Daisuki escrita por AC3


Capítulo 26
Jogo do Rei (ou Beija! Beija! Beija!)


Notas iniciais do capítulo

Nossos vocaloids fazem de tudo para não lavar a louça...



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Tínhamos acabado de jantar. Ninguém tinha tocado na louça ainda, então o clima era de pura preguiça. Parecia que todos estavam apenas esperando para alguém apertar o botão de start. Na minha mão, estava uma mensagem da Hatsune “Começamos agora? @.@”, enviada a pouco mais de um minuto.

“YESS”.

– Ai gente, que canseira não? – exclamei, sem compromisso.

– Nossa verdade. – respondeu a Hatsune. – E ainda tem a louça pra lavar... – com este pequeno detalhe, o ânimo de todos simplesmente diminuiu. Oito pessoas conseguem sujar muita coisa. E ainda por cima não passava nada de bom na tevê.

– JÁ SEI!! – exclamei, com falsa epifania, me levantando. – Quem trouxe um baralho? – porque sempre tinha alguém que trazia um baralho.

– Eu trouxe... – disse Gakupo, arrastando. – Mas jogar cartas? Que preguiça...

– Posso pegar na sua mala, né? – perguntei, já me direcionando para o quarto onde estavam as camas.

Demorou alguns minutos até ele começar a gritar comigo.

– MEIKO!!! O que você pensa que tá fazendo mexendo na minha mala?!

Não tinha nada demais nela, na verdade. Eu só fiquei remexendo nas cuecas para arrancar uma reação dele.

– Tá louca?! O que você tá procurando aí? – ele se adiantava para me separar de sua mala.

– O baralho, oras.

– No meio das minhas cuecas?! – o rosto dele começou a ficar vermelho vermelho... Acho que nunca vi o Gakupo com essa expressão.

– Onde mais você esconderia? – brinquei, óbvio. Nada como um barraco pra chacoalhar todo mundo lá na sala.

– Nossa, o que será que a Meiko tá fazendo pra tirar tanta reação do Gakupo? – perguntou Shion-kun, quebrando o silêncio da sala.

– Só a Meiko mesmo viu... – disse Megurine-san. – Achei que só eu tinha esse “poder”.

– E eu? – voltou ele, apontando para si mesmo. – Não consigo?

Megurine-san demorou alguns segundos para falar, como se estivesse em legenda atrasada. Era engraçado ver como aqueles três eram ligados. Mais do que nunca, senti como se eu, meu irmão e a Miku fossêmos alienígenas. Se bem que assim que Len e Shion-kun se firmassem eu iria ser cunhada... Aiai, cunhada...

– Não – e mostrou a língua.

Todo mundo riu um pouco, até porque era bem verdade mesmo. Só mesmo a louca da Meiko pra conseguir tirar alguma expressão daquele cara. Porque, nossa, ô pessoa sem ânimo, viu?

Logo os dois voltaram do quarto, com o baralho nas mãos da Meiko-san. Era claro que tinha ocorrido uma pequena briga, o cabelo dos dois estavam completamente dessarumados. Mais até de quando saíram.

– Muito bem, pessoas, tive uma ideia. – e ela se postou no meio da sala, como se fosse um grande discurso. Se bem que ela sempre fazia um discurso... – Vamos competir para ver quem lava a louça!

Uma competição? Meu deus!!! Será que seriam algumas daquelas competições de strip que acontessem quase nunca nos yaios?! Imagina, Len e Shion-kun jogando até as roupas caírem?

– Ah, não sei não, Meiko-san... Isso pode ser tãão chato... – quem falava era a Miku do meu lado, se derretendo no sofá. – Ainda mais esses jogos de carta que demoram...

– Que isso? Vamos lá! – a resposta da outra foi tão rápida que até desconfiei. – Além do mais, podemos jogar o jogo do rei, que é mó rápido. – meuuu deeeeuuus!!!!

Todo mundo ficou quieto, com cara de interrogação. Os únicos que entenderam o que aquilo queria dizer era eu, a Miku e a Meiko... Aiai, estes homens, tão burrinhos...

– Vão me dizer que vocês não sabem o que é o Jogo do Rei? – manteve-se o silêncio – Pela amor de deus! Vocês não vêem anime? Tá tá, deixa eu encontrar o melhor jeito de explicar... – ela ficou quieta por incríveis trinta segundos... Acho que era a maior pausa que já vi ela fazer em um de seus “discursos”:

– Funciona assim: a gente pega um baralho e separamos oito cartas, porque estamos em oito pessoas, sendo que serão sete números e um rei. – ela procurou um rei no baralho para exemplificar... Era de espadas. – Embaralhamos estas cartas e distribuímos entre nós, quem tirar o rei pode fazer um comando para um ou dois números aleatórios que vierem na cabeça dele, se as pessoas que tiraram os números cumprirem, elas ganham e podem sair do jogo, se não, o rei ganha a rodada e ele que sai.

Todo mundo ficou meio indeciso... Imagina, eu tirar o rei e mandar o Len e o Shion-kun se beijarem? Vai ser épico! Ia logo falar alguma coisa concordando com a ideia, mas estranhamente, Miku tomou minha dianteira:

– Parece que vai ser um negócio legal esse gente. Pelo menos para levantar um pouco os ânimos. – uma mudança meio súbita na minha opinião, mas tudo bem.

– Não sei não... – disse Gakupo. – Isso pode dar confusão.

– E quem não gosta de um pouco de confusão? – rebateu Megurine-san, decidida. – Também topo.

Virei meu olhar para Len, sentado ao meu lado, e ambos parecíamos concordar com a ideia. Afinal, era uma grande oportunidade... Hehehe... Esse jogo viria muito a calhar.

– Eu topo também. – disse de súbito Kimura-kun. – Vai ser divertido.

– Só você mesmo né Meiko? – disse Kaito. – Já que o baralho é meu, vou aceitar. Até pra ver se você não some com alguma carta minha.

– O quê? – retrucou Meiko, fingindo espanto. – Só jogo limpo...

– Sei...

No fim, Kamui-kun foi convencido pela maioria. Sentamos todos na mesa de jantar para jogar.:eram eu, Len e Miku de um lado; Megurine-san, Gakupo e Shion-kun de outro; e Kimura-kun e Meiko nas pontas. As cartas foram embalharadas e distribuídas. FIGHT!

– Numero seis, pode ir fazendo massagem nas minhas costas por cinco minutos! – disse Miku.

Até que o jogo estava bem divertido. Ver Gakupo levantar e ir fazer massagem na Miku-san estava sendo hilário.

– Mais pra esquerda por favor. – há! Há! Há! Ela estava abusando mesmo... E o Gakupo resmungava.

– Faz bem direitinho porque eu te ensinei bem, baby... – disse a Megurine-san.

Parecia mesmo que a Miku estava se divertindo com aquilo. Na verdade, depois que o Kimura-san se enrolou dezenas de vezes para dizer “chão sujo, casa suja” por ordem da Meiko-san logo na primeira rodada todo mundo entrou no clima da brincadeira e ria pra caramba enquanto o rei dava suas ordens.

Até agora, eu não tinha tirado o rei. Estávamos na quarta rodada: Meiko, Gakupo e o próprio Kimura já tinham saído – a primeira rodada foi um exemplo de como o jogo funcionava. Não parecia que aquele jogo teria um fim, mas ninguém se importava para isso na hora.

Juntaram as cartas de novo, era a vez da Rin embaralhar, ela pegou e distribuiu para todo mundo. Ninguém poderia saber o número de ninguém antes do rei se revelar, senão a coisa perdia um pouco da graça.

– Muito bem, gente – começou Megurine-san. – a rainha aqui tá muito risonha e, bem, número quatro faça cócegas no número dois! – ela realmente gritava como em uma ordem imperial.

Miku virou sua carta:

– Muito bem, gente, quem é o dois?

– Boa sorte em tentar – disse Rin, com uma voz de vilã assustadora, do meu lado. – mas duvido que consiga tirar um sorrisinho de mim.

Encarando o desafio, Miku-san avançou os dedos para com minha irmã e começou a mexê-los como se fosse soltar um feitiço. Foi no pescoço, no braço, na barriga... E a Rin continuava séria.

Ela tinha um ponto fraco, óbvio, mas só eu sabia onde era, pelo que eu sabia. Todo mundo estava olhando com um ar de expactativa, para ver quem ganharia aquele duelo.

Não ia perder a chance de zoar um pouco a minha irmã, então, quando a Miku virou o olhar para mim, apontei para a minha orelha. Imediatamente, ela...

– Aonde está mexendo? O que você... – e começou a gargalhar. Todo mundo meio que riu junto, vitória para o time azul-claro!

– Brigado, Kagamine-kun. – ai não, droga...

– Traíra!!!! – gritou Rin, avançando para cima de mim.

Era vitória da Miku e ela saiu. Depois de conseguir escapar do golpe mortal de minha irmã, juntei as cartas, tirei uma, embaralhei e distribui. O humor de todo mundo só melhorava e aquilo era realmente muito bom! Parecia que todos os problemas e todas as expectativas do verão estavam esquecidas porque todo mundo estava se divertindo pra caramba.

– Há! Há! Minha vingança! – exclamou Rin com a carta do rei na mão. Adicionou com um sorriso sórdido: – Número três e número um, podem se beijar.

Meu deus... Eu era o número três, só faltava esse ser um plano da Rin pra me fazer...

– Muito bem, quem é o três? – disse Shion-kun.

Como aquilo era possível? Era muita coincidência para ser verdade! Será que eu estou no meio de uma daquelas fanfics que a Rin lê? Só pode. Ou naqueles mangás... Ai meu deus...! Se fosse assim, daqui a pouco ele iria estar tirando a roupa sem motivo nenhum!!!

De toda a forma, era uma oportunidade.

– Sou eu. – disse.

Não sei qual foi a reação das pessoas naquele momento, porque não prestei atenção nas outras pessoas. Fiquei olhando para o Kaito-kun, me lembrando de tudo que a gente já tinha feito desde que eu me declarei pra ele. Será que agora a gente se beijaria mesmo? Será mesmo que eu consegueria ficar com ele?

– Se você não quiser, Kagamine, não tem problema viu? – foi o que ele soltou.

– Que tipo de resposta é essa?! – soltou Rin. – As ordens do rei são absolutas! – soou meio agressivo, eu sei, mas eu entendi que ela tentou me ajudar e estava no caminho de dar certo.

– Não tem problema não, Shion-kun, é só um beijo. – menti.

Não era só um beijo. Era O beijo. O meu primeiro beijo e, ainda por cima, seria em alguém que fazia muito tempo mesmo que gostava. Era uma espécie de pequeno sonho virando realidade. Parece meio estranho falar assim, mas, para mim, era uma espécie de pequeno sonho virando realidade mesmo.

– Ah, como assim não tem problema? – retrucou ele. – Não se sinta forçado pela sua irmã, não, Kagamine.

– Não estou não. – não sabia o que pensar naquele momento.

– Qualé, somos os dois homens. Não acha meio nojento a gente ficar se beijando assim na frente de todo mundo? Nem o Gakupo e a Luka que são um casal ficam se pegando na nossa frente...

Eu só fiquei quieto. Era isso, então? Ele não queria me beijar porque achava nojento? Como isso podia estar acontecendo depois de termos ido a encontros? Depois dele falar o que ele falou para mim? Não, não... Eu não podia chorar. Não podia chorar MESMO! Volta lágrima, volta...

Eu não conseguia acreditar no que Kaito acabara de dizer. Eu fiquei com tanta raiva, mas tanta raiva, tinha de falar alguma coisa. A Kagamine-san iria falar algo – ela era bem intempestiva –, com certeza algo que iria traduzir o que eu estava sentindo naquele momento. O problema é que virei meu rosto para o Kagamine.

Aquele mar de olhos azuis iria começar a se encharcar. O merda do Kaito ia fazer o Len chorar na frente de todo mundo!

– Que comentário de merda foi esse Kaito? – disse, sem conter minha língua. Todo mundo virou sua atenção para mim, o que foi muito bom para Len ter um tempo pra se reestruturar.

– O que foi, Gakupo? – foi tudo que o idiota conseguiu dizer. Isso me deixou mais zangado ainda.

– O que foi é que você foi simplesmente um idiota com esse papo de “dois homens ser nojento”. Se liga! Você tá no século vinte e um!

– Eu sei, – começou ele, na defensiva. – não tenho nada contra, mas eu não tenho vontade sair e ficar beijando outro cara... – ele estava testando minha paciência.

– Então por que não disse isso logo de cara?! Nem tem tanto problema assim... É só um beijo...

– É mesmo? Então por que você não beija então? – o tom ciníco dele foi o pior.

Ninguém parecia estar pronto para interferir. Na verdade, tenho a impressão de que tudo ocorria tão rápido que o choque deixou todo mundo meio que estático. Afinal, há um minuto atrás estávamos todos rindo tranquilos. Eu não ia deixar aquilo terminar em briga, não estava com saco pra isso.

– Tudo bem. – respondi, seco.

Me levantei e fui até o Kagamine, que tentava com todas as forças disfarçar que iria chorar – coitado do garoto, ele devia gostar mesmo do Kaito – aproximei-me dele, pûs minhas mãos em seus ombros e, antes que alguma lágrima caísse, beijei ele, fechando meus olhos.

Nem devo dizer que todo mundo, inclusive eu, ficou espantado no segundo seguinte.


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Notas finais do capítulo

Mil desculpas pelo atraso :/ !!! Minha época de provas se estendeu e acabou não dando tempo que eu terminar os capítulos...

Bem, estamos entrando na reta final de Daisuki... (nem acredito, faz tanto tempo que eu começei... @.@'). O que estão achando? O que esperam para os capítulos finais?
Faz muito tempo que pensei nesse arco, desde que vi Baka and Test há uns dois anos, mas acho que escrevendo ele agora, acabou saindo melhor do que eu esperava (ou talvez não, né? Vai saber... kkk). Ainda penso que um dia conseguirei juntar um número suficiente de pessoas meio doidinhas que nem eu para jogar o Jogo do Rei xD

O próximo capítulo, para compensar meu atraso, vai continuar para o dia 28 de Setembro. E não se preocupem que este foi o último atraso que esta fic teve!

Muito obrigado por lerem, comentarem e acompanharem ^^
Até o próximo capítulo!! :)