- Por quanto tempo você poderia resistir? - Octavian desafiou, e tentou puxar o corpete de Reyna. Aquilo a machucou.

"Por quanto tempo você poderia resistir?". A pergunta reverberou na cabeça de Reyna. Queria resistir o quanto precisasse, por Jason.

- Até o final. - Ela colocou as mãos sobre o troncou de Octavian e o empurrou com toda a força. Ele cambaleou para trás, e Reyna aproveitou para se levantar e o empurrar novamente. Estava trêmula e ofegante, mas Octavian parecia surpreso com sua atitude.

- Você não faz ideia do que eu posso fazer, Reyna. - Sua expressão ficou feroz. - Espero que fique na linha depois dessa noite. Se pensar em contar para alguém, eles não acreditarão. Ou não se moverão contra isso. Você é a submissa aqui, quer você queira ou não.

O coração de Reyna falhou uma batida.

- O quê? Não vai mais tentar ter uma noite comigo? - Ela desafiou.

- Não. Tenho outras coisas em mente, mas não pense que acaba por aí. Sei mais sobre você do que imagina. - Octavian encarou a gaveta de mogno sugestivamente, mas Reyna não percebeu. Se vestiu novamente e saiu do quarto, resistindo à urgia de fugir. Estava sob ameaça, e se defenderia.

O dia seguinte logo chegou. Jason andava de um lado para o outro, pensando no que ouvira no dia anterior. Tinha más impressões sobre aquilo.

Depois da parte que tinha ouvido, ficou mais tempo na taverna. A discussão daquele certo grupo de nobres e comerciantes se estendeu por um período de tempo consideravelmente longo, e o que Jason ouviu não melhorou seu ânimo. Mas houve uma parte em especial que mais o intrigou.

- Talvez devêssemos investigar. O que você acha dos rumores sobre esses camponeses? - O homem de voz esganiçada havia perguntado.

- Sei que os camponeses que não aram a terra e trabalham justamente podem ser ladrões e manipuladores. Talvez nem mereçam o título de camponeses. Tinúviel teria chamado a atenção até mesmo dos pássaros que cantavam por aqueles cantos. Me preocupo com o que ela possa ter feito lá, principalmente no tempo em que Octavian se ausentou. Mas... não falemos disso. Ficarmos discutindo sobre ela não irá interferir em seus planos de qualquer maneira, e tudo que podemos esperar é que a princesa tenha juízo. 

- Mas o que é juízo perto de uma aventura? - Um homem que até aquele momento passara sem ser percebido falou. Tinha uma barba rala sobre várias cicatrizes em seu rosto, e seu cabelo começava a dar sinais de uma idade longínqua. Carregava uma espada embainhada e suas vestes indicavam que ele era um dos famosos guardiões noturnos. - Se estão tão interessados assim no que Reyna faz ou deixa de fazer, por que não a perguntam pessoalmente? Ela sabe o que faz.

O grupo se calou. Estava óbvio para eles que aquele homem trabalhava no castelo e tinha um contato mais íntimo com Reyna - por suas roupas e até mesmo por chamar Reyna pelo seu próprio nome, e não por seu título, como era costumeiro.

- Ótimo. - O homem se levantou e retirou-se da taverna. Todavia, aquilo só havia incentivado a curiosidade dos comerciantes.

Quem seria aquele homem era o que mais intrigava Jason. Ele parecia saber a verdade, e por um instante pareceu a Jason que ele o encarara sugestivamente antes de sair da taverna. Ele não tinha certeza. Talvez poderia perguntar sobre isso para Reyna mais tarde... oh céus, Reyna! Manter contato com ela seria perigoso e agora Jason sabia o quão arriscado estava sendo. Até onde pode-se aguçar a curiosidade dos comerciantes? Se a notícia chegasse a Octavian... o que ele faria com Reyna?

Se mantivessem distância, talvez fosse mais seguro. Jason não queria se afastar. A amava. Mas queria vê-la segura, nem que ele não estivesse.

Sentou-se sobre um tronco há muito caído, abaixou a cabeça, apoiando-a sobre seus braços, e pouco tempo depois ouviu o som de um cavalo galopando e se aproximando. Quando levantou novamente o olhar, Reyna estava em frente a ele, bela como sempre. Jason se levantou em um sobressalto.

- Você não deveria ter vindo.