Outros Universos, Outras Realidades escrita por Cíntia


Capítulo 7
Impossível


Notas iniciais do capítulo

Acompanhem e comentem.



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"Às vezes eu acredito em seis coisas impossíveis antes de tomar café."

Alice no País das Maravilhas

POV Peter

Meus dias haviam se tornado um pouco mais agitados. Walter ainda estava no hospital. Mas não demoraria muito para receber alta. Ele ainda se portava de uma maneira confusa, quase como se fosse uma criança em certos momentos, já em outros agia com uma incrível presunção e desdém ,discutindo com os médicos e dando a entender o quanto sabia mais do que eles.

Dois funcionários da Massive Dynamics estavam em regime de dedicação exclusiva. Coitados, as vezes, Walter os fazia de escravos. Pedindo para buscar doces, brinquedos, engenhocas e alimentos, além de fazê-los limpar a bagunça que ele fazia (e olha que ele fazia bastante bagunça). Os funcionários eram cientistas inteligentes e renomados, e haviam se tornado babás de um velho excêntrico.

Um deles era Astrid, uma moça pequena, que usava cabelos curtos e crespos e tinha uma pele negra. Achava incrível a paciência dela. Ela atendia os desejos de Walter,e quase não reclamava. E ele nem a chamava pelo nome verdadeiro, pois vivia trocando-o por "Astro", "Asterix", "Aspirin" ou coisa do tipo. Também tinha James, ou Jimmy como ele gostava de ser chamado, apesar de Walter também viver trocando o seu nome por "Johnny", "Jarod", "Jasper" ou algo do tipo. Ele era um homem de pele morena, olhos castanhos e cabelos escuros. Usava uma barba que o fazia parecer mais velho, mas devia ter mais ou menos a minha idade.

Os dois eram bem cuidadosos com Walter. E acho que ele abusava disso. Ele ainda aproveitava o fato de não estar andando, e pedia tudo para eles. Ele usava uma cadeira de rodas ultra-moderna feita pela Massive Dynamics, isso ajudava na sua locomoção. Pois ela era muito mais fácil de manejar do que as normais, podendo ser controlada por botões, além de mudar de forma, tamanho, e de rodas de acordo com o terreno.

Eu passava algum tempo com Walter. Ele ficava muito animado com isso. Como se nós nunca tivéssemos rompido, e fôssemos melhores amigos, pai e filho em perfeita união . Ele parecia estar alheio ao perigo que corríamos. Nesses aspectos era como uma criança. Gostaria de conversar com ele sobre nossos problemas do passado, sobre a ameaça que estávamos sofrendo, mas naquela hora não me pareceu um bom momento.

Talvez quando ele se recuperasse. Eu sabia o quanto era difícil para ele não fazer coisas básicas como andar, ou não poder confiar completamente em sua mente, sua memória. As vezes, ele ficava muito nervoso com isso, e chegava a ser agressivo comigo, Jimmy ou Astrid. O fato de não conseguir tomar banho sozinho realmente mexia com o ego dele. Mas eu esperava que com as terapias que ele estava sendo submetido, logo isso ficaria para trás. Realmente queria conversar com ele sobre coisas sérias e tirar um pouco do peso dos meus ombros.

A outra parte do meu dia estava comprometida com a investigação. E até que era uma tarefa agradável. Era bom para ocupar meu tempo. Eu gostava de verificar as informações, fazer deduções, dar sugestões. Tinha um pouco de conhecimento científico, e cheguei a utilizá-lo na tarefa.

Eu sabia que Anna não havia gostado da minha presença na equipe. Eu era um intruso, e para ela, só atrapalharia. Mas fazia o máximo para não atrapalhar, não dizer nada errado quando conversávamos com outras pessoas, acho que ela estava se acostumando com a minha presença, e já falávamos bastante sobre a investigação.

Pela manhã eu fazia companhia a Walter, e Anna vinha ao Hospital na hora do almoço. Almoçávamos juntos e depois eu a acompanhava em suas tarefas. Verificávamos a segurança, investigávamos a ameaça, conversávamos sobre o andamento das coisas, as pistas.

O principal foco ainda era o garçom Carlos Diaz. Procurávamos entender como e porque ele fizera aquilo. Ele havia feito exames toxicológicos, entrevistas com psiquiatras, pesquisamos o passado dele. E nada que o ligasse a Massive Dynamics, Walter ou Bell. Nada, além da história maluca dele, que indicasse qualquer problema psicológico. E também não havia nenhuma droga em seu corpo. Enfim, ele estava limpo. Parecia que as coisas não andavam. Diaz era a única pista concreta da ameaça, e não conseguíamos descobrir nada sobre ele ou avançar com as informações que tínhamos. Além dele, havia somente os vídeos que Walter e Bell receberam. Mas com isso era pior ainda, não deu para rastrear, nem reconhecer o homem que aparecia neles. Era um beco sem saída.

As vezes, eu me desanimava com isso. A ameaça ainda pairava sobre a gente. E eu me sentia um refém, sendo obrigado esperar outro passo deles para obter mais informações. Conversava bastante com Anna. Ela era inteligente e sempre vinha com novas idéias, além de lembrar dos detalhes com grande precisão. E tenho que admitir, realmente gostava da companhia dela, me sentia bem ao lado dela ...menos perdido. Pode-se dizer que também ainda a desejava e a admirava mais a cada dia. Mas em certo ponto, uma angústia já tomava conta de mim, por não saber o que aguardar, uma impotência por não conseguir resultados me assombrava. E nós falamos sobre isso:

- Eu sinto por não conseguir evoluir, Peter. Realmente está muito difícil obter qualquer pista. Talvez você deva tentar... com outra equipe... outros investigadores.

- Não seja boba, Anna. Eu sei o quanto vocês estão empenhados nisso. Sei o quanto já fizeram, simplesmente não estão surgindo pistas. Outros investigadores teriam o mesmo problema.

- Humm... Obrigada pela confiança. É que às vezes, eu me sinto incompetente por não conseguir nada.

- Bobagem... Nunca vi pessoa tão eficiente como você. Se vocês não conseguirem. Ninguém conseguirá! – eu sorri para ela, tentando desanuviar qualquer problema, mas ela ainda me olhava de maneira estranha, quase como se estivesse triste com as palavras que eu dissera – O que foi ? Mais algum problema?

- Não ... – ela parecia indecisa- È que talvez a gente tenha olhado as coisas pelo prisma errado. As pistas estão escassas. Mas há uma coisa que a gente não investigou direito.

- O que? – eu não sabia onde ela queria chegar

- A mensagem. Se há alguém ou um grupo contra vocês, e que detesta a Massive Dynamics. A gente podia descobrir quem são sabendo quais são as pessoas que empresa prejudicou ou que se sentiram prejudicadas. Precisamos descobrir as sujeiras da empresa.

- Você acha que William está escondendo as coisas que a empresa fez?

- Tenho certeza, Peter. Se não escondesse ,não contrataria a minha equipe, simplesmente passaria os vídeos para a polícia e deixaria eles investigarem. Se nos contrataram, é por que tem a expectativa de que se descobrirmos algo sujo, ficará sigiloso.

- Então precisamos descobrir. E acho que será difícil saber algo por Bell. Mas eu tenho uma idéia.

No dia seguinte, Anna chegou um pouco antes do almoço. Eu a avistei e a chamei. A levei até Walter e disse:

- Walter essa é Anna Palmer.

- Finalmente, filho, você me apresenta a sua namorada! – falou Walter empolgado

- Walter, eu já te disse! Ela não é minha namorada!

- Você a conhece há alguns anos, né? Ela não me é estranha, Peter. Alguma amiga de infância? – Anna olhava preocupada, provavelmente a insinuação sobre ser minha namorada não agradou muito.

- Walter, sem brincadeira. Anna não é minha namorada. Você a está deixando constrangida.

- Ahh, desculpe,querida! Esse tonto ainda não formalizou o relacionamento com você?- ele falava de maneira quase infantil- Não quero me meter. Mas eu sei que vocês saem daqui juntos todos os dias. – eu olhei contrariado para ele – Bem... não vou me meter!

- Walter, Anna trabalha para a gente. Ela é uma espécie de ...

- Sou uma espécie de guarda costas do Peter- ela falou firme sem mais constrangimento

- Humm, você é adorável... –ele falou de jeito brincalhão

- Walter, viemos conversar sobre algo sério. Não sei se deveríamos falar com você enquanto ainda está no Hospital, mas precisamos de ajuda. Você lembra o motivo de estar aqui?

- È claro, Peter! Não sou gagá, levei um tiro.

Eu contei a Walter sobre o ataque, e alguns passos da investigação, falei sobre a completa falta de evidências. Eu nem havia terminado a estória quando ele me interrompeu com certa prepotência:

- Não sei por que não me contaram essas coisas antes. È óbvio que esse garçom estava agindo de forma involuntária sob o controle de alguém!

- É o que ele diz, mas a história é um pouco inacreditável –falou Anna

- Eu já fiz uma experiência nesse sentido. Conseguimos controlar alguns ratos através de instruções de computadores. O próximo passo seria controlá-los com a nossa mente. Fazíamos eles dançarem, estavam se tornando verdadeiros artistas de circo!- Walter falava com animação – Foi uma pena quando eles começaram a ter convulsões e morrerem depois de muitos exercícios de controle. Concluímos que estávamos danificando o cérebro deles. Paramos com a pesquisa, mas eles eram uma gracinha! Ainda lembro da Pink, ela dançava de forma tão graciosa! – ele falou ainda com excitação

- É uma teoria incrível – falou Anna animada

- Não dê tanta atenção a ele, Anna. Por causa da lesão do cérebro, Walter está tendo alguns delírios.

-Peter, você deveria ter mais confiança no que falo. Eu já vi e mexi com coisas inimagináveis, você não faz idéia. Podem olhar o arquivo da experiência BIS15408, está tudo lá. E como sugestão para comprovar a depoimento do garçom, façam uma tomografia nele. Com sorte ainda poderá haver algum pequeno dano ou efeito do tipo em seu cérebro.


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