Tudo meio que começou quando minha fukasa atendeu o telefone ontem:

– Alô?

Ela balançava a cabeça enquanto conversava. O celular só falava, falava, falava, e o olhar sério no rosto da minha fukasa apareceu rápido demais para que eu pudesse processar.

– Meu deus! E como as coisas chegaram a esse ponto?!

Era coisa séria. Séria e complicada. Será que foi acidente? Alguém se machucou?

– Não tô nem aí pra isso! É bom vocês-

Ela foi interrompida – droga, ela odeia ser interrompida – e não demorou muito para começar a gritar no telefone:

– Eu não vou ficar ensinando a vocês como trabalhar! Se perdermos esse caso, a credibilidade do escritório vai cair pro Brasil!

Minha fukasa se acalmou depois de mais alguns berros e acabou só concordando no final.

Na verdade, tinha haver com um caso dela e, por causa de um erro, eles estavam para perder feio. Muito feio. Então, ela teve de ir embora para tentar consertar a situação.

Era exatamente por causa disso que todos nós estávamos em frente a Blue Star na manhãzinha seguinte, com os meninos levando as malas dela para o carro. As férias mal tinham começado e pareciam habituais. Senti pena da minha fukasa, afinal ela estava mais animada até que o Shion-kun pra essa viagem, mas ela vai acabar resolvendo tudo, tenho certeza, e, pensando bem... NÃO TERIAM MAIS REGRAS!!!

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A mãe da Miku indo embora, hein? Quem diria que esse dia chegaria? Agora só ficariam o Shion-kun, o Kamui, a Megurine e a Meiko para nos “olhar” – não faço ideia da idade do tal do Kimura-kun – e com a maturidade que aqueles quatro transbordavam, era óbvio que tanto eu quanto Len estávamos livres e desinibidos.

Era a hora de começarmos alguma coisa realmente substancial para resolver aquele lenga-lenga!

Mas o quê propriamente? Era preciso cautela. Não faço ideia de como a Miku vai ficar sem a mãe por perto e como os “adultos” irão nos tratar. Que não ousem eles a me tratar como criancinha! Haha, duvido que consigam me segurar para qualquer coisa.

O carro da mãe da Miku estava sendo carregado de forma que nunca parecia terminar... Droga! Será que ela não poderia ir embora para eles se agarrarem de uma vez? Já tinha até a câmara do celular pronta para qualquer ocasião. Clic, era só o Shion-kun vir, segurar Len nos braços e... Aiaiai!

Se bem que a Meiko, seria um problema se isso acontecesse.

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Como a mãe da Miku poderia levar tanta coisa pra tão pouco tempo? Tanto eu quanto o Gakupo e o Mikoto estávamos ajudando, mas mesmo assim parecia que não ia mais ter fim. E o Kagamine-kun, onde estava? Bem que uma forcinha ia ser útil.

– Tem certeza que não tem coisa da Hatsune-san aqui não?

– Claro que tenho, Shion-kun. É que eu sempre venho preparada! Afinal, nunca se sabe o que pode acontecer...

Claro... Quando não se pode precisar de um bote salva-vidas? E se leva um bote salva-vidas, porque não um remo? E claro que para isso não se deve esquecer dos suprimentos – sorte que ela resolveu deixa-los.

– Você está exagerando, Kaito-kun – começou a Meiko – não é tanta coisa assim...

– Então vem levar. – retruquei, cansado.

– Vou mesmo!

Ela veio até mim e tomou a mala de minhas mãos numa velocidade incrível, talvez fossem os exercícios de teatro. Obviamente me senti derrotado no momento em que ela pôs a mala no carro:

– Mas isso aqui tá tudo errado! Assim vai bagunçar tudo na viagem... - tive vontade de chorar.

A Meiko simplesmente tirou tudo que estava no porta-malas. E ficou lá, olhando por minutos o lugar vazio. Não sei o tal amigo dela e o Gakupo, mas eu já estava partindo pra cima.

– Essa mala ficaria bem melhor aqui embaixo, aí teria espaço para– ela parou por um segundo e olhou pra gente – E o que vocês tão fazendo parados aí?! Tragam o resto.

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Foi minha sorte ter que ir no banheiro justamente na hora de carregar o carro da mãe da Miku. O amontoado de malas pareciam um bunker de guerra ao lado da porta da frente. Bem, a confusão deveria ter acabado, porque não tinha mais nenhuma mala na sala quando passei por lá.

Saí da casa com todos voltando o olhar para mim. Confesso que fiquei com medo daqueles olhares impacientes. Principalmente do Shion-kun, que parecia um zumbi. E a Rin, bem, ela sempre me dava medo.

– E aí gente? Conseguiram colocar tudo?

– Claro. - quem respondeu foi a Meiko – Mas se dependesse desses três aí, ainda estariam enxotando as malas no carro.

– Por que não nos ajudou, Kagamine-kun? Por que não nos ajudou? - o Shion-kun estava realmente me dando medo.

– Relaxa, Kaito-kun! - ela agarrou o Shion-kun pelo pescoço, e começou a cutucar a cabeça dele... Só a Meiko mesmo.

– Bem, - começou a mãe da Miku – Muito obrigado a todos vocês por me deixarem vir e ajudarem com as minhas malas – se ela não tivesse vindo, duvido que eu, a Rin ou a Miku estaríamos aqui. - Agora podem relaxar e curtir o verão sem mim. E – ela virou-se para mim e minha irmã – Não se preocupem que os pais de vocês saberam que estão em boas mãos. - E piscou.

O que?! Que raio de coisa foi aquela?! Será que a mãe da Miku via alguma coisa rebelde no Gakupo-kun, na Megurine, na Meiko e no Shion-kun?

– Até mais, docinhos!

Foi triste vê-la se despedir. Apesar do pouco tempo, ela parecia uma pessoa bem legal pra ficar aqui durante o verão. E deveria ser a que mais precisava de um tempinho de folga – com uma filha como a Hatsune-san, quem não precisaria? Mas nunca tinha falado muito com ela, então só fui saber agora tudo isso.

Exatamente por causa do que descobri, ri junto com minha irmã e Miku quando uma nuvem de poeira levantou assim que ela deixou nosso verão.

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– O que fazemos agora? - exclamei depois que todo mundo se jogou no sofá/chão.

– Como assim, Megurine-san?

– Bem, são umas nove horas da manhã, a mãe da Hatsune-san finalmente conseguiu voltar. Mas o que a gente faz agora?

– Eu tô morto – exclamou o Kaito. - Eu só quero dormir um pouco.

A Meiko se levantou de onde estava e já chegou declamando:

– Todos vocês sabem: “dormir é um acordo, se um dormir, todos dormem”.

– Mas a gente vai ficar assim dormindo de boa? E as coisas que tem que fazer?

– Ah que isso Kimura-san? A gente não tem nada para fazer, estamos de férias!

Ver o Gakupo falar com naturalidade com o amigo da Meiko foi surpreendente. E tão bom! Espero que eles continuem se dando bem. Um pouco de espaço vai ajudá-lo na questão do Shion-kun e do Kagamine.

– Resumindo, nós vamos votar então, para ver se vamos dormir? - era a outra Kagamine – Isso é muito irreal gente, nem tô com sono.

– Não é literalmente, né, bestalhona? Mas várias pessoas teriam de dormir ao mesmo tempo, para não ficar nenhuma super coruja do lado de um semi-morto durante a noite.

Confesso que, apesar da abordagem completamente única, fazia sentido. Se pelo menos mais de uma pessoa dormisse a tarde, ela não se sentiria obrigada a dormir de noite quando só ela fosse ficar acordada. Aí ela teria compania. É bem altruísta até.

– Quem você chamou de bestalhona?! - O Kagamine segurou a irmã e o Kimura segurou a Meiko. Pareciam duas crianças, era divertido de assistir.

– Vamos votar logo então – revivia Shion-kun, na conversa. - Quem quer dormir agora levanta a mão.

De cara, Gakupo, Kimura e o próprio Kaito levantaram a mão. Pouco depois, meu bocejo preencheu o instante de silêncio, fazendo-me a quarta mão levantada. Claro que riram no momento em que eu abri a boca.

– É o suficiente para você, querida Meiko? - a Rin-san ficou certamente implicante por causa do “bestalhona”.

– Claro que é! - confirmou ela, sorridente. - Dessa forma, eu, a Hatsune e os Kagamine cuidamos do almoço enquanto vocês cuidam da louça e da cozinha.

Era justo.

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Pouco depois os gêmeos decidiram ir para a praia, deixando eu e a louquinha de cabelo verde sozinhas. Não que eu não quisesse ir, mas tinha todo um climão de conversa-particular-de-super-gêmeos. Será que eles também tinham um macaquinho azul?

Enfim, decidi ficar assistindo um pouco de TV. Apesar de não passar nada de bom. Pelo menos eu não precisava pensar muito nem prestar muita atenção.

– Meiko-san? - disse a menina, entrando na sala.

– O que foi Hatsune?

Ela se aproximou e sentou do meu lado, bem do meu lado mesmo. E começou a falar numa tom bem mais baixo:

– Eu tive uns planos para esse verão.

– Como assim? - aí meu deus! Será que tinha haver com ela e alguém da turma? Por favor que não seja nada haver comigo...

– Bem, eu vi alguns animes nonsense e pesquisei na internet para poder aproveitar realmente o verão, sem ficar toda a hora mofando no sofá vendo qualquer coisa na TV – que era exatamente o que estávamos fazendo.

– Eu acabei nomeando de Loucuras de Verão – taí um nome de estilo – e fiz uma lista de umas coisas bem legais que a gente pode fazer aqui na praia. Mas teria que ser surpresa, entende?

Conseguia vizualizar o que a menina tinha pra oferecer e gostei bastante. Com certeza ia tirar esse ar nostálgico que pairaiva na turma. Ia ser como um espanador de pó.

– Se você está me contando não é surpresa, é? - queria ter certeza no que aquilo ia dar antes de qualquer aproximação.

– É que você é mais influente e do jeito que é, digamos, “extrovertida”, achei que você ia ter umas ideias muito boas para acrescentar.

– Eu sei que eu sou louca mesmo, pode falar. - quem diria que ela ia ficar envergonhada? - Onde está essa lista então, para a gente dar uma olhada?

Hatsune-san tirou um papel dobrado do bolso e me passou. Quando o li, era como luz transbordando dos meus olhos. Gente, aquele verão só estava começando.

Tive várias ideias no momento. Nosso planejamento foi ganhando cada vez mais forma conforme conversámos, assim como o tempo passava. Os Kagamine voltariam e ainda teríamos mais ideias para discutir:

– Poderíamos começar hoje à noite, por que não? - disse.

– Mas já? Nem sabemos direito o que fazer.

– Confia em mim, quanto mais cedo melhor – estava ansiosa, admito – A gente aproveita que vai tá todo mundo descansado e se prepara para esse aqui – apontei para uma ótima abertura para nosso verão.

– Aí a gente já conta tudo para todo mundo?

– Tá louca?! Não, não, a gente faz isso e depois vamos pegando eles de surpresa, que tal?

– Hm... pode dar certo.

– Vai dar certo.

Os Kagamine finalmente voltaram pouco depois. Decidimos conversar sobre o resto desses planos pela internet do celular para ninguém descofiar. Ai, que emoção! Mal posso esperar para anoitecer.

Me aguardem!