Alô, alô... Som... 1, 2, 3... Teste! Teste!

Muito bem, parece que a história ficou bem tensa há um capítulo atrás e tanta coisa parece estar acontecendo ao mesmo tempo que chamaram um narrador – no caso, eu – pra dizer os pensamentos de todo mundo enquanto o – qual o nome dele? – Gakupo Kamui estava beijando o loirinho.

Não me julguem, é só um bico.

Parece que quando Gakupo se aproximou de Len (o loiro) o primeiro impulso de Rin (a irmã do loiro) foi de afastar os dois na hora e dar uma surra, mesmo que ela não tivesse força para tanto, no grandão de cabelo roxo. Era uma mistura de ódio e desapontamento e também de raiva, porque seu casal yaoi parecia ruir na sua frente. Estava preocupada demais com seu irmão e não sabia se ficava brava com Kamui-kun, com Shion-kun ou consigo mesma, por ter começado tudo aquilo... Coitada dela! Ela só queria ver o irmãozinho feliz...

A suposta namorada desse Gakupo (Luka) – parece que ele era gay e gostava do Shion-kun em segredo – sorria. Achava incrível que Gakupo finalmente havia dado o passo pra algum lugar. Será que depois de tanto tempo gostando do Kaito (que é o Shion-kun), ele acabaria ficando com uma pessoa completamente diferente? Era até meio irônico se fosse pensar bem...

Bem, só que se Gakupo estava movendo pra essa direção, para onde ela iria? Não tinha a menor ideia... Desde o colegial esteve ligada a este amor – se é que conseguia usar uma palavra tão forte para aquele sentimento – e talvez já esquecera como caminhar sozinha... Droga! Por que não podia só ficar feliz por ele?

O famigerado Shion-kun não sabia como reagir. Tinha falado para o Gakupo beijar o Kagamine, mas não achou que ele levaria o comentário tão a sério assim... Merda! Pensando bem, o que ele falou para o Kagamine foi bem tosco mesmo... O garoto tinha se declarado por ele poxa! No desespero de não fazer Meiko-san pensar “errado” sobre ele, falou besteira... Droga!

Na minha sincera opinião, ele até que devia gostar desse garoto loiro aí. Talvez, ele quisesse gostar dele e retribuir o sentimento. Quem não gostaria de se apaixonar por alguém que já está apaixonado por você? – isso foi uma pergunta retórica...

Próximo! A Meiko-san, mencionada há algumas linhas, percebeu alguma coisa errada no que estava acontecendo. E, talvez, deve ter sido a única a perceber isso sem saber de nada realmente, por estar ficado afastada da turma por tanto tempo... Afinal, o Gakupo era meio ranzinza sim, mas nunca tinha o visto tão furioso assim. Ele estava realmente exaltado para beijar o irmão da Kagamine na FRENTE da namorada, que até parecia estar gostando da situação... O que será que estaria acontecendo ali?

De todo o jeito, estava desaminada pela sua ideia e da Hatsune-san ter gerado aquela briga...

Miku, também conhecida como Hatsune-san, estava perplexa. Devemos lembrar que ela acha que Len declarou-se para a amante de Gakupo – nem tente lembrar de onde essa aí tirou isso, deve estar vendo muito anime... – o que fazia toda aquela situação um pouco estranha... Ai meu deus! Será que a amante de Kamui-kun era o próprio Len? Isso explicaria o fato da Rin (sua melhor amiga) não ter lhe contado nada...

O loiro beijado no momento (Len Kagamine) estava paralisado. Num segundo, ele segurava as lágrimas e, no outro, estava sendo beijado pelo carinha zangado e rabugento que ele descobriu ser uma pessoa muito legal enquanto estudava para a recuperação de matemática. Ele não retribuiu o beijo, mas também não afastou Gakupo de si. Aquela era uma sensação boa... O seu primeiro beijo...

Por fim, um tal de Kimura-san – que é tão importante nessa história que só foi mencionado agora nesse capítulo super-importante que estou narrando – via tudo aquilo como se estivesse vendo um filme. Afinal, não tinha afinidade o suficiente com toda aquela gente para ter alguma super-reflexão sobre a vida, o amor e a amizade. Na verdade, ele só achava estranho o cara beijar outro na frente da namorada e ela sorrir com tudo isso... O jeito era ver até o fim e ver no que dava.

Parece que o próprio Gakupo contou como estava se sentindo no capítulo anterior... Hum... Deixa eu dar uma pincelada nele também: parece que o fato de ficar zangado com Shion-kun acabou se dissipando no beijo com o Kagamine. Ele sentia as bochechas ficarem vermelhas enquanto o sorriso do garoto passava pela sua mente. Meio que inconscientemente, era essa imagem que ele desejava ver quando abrisse os olhos.

Não foi bem o que aconteceu.

No fim, gostaria de agradecer pela oportunidade de narrar para esta plateia! Até que foi divertido... Espero que não tenha cometido muitos deslizes (risos).

♥

Eu tinha de sair dali. Era só isso que eu conseguia pensar no momento e era só isso que eu iria fazer.

O Kamui-kun afastou o rosto de mim ainda de olhos fechados: foi minha chance! Levantei e corri para longe dali, quase tropeçando nas cadeiras. Fui continuando sem prestar atenção em nada do que escutava, até chegar no banheiro e me trancar lá dentro.

O que fazer? O que fazer? O que fazer? Como eu iria olhar para a cara de todo mundo depois daquilo? Só porque eu estava confiante, droga... Eu só queria que o cara gostasse de mim, tá tão difícil?!

Mas também, porque raios ele falou daquele jeito?! O que eu fiz de errado para ele falar daquele jeito?!

Eu sei que talvez aquilo fosse muito pouco para eu começar a chorar, mas as lágrimas caíram mesmo assim...

♥

– MUITO BEM! – gritei, logo depois de meu irmão não ter me respondido enquanto corria. – É BOM OS DOIS TEREM UMA BOA EXPLICAÇÃO DO QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI!!

Minha voz estava tão alta que nem eu mesma acreditava. Olhando em volta, todos – até a Megurine-san – ficaram assustados com minha reação. Eu estava irada. Nunca que alguém iria sacanear o meu irmão dessa maneira sem levar o pato.

– Kagamine-san, ca...

– CALA BOCA MIKU! – eu não devia ter falado assim com ela, sei disso. – NÃO QUERO SABER DE NENHUM DE VOCÊS! KAMUI E SHION PODEM IR ME ACOMPANHANDO PRA COZINHA!

Tinha alguma coisa no jeito que minha voz saía que a deixava completamente diferente do que o costume. Se fosse necessário eu esmurraria aqueles dois trouxas ali mesmo. Eles iam ficar com os rostos da mesma cor que os cabelos.

– Quem você pensa...

– Calma, Gakupo – interrompeu Megurine-san, com uma expressão meio estranha no rosto. – Não é mais fácil você e o Kaito irem até a cozinha conversar com ela. Tem certeza que querem comprar briga comigo e a Meiko no meio?

Aquela era uma ameaça maior do que poderia fazer. O número de vezes que aqueles dois já escutaram da Megurine e da Meiko-san parecia infinito pelo que eles contavam. Eu, percebendo isso, me levantei e já fui pra cozinha, pronta para abrir o maior barraco se eles resolvessem não aparecer.

Para a sorte dos dois, eles atravessaram a porta logo depois.