Quando O Amor Fala Mais Alto escrita por Samyy


Capítulo 21
Capítulo 20 - A Verdade


Notas iniciais do capítulo

Tipo, depois de 5 meses e 2 dias sem postar e 1 hora e 15 minutos para que esta história complete 1 ano, eu volto a dar as caras. Cinco palavras: Eu não deixo histórias incompletas. Espero que ainda haja alguém querendo lê-la (será?), mas se não tiver tudo bem!



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Tinha alguma coisa errada.

O último fato do qual se lembrava de era de estar correndo pela floresta, Rony segurando sua mão, e tudo ficou escuro, do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora para outra¹. Agora ela estava deitada sobre algo confortável, sentia um objeto fazendo pressão sobre sua testa, seu braço direito e outro em sua mão.

Abriu os olhos lentamente para que pudesse acostumar-se com a luz solar que invadia o ambiente. Olhou de um lado para o outro até encontrar uma forma humana com a cabeça inclinada em seu leito.

Era capaz de reconhecer aquela cabeleira ruiva a quilômetros de distância.

— Rony... - sua voz saiu como um sussurro, ele nem se moveu ou deu sinais de ter percebido algum som. Hermione apertou a mão com a qual ela a segurava e tornou a chamá-lo. Rony levantou a cabeça atônito, mas sorriu ao ver que ela o encarava.

— Que bom que despertou. - ele empertigou-se no banquinho em que sentava levando-o para mais perto da moça.

Aparentemente ele adormecera com a cabeça apoiada no braço da garota.

— O que aconteceu? - ela perguntou com a voz uma pouco mais forte.

— Desmaiastes enquanto fugíamos. - respondeu á medida que a ajudava a sentar na cama.

— Eu lhe disse que não seria capaz de ir muito longe! - Hermione fechou os olhos e recostou a cabeça na parede fria atrás de si.

— Como não? Onde pensa que estamos? Estamos em casa, nós conseguimos. Eu prometi a ti que sairíamos.

Ela lhe sorriu ainda de olhos fechados e as lembranças escaparam como águas de um rio quando transborda e a água invade sua margem.

"[...]

'- Esperem! - pediu a mulher de cabelos mal cuidados. - Deixem a garota. Nós precisamos ter uma conversa de mulher para mulher.

— O que você vai fazer? - não sabia se realmente queria saber a resposta.

— Ah, não se preocupe. Apenas uma lembrança do dia de hoje...'

— Não... NÃO! - ela acordara assustada. Sentou-se em alerta observando o lugar em busca de algo familiar. Rony!

— O que houve?

Quando ela o encarou, percebeu em sua face sentimentos que ela mesma carregava dentro de si: a sensação de estar perdido e assustado. Eram perceptível seus esforços para esconder suas emoções, e Hermione agradeceu internamente por ele querer lhe passar confiança, mesmo que essa fosse a última coisa que sentisse.

Rony a convencera a dormir, por mais que fosse algo inimaginável naquele porão do qual vinha uma fraca iluminação da porta com grades. Aninhara a castanha em seus braços como forma de tentar deixá-la mais confortável, por mais que ele próprio ficasse em uma posição ruim.

Hermione não queria Rony se preocupando com ela. Quando ela estava mal ele ficava pior, mas ela não pode evitar a memória dos acontecimentos do dia anterior. A lembrança de ter tido a pele cortada, de ter sido humilhada e nem sabia o motivo de todo aquele alvoroço.

— O que houve? - Rony a questionou novamente diante seu silêncio.

— Por favor, nos tire daqui. Estou com medo e não me sinto bem. - aconchegou-se mais nos braços do ruivo e deixou que algumas lágrimas lhe molhassem a face.

Rony tratou de checar sua temperatura. Primeiro no pescoço, depois as bochechas e por fim a testa.

— Não é normal estar quente desta forma. Acho que tem febre. - disse preocupado, com o semblante sério. - Acharei uma forma de nos levar embora.

— Eu confio em você. - e logo voltou sua respiração voltou a ser tranquila. Estava a dormir.

Na primeira oportunidade que Rony tivesse daria um jeito de fugirem.

Tinha pânico de ficar preso. Agora sabia o que os pássaros sentiam e não mais tornaria a prendê-los. Pobres pássaros que perdem o poder de poder voar livremente e ficam restritos a uma gaiola apertada como prisioneiros. Como podiam ser tão cruéis, os humanos.

Gostaria de entender porque aquelas coisas estavam acontecendo. Aquelas pessoas que os capturaram sabiam que Hermione é a princesa, então, por qual motivo não a levaram para o castelo e ele ao calabouço? Seria tido como sequestrador até que o contrário fosse provado. Por qual razão, com que propósito, rasgaram sua pele gravando aquelas palavras? Não fazia sentido algum, e ele queria respostas. Respostas essas que não sabia onde as conseguiria.

A porta era a única forma de se situar. A luz entrava ali, bem pouca e fraca, mas entrava e o deixava aliviado já que o escuro não lhe agradava nem um pouco.

Bem mais tarde, quando a luz solar entrava com um pouco mais de intensidade, passos ecoaram vindos da escada que acessavam ali.

— Afastem-se da porta. - disse uma voz esganiçada, algo que nem era preciso. Hermione acordou com o barulho de passos ecoando e a porta abrindo-se.

Um homem baixo, com feição de rato e nariz pontudo entrou no local. Pela pouca luz dava para perceber que ele era pálido, tinha o cabelo fino e levemente grisalho.

— Vim ver se os hóspedes estão bem acomodados. - o escárnio era notado facilmente em sua voz e principalmente expressão. - Mais tarde eu retorno para levá-los antes que a visita chegue. Tem alguém querendo vê-la. - olhou diretamente para Hermione e sorriu mostrando os dentes escurecidos. Recuou voltando por onde tinha vindo.

— Quando ele voltar! - Rony não precisou se explicar para que Hermione entendesse e ela tratou de assentir. Não queria saber como, apenas queria que Rony os tirasse de lá.

Eles mudaram de posição, sentando no lado da porta, o lado oposto ao de onde era aberta. O ruivo disse aos sussurros o que pretendia fazer.

— É loucura, mas toda tentativa é válida!

Rony levantou e andou de um lado para o outro. Sabia que o braço de Hermione tinha infeccionado, esse era o motivo de ela estar mal, cheia de febre. Se não se apressassem, sua infecção poderia evoluir e só Deus sabia no que aquilo ocasionaria. Precisavam de um curandeiro, qualquer um que pudesse lhe curar.

Depois do que pareceu ser horas, os passos voltaram a ecoar. Rony apressou-se a sentar perto de Hermione, esticando a perna e rezando para que desse certo. Caso o contrário teria que partir para uma ofensiva.

O homem tropeçou na perna de Rony e deu com o nariz no chão.

— Vai Hermione, para as escadas, e não saia de lá até que eu chegue. - disse à medida que imobilizava seu oponente. - Qual o seu nome? - Rony questionou. No início parecia que não obteria uma resposta, mas o ruivo dobrou um de seus braços nas costas de modo a provocar dor.

— É Peter, mas chamam-me de Rabicho. - Rony riu levemente. Que tipo de apelido era aquele? - Por favor, não me faça nada. Tenho mulher e filhos para criar. Eu apenas sigo ordens.

Não tinha certeza se devia confiar naquela informação.

— Escute. É melhor você cooperar... Só precisa me dizer a forma mais fácil de sair daqui sem que ninguém nos veja? E é bom não dizer o caminho errado, se não vai se arrepender por toda sua vida...

Hermione encostou a cabeça na parede da escada. Sentia seu corpo mole e tremia de calafrios. Fechou os olhos pensando na situação em que estava metida.

Na primeira vez que se fora sequestrada, quando Rony a salvou, tivera que escolher entre dois caminhos:

Caminho 1 - Ela voltaria para casa e se casaria com Harry Potter. Sua mãe ficaria radiante de felicidade, mas em compensação Hermione não ficaria tão feliz. Sempre dissera que Harry era um bom jovem, contudo não era o que ela queria. E, de brinde, salvaria o reino.

Caminho 2 - Não voltaria para casa e nem se tornaria a senhora Potter. Estaria relativamente feliz, livre das regras impostas no castelo e de toda a burocracia na qual vivia, livre para escolher com quem casar-se, mas, em compensação, sua mãe ficaria angustiada, preocupada, e até desesperada. Além de deixar o reino em maus lençóis.

— Mione? - Hermione nem precisava olhar para saber a quem pertencia aquela voz.

— Creio que não serei capaz de fugir, Ronald. - ela declarou deixando uma lágrima solitária lhe escorrer pelo olho direito.

— Ei... - o ruivo limpou a lágrima quando ela contornava o nariz da castanha. - Eu sei que está mal. Eu sei. Mas eu também sei que és forte. Nós precisamos superar toda essa situação, e nós vamos!

Minutos mais tarde, Rony e Hermione andavam pela mansão imensa produzindo os menores ruídos possíveis e atentos a tudo ao seu redor.

A saída estava lá, como Rabicho tinha descrito. Rony não teve dificuldades em achar. Estranhou o fato do lugar não estar protegido. Uma mansão como aquela, que carregava riquezas e segredos em suas paredes, não parecia correto estar desprotegida.

Podia ser uma arapuca.

Ao alcançar o lado de fora da casa, a luz do sol ofuscou a visão de Rony e Hermione, que estavam desacostumados com a claridade. Hermione se pegou admirando o céu. Não se lembrava dele ser tão brilhante assim. Ficou hipnotizada por poucos segundos. Estava feliz, não sabia quando tornaria a ver a luz do dia.

— Rony, cuidado! - saindo de seu quase transe, Hermione o alertou a tempo de se defender de um homem que vinha à surdina atacá-lo.

O homem de cabelos negros deixou o pedaço de pau cair aos seus pés quando Rony lhe acertou um soco certeiro no nariz.

— Seu desgraçado! - sangue saia pingando de seu nariz. Com a mão suja, tentando estacar o líquido vermelho, recuou alguns passos e voltou por onde tinha vindo.

— Agora seria uma ótima hora para fugirmos. - temendo que o cara anterior voltasse com reforços os dois correram até se embrenharem pela floresta.

Percorreram um longo caminho sem parar ou olhar para trás, até que Hermione tropeçasse e caísse ao chão exausta.

— Eu... Não posso... Mais. - falou pausadamente por conta da respiração desregulada.

— Nós precisamos continuar. - Rony tentou ajudá-la a levantar, mas a castanha simplesmente recusou.

— Eu não consigo!

— É claro que consegue! Depois da minha mãe você é a garota mais forte que eu conheço. Não devemos estar longe. Está anoitecendo, mas eu tenho certeza de que conheço esse caminho. - seus olhos esquadrinharam as árvores tentando localizar um ponto de referência. - Não devemos estar muito longe.

— Pelo menos escapamos. - ela tentou sorrir e se levantou.

Seguiram andando. Rony ia mais a frente para guiar. Por mais que tivesse tido aquelas palavras legais para fazer com que Hermione encontrasse forças para continuar, tinha medo de que ela passasse mal. E foi isso o que aconteceu.

Hermione parou de repente e se apoiou em uma árvore. Sentia tudo girar e o farfalhar das folhas a deixaram meio perdida. Chamou por Rony várias vezes até que ele percebesse que algo estava errado. Seu rosto ficou fora de foco por vários segundos, e ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Rony a chamava e Hermione não conseguia responder. Seu olhos foram fechando gradativamente, não pôde impedir.

[...]"

— Bom, eu tive que a carregar até aqui. - Rony contou. - Estávamos perto, e já era noite. Mamãe ficou desesperada quando nos viu. - riu com a lembrança. - Você está deitada ai tem quase um dia todo!

Hermione ficou pensativa. Era tudo culpa dela.

Era culpa dela terem sido sequestrados.

Era culpa dela Rony ter levado alguns socos tentando protegê-la.

Era culpa dela ter posto a vida de Rony, alguém que ela realmente gostava, em risco.

Como pôde? Que tipo de namorada fazia esse tipo de coisa? Bom, talvez Katniss Everdeen, mas isso não vem ao caso.

Como ela ficaria se algo tivesse acontecido a ele?

— Ronald, creio que precisemos conversar! - Hermione o encarou seriamente. Tinha pensado bastante e concluíra que era o certo a fazer.

— Sobre o que? - ele quis saber. Sua expressão era uma mistura de espanto e desconfiança. Sempre que alguém dizia aquelas palavras nunca era boa coisa.

Hermione suspirou pesadamente, e no momento em que abria a boca para se pronunciar a porta do cômodo foi aberta.

— Ah, que bom, vejo que despertou! - Molly correu a abraçar Hermione. Ficamos preocupados com vocês. - encarou aos dois. Seu semblante passara de aliviado para reprovador. A expressão de uma mãe que repreende os filhos por fazerem algo errado. - Por onde é que os senhores andaram? E como me explicam este corte infectado? — ela indicou o braço da garota. - Eu quero respostas e as quero agora!

Seu tom denunciava uma autoridade incontestável. Nenhum dos dois ousara contestá-la, seriam loucos se o fizessem. Mas precisavam estar com a família junta, para que todos escutassem.

— Nós iremos contar tudo o que precisa saber, mãe. - Rony lhe assegurou.

Agora desciam as escadas da pequena residência em direção à cozinha. Por vezes Rony tentava auxiliar Hermione a descer as escadas, mas esta retrucava poder se locomover com suas próprias pernas, sem ajuda nenhuma, mesmo levando em consideração os acontecimentos de horas atrás.

Arthur Weasley, Fred, George e Carlinhos estavam sentados a pequena e estreita mesa da cozinha. Obviamente esperava que Molly voltasse com informações relevantes.

Hermione e a matriarca da família tomaram seus lugares ao lado do homem mais velho presente, enquanto Rony encontrava-se ao lado dos irmãos.

O ruivo lhes contara tudo o que precisavam saber, desde o momento em que Hermione lhe fizera companhia na floresta, passando pela captura, aprisionamento, o machucado em "Mione", sua febre, Rabicho, a fuga e o instante no qual Hermione desmaiara, sendo auxiliado por ela algumas vezes, ao esquecer-se de algum detalhe, e ocultando as partes em que a mencionavam como princesa.

— Creio eu que seja apenas isso. - ele finalizou. - O restante vocês sabem, pois eu a trazia em meus braços totalmente desacordada.

Os Weasley's presentes tinham os olhares perplexos. Aquela era uma história e tanto. Havia coisas que não se encaixavam.

— Isso é um absurdo. Quem faria uma coisa dessas? - Arthur, o patriarca, parecia disputar com sua esposa quem era o mais chocado com o relato.

— E com qual finalidade fariam algo assim? Vocês dois não andaram se metendo em confusão, não é?

Rony e Hermione trocaram olhares cumplices.

Essa era a segunda parte das conclusões de Hermione. Pretendia falar primeiramente com Rony, mas seria impossível e que momento mais oportuno para se livrar daquele peso em sua consciência?

Uma segunda vez aquela noite ela suspirou profundamente.

— Senhor weasley, senhora Weasley, Fred, George, Carlinhos... - encarou a cada um enquanto dizia seus nomes. - Eu sinto tanto em lhes informar que não tenho sido totalmente verdadeira com vocês.

— O que quer dizer com isso? - todos, inclusive Rony, empertigaram-se em seus lugares.

— Vocês têm sido tão acolhedores comigo, me demonstrando compaixão, sem ao menos conhecer minhas raízes, de onde eu vim. E eu não retribui de maneira adequada.

— Hermione, o que você está fazer? - Rony estranhou a forma com a qual ela falava. O que ela pretendia falando aquelas coisas?

— Hermione? Por que a chamou assim? - Fred e George perguntaram em uníssono.

Rony estava tão preocupado em descobrir o que ela pretendia que nem sequer notou como a chamou.

— Porque - Hermione começou a explicar - esse é meu verdadeiro nome. Hermione Jane Emma Annelize Sophia Diedra Jezebel Isabella Granger - disse em um fôlego só.

— Um instante. - Carlinhos se pronunciou pela primeira vez. - Se eu não me engano esse é o nome da...

— Princesa! - ela fechou os olhos e inspirou se sentindo culpada. - Espero que vocês tenha entendido tudo a essa altura, porque sim, eu sou a princesa que está desaparecida. Filha de Manuel e Annelize Granger, herdeira do trono de Hogwarts. Aquelas pessoas que nos sequestraram estavam atrás de mim.


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