Daisuki escrita por AC3


Capítulo 3
Perguntas para um Colega de Quarto


Notas iniciais do capítulo

E Gakupo surge!



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— Como foi? – perguntou Gakupo.

Gakupo Kamui era meu colega de quarto. Ambos estudávamos na universidade de artes Crypton, fazendo o curso de música. Naquele momento, ele estava deitado na cama, de barriga para cima.

— O quê? – retruquei, fechando a porta.

Havia acabado de chegar do meu “encontro” com Kagamine-kun. Mesmo depois de ele ter ido embora, fiquei acompanhando Miku por quase uma hora; até ela receber uma ligação de Megurine-san. Pareceu que ocorrera um imprevisto, fazendo com que Luka não conseguisse ir ao shopping.

— Sua “pegação”, ora.

O quarto tinha duas camas, uma em cada extremidade e um grande armário marrom de frente para ela. Logo que se entrava, via-se a porta do pequeno banheiro acoplado ao cômodo.

— Hã?! – fingi espanto enquanto tirava meu cachecol.

— Eu sei raciocinar, Kaito.

Morávamos naquele lugar há praticamente um ano. Não demorou muito para dispensarmos os tratamentos pelo sobrenome.

— Como assim?

Ele encostou-se à cabeceira da cama. Agora pude ver que usava uma regata preta e rasgada, com um MADE IN TOKYO escrito na frente.

— Há quatro horas, você disse que ia “dar uma volta” pelos arredores. Além do mais, você estava extremamente nervoso quando saiu.

Tirei o casaco, ficando apenas com uma camiseta branca e de jeans. Joguei-me na cama. O colchão podia ser um pouco duro, mas dava para o gasto.

— E então? Como foi?

A janela, que se encontrava entre nossas camas, mostrava-se aberta pela presença da brisa fria do anoitecer.

— Nada demais. – respondi, fitando o teto.

Ele fez um sorriso maldoso.

— Sei...

Gakupo levantou-se. Ligou a única lâmpada do quarto e fechou a janela. Da pequena geladeira abaixo desta, ele tirou duas latas de cerveja, estendendo uma para mim.

— Pegue. Parece que você não teve sorte hoje...

Pego e abro a latinha. Em gargalos amargos, bebo-a. Tentando entender na confusão em que me metera.

Len disse que gostava de mim. Eu, no impasse, dera à ele o prazer da dúvida, dizendo que tentaria corresponder seus sentimentos. Combinamos de sair e as coisas não deram muito certo. Pois, se não tivéssemos nos encontrado com Miku, continuaríamos naquele silêncio até a despedida.

Ele disse que estava tudo bem, mas será que isso era verdade? Afinal, eu não sabia nada dele. Eu mal o conhecia...

— E aí? Como ela é? – disse Gakupo.

Deixando minhas reflexões de lado, decidi responder a pergunta. Ele não me deixaria em paz até conseguir uma resposta.

— Gentil, simpática e envergonhada.

— Idade? – disse, antes de virar a cerveja.

— Eu só sei que é uma colegial.

Depois de beber, ele depositou a lata vazia em cima da geladeira.

— Não sabia que você preferia as novinhas...

Quase contestei. Mas era melhor eu ficar quieto. Nem sei o que aconteceria se eu revelasse algo sem quere...

Terminei a cerveja, tomando uma decisão.

Eu não o conhecia, verdade. Só que isso não me impede que eu comece a conhecê-lo agora.

Também coloco a lata vazia em cima da geladeira.

— E como vai sua vida amorosa, Gakupo? – eu sorria maldosamente. Agora era a minha vez de fazer as perguntas. – Como vão as coisas com Megurine-san?

Ele suspirou.

— Normais. Nada de inusitado.

Eu, lógico, não iria aceitar apenas aquilo como resposta.

— É que eu ouvi alguns boatos...

— São falsos.

— E como sabe que são falsos se eu nem lhe falei quais são?

Te peguei, pensava eu.

— Eu os ouvi também. – curto, ríspido e inexpressivo, bem o estilo dele.

— Ah... Então tá bom, né...

O irônico é que eu contava tudo para ele. Relacionamentos. Impressões. Rumores. Problemas... enfim, ele sabia de tudo sobre mim. E eu nem sabia direito sobre o namoro dele com a Luka, por exemplo.

Gakupo havia pegado uma revista qualquer e folheava.

E eu voltei a pensar no Len.

Eu tinha que conseguir contados, a irmã dele deveria ser a melhor opção. Se eu começasse a conversar mais com os dois, descobriria mais sobre ele.

— Qual o nome dela? – perguntou Gakupo, ainda olhando a revista.

— ... – foi tudo que eu consegui “dizer”.

— Tudo bem. Isso não é importante mesmo... – como não é importante? É o nome dele! – O fato é: ela é igual ás outras?

— Como assim?

— Eu tô querendo saber se ela é importante para você. – ele falava como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Não sei...

Nem dava para tentar explicar minha situação, mesmo trocando “ele” por “ela”.

— Ela é mais que uma de suas “ficadas”?

— Não. – respondi prontamente.

Me imaginei “ficando” com o Kagamine-kun... não foi muito legal. E, ao perceber que essa situação poderia acontecer num futuro próximo...

É. Não foi legal!

— Então, o que ela é para você? – a pergunta veio de Gakupo, trazendo meus pensamentos de volta àquela sala. – Amiga? Namorada? Conhecida? Transeunte?

Pensei um pouco antes de falar.

— Conhecida, provavelmente...

— E você pretende mudar isso?

— Em que sentido?

— Você quer se aproximar mais dela?

Fiquei um pouco espantado pelo fato de que eu fazia essa pergunta para mim mesmo momentos antes.

— Quero... – disse vagamente, com um leve toque de timidez.

— Então, meu filho, – ele joga a revista no chão, levanta da cama, fitando-me diretamente nos olhos. – é bom ela ser boa o suficiente para você!

Gakupo sai do quarto, deixando-me absorto em meus próprios pensamentos...


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Notas finais do capítulo

E aí? Esse é o Gakupo que imaginavam?
E mais... uma pequena mudança segue no próximo capítulo...
O que será?