Com os preparativos do seriam frequentes as vindas de Harry ao castelo e o momento tão adiado acabaria acontecendo.

— Pare de se mexer tanto Hermione! - a cada cinco minutos madame Malkin da "Roupas para qualquer ocasião" repetia esta frase.

Hermione adorava comprar roupas, mas como aquela era uma ocasião bastante especial, tinha que ajustar O vestido ao seu corpo. Não qualquer vestido, era O vestido. Deveria ser o melhor vestido confeccionado na loja. O modelo mais exclusivo de todos.

— Será que podemos voltar outro dia. É cansativo ficar mais de duas horas na mesma posição! - reclamou.

— Não, outro dia não. Quanto mais cedo vocês se casarem melhor.

— Que chato! Eu não gosto de ficar esperando! (momento Hermione/Bellatrix em HP7-2)

— Independente de você gostar ou não nós vamos ficar aqui.

— Por que você faz isso? Poderia pelo menos me deixar fazer o que quero. Quando me casar não terei tempo!

— Se eu deixar você fazer o que quiser irei enlouquecer!

Hermione não concordou e muito menos negou, apenas deu um longo suspiro de frustração.

Será que quando se casasse teria liberdade? Sentia-se uma prisioneira, tinha tudo para ser uma. Vivia em um castelo, de certa forma não podia sair e ele era fortemente guardado por guardas armados.

Madame Malkin deu um modelito para Hermione vestir, iria trabalhar sobre ele.

— Esse tecido de seda é belíssimo e espesso. - Annelize tomou o tecido entre os dedos.

— Farei o vestido com esse...

Hermione aproveitou a distração das duas para se despir, vestir suas roupas normais e sair tranquilamente da loja. Não devia estar fazendo isso, mas queria se ariscar uma vez na vida. Claro que tomou as devidas providências para não ser reconhecida, mas alguém, alguém entre todos a reconheceria...

...

Gina tentava aproveitar o dia sem a prima. Claro que já passou por isso, mas aquele dia era diferente. Hermione sempre lhe fez companhia e vice-versa, mas hoje, e especialmente hoje, as coisas aconteceram de uma forma especial.

Estava entediada, toda e qualquer coisa que tentou fazer para se distrair não deu certo. Cavalgar, estudar, entre outras coisas. Era mais interessante fazê-las com Hermione. Ela tornava tudo tão diferente e único.

— Ah, claro, como não pensei nisso antes?

Tinha uma coisa que adorava e não conseguia fazer com Hermione. Não praticava piano há meses. Seu instrumento preferido. Dirigiu-se a sala de musica, onde tinham vários instrumentos e andou até o que mais lhe chamava a atenção.

Agora, o que tocar?

Não, hoje não tocaria nada especifico...

Deixou seus dedos dedilharem o piano. Eles guiariam a música, a nota fluiria a partir de seus desejos.

E dai que notas desconexas saíssem? Quem disse que precisava fazer sentido? Alguma coisa faz sentido nessa vida?

Fechou os olhos. Olhar o que os dedos fariam a levaria a manipular o instrumento. Era divertido fazê-lo, descobrir as diferentes combinações musicais. Divertido, mas que exigia grande concentração.

Gina estava tão concentrada que não escutou o barulho de passos.

— Eu conheço essa nota! - uma voz masculina, desconhecida, a assustou. Abriu os olhos e encarou o estranho empertigado. - Desculpe te atrapalhar, é que não resisto a determinados sons, e podemos tirar do piano tons tão doces.

— Eu adoro o piano por isso! - o olhou nos olhos. Belos olhos verdes esmeralda. Os cabelos negros como o breu a faziam lembrar algo, mas o quê? Analisando melhor, ele tinha algo na testa, que lembrava uma cicatriz...

— É isso, Harry Potter!

— Como você...? - achatou os cabelos contra a testa. Ah, a cicatriz, né? Pareço ser bem famoso pelo visto.

— É... - Gina deu uma risada. - Aproposito, sou Gina Prewett.

— Já ouvi falar de você. Prima de Hermione, correto? - a ruiva assentiu. - Ela fala bastante em você.

— Somos praticamente irmãs. - sorriu de lado fazendo Harry hesitar. Gina estranhou. - Quando vocês vão casar?

— Não sei exatamente, mas observando sua tia ela irá querer o mais rápido possível.

— É, minha tia é meio apressada. O que veio fazer aqui?

— Eu vim trazer este livro para Hermione. - de dentro de sua capa tirou um livro com a capa muito gasta. - Os Miseráveis, de Victor Hugo.

— Ela vai te matar. Não consegue suportar a ideia de que as pessoas maltratam os livros.

— Não posso fazer nada. Um dia desses ela disse que estava louca para ler esse livro, mas não tinha estoque na cidade, então teria que encomendar fora do país, mas isso demoraria meses, ou até anos. Eu disse que tinha e me dispus a emprestar. Está em minha família há anos, por isso o desgaste.

— Mesmo assim, conhecendo minha prima como conheço, ela vai pirar, talvez diga algo como: "Não há desculpas para não cuidar de um livro!" — falou tentando imitar a voz de Hermione, o que fez Harry rir abertamente. - Você acha isso engraçado? Espere só até ver a fúria dela em pessoa. Quem sabe você dê sorte, é um desconhecido, ela não esbraveja com quem não conhece. Ela pode dar um sorriso falso, mas estar fervendo por dentro.

— Você a conhece bem, né?

— Se dezessete anos de convivência não me fizessem conhecê-la bem... - Gina deu um meio sorriso. - Então, você gosta de música?

Começaram a conversar sobre como a música influenciava em suas vidas, quando aparição de Snape os fez sobressaltar-se.

— Senhor, nos assustou.

Gina era outra que não se sentia a vontade perto de Snape, mas procurava não demonstrar muito.

— Para que se assustar? Por acaso faziam algo inapropriado?

— Claro que não! - respondeu Harry. - Só não é conveniente aparecer de supetão quando as pessoas estão conversando. Da a impressão de que estava bisbilhotando.

Snape virou-se se fazendo de ofendido.

— E posso saber quem é você rapazinho? - perguntou com desdém.

— Harry Potter, prazer. - esticou o braço para cumprimentá-lo.

— Ah, você é o famoso Harry Potter? Que pretende se casar com Hermione?

— Sim senhor, eu mesmo.

— Ora, bem-vindo à família! - apertou a mão do rapaz, fingindo uma alegria longe de ter.

— Obrigado. - voltou-se à Gina. - Ér, será que você poderia entregá-lo a Hermione? Tenho que ir agora, não posso ficar a esperando.

— Claro, pode deixar comigo! - respondeu entusiasmada.

— Bom, com licença. Espero revê-los. - saiu deixando Snape e Gina a sós.

— Não deveria ficar sozinha com ele. O que acha que as pessoas pensam de garotas que ficam sozinhas com homens? E ainda por cima mais velho.

— Não ligo para o que as pessoas dizem, mas se isso o incomoda tanto... Com licença! - se retirou também.

Snape fuzilava a porta com o olhar. Então era ele quem prejudicava seus planos? Bom saber...

Gina andava distraidamente. Estava sentindo coisas estranhas, mas não sabia o que e muito menos por que. Algo lhe dizia que os trilhos sairiam dos eixos...

Uma voz longínqua a chama, tirando os seus pensamentos aos poucos.

— Ah, Gina, Gina, Gina... Te encontrei! Acabei de chegar da madame Malkin, foi horrível, e... Está me escutando?

— Ah... Sim, sim. Foi horrível?

— Bom, nem tanto... Meu vestido é lindo, o mais bonito e deslumbrante que já vi, mas ficar em pé por horas seguidas foi a pior experiência!

— Já está pronto?

— Não, mas boa parte está. Pelo o que vi vai ficar divino! Madame Malkin faz os vestidos mais perfeitos, certeza de que ele fará o mesmo com o meu!

Longos minutos se seguirem onde Hermione ficou anormalmente quieta. Estava pensando no que ocorreu hoje mais cedo. Não era de contrariar a mãe, mas hoje, especialmente hoje precisou tomar um pouco de ar livre.