Sr. Arrogante E O Chihuahua. escrita por Miss Trublion


Capítulo 18
Capítulo 18 - Ringue.


Notas iniciais do capítulo

Como eu repostei todos os três últimos capítulos para concertar um erro desse maldito site (mas que de um modo estranho eu amo) perdi todos os reviews que deram anterior mente Ç.Ç (não acredito!) mas agradeço a todo mundo mesmo assim, e sinto muito ter perdido seus adorados reviews. Estou arrasada!
Beijos tristes,
MC - MISS TRUBLION



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Capítulo 18 – Feliz Aniversário.

Hyde dirigiu até Nova York, que deveria ficar à uma ou duas horas da nossa faculdade. Eu só percebi isso no limite da cidade iluminada. Ele parecia saber exatamente para onde estávamos indo como se já houvesse pegado aquele caminho muitas vezes e estivesse no automático.

Enquanto eu estava naquela moto, pensei em vários motivos do porque as pessoas compravam um automóvel daqueles. Para começar, parecia mais fácil de dirigir (só parecia); depois, sendo ou não contra as leis, ela era incontestavelmente mais rápido quando se costurava entre os carros engarrafados; e por último, havia uma sensação de liberdade que era muito tentadora.

Ele parou a moto na frente de um estranho prédio cor de creme meio bege um pouco escuro e com janelas de vidro, mas que eu não era capaz de ver o que havia lá dentro. Se eu pudesse chutar, eu diria que era pelo menos uma escola.

- Onde estamos? - eu pergunto tirando o capacete.

- Segredo – ele responde.

Eu olho para ele com raiva, mas tudo o que encontro no seu rosto é um sorriso cúmplice e estranho. Ele me puxa pela mão em direção à porta, mas ele para antes de nós entrarmos.

- Feche os olhos – ele me manda.

Eu olho para ele com um olhar de “você acha mesmo que eu vou fazer isso?”. Vai que esse doido faz alguma coisa enquanto eu não estou vendo para onde ou o que ele está fazendo?

Ele suspira e tapa meus olhos com a sua mão.

- Não! Hyde! Tira a mão do meu olho! - eu mando chateada, me debatendo.

Ele segura meus braços para que eu não o atinja com socos e tapas, e me arrasta para dentro daquele lugar. Eu sinto quando ele abre a porta porque, se lá fora já estava frio, eu sinto mais frio ainda. Uma onda que me cheira a neve e natal me abate de um jeito que me faz estremecer. Ele me faz dar mais três passos e me solta, tirando as mãos de meus olhos.

Primeiro a minha vista está embaraçada, ainda mais porque eu estava de lentes de contatos e agora eu estava sentindo um desconforto. Mas quando minha visão se adapta eu vejo que estamos em um lugar com arquibancadas... Janelas de vidro... E uma pista da patinação!

Oh-oh. Nem pensar que eu vou patinar!

- Hyde! Tira-me daqui agora! - eu digo dando meia volta.

Ele segura a minha mão.

- Não – ele diz seguro. - Nós vamos patinar.

Eu olho para ele com ódio mortal.

Eu não era uma daquelas garotas que caiam por tudo e que não suportam salto alto.  Eu, na verdade, tinha boa coordenação motora... Mas isso incrivelmente mudava quando eu colocava patins nos pés. Eu não sabia patinar.

Na verdade, não era como se eu tivesse muito tempo para aprender a patinar. Eu sempre estava ocupada cuidando dos meus irmãos mais velhos, ou melhor, tentando bancar uma mãe sem autoridade que tenta não ser morta diariamente por aqueles delinquentes. Nenhum deles teve a decência de me perguntar se podia patinar no natal ou no inverno, mesmo eu deixando bem claro que eu achava lindo ver aquelas famílias unidas patinando no Rockefeller Center ou no Central Park pela televisão.

Bem, mas eu não tinha uma família unida, certo?

- Hyde... Eu não gosto de ringues de patinação – eu digo. - É muito frio...

- O que foi? Você tem medo de cair e machucar esse lindo rostinho? - ele pergunta com sarcasmo, puxando a minha bochecha.

Será que isso era metade do caminho para ter o velho Hyde de volta?

- Até parece que eu tenho medo de amassar o meu rosto – eu respondo esfregando a bochecha apertada com a mão. Ai, aquilo doía. - Você é que devia ter medo que eu reforme o seu rosto com meus socos se você continuar fazendo isso.

Ele ri. Como eu odiava que fizessem quando eu ameaçava a alguém.

- Então o quê? Você não sabe patinar? - ele pergunta brincando.

- Pf! É claro que eu sei! - eu respondo, mas a minha resposta não convence nem a mim mesma. Como se para reforçar eu ainda complemento: - Não há nada nesse mundo que eu não saiba fazer. Tenha dó!

O sorriso de quando ele riu havia congelado no rosto e agora se transformava em um sorriso de incredulidade.

- Meu Deus! Você não sabe patinar?! - ele pergunta incrédulo. - Enfim encontrei alguma coisa na qual você não é boa?!

- Eu já disse que eu sei patinar, caralho! - eu grito ficando vermelha de vergonha e raiva. - E- eu só não gosto de sair por aí me exibindo...

- Chihuahua, quando você mentir, basta você responder uma vez. Complementar para reforçar a mentira só deixa mais óbvio que você está mentindo – ele explica. - Cara... Você não sabe patinar!

Eu fico muito consternada e quero enfiar a mão na cara daquele idiota de cabelo meio loiro e castanho, mas eu estou em um novo projeto de controlar a raiva então eu apenas cerrei as minhas mãos em dois punhos e as enfio nos bolsos do meu casaco.

- É. Eu não sei patinar. Satisfeito? Pode zoar à vontade, Hyde – eu digo. - Eu nunca... Sequer cheguei a pisar em um ringue de patinação... Eu só tentei os patins de rodinhas, e o resultado foi uma cicatriz pequena que eu tenho no meu braço.

Hyde para de rir e me encara.

- Você nunca... patinou com a sua família no inverno? O que houve? Não há ringues de patinação em Utah? - ele pergunta divertido.

Eu mordo o lábio inferior e dou de ombros.

- Minha família... não é bem... unida – eu respondo. - Eu nunca patinei no inverno, nem sozinha nem com um dos meus irmãos porque eles sempre estavam ocupados, enquanto meu pai... Bem, ele também. - Eu ergo o olhar e lhe digo apontando o indicador: - E saiba que há muitos ringues de patinação em Utah!

Ele não ri, desta vez ele só sorri.

- Então acho bom você começar a aprender a patinar – ele diz. - Eu te ensinarei.

Eu olho para ele desconfiada.

Certa vez, Fred me disse que quando um homem diz à uma garota algo do tipo “eu te ensino”, não era com boas intenções. Era somente uma desculpa para ele se sentir melhor ou mais próximo dela.

Acho que ele percebe o meu olhar.

- É a segunda vez – ele diz pegando o meu braço e me arrastando para o lugar onde se aluga um par de patins.

- Que o quê? - perguntei cruzando os braços.

- Que você desconfia de minhas boas intenções – ele responde.

Cara, será que ele nunca ouviu o ditado: “quem faz a fama deita na cama”? Ele passou pelo menos um mês inteiro jogando na cara de quem quisesse que pegava qualquer garota e não queria que eu ficasse desconfiada de suas “boas intenções”?

Desculpe por eu ser uma garota prevenida!

Quando ele me entregou os patins, eu lhe olhei com uma cara de “filho, nem sonhando que eu vou colocar isso”, mas ele nem quis saber. Queria por que queria que eu patinasse com ele. Provavelmente queria ficar rindo dos meus tombos, mas tudo o que eu via era eu caindo, batendo com a cabeça e morrendo.

- Eu não vou patinar Hyde – eu disse tentando parecer calma.

Ele olhou para mim do banco em que estava sentado para colocar os patins.

- Olha, se isso faz você se sentir melhor, faz um bom tempo que eu não patino também. Você não vai ser a única a cair. Além disso, eu vou estar lá e te segurar se você ao menos se desequilibrar – ele responde.

- Hyde, uma coisa é você patinar e parar por um tempo, outra coisa totalmente diferente é você nunca ter patinado na sua vida – eu respondo.

- Chi, eu vou estar lá, tá bom? Relaxa um pouquinho. Até parece que você pode morrer com uma queda no gelo – ele diz revirando os olhos.

- Eu posso morrer de traumatismo craniano – eu respondo. - Vai que eu bato com a cabeça!

- Sinceramente, Chihuahua, eu não acredito que você possa morrer de traumatismo craniano. Para a sua sorte, a sua cabeça não fica muito longe do chão – ele responde maldoso.

Eu olho para ele com uma raiva assassina. Eu já não havia dito que odiava piadinhas e comentários referentes à minha altura?!

- Hyde, você quer morrer? - eu pergunto raivosa.

Ele me olha e dá um sorriso triste.

- Já que você disse agora, isso pareceria algo poético – ele diz.

Minha raiva é substituída pela curiosidade. Do que ele estava falando? Por que será que seria poético? Mas antes que eu fizesse essas perguntas, ele me puxou pela mão para que eu sentasse ao seu lado e pegou minhas pernas, puxando para o seu colo. Eu fico vermelha ao ver que ele está tirando os meus sapatos, que na verdade eram sapatilhas, e colocava os patins em mim.

- Posso fazer uma pergunta?

- Você nunca precisou pedir antes – eu comento revirando os olhos.

Ele sorri.

- Por que é difícil para você confiar em mim? - ele perguntou amarrando os cardaços.

Ele não me olhou, mas sabia que ele estava ansioso em saber a resposta. De algum modo, eu sentia que ele estava nervoso.

- Bem, porque você é imaturo, arrogante e prepotente. Como uma criança mimada que tem que fazer birra e chamar atenção para ter seus mínimos desejos atendidos. E eu aprendi, um pouco tarde demais, que esse tipo de pessoa é uma das piores, pois eles só agem de modo impulsivo e de acordo com os seus desejos – eu respondo. - Além disso, são pessoas despreocupadas porque dificilmente se apegam alguma coisa.

Ele me olha com os olhos arregalados. Eu sei que eu não fazia psicologia, e nem pretendia porque filosofia e sociologia sempre foram os meus pesadelos, mas essa era a visão que eu tinha de Hyde. Podia ser distorcida, ou eu poderia estar simplesmente confundindo com outra pessoa, mas era assim que eu o via.

- Porra! Eu pedi para você me dizer o porque é difícil de confiar em mim, não para você fazer uma ficha inteira me derrubando! - ele disse assustado. - Eu não sei quanto ao resto, mas acho que você acertou só no “imaturo”.

Eu dou de ombros.

- É assim que eu te vejo, Hyde. Desculpe se a verdade dói – eu respondo indiferente.

Ele empurra minhas pernas do seu colo e diz:

- Vamos patinar. E, quando você cair, eu só vou rir de você agora.

- Foi você quem perguntou o porquê era difícil para eu confiar em você! - eu respondo. - Desculpe se você esperava que eu dissesse outra coisa!

- Você poderia ter ficado só no “imaturo” - ele replica subindo no ringue de patinação.

Eu hesito em entrar lá. Sinto que assim que eu pôr os meus pés lá em cima eu vou acabar caindo, mas ele me estende a mão para me dar apoio para entrar. Eu também hesitei em pegá-la, mas aceito a ajuda e subo. Eu já estava lá mesmo. Não adiantava fazer birra.

- Você vai ver que patinar é muito fácil. É só você deslizar o pé direito para frente, e depois o esquerdo. Direito, esquerdo, direito esquerdo... - ele diz demonstrando numa graça que me fez refletir sobre ser ou não mentira de que fazia um bom tempo que ele não patinava.

Como se não bastasse ele patinar muito bem, ele dá uma volta de dar inveja – porque mudar de direção não é a coisa mais fácil do mundo – e sorri.

- Não é tão difícil – ele diz voltando até mim.

Mesmo assim, eu sinto minhas pernas trêmulas. Sinto que eu não vou conseguir. Eu sei que eu não vou conseguir. Ele segura as minhas duas mãos para me dar mais segurança e, sinceramente, eu fico constrangida e sinto um desconforto no meu peito.

Faço como ele me mostrou, deslizando um pé e depois o outro, ele me acompanha patinando para trás também... Mas o meu jeito de patinar, não prece tão leve quanto ele faz. Patinar no gelo é muito mais difícil de patinar do que no asfalto.

Quebrando meus pensamentos, Hyde ri.

- Você está parecendo um potrinho que abadou da nascer – ele zomba.

- Cala boca! Você está me atrapalhando! – eu digo vermelha.

Ele morde o lábio para reprimir os risos.

- Você está indo bem, Chihuahua – ele diz. – Então não surta agora, mas eu vou tentar te soltar.

- O quê?! – eu digo assustada.

Eu ia me esborrachar no chão!

- Sabe, é como bicicleta... Você pedala um pouquinho com o seu pai segurando e depois ele te solta e você pedala sozinha. Eu sempre que é achei um método bem eficaz – ele explica.

Eu não respondi nada.

Ele poderia estranhar se eu dissesse que nunca aprendi a andar de bicicleta com o meu pai segurando. Há muitas coisas que eu nunca fiz com o meu pai, e nem com a minha família, e só hoje eu estava percebendo que há muita coisa para fazer com alguém.

Ele tentou me soltar, mas eu não deixei. Eu segurei sua mão com mais força, mas ele, rindo, se desvencilhou das minhas mãos e se afastar um pouco de mim para que eu não tentasse pegá-lo de novo.

Mas, mesmo assim, eu tentei pegá-lo e acabei perdendo o equilíbrio e caindo em cima dele! Meu rosto foi encontro à sua camisa branca e, eu devo admitir, cheirosa. Ou ele havia tomado um banho de perfume, ou ele usava um perfume muito forte. Acho que ele parecia mesmo esse tipo de pessoa.

Eu fico muito irritada, mas ele só ri da minha queda.

- Está vendo?! Depois diz que não há tensões sexuais mal resolvidas entre nós!

Eu fico envergonhada e tento me levantar o mais rápido possível, mas acabo caindo mais uma vez em cima dele. Dessa vez eu estou meio sentada, então nossos rostos estão muito próximos, e eu sinto como se não fosse poder falar mais nada. Ou talvez eu não quisesse falar nada.

E acho que ele também não queria.

Vejo-o erguer a mão, mas eu, e a minha incrível força de vontade, me afasto.

- Dá pra me ajudar a levantar? – eu pergunto tentando parecer normal. – Você pode admirar a minha beleza mais tarde.

Ele parece despertar de um estado de transe. E deu um meio sorriso.

- Desde que você não me derrube com você...

Ele se levanta sem o meu jeito atrapalhado e me estende a mão. Eu a aceito e o deixo me puxar, sabendo que não era capaz de me levantar por mim mesma. Tentei ignorar o fato de que, há alguns segundos atrás, havia rolado um clima entre nós dois. Na verdade, pensando nisso agora, eu estava começando a ficar constrangida.

O que diabo estava acontecendo comigo?

- Acho que ainda é muito cedo para te soltar – ele diz rindo. – Vou esperar até você ficar confiante.

Eu apenas concordo com a cabeça. Surpresa comigo mesma por não ser capaz de pensar em uma boa resposta.


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