Sr. Arrogante E O Chihuahua. escrita por Miss Trublion


Capítulo 31
Capítulo 31 - Cinquenta Tons de Cinza... Só que n


Notas iniciais do capítulo

Oláa gente! Aproveitando um pequeno intervalo das minhas provas, estou aqui! E daqui a pouco vou ter que sair para ir ao cursinho XP (Sim, no sábado)... Enfim.
Agradeço aos reviews de: Ayla Costa ; Apaixona por palavras ; fefenunes ; The Black Hat Girl ; Andréa ; Helo Chan ; Nair Ted Bear ; Laladhu ; Leth.

Obrigada mesmo!

Beijos!



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Capítulo 31 – Cinquenta tons de cinza... só que não.

– Atchim!

– Saúde – eu respondi pela milésima vez.

Sei que Hyde sorriu agradecido quando eu lhe passei um lencinho e voltou a abaixar a cabeça em cima dos braços cruzados sobre a mesa. Apesar de essa ser uma das coisas que mais me agrada nele (a sua espontaneidade para sorrir) eu não desviei o olhar para outro lugar que não fosse às linhas da minha folha de resumo.

Três dias haviam se passado desde que o fim de semana acabara e eu teria provas para fazer naquela tarde. Hyde também as teria, mas disse que não precisava estudar. De qualquer modo, ele fora comigo para a biblioteca, prometendo que não iria me atrapalhar.

Mas seu espirro sua gripe me atrapalhavam.

Sua presença, na verdade, me desconcentrava.

– Você não acha melhor ir para casa? – eu perguntei. – Você parece estar muito mal, Hyde.

Tudo bem, ele não parecia estar tão mal assim... Seus olhos lacrimejavam e estavam irritados, a voz estava incrivelmente rouca (falhando até mesmo em algumas sílabas), ele ficava fungando em cinco e cinco minutos e ainda trazia uma moleza ao andar que parecia expressar a sua vontade de se jogar no chão e morrer ali mesmo.

– Eu estou bem – ele disse. – É só uma gripe.

Que a Ellie lhe passou, pensei.

– Essa gripe parece estar sugando a sua vida – eu resmunguei largando o meu caderno. – Vem cá. Deixa eu medir a sua temperatura.

Como um cachorrinho carente que espera receber carinho e atenção do dono, Hyde se aproximou demais e isso me fez reprimir um riso. Perguntei-me se ele era assim com as outras garotas, se fosse, estava explicado o porquê elas ficavam desesperadas quando ele ia embora.

Coloquei minha mão na sua testa e depois no seu pescoço.

Franzi o cenho e disse:

– É melhor ir para casa. Você está com febre alta.

Hyde cobriu a minha mão, em seu pescoço, com a sua. Um arrepio percorreu o meu braço, mas não o tirei dali para que ele não percebesse. Seria meio constrangedor, exceto se, é claro, ele sentisse isso também. Aí seria uma boa notícia...

– Não quero ter que ir para casa... – ele resmungou, despertando-me dos meus pensamentos. – Odeio ficar de cama... Quer dizer, nessa situação.

Eu reprimi um riso.

– E ainda tenho que fazer a prova – ele concluiu.

– Você não vai conseguir fazer merda nenhuma com uma febre dessa temperatura. Estou surpresa por você conseguir ficar acordado... E surpresa por você não está se tremendo todo – Eu comento tirando a minha mão de seu pescoço. Mas ele não a solta. – É melhor você ir para casa e fazer a segunda chamada – eu recomendei.

Hyde bufou e disse:

– Você quer mesmo se livrar de mim por hoje não é?

Eu revirei os olhos.

– Hyde, acredite, se eu quisesse me livrar de você por hoje, seria curta e grossa do meu jeito lindo e delicado de ser – retruquei com um dar de ombros. – Quero que você vá para casa tomar um antitérmico e ficar de cama... Se piorar, vá até a um hospital.

Ele fez um biquinho de teimosia e apoiou o seu braço direito sobre o espaldar* da cadeira de plástico da biblioteca silenciosa. Quase recuei, mas não o fiz. Não gostava de admitir que toda aquela intimidade (que eu não tinha com garoto nenhum havia quase um ano) estava me deixando sem graça.

– Você é uma médica...

Quase médica – corrigi-o.

Ele revirou os olhos.

- Whatever, você poderia cuidar de mim – ele sussurrou em me ouvido. – Confio mais em você do que qualquer médico de Nova York... Sei que se eu tivesse uma doença mortal, você preferiria jogar na minha cara e se afastar de mim imediatamente.

– Oh, Deus. É tão óbvio assim? – perguntei com sarcasmo.

Meu sarcasmo foi para disfarçar o desconcerto que ele estava me fazendo sentir. Era quase doloroso olhar na sua cara, na verdade.

– Eu tenho uma prova para fazer, Hyde. Não posso ir embora... Mas posso prometer que, assim que eu a acabar, posso passar no seu apartamento para ver como você está – eu prometi. – Separa uns vídeos legais que nós vamos ver juntos.

Ele olhou para mim como uma criança que percebe que ganhou exatamente o que pediu para os pais de natal. Mesmo que essa coisa seja um dragão branco de três cabeças e olhos vermelhos (sim, eu pedi isso de natal quando tinha quatro anos e não ganhei). Hyde sorriu para mim.

– Sério? – perguntou com um sorriso maravilhoso. Eu assenti com a cabeça. – Ótimo! Então você traz pipoca e doces!

– Tenho uma ideia melhor: eu trago uns remédios e faço uma sopa para ver se você se cura logo... – Então faço uma careta. – Você está me custando caro!

– É mesmo? E o que eu estou te custando? – ele pergunta ofendido.

– Meu tempo, minha concentração, minha paciência... – comecei a enumerar, mas fui calada quando seus lábios encostaram-se aos meus. Suspirei: – Minha sanidade.

Ele riu. Eu o senti rir contra meus lábios, antes que ele aprofundasse o beijo. Passando de um selinho para uma deliciosa carícia que forçava meus lábios a se abrirem como se tivessem vontade própria. E, então, sua língua invadiu a minha boca e... Mais nada, ele teve que se afastar para poder espirrar.

Frustração foi o que eu senti. Mas não comentei nada e apenas lhe passei um lencinho.

– Desculpa... Obrigado – ele disse ao mesmo tempo, me fazendo rir.

– Acho melhor você ir, agora. Vamos procurar por Luc e pedimos para ele te deixar em casa – eu disse, organizando as minhas coisas. – Não confio em você, dirigindo uma moto, nessas condições. Uma virose ou uma gripe podem abalar o equilíbrio das pessoas**.

– Sério, Chihuahua, como cabe tanto conhecimento em alguém do seu tamanho? – ele perguntou para me provocar.

– Da mesma maneira que cabe muita raiva também – respondi socando o seu ombro.

– Ai! Eu sou uma pessoa doente! – ele reclamou.

– E eu sou uma pessoa que tem um pouco mais da metade do seu tamanho!

...

Fazia duas horas que eu havia mandado uma mensagem para Hyde e ele não respondera. Talvez tenha caído no sono depois de tomar remédios para gripe, entretanto, para que ele não acabasse me chamando de traidora e ficando todo magoado, resolvi passar no seu apartamento depois que eu acabei a prova.

Só passei no meu apartamento para pegar uns remédios que eu achava melhores e algo para fazer sopa (vai que aquela criatura que só comia porcaria não teria nada na sua casa?). Quando eu estava saindo, deparei-me com o meu irmão. Ele não me olhou, só virou o rosto e foi embora, assinar uns papéis para eu (enfim) me livrar dele.

Aff. Vai fazer drama em Hollywood, vai seu ator encubado!

D. Gina estava pegando o elevador quando eu deixei o meu apartamento. Sinceramente, eu quase me esqueci de seu outro apelido: “o fantasma do elevador”. Cumprimentei-a educadamente e ocupei o lugar ao seu lado.

– E então, ele ligou? – ela perguntou para puxar assunto.

E tinha que ser logo sobre a minha vida?

– Ligou... – eu respondi. – Estou indo vê-lo. Ele ficou doente.

Suas feições enrugadas ficaram ainda mais acentuadas. Chamando a minha atenção para a sua cara azeda de pele ressecada e lábios frisados.

– Doente... A-hã... Sei – ela resmungou.

Graças a Deus, o elevador parou no térreo e nos separamos ali. Ela foi fofocar com o porteiro e eu saí para a rua a fim de pegar um táxi. Sinceramente, eu tinha medo de dirigir. Nada contra pegar carona, mas meu maior problema era sentar atrás do volante. Saber que, a qualquer momento, eu poderia atropelar alguém, ou arranhar um carro... Me dava medo.

Quando eu cheguei ao seu apartamento, fiquei com medo de tocar a campainha. Se Hyde realmente estivesse dormindo, eu não iria querer acordá-lo. Por isso mandei uma mensagem para Luc e perguntei se eles tinham alguma chave extra.

“Debaixo da pedra” ele respondeu.

Olhei ao redor. O corredor do apartamento dos garotos era formado por paredes pintadas de amarelo, um carpete vermelho-vinho e portas de carvalho escuras. Onde diabos teria espaço para uma pedra ali? Foi quando eu notei uma pedra avulsa no meio do corredor. Ah, sério mesmo que eles fizeram isso? É tão bizarro que chega a ser quase invisível.

Peguei a chave e abri a porta, mas me surpreendi ao ver que ela estava aberta.

Entrei de mansinho, coloquei a sacola sobre o seu sofá e procurei por ele. Talvez estivesse no seu quarto... O mesmo quarto onde eu acordei depois da minha primeira ressaca.

Mas quando abri a porta...

Vi uma das cenas mais assustadoras da minha vida: Hyde estava acorrentado em sua cama com uma daquelas algemas felpudas de sexy shop; à sua frente estava Kitty (para quem não se lembra: onça rebocada) vestindo uma roupa de couro que fazia as gorduras do seu corpo pularem para fora, uma máscara de gatinha e um chicote de sadomasoquismo.

Ela parecia a “tiazinha” numa versão extremamente gorda e velha.

Alguém me belisque que isso é um pesadelo.

– O que é que está havendo aqui?! – perguntei estupefata.

A mulher não me respondeu, só me olhou, sibilou para mim (feito um gato) e foi para a varanda do quarto dele, de onde pulou com uma agilidade felina.

– Ai meu deus! Ela se matou?! – perguntei indo até a varanda.

Para o meu alívio, ela não se matou nem nada do tipo. Só pulou para a varanda do seu apartamento, que ficava a menos de um metro daquela do quarto de Hyde. Soltei um suspiro, aliviada, e voltei para o quarto.

– O que diabos foi isso, Hyde?!


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Notas finais do capítulo

* aprendendo palavras novas com a Bell: encosto da cadeira.
** Eu não sei se isso é verdade, mas comigo é assim! Desculpem àqueles que têm diploma de medicina se eu ofendi vossa inteligência com este comentário u.u