria ter quase o dobro dele, imenso parecia pouco para ele.

– Meu papai no Olimpo. – exclamou Travis abismado vindo ao meu lado junto com Connor e Jack. – Que bicho nojento, meus Deuses.

– O que esta acontecendo com as pessoas naquele cruzeiro? – perguntou Jack preocupado.

Nyssa se juntou a gente inclinando seu corpo sobre a amurada, em suas mãos ela estava segurando um par de tubos, interligados por um sistema articulado totalmente preto com uma tira ligada a ele enrolada no pulso da filha de Hefesto, ela estava com um binoculo em mãos.

– É mal. – disse Nyssa com pesar olhando pelo binoculo. – Esta uma enorme confusão por lá. Pessoas estão pulando na agua e... – percebi Nyssa tremer da cabeça aos pés. – ...algumas estão sendo devoradas pelo monstro gigante.

– Temos que ir ajuda-los. – falei subindo em cima da amurada. – Vou distrair o monstro e vocês salvem os sobrevive...

– Não faça isso. – gritou Thalia. A filha de Zeus vinha correndo em nossa direção com Neal no seu encalço. Atrás deles vinha os nossos outros amigos que estavam a bordo.

Astrid e Michele as únicas caçadoras além de Thalia que vieram, Will, Michael, Clarisse, Chris, Albert Ethel, Maxwell Norton, Katie Gardner, Jonathan Holmes, Piper, Jason, Pólux,Tyson, Lily, Happy e a Sra. O’Leary, ela insistiu e muito para estar com a agente. Annabeth e Nico eram os únicos que não estavam presentes.

Alguns outros amigos se candidataram para virem junto com a gente, mas pensando na segurança do acampamento negamos a sua ajuda. Já tínhamos a maioria dos melhores campistas a bordo com a gente, daríamos conta de tudo e o acampamento precisava de proteção com todos aqueles meio-sangues novos que ainda precisavam aprender a lutar.

– O que quer dizer com “não faça isso”? Esta vendo o que esta acontecendo com as pessoas naquele cruzeiro? – perguntou Nyssa confusa.

– Isso é uma armadilha. – falou Thalia direcionando um olhar duvidoso para Astrid.

– Armadilha ou não Thalia, aquelas pessoas são reais. – contra argumentou Astrid.

– Eu concordei com ela, tenente, nós duas somos culpadas por cairmos nessa armadilha. – Michele se pronunciou dando um passo a frente ficando mais perto de Thalia.

Pude ver os olhos de Thalia faiscarem, mas dava para ver que não era por causa das caçadoras. A filha de Zeus estava tendo um árduo debate interno.

– Como vocês sabem que é uma armadilha? – perguntou Will dúbio.

– Explicamos depois, peguem suas armas. – vociferou Thalia balançando a cabeça como se quisesse tirar algum pensamento. Astrid abriu um sorriso de canto. – Temos que salvar as pessoas no cruzeiro e proteger o nosso navio.

Nossos amigos ficaram relutantes em obedecer Thalia, não entendendo o que ela queria dizer, mas suas duvidas se foram quando eu cai na água, não por vontade própria.

Algo bateu tão forte no casco do navio que me fez perder o equilíbrio e cair da amurada me lançando em direção ao mar. Antes de eu mergulhar ouvi Thalia repetindo suas ordens.

A visão que tive quando abri os olhos em baixo d’agua não foi motivadora. Thalia tinha razão pelo visto, era uma armadilha. A minha frente tinha dois outros polvos, bem menores que o outro, nadando em direção ao nosso navio sendo seguidos por três lagostas.

Coloquei a mão no bolso pronto para tirar Contracorrente quando senti algo muito próximo de mim. Olhei para baixo no exato momento em que uma serpente marinha vinha em minha direção com sua boca aberta e digo uma coisa, pelo tamanho dela ela podia me engolir inteiro com extrema facilidade.

Mas eu estava em meu terreno e não iria deixar eles se aproximarem do navio.

Fechei os olhos em concentrando e respirei fundo – sou filho de Poseidon, posso respirar de baixo d’agua mesmo isso não parecendo algo comum – estendi uma mão para frente e a outra para baixo com força usando a agua para afastar os animais.

A serpente que vinha em minha direção voltou mais para o fundo do mar até eu a perder de vista, estranho. Os outros cinco também foram lançados para trás, contudo voltaram a avançar, mas agora eles se separaram ficando distantes um do outro.

Tirei minha caneta do bolso já a destampando. Um polvo avançou direcionando seus braços contra mim. Por alguns segundos permitir olhar para os outros quatro monstros que avançavam contra o navio e na frente deles fiz surgir um pequeno tufão impedindo a aproximação deles.

Segurei o cabo de Contracorrente ao contrario e usando a agua para aumentar minha velocidade desviei dos tentáculos do polvo que vinha em minha direção indo para a esquerda.

Enfiei Contracorrente até o cabo na cabeça do polvo, ainda bem que eles não têm esqueleto interno. Ordenei as agua que me levassem para frente e segurei firme o cabo da espada enquanto que o polvo soltou um som brutal enquanto era cortado.

O polvo começou a murchar enquanto que suas entranhas começavam a se evaporarem sob a sua pele até não restar nada até sua pele se misturou com o mar desaparecendo.

Senti a aproximação do outro polvo, ele deve ter desviado do tufão, ao mesmo tempo em que eu vi três grandes figuras caindo na agua e a sombra que o nosso navio fazia começou a se distanciar de nós me deixando confuso. Para onde eles estavam indo se o cruzeiro estava na outra direção?

Tyson, Happy e Lily avançaram contra as três lagostas que tentaram ir atrás do nosso navio. Tyson e Happy seguravam enormes bastões de madeira e Lily empunhava uma espada de dois metros cumprimento. Desfiz os tufões.

Não prestei muita atenção no que fizeram depois, pois o polvo lançou uma “nuvem” de tinta preta em cima de mim. Balancei os braços rapidamente dispersando a tinta que tinha um cheiro horrível.

Um dos braços do polvo se enrolaram na minha perna me puxando para baixo, mas eu não teria tempo para brincar e abaixei Contracorrente cortando o braço dele e me libertando.

O polvo não desistiu e veio em minha direção balançando os braços sem parar, eu conseguia ver até o pico dele se movimentando, ansioso para me devorar. Lancei Contracorrente que se enfiou por completo no bico do polvo deixando somente o cabo para fora.

Estendi minhas mãos na direção do polvo e senti um repuxo no estomago sentindo meu poder fluir fazendo o polvo parar de se movimentar. A temperatura da agua caiu drasticamente enquanto que aos poucos o polvo começou a se transformar em uma pedra de gelo.

Filho de Poseidon, isso esta gelado. A voz de Lily soou na minha cabeça. Como ciclopes são filhos de Poseidon podíamos nós comunicar por pensamento quando estávamos na agua.

Sorri enquanto nadava até o polvo e tirava Contracorrente do pico dele. Uma rachadura começou a se formar e pequenos pedaços começaram a se desprender da escultura enquanto essa ia em direção ao fundo do mar.

Não congele a agua enquanto estamos junto com você. Reclamou Happy. Ele, Tyson e Lily tinham derrotado as lagostas e seguravam seus imensos espólios de guerra, o exoesqueleto das lagostas. Preferimos lugares mais quentes.

Ainda temos mais um para enfrentar. Tyson a pontou em direção a onde estava o cruzeiro.

Assenti mesmo direcionando meu olhar para baixo. Aquela serpente ainda não tinha aparecido, será que ela fugiu? Se foi isso, isso não aprecia algo que um monstro faria, mesmo tendo noção, se é que têm, de uma derrota eles nunca recuam a não ser que sejam ordenados a tal e não acho que essa hipótese seja o caso da serpente, os outros continuaram a nós atacar depois do primeiro movimento que fiz.

Ei, porque os outros se afastaram da gen...

Tyson não terminou a sua frase, pois nesse momento uma bola laranjada apareceu na nossa frente, na direção em que estava o cruzeiro, e segundos depois sumiu quando muitas bolhas de agua quente vieram em nossa direção nós jogando para trás.

Uma enorme explosão tinha acontecido no cruzeiro.

O polvo que eu tinha visto minutos atrás enrolado no cruzeiro caia em direção ao fundo do mar se dissolvendo. Destroços do cruzeiro afundavam e não levaria muito tempo para o resto da embarcação seguir o mesmo caminho.

Emergimos olhando para os destroços do cruzeiro em volto de chamas e fumaça negra.

– As pessoas naquele navio... – não consegui terminar a frase. Naquele cruzeiro podia ter mais de cinco mil pessoas e agora tudo estava acabado.

– Olhem sob a água. – gritou Happy apontando para frente com o seu bastão segurando ele firmemente em suas mãos como se á nossa frente estivesse um inimigo. Os espólios de guerra dos meus irmão já estavam afundando como quase tudo por aqui.

Por causa do calor e da nuvem de fumaça a visão dos destroços era um pouco difícil e por isso eu não vi de imediato o que Happy estava apontando, mas assim que notei eu não pude acreditar no que via.

Um cara andava calmamente sob água vindo em nossa direção. Parecia um cara normal de cabelo cumprido e barba por fazer se não fosse a áurea de poder que dava para sentir vinda dele e como eu disse antes, ele estava andando sob a agua.

– Pare onde esta. – falei ficando sob a agua também apontando Contracorrente para o cara que estava a poucos metros de distancia de nós.

Ele levantou as mãos para cima em sinal de rendição e parou como eu havia pedido. Estreitei os olhos em sua direção achando estranho sua atitude.

Ninguém obedece um estranho tão facilmente assim se não for uma armadilha mesmo eu tendo uma espada em mãos e pelo que eu estava vendo ele era forte, uma espada não parecia ser uma arma de grande ameaça para ele.

– Quem é você? – perguntou Tyson confuso. Ele também segurava forte seu bastão.

– O novo aliado de vocês. – disse cara sorrindo de canto. Seus olhos azuis brilharam. – Sou Fórcis, filho de Pontos e Gaia. Uma divindade marinha como podem ver. – ele abriu os braços dando ênfase no fato dele estar andando sob a agua.

Annabeth já tinha me contado sobre ele uma vez quando ela me dava aulas ensinando sobre grego antigo e sobre os Deuses e Deusas no presente. Confesso que não lembro muito sobre ele além do que ele mesmo tinha acabado de me contar e que ele era pai de alguns monstros que eu não me lembro quais são.

– O que você fez?  – perguntei raivoso olhando para Fórcis, não estava nem ai se ele era uma divindade marinha ou um aliado como ele estava dizendo. – Tinha pessoas lá dentro. – eu sabia que ele era quem tinha feito aquela explosão, não tinha outra explicação.

– Fiz o que nem um de vocês teriam coragem de fazer mesmo sabendo que não teriam outra escolha. – respondeu ele olhando diretamente em meus olhos. – Aquele cruzeiro tinha uma bomba, se vocês se aproximassem dele ela iria explodir levando vocês e todas as pessoas a bordo dele para os estúdios M.A.C. Então de nada por salvar suas vidas.

– Mas as pessoas... – falou Lily apontando para os destroços do navio.

– Elas estavam destinadas a morrerem não importa o que fizessem. Como disse, mesmo que soubessem da bomba, não teriam como impedir a morte delas. Nem eu poderia impedir. – disse Fórcis suavemente.

Apesar do ato que ele tinha tomado preservando as nossas vidas podia ver que ele se sentia mal pelas vidas inocentes das pessoas daquele cruzeiro.

– Melhor irmos até o navio de vocês. Tenho algumas coisas para explicar a eles também. – disse Fórcis ficando com o rosto serio.