Sr. Arrogante E O Chihuahua. escrita por Miss Trublion


Capítulo 33
Capítulo 33 - Confissões de um Táxi


Notas iniciais do capítulo

Oláaa X-X
Sei que muitas pessoas querem me matar, mas lamento informar que eu já morri no sábado e domingo enquanto eu fazia ENEM. Quem vos fala agora é o espírito encarnado no nootebook que acompanhou a srta Maria em seus dias de vida...

Eu agradeceria uma a uma pelos - salvo engano - quinze reviews que eu recebi no capítulo anterior, mas estou morrendo de sono (era para os mortos descansarem em paz!!)... Então resta um "beijo da gorda" e um obrigada a cada uma de vocês! Que sempre estarão nos pódios mais altos do ranking do meu coração!

beijos e boa leitura,

(falecida) Miss Trublion (-.-)/



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Capítulo 33 – Confissões de um Táxi.

Coloquei a sopa esquentada sobre a minúscula mesa de jantar que ficava na cozinha, mas não sabia se Hyde deveria comer agora. Sua face estava com um tom verde que não era nada natural. É... Talvez eu não devesse ter te contado sobre o que Kitty tentara fazer enquanto ele estivera dormindo. Pelo menos não quando ele estivesse prestes a comer.

– Não acredito que ela chegou a esse ponto – ele comentou, soprando na colher que enchera de sopa quente. – Quer dizer, tudo bem que eu sou gostoso e perfeito... Mas ainda sou o seu vizinho, vinte anos mais novo, e que cuida da sua filha!

Eu prendi o riso e revirei os olhos.

– Deixe esse assunto para lá. Já falei com ela e acho que ela vai precisar de umas boas idas ao psicólogo antes de pensar em se aproximar de você novamente – eu comentei cruzando os braços.

Hyde sorriu, fitando-me entre as mechas longas de seu cabelo, e resolveu encerrar o assunto. Parte de mim ficou surpresa, pois sabia que ele não tinha o hábito de deixar uma garota dar a última palavra em um assunto que era tão seu. Ele não comentou nada e levou a colher à boca. Mostrou-me um sorriso depois.

– Ei! Isso tá bom!

– Obrigada por parecer tão surpreso – eu comentei em tom de deboche. – Não esperava que eu soubesse cozinhar só porque na metade do tempo eu prefiro arrebentar a cara dos outros?

– Na verdade... Sim – ele comentou com sinceridade. – Achei que você deixasse de lado esse jeito meio feminino para poder socar os garotos que lhe perturbam.

Eu bufei. Que pensamento machista.

– Hyde, cozinhar não tem nada a ver com feminilidade. Tem a ver só com duas coisas: necessidade e preguiça – eu respondi com uma careta. Meu namorado deu de ombros, ponderando com o que eu disse, e tomou mais um pouco. – Quando eu era pequena... Minha mãe foi embora sem dizer nada, então eu tive que aprender a cozinhar, pois nenhum dos meus irmãos o fariam.

Ele me olhou, com uma pontada de curiosidade, mas não perguntou. Pelo menos não a princípio. Acho que ele se lembrava de quando, certa vez, eu disse que minha mãe foi embora de casa para ficar com outro cara (isso é, se eu o tivesse dito). Mesmo assim, ele comentou:

– Você fala tão pouco da sua família, Chihuahua...

– Não tenho muito pra falar dela – eu retruquei bruscamente.

Hyde ergueu uma sobrancelha, mas não insistiu no assunto.

– Hm... Falando em assunto. Minhas irmãs querem fazer um almoço nosso fim de semana para toda família. Tá a fim de ir? – ele perguntou.

– Sério que elas me convidaram? Logo eu que sou meio louca? Quer dizer, nós só começamos a namorar a um pouco menos de uma semana – comentei, tentando parecer indiferente. Meu encontro com elas foi bem rápido, por isso não me senti desconfortável, mas agora um bolo se formava em meu estômago.

– Garota, você é a minha primeira namorada – ele comentou rindo.

– Mesmo assim. Acho que é muito cedo – respondi dando de ombros. – Almoçar com a sua família soa incrivelmente sério para mim...

Hyde pegou a minha mão e me puxou para o seu colo. Talvez por eu não esperar aquele movimento (ou talvez por pura falta de vontade mesmo), não relutei. Sua mão acariciou o meu braço.

– Bem... E você acha que isso não é sério? Você acha que nós não estamos sérios? – ele me perguntou.

Não sei por que, mas acho que sentir uma espécie de... armadilha em sua pergunta. Será que eu deveria dizer que, sim, era sério ou que não? A verdade, é que nem eu sabia. Não tínhamos nem um mês juntos.

– Eu só acho que devemos esperar – respondi enfim.

Hyde empurrou a tigela vazia de sopa e deu de ombros.

– Se você se sente mais confortável assim... – ele concordou, subindo sua mão pelo meu braço e a pousando em meu pescoço. O carinho que ele fez ali foi indescritivelmente delicioso.

Aff, meu ponto fraco. Era por isso que eu odiava quando Clarice começava a tentar fazer cócegas em meu pescoço, pois só Deus podia saber o quanto aquele lugar era sensível para mim. Mesmo agora, um arrepio gostoso percorria o meu corpo. Ele me puxou para mais perto de si. Com sua boca à alguns milímetros da minha e os olhos fixos em meus olhos, ele sussurrou provocantemente:

– Ei... Parei de espirrar.

Eu mordi o lábio inferior. Cretino. Com um pouco de bom senso, eu digo:

– Bom para você.

– Bom para nós – ele me corrigiu, colando os lábios aos meus.

Os lábios de Hyde eram quentes e estavam secos. Passei a língua entre eles e aprofundei o beijo, segurando seu rosto entre minas mãos. Em nenhum momento em pensei que poderia pegar a sua gripe com esse contato tão direto, mesmo assim, eu tinha uma saúde quase inabalável. Não ficaria gripada com um beijo... Não importando o quão quente e excitante ele fosse. Meu coração já martelava em meu peito e ecoava pelo meu corpo, mandando quentes e gostosas vibrações.

Senti sua mão descer do meu pescoço e parar em minha perna. Um arrepio muito bom percorreu o meu corpo quando ele a apertou carinhosa e excitantemente. Separei-me dele com um pouco de hesitação, pois, obviamente, queríamos continuar; todavia, motivos de força maior me forçaram a fazer isso.

– Meu celular tá tocando... – expliquei-lhe, tentando meter a mão no bolso.

– E eu estou desejando jogá-lo contra a parede como você fez com o meu – ele resmungou.

Fechei a cara para ele e atendi o celular.

Liga a TV! Liga a TV!

– Olá para você também, Clari – eu disse com sarcasmo. – O que tem na TV?!

Você vai saber quando ver! Agora, liga! Liga!

Eu olhei para Hyde com confusão, e ele estava mais confuso ainda.

– Bora ver logo o que tem nessa TV para voltarmos aos amassos, por favor – ele resmungou impaciente, levantando-se e fazendo-me me levantar também.

– Ops, interrompi algo? – ela perguntou maliciosa, ouvindo o que Hyde dissera.

Eu revirei os olhos e não respondi, deixei-a falando sozinha no telefone e segui Hyde até a sala de estar. Percebi que ele estava mais forte do que antes, apesar de ter se jogado de qualquer jeito no sofá e resmungado ao se esticar para pegar o controle na mesinha de centro.

– Qual é o canal, hein? – ele perguntou.

Sete! – Clarice exclamou em meu ouvido.

– Sete...

Hyde ligou a televisão, colocou no canal e...

“Quando dei por mim... Estávamos nos entendendo. E nos beijando”.

Opa... Eu conheço aquela voz... É A MINHA VOZ!!

- Hyde! Desliga! Desliga isso agora! – eu mandei, soltando meu celular e voando para o sofá onde ele havia se estirado e estava com o controle remoto.

Ele me olhou confuso.

- O que foi, Chuhiahua? Qual é o problema? – ele quis saber.

Não respondi.

“Eu juro que tentei encontrar alguma lógica naquilo, afinal, eu o odiava. Ou melhor, eu tentei odiá-lo... Ele foi tão mal educado comigo, tão irritante...”.

Meu rosto pegava fogo, no entanto, ele começou a prestar atenção no que a gravação dizia, e ele começou a rir de mim. Pulei em cima dele e tentei me arrastar até pegar o controle que ele segurava para longe de mim com a mão estendida, no entanto ele passou um braço ao redor do meu corpo, prendendo-me contra ele e impedindo que eu o fizesse.

– Não! Eu quero ouvir! – ele reclamou.

– EU NÃO QUERO QUE VOCÊ OUÇA! – eu gritei constrangida, dando socos no seu peito.

E então... Veio a minha morte...

“Mas acho que ele me ganhou”.

De repente ele me soltou e não resistiu mais... Todavia, já estava muito tarde. Ele já havia ouvido a coisa mais constrangedora que eu já havia dito em toda a minha vida, e agora eu me sentia sem forças para dizer alguma coisa ou para explicar aquilo. Sem forças até mesmo de olhar na sua cara, eu diria. Por isso eu olhava para a sua regata, e não para o seu rosto.

Peguei o controle remoto de sua mão e desliguei a televisão.

Meio automática, levantei-me do sofá e andei até a porta.

– Ei, aonde você vai?! – ele perguntou de repente.

– Me suicidar – respondi abrindo a porta.

Hyde pulou do sofá e me puxou pelo braço, depois fechou a porta e se pôs entre mim e ela. Novamente, não consegui encará-lo, pois senti que ia ficar mais vermelha do que eu já estava e eu não queria isso; eu não gostava disso.

– Chi, por que você está assim? Ninguém pode te culpar por gostar de mim, você sabe – ele tentou brincar.

– Não era... Não era para você saber disso... Isso era... Para ser segredo – resmunguei, chateada, frustrada e... Envergonhada. Lamentavelmente, eu achava que ia chorar. – Sempre... Sempre que os homens sabem o que eu sinto de verdade... Eles usam isso para me ferir... Por isso eu preferia que você não soubesse de nada!

Hyde cruzou os braços.

– Você está namorando comigo, e espera que eu não saiba que você gosta de mim? – perguntou com gravidade. – Você está vendo alguma lógica no que você está falando? Ou pior, você acha que só porque eu sou homem, eu usaria o fato de você gostar de mim para te machucar de alguma forma?

Seu tom havia atingido uma nota preocupante de ofensa e incredulidade. Acho que eu o havia atingido um pouco também... No entanto... Minhas experiências já me mostraram que dizer para um cara: “ele me ganhou”, não era bom. Nunca era. Os deixava super convencidos.

– Responde! – ele pediu, chateado.

– Argh... Eu não sei! Mas não seria o primeiro...

Hyde respirou fundo e passou a mão pelo rosto.

– Eu não sei com que tipo de cara você andava se relacionando antes de mim, mas vou te explicar como as coisas rolam com Harry Deniels – De repente, ele segurou o meu rosto com suas mãos e me obrigou a fitá-lo. Corei violentamente. – Eu sou do tipo de cara que prefere morrer a fazer uma garota chorar.

Eu não retruquei.

Não havia palavras audaciosas se formando em minha mente.

Havia somente silêncio e o olhar quase hipnótico de Hyde.

– O problema não é você saber que eu gosto de você... Por que de uma maneira que pode não parecer, eu gosto de você... O problema é de você saber o quanto eu gosto de você – confessei me sentindo tensa e desconfortável. – Sempre, sou eu quem ama demais e isso afasta as pessoas de mim e é motivo para me fazer afastar.

Ele se inclinou sobre mim e pôs suas mãos em minha cintura. Senti seus lábios, gentis, sobre meus cabelos castanhos. Primeiro, beijando o topo da minha cabeça, depois aspirando o cheiro do meu shampoo.

– Eu não me importaria de ser muito amado por você – ele murmurou com a voz rouca.

Ele dizia isso agora... Mas e quando fosse “para valer?

E quando eu precisasse realmente dele... Ele estaria lá? Quem sabe!

– Você diz isso agora porque eu te trato entre tapas e socos! – eu retruquei.

Hyde riu.

– Talvez eu seja um pouco masoquista.

Afastei-me dele e tentei brincar:

– Saiba que esse tipo de coisa não é comigo. Se você tiver coragem, pode chamar a sua vizinha... Ela já te quis assim uma vez...

Uma expressão de nojo estampou o seu rosto, no entanto, essa expressão durou pouco. Logo ele me agarrou com força contra o seu corpo, numa rapidez que fez todo o sangue de meu corpo subir para as minhas faces, e me fitou com malícia.

– Evelyn terá de esperar sentada. No momento, eu só estou interessado nos cinquenta tons de te deixar vermelha – ele murmurou segurando meu rosto com sua mão. – Conheço sua raiva, conheço um pouco da sua timidez... E acho que me lembro, vagamente, do como você fica quando está sem ar de ficar me beijando.

A cada palavra, eu ficava vermelha. Isso era injusto! Era injusto que ele brincasse comigo desse jeito... E eu não pudesse fazer o mesmo. Mas antes que eu pudesse protestar, ele cobriu os meus lábios com os seus, e isso nublou a minha mente.

– Juro... Que quanto mais você gostar de mim, menos eu vou querer me afastar de você – ele sussurrou, beijando meu rosto. – Merda... Eu quero que você goste de mim!

– E você acha que eu te deixaria estar me beijando agora se eu não gostasse? – retruquei. – Garoto, meses atrás eu quase quebrei os seus dentes em menos de dois tempos.

– Ainda bem que tapa de amor não dói – ele respondeu divertido. – Tá a fim de esquecer o lance de sua declaração em um táxi em rede nacional e ficar de bobeira vendo filmes idiotas?

– Acho que a questão é se você vai me deixar esquecer isso – comentei com constrangimento. – Que raios de programa era aquele?!

– Sei lá. Acho que você terá que perguntar para Clarice... Ela parecia saber – ele respondeu.

De repente, me dei conta... Meu Deus! Clarice. Eu simplesmente havia jogado meu celular para um canto qualquer na chance de pegar o controle de Hyde antes que ele ouvisse a parte mais constrangedora da minha declaração.

Virei-me para começar a procurar o bendito, quando Hyde me segurou mais forte contra si.

– Será que podemos, por favor, deixar tudo isso para trás e só sentar e assistir ao filme? Seu celular pode esperar, Clarice pode esperar, você pode esperar... Eu não posso esperar. Eu posso morrer!

– Não dramatiza, você está só gripado... E acordou bastante animado se quer saber.

– Eu não quero saber. Só quero ver um filme com a minha namorada... Você prometeu! – ele cobrou.

Soltei um suspiro.

Ele tinha razão: eu havia lhe prometido, por isso eu concordei com a cabeça e me joguei no seu sofá. Meu constrangimento estava esquecido, pois Hyde pareceu querer esquecer aquilo também e parte de mim acreditou que ele o fez para que eu não achasse que ele pensou que fosse grande coisa o tamanho do que eu sentia por ele.

Mesmo assim... Mesmo dizendo que ele gostaria ainda mais de mim quanto mais eu gostasse dele... Na minha cabeça, hora ou outra, eu ouvia o passado dizendo cruelmente:

“Não eram para as coisas ficaram tão sérias Lyne! Eu só estava me divertindo com você!”


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