POV Makailla

Medicos. Correria. Injeções. Desfibrilador. Meu peito nu. Tremedeira. Gritaria. Era tudo o que estava acontecendo dentro da sala quando Katniss saiu. Tive outra parada cardiaca que foi recuperada. Graças a Deus. Fiquei desacordada tempo o suficiente para pensar na minha vida, em todos os acontecimentos recentes. Meu namoro com Peeta, nossa primeira vez, nosso termino, a descoberta da gravidez, Peeta e Katniss juntos, ter anorexia e colocar a vida das minhas filhas em risco, o sequestro, os machucados, as torturas, o resgate, o parto e agora eu mal posso ver minhas filhas. Não é uma situação facil. Como eu expliquei para Katniss, minha família me abandonou e agora só tenho as duas pequenas, Emma e Spencer. Ainda não pude olhar aqueles rostinhos de anjo e segurar-las em meus braços fazendo-as se sentir protegidas e.. aaah. Como eu quero ve-las. Quando conseguiram estabilizar a minha situação me deixaram dormindo e eu acordei 30min depois.

- Alguééém? - eu tentava falar alto, mas não tinha forças.

Havia um botão vermelho ao lado da minha cama. Estiquei meus braços o maximo que pude e apertei o botão. Uma luz apareceu do lado de fora do meu quarto e um som pode ser ouvido tambem. Logo duas enfermeiras apareceram.

- A senhorita precisa de alguma coisa? - uma delas me ajeitou na cama.

- Não, na verdade gostaria de pedir um favor!

- Sim, pode dizer!

- Eu gostaria de poder ver as minhas filhas! - eu disse com os olhos enchendo de largimas.

- Claro, qual o nome delas?

- Emma e Spencer! São gemeas, estão no quarto com o pai.. - eu expliquei.

- A sim, espero uns minutos, já já voltamos! - elas sairam e eu fiquei lá quase morrendo de nervoso. Quero tanto pega-las no colo e poder amamenta-las pela primeira vez.

Ela demorou bastante tempo para voltar, e novamente eu senti o meu coração acelerar novamente. Olhava para o medidor de batimentos ao meu lado e já estava a 130 e aumentando. Respirei fundo e mudei meus pensamentos. Começei a me acalmar um pouco mais e os batimentos diminuiram bastante, 110 já era suficiente para uma pessoa cardiaca. Ouvi barulhos do lado de fora do quarto e quando olhei para a porta lá estava a enfermeira com os carrinhos das bebes e Peeta logo atras.

- Oh, muito obrigada! - eu disse quando ela colocou os carrinhos ao meu lado.

- Nossa, estava louco para te ver! - Peeta disse me dando um beijo na testa.

- Obrigada Peeta.. - eu fiquei sem graça.

- Como você esta?

- Melhor agora. - eu disse pegando Emma no colo. - Meus batimentos são muito inconstantes e eu não posso passar muito nervoso tambem.. é dificil controlar.

- Voce vai ficar bem! - ele me disse, e eu não vou discutir isso de novo. Sei que não vou chegar a ver minhas filhas novamente e talvez essa seja a ultima vez. Fiquei quieta apenas adimirando a beleza da minha pequena loirinha que tinha os meus olhos verdes. Perfeita.

- Voce pode pegar a Spencer pra mim por favor? - eu pedi.

- Claro.. - ele a pegou todo delicado no carrinho e a colocou no meu braço livre, enquanto o outro segurava Emma.

Elas eram tão perfeitas. Spencer tinha os olhos de Peeta, e talvez até mais profundos do que os do pai. Elas se mecheram procurando meu seio talvez com fome.

- Voce vai tentar? - Peeta perguntou se referindo a amamentação.

- Acho que sim.. não sei se posso! - ele correu para fora da sala e conversou com o medico, mas logo voltou.

- Ele disse que sim mas uma de cada vez em intervalos de 5 minutos. - ele pegou Emma do meu colo e a acomodou em seu próprio peito.

- Bom, então vamos em frente filha! - eu disse para Spencer, colocando o meu avental para o lado deixando meu seio esquerdo desnudo.

Ela procurou com a cabeçinha e logo abocanhou meu seio. Doeu, não vou negar. Mas é a melhor sensação do mundo. Ela devia estar com fome, pois não parou nem para respirar. Peeta estava destraido com a outra pequena no colo e andava pelo quarto com ela. Amamentei Spencer por 10 minutos e logo troquei. Peguei Emma em meus braços, e coloquei o avental para o outro lado descobrindo o seio direito. Ela fez a mesma coisa que Spencer e mamou. Ela não devia estar com tanta fome, pois mamou acho que uns 5minutos e logo dormiu. Preguiçosa igual a mãe. Fiquei tão feliz de ve-las que acho que nem dei atenção a Peeta, que tambem não fez esforço para conversar comigo. O medico entrou no quarto com um semblante serio.

- Makailla, precisamos conversar! - ele dizia com umas pastas na mão.

- Claro, pode falar!

- Não, precisamos conversar serio e a sós! - ele disse e foi o tempo para que eu colocasse Emma no berço e Peeta as levasse para fora. Meu coração se apertou tanto ao ve-las partindo, talvez não as visse mais.

- Diga doutor!

- Makailla estou com os resultados dos seus exames e.. - ele passou a mão na testa em sinal de preocupação. - Não são muito bons.

- Fala tudo de uma vez, por favor! Se for pra eu morrer eu morro de uma vez..

- Esse é o problema. Se você sair daqui antes de cirurgias e tratamentos você irá morrer. Isso é um fato. Só você pode escolher.. Ou você fica aqui e faz os tratamentos ou você vai embora e acaba morrendo a caminho do hospital com outra parada cardiaca.

- Eu não tenho escolha! - eu disse ironica. - Eu não quero morrer, não quero perder a vida das minhas filhas.

- Entao você escolhe ficar?

- Logico que sim, que pergunta! - eu não estava nada feliz.

- Mas vou logo avisando que não será facil, e nós temos um tratamento aqui que usamos em pessoas que fazem quimioterapia. Ou seja.. - eu o interrompi sabendo a resposta

- Eu vou perder meu cabelo?

- Sim.. você vai! - meus olhos se encheram de lagrimas.

- Mais alguma coisa que eu devo saber!

- Sua aparencia vai mudar muito! Voce já é magra, devido a anorexia e pode acabar emagrecendo mais. - ele me explicava, e eu chorava cada vez mais!

- Não.. - eu sussurrava

- Voce vai ficar bem querida! - ele passou a mão nos meus cabelos.

- Quanto tempo?

- Dois anos ou mais, depende de como você vai responder!

- Eu não quero que minhas filhas e meus amigos me vejam no estado que eu vou estar! Não quero, me recuso a deixa-las verem a mãe nesse estado.. - eu estava desesperada. Parei e pensei por uns instantes. Sei que seria muito errado o que eu faria agora mas eu precisava. - Doutor, quero qu faça um favor para mim.

- Diga-me. Qualquer coisa.

- Quero que diga a todos que eu morri! - eu disse de uma vez.

- Voce... você o que?

- Sim, não quero que me vejam durante o tratamento! Diga a todos que eu morri. Invente uma historia, você tem filhos deve ser criativo para contar-lhes hitorinhas de ninar.

- Makailla você tem certeza disso? - ele estava perplexo.

- Sim, toda certeza! - ele assentiu com a cabeça e se retirou da sala.

Fiquei lá pensando em como seria minha vida daqui pra frente e não seria nada facil. Perder o meu cabelo, emagrecer demais. Não seria certo deixar minhas filha participarem da minha vida ssim. E eu não iria poder aproveitar nada com elas com esse coração fraco.. impossivel. Tomara que essa tenha sido a escolha certa. O medico retornou a sala.

- Makailla, já que você vai se passar por morta, vou lhe dar essa injeção que diminuira seus batimentos, como se você estivesse morta, a sua respiração ficará praticamente inexistente, e você dormira por mais de 24h. - eu o olhei direito e ele estava meio a contragosto.

- Muito obrigada.. - ele pegou meu braço e logo injetou o liquido. Senti o sono me dominar quase que instantaneamente e minha visão ficar embaçada. Ele esperou que eu dormisse para sair da sala para contar aos outros a minha morte.

POV Autora.

O medico injetou o liquido em Mika e ela caiu no sono profundo rapidamente. Seus batimentos haviam diminuido bastante e sua respiração era imperceptivel. Ele saiu da sala se preparando para dar a noticia aos demais. Ele caminhou pelos longos e iluminados corredores pensando em o que falar. Parou em frente a porta do quarto de Peeta e bateu.

- Com licença! - ele pediu.

- Entre.. - disse Katniss

- Na verdade, eu preciso que me sigam! - Os dois no quarto ficaram preocupados.

- O que aconteceu? - Peeta perguntou afoito.

- Por favor, apenas me sigam! Vou pedir para que o seu amigo Gale nos encontre lá tambem.. - ele usou o telefone do quarto para pedir que o enfermeiro o levasse até a sua sala.

Eles o seguiram pelos corredores se perguntando o que ele queria. Chegaram na sala do medico e ele deu passagem para que entrasse e esperasse por Gale. Logo que ele chegou em sua cadeira de rodas ele fechou a porta e deu a volta na sala chegando até sua cadeira.

- Meus caros, chamei voces até aqui pois tenho algumas noticias para dar.

- O que aconteceu doutor? Diga logo por favor.. - Katniss implorou.

- Eu não sei como dar essa noticia..

- Makailla.. - Peeta sussurrou ao meu lado..

- Peeta se lembra quando pedimos para que se retirasse para que eu conversasse com ela?

- Sim..

- Entao, eu falei que os resultados dos exames dela não eram bons e que ela teria 2 anos de tratamento pela frente. Ela começou a ficar irritada pensando nas filhas e teve uma parada cardiaca muito forte...

- e... - Katniss o apressava para falar.

- Nós fizemos de tudo, mas ela acabou falecendo! - Peeta se levantou da cadeira rapidamente jogando-a para tras.

- NÃO! - Ele gritou. VOCES A MATARAM!

- Não Peeta, se acalme por favor.. ela não iria aguentar! - Katniss tentava ajudar Peeta mais ela estava com o mesmo pensamento..

Gale estava na cadeira de rodas, e estava de cabeça baixa chorando talvez.

- Me desculpem! Nós já estamos tratando de tudo sobre o corpo. Mas preciso que você assine aqui Peeta, dizendo que podemos cremar o corpo. - O formulario era real, mas não serviria para nada pois ela estava viva.

Peeta estava abaixado no canto da sala chorando. Gale em sua cadeira chorando e Katniss desesperada.

- Não! Eu preciso ve-la... Agora, eu preciso ve-la, por favoor, me deixe! - ela pedia.

- Katniss por favor. Não piore a situação! - o Medico pediu.

- Por favoor. Eu preciso que ela me escute! - ela implorava.

- Mas ela esta MORTA Katniss! - Gale disse revoltado.

- Eu sei Gale! Mas ela me pediu uma coisa caso ela morresse e eu nunca disse nada a ela.. estou me sentindo culpada. Por favor Doutor, deixe-me ve-la.. preciso tirar esse peso do peito.. - ela já estava chorando a esse ponto. O medico pareceu pensar por um tempo mas decidiu permitir.

- Tudo bem vamos! - ele pediu que ela seguisse-o e ela o fez.

Andaram até a sala onde ficavam os corpos e só o dela estava presente na sala, coberta com um manto branco. O medico abriu a porta para que ela entrasse.

- Voce tem 10 minutos, rapido! - ele a apressou e ela entrou.

Ela assentiu e caminhou até o corpo de Makailla. Pensou por uns instantes mas decidiu descobrir pelo menos seu rosto. Viu seu rosto tão lindo, ali estatico e sem cor.

- Ah Mika.. - ela disse derramando uma lagrima. - Eu queria tanto que você estivesse aqui para acompanhar o cressimento das suas pequenas e poder ajuda-las quando elas precisarem de conselhos de mulheres e sei la, precisarem apenas de uma mãe. - ela acariciava os cabelos da ruiva. - Sinto muito que isso tenha acontecido agora. Mas você me pediu uma coisa antes de partir e eu não respondi certamente. - Katniss parava de chorar aos poucos tocando as bochechas dela. Nao estavam frias ainda. - Fique tranquila, vou cuidar com todo o amor de suas pequenas, e pode ter certeza de que elas sempre vão saber que você foi, e sempre será para elas. Aquela mulher extravagante e linda, agora uma estrela. - Katniss deu um beijo em sua testa e se retirou da sala. Passou na frente da maternidade no caminho de volta e viu as meninas nos carrinhos chorando.

É, agora é comigo meninas! Já amo voces, com todas as minhas forças e nunca vou deixar nada acontecer com voces.. - pensou ela.