Daisuki escrita por AC3


Capítulo 14
Jantarzinho


Notas iniciais do capítulo

Comidaa!!!



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– Você ainda está sentado aí, Gakupo? – exclamou Luka com certa raiva perceptível.

– Estou amor, por quê? – respondi, ironizando.

– Você bem que poderia me ajudar a fazer o jantar.

Não, não é o que você está pensando. Eu e Luka não estamos morando juntos ou coisa parecida. Apenas tinha passado no apartamento dela para ver como estavam as coisas e me deparei com uma correria completa. Parece que ela receberia umas amigas para uma festa do pijama.

– Tá bom! – exclamei, desgostoso.

Levantei-me do sofá em que estava sentado lentamente, caminhando para a cozinha logo ao lado. Mal entrei no lugar, já fora me dada uma bacia com uma massa amarelada e grudenta.

– Estica essa massa para mim, Gakupo.

Fui até as gavetas, peguei um rolo de macarrão de madeira. Coloquei a massa na pia de granito e comecei a abri-la. Ao meu lado, Luka corria de um lado para o outro sempre com algo diferente na mão.

– Luka, quem vai vir aqui mesmo? – perguntei, afinal, ela não havia contado desde que eu chegara.

– A Hatsune-san e os Kagamine. – disse ela, enquanto levava uma bacia azulada para o outro lado da pia.

– O quê?!

Esperava que fosse uma das colegas da faculdade. Mas não, tinha que ser justo a Miku e os gêmeos. Se aquele loirinho começasse a chorar quando me visse, eu iria dar um soco na cara dele!

– É, a Kagamine-san tava querendo conhecer meu apartamento faz tempo, então... Algum problema?

– Nenhum... – só espero que a Rin voe em cima de mim também! Ela parecia ser bem capaz de me dar um golpe de luta livre assim que me visse.

– Sei. – respondeu ela, ainda correndo. – Eu te conheço, sei que você tem medo de uma possível confusão por causa daquele dia.

– Claro, Luka, claro... – eu não poderia dar razão a ela! – Já terminei de abrir a massa, e agora?

Ela demorou um pouco para responder. Como se conseguia correr tanto numa cozinha daquele tamanho? Era pequena, com chão azulejado e paredes brancas.

– Bem... você pode... – ela olhava para os lados, procurando uma tarefa para mim. – Ah! Vai secando a louça.

Andei dois passos para a esquerda e comecei a tarefa.

– Por que você deixou para fazer isso tão perto da hora deles chegarem? – perguntei curioso. Ela parecia tão atrapalhada e, normalmente, não era assim. Já tinha a visto fazer tudo com antecedência e organização.

– Eu me atrapalhei na facul. – respondeu ela.

Aquela resposta não dizia coisa alguma! Foi ai que percebi que era melhor eu ficar quieto e terminar logo minha tarefa. A Luka não estava conversável naquele momento.

Batemos na porta da casa da Luka. Eu, Len e Miku, apreensivos de certa forma. Nunca tínhamos visitado a casa dela, mesmo ela já tendo ido para as nossas várias vezes. E ela ainda morava sozinha! Tão adulto!

Tínhamos tocado no assunto enquanto íamos para o restaurante, antes da confusão acontecer. Só que aí teve toda aquela briga e, no final, ninguém teve coragem de desmarcar.

Bem, melhor assim. Tanto eu quanto Len precisávamos esquecer a briga. Meu deus, como aquele garoto estava apreensivo! Pelo menos umas cinco vezes por dia tocava no assunto da briga e na possibilidade quase impossível do Shion-kun deixa-lo.

O melhor de tudo é que a Luka não estava diretamente envolvida com a briga e não estava curiosa como a Miku ficou por um tempo. Por falar nela, ainda continuava fofocando e nem tocara no assunto do restaurante, desde que conversamos.

Batemos na porta branca do apartamento, número 33 por sinal, e esperamos por ser atendidos.

Ela apareceu pouco tempo depois, abrindo a porta com um sorriso radiante e incríveis ondulações no cabelo rosa. Pediu para entrarmos e indicou um pequeno sofá marrom, o único lugar para sentar na sala com estande, TV e uma singular mesa de centro.

Um delicioso cheiro vinha da cozinha e pude perceber que haviam nikumans em uma vasilha, com cara de gostosos e quentinhos. Não sabia que a Megurine sabia cozinhar...

Começamos a conversar: eu, Miku e Luka. Meu irmão ficou apenas quieto, nos observando. Já estava achando que estava um pouco exagerado, mesmo que ele tenha se magoado, aquilo se estendia demais!

– Vão querer nikumans? – perguntei, enquanto entrava na sala.

Estava arrumando os pães quando os convidados haviam entrado. Luka tinha ido arrumar o cabelo e me pedira para deixar a cozinha apresentável, pelo menos. Assim que os percebi no sofá conversando, decidi pegar a travessa vítrea em que tinha posto os nikumans e já servi-los.

Depois de todos pegarem um, deixei a travessa na mesa de centro e me sentei ao lado de Luka, numa das cadeiras que havíamos levado à sala para todos poderem sentar.

– Gakupo? – disse Miku, experimentando um dos pães. – Não sabia que ele também estaria aqui.

– Ele veio me visitar e acabou ficando para o jantar. – respondeu Luka. – E quanto mais gente melhor, não acham?

Todos concordaram de certa forma. E voltaram a conversar casualmente.

Olhei de relance para o loiro, curioso pela reação dele ao ver-me. Percebera que mostrara espanto no inicio, agora estava mais para uma mistura de raiva e tristeza. Ele parecia pensar que eu tinha ódio dele.

Bem, de certa forma, ele estava certo. Era irritante vê-lo tão amuado pelo que aconteceu. Imagina se algo pior ameaçasse a amizade dele com Kaito. Se bem que...

Ele me fitava, eu sabia disso. Imaginava o tom reprovador que teria caso ele falasse comigo. Deveria me odiar, ou pelo menos, não gostar da minha presença. Eu acabei ameaçando a amizade dos dois, e se ele achou que perderia o Shion-kun para mim?

Bem, falando assim até parece que os dois são namorados. Ri um pouco por dentro. A ideia era meio absurda para ser praticada. Com o humor revigorado, voltei a conversa, pegando mais um daqueles deliciosos pães que Megurine-san fizera.

– Mas, então, como a gravadora reagiu? – perguntou minha irmã, fascinada pela grandiosidade trivial da Luka.

– Eles tinham dito que gravariam uma música minha junto com outros novatos, como convidada, para avaliar bem meu potencial, caso gostassem e a música vendesse, seria contratada para um cd só meu.

– Que demais! – exclamou minha irmã.

Aparentemente, elas continuariam a falar e falar da carreira profissional de Luka e isso não me interessava no momento. Não queria voltar a me entristecer pensando na briga do Shion-kun com o Kamui-kun, então procurei algo no lugar que me distraísse.

Nada conseguiu produzir esse efeito. A única coisa que eu instigava analisar era o Gakupo, para ver se ele estava me fuzilando com o olhar. E pior que estava.

Não resisti e fitei-o diretamente nos olhos. Camadas turbulentas de violeta vinham em minha direção como raios ferozes e indomados. Ele sentia rancor por mim e isso voltou a me entristecer. E se Shion-kun começasse a olhar-me daquele jeito também?

O mar azul que era os olhos do loiro acabou me impressionando. Nunca parara para ver os olhos dele, tanto que mal sabia que eram azuis. Era visível a tristeza contida neles, uma tristeza muito maior do que se direciona a um amigo.

É, acabou sendo o que eu havia pensado no começo mesmo. Eles realmente estavam querendo ficar juntos. Droga! Por que o loiro tinha que ser assim? O Kaito não iria ficar bem com ele, de jeito nenhum. Mesmo sendo dois homens, o garotinho era mirradinho demais para o de cabelos azuis, o Shion-kun sempre apreciou garotas mais firmes e decididas...

Olhei novamente para aqueles olhos. Eram lindos, tinha que admitir, mas duvido que Kaito percebera isso. Afinal, o que ele vira nesse garoto? Por que ele começara a se relacionar com ele assim?

O jantar acabou sendo comum tanto para Miku, Rin e Luka. Animado, divertido e delicioso, as três tiveram um pequeno descanso da confusão do restaurante e suas consequências. Entretanto, tanto para Gakupo, quanto para Len, aquilo fora um fiasco, ambos tiveram a certeza do que imaginaram e foram corroídos pela dúvida da possibilidade futura.

Pena que, ao se despedirem, nenhuma das três notara o estado dos outros dois.


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Notas finais do capítulo

Como foi díficil achar uma foto da Luka cozinhando!
Enfim, pela primeira vez, Gakupo narra. E aí? Gostaram?



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