Sr. Arrogante E O Chihuahua. escrita por Miss Trublion


Capítulo 13
Capítulo 13 - Desastrosa Festa.


Notas iniciais do capítulo

Bem, vocês devem ter se perguntado: onde diabos essa criatura se meteu e porque ela não posta?!!!
Bem, é complicado...
Para começar, estou entrando em provas (EU NÃO POSSO FICAR EM MATEMÁTICA DE MANEIRA NENHUMA! ò.ó) Depois, a minha beta, no feriado, viajou para um fim de mundo e não pode revisar o capítulo. Ai, quando ela voltou e eu lhe passei o pendrive... E a bichinha adoeceu com febre alta, acho que acabou ficando internada em um hospital.
Melhoras Belle >
Mas consegui pegar dela e agora, o capítulo está aqui.
Perdoem o atraso.
Beijos,
M.C. - Miss Trublion.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/258238/chapter/13

Capítulo Treze – Desastrosa Festa.

- Ai, minhas costas... – Soltei um gemido de dor.

Clarice me olhou com pena e preocupação, enquanto Fred somente revirou os olhos. Argh, aquelas duas pragas na minha vida! Se não fosse por elas e estaria me sentindo ótima para aquele encontro. Hoje eu acordei toda doída por culpa de Fred e fui submetida a uma sessão de tortura por Clarice nesta manhã.

Agora eu me sentia péssima e mal passavam das nove horas!

- Eu espero que esteja satisfeito! Minha primeira festa com um cara e eu não vou poder dançar com o meu par! – reclamei, fuzilando Fred com o olhar.

Frederick revirou os olhos para mim novamente. Acho que este era algum mal hábito de família.

- Você tá reclamando por nada! – ele bufou. – Você é dois anos mais nova do que eu. Tem a coluna novinha em folha!

- Eu pensei que fossem seis... – Clarice comentou.

- São dois! – cismou ele. – Humpf, eu nem passo dos vinte e um!

Clarice olhou para mim confusa e eu respondi com um dar de ombros.

- Devo imitar Bella Swan e perguntar: “Há quanto tempo você tem vinte e um?” – eu perguntei com sarcasmo.

Ele me fuzilou com o olhar e Clarice riu.

Fred se levantou do sofá e foi pegar uma cerveja na geladeira. Ele nem havia ficado surpreso ao descobri-las no apartamento de duas garotas sem idade legal para ingerir álcool. Havia ficado surpreso somente em saber que eu não havia sido contra.

Eu não bebia, e ele sabia disso e sabia por que, mas isso não queria dizer que Clarice não bebesse ou que não tínhamos visitas da faculdade de vez em quando. Até parece que alguém da faculdade obedeceria à lei que diz que só pode beber álcool a partir dos vinte e um anos.

- Bem, tenho vinte e um anos há tempo suficiente para dizer que se vocês duas não querem se atrasar é melhor começarem a se arrumar – ele respondeu da cozinha, dando um gole na cerveja.

Revirei os olhos e me levantei do sofá também.

- Ele não está muito novo para sofrer uma “crise de idade”? – Clarice sussurrou para mim, preocupada com o estado de Fred.

Fiz um gesto negativo.

- Ele só tá fazendo drama – respondi. – É que geralmente os modelos começam aos dezesseis a dezoito anos e agora ele está se achando muito velho para continuar a ser modelo. Sempre achei que esse era o meio mais cruel para se trabalhar. – Dei de ombros.

Sim, meu irmão foi modelo durante grande parte da sua vida.

Desde os doze anos e, como papai estava sempre bêbado, ele sempre assinava os contratos ou as autorizações para os “trabalhos” dele. Ele seguiu essa vida até os vinte e um anos, mas sempre se recusava a viajar para o exterior. Fred, pelo incrível que pareça, não gostava de deixar seus irmãos ou a família para trás.

Era por isso que eu não o achava tão irritante assim.

Levantamo-nos e fomos nos arrumar para a festa.

Coloquei o meu vestido e prendi o meu cabelo parcialmente, somente para que as mechas curtas e franja grande não ficassem caindo na minha face. Fiz uma maquiagem leve com os olhos marcados, ainda mais porque todo mundo elogiava a tonalidade deles.

Infelizmente, por mais que eu ficasse bonita, Clarice sempre conseguia ficar maravilhosa.  Com seus belos um metro e setenta, o tom bronzeado de sua pele e os belos cabelos ruivos e fogosos. Sem tirar os estonteantes olhos azuis.

Trajava um vestido amarelo meio alaranjado com um belo decote e bom comprimento e sandálias arrumadinhas com uma flor na cabeça.

Talvez eu não tenha mencionado, mas a festa em questão era um luau.

Lutei para não fechar a cara para a sua elegância.

- Hm... Clarice, você está maravilhosa! – meu irmão fez questão de dizer quando aparecemos na sala. Revirei os olhos quando ele começou a rodeá-la como uma mosca.

- E eu? – perguntei irritada.

Ele olhou para mim com pouco caso.

- Ah, claro você está bonitinha – Ele sorriu. – Uma gracinha.

Bufei irritada, mas resolvi não dizer nada e dei graças a Deus por ouvir a campainha tocar. Fui abrir a porta, lançando um olhar para Clarice e Fred. Esperando que os sonhos de meu irmão murchassem ao ver aquele grande e troncudo namorado de Clarice.

Ficaria logo intimidado.

- Ei, Lyne – ele me cumprimentou dando-me um beijo na bochecha.

Ele entrou em casa sem esperar convite. Eu não reclamei, porque ele já considerava a nossa casa a casa dele. Voltei-me para Jarred ao invés e sorri. Ele sorriu de volta com seus dentes brancos e me abraçou.

Meu coração deu um pulo. Não sei por que, afinal, não sou uma boba sentimental. Talvez seja por eu estar empolgada com o meu primeiro encontro.

Dei espaço para ele passar e ele entrou.

Por um décimo de segundo, estranhei não ter Hyde perto de mim. Ele vivia tão grudado em mim – desde que concordamos em “fazer as pazes” – que as pessoas começaram a se perguntar se ele estava correndo atrás de mim ou se ele estava ficando louco.

Eu acho que apostaria na segunda opção.

Hyde é meio “sem noção” e louquinho, mas eu não tinha motivos para reclamar ou pedir devolução. Ele se esforçava e eu – secretamente – admirava isso. Gosto de pessoas esforçadas.

- Hyde não vai com você, Luc? – perguntei.

Ele havia enlaçado a cintura fina de Clarice com os braços fortes e encarava o meu irmão como se procurasse uma explicação. Voltou sua atenção para mim quando perguntei.

- Hm, não. Ele teve uns assuntos da banda para resolver. No carro do Jarred vão você, ele e eu. – Luc sorriu.

Banda? Hyde tinha uma banda?!

- Hyde tem uma banda? – perguntei confusa.

Refleti por um tempo. De fato, Hyde tinha jeito de quem tem uma banda de rock. Por que não? Aparentemente ele gosta desse ritmo e escuta de tudo! Quase o imaginei como um “Kurt Cobain” da vida, só que sem os cabelos tão longos. Mas a barba por fazer, o tom de voz... Até mesmo se drogando o imaginei (e confesso que não gostei da minha mente fértil).

- É. O nome é “Jubilee”. Ele nunca te falou nada a respeito? – Jarred perguntou surpreso. – Quer dizer, vocês andam tão amiguinhos...

Olhei para ele, perguntando-me se aquilo havia soado tão casual e confortável como ele transparecia por fora.

- Bem, ele não me falou sobre a banda dele – respondi dando de ombros.

- Vish... Não basta ter piercing, se vestir como delinquente e agir feito um anarquista, tem que ter uma banda de rock também? – Fred desdenhou. – Deve ser bem o vocalista!

O jeito com que Frederick disse “vocalista” parecia se referir à pior coisa do mundo, ou à um palavrão. Eu sabia que era porque, há alguns dois anos, ele arrumou briga com o vocalista de uma banda e “levou a pior”. Quem manda secar as namoradas dos outros? Eu sempre avisei para ele ter cuidado...

Olhei para ele irritada.

- Lyne... Você poderia, por favor, me dizer quem é o espantalho? – pediu Luc. – Não gosto do jeito que ele olha para a minha namorada.

Clarice e eu rimos, e Fred rosnou.

- Hm... Luc, Jarred, esse é o meu irmão mais velho, Frederick Ferry. Fred... Esses são Luc, meu amigo e namorado de Clarice, e Jarred meu... Encontro dessa noite.

Tudo bem, isso foi terrivelmente embaraçoso.

Por que será que Fred teve que ficar em casa justo esta noite?

Será que eu havia soado muito vulgar dizendo “meu encontro dessa noite”? Fazia parecer que toda a noite eu tinha um encontro diferente, o que Deus e o mundo sabiam que não era verdade. Mas talvez Jarred não soubesse...

Lutei para não parecer embaraçada enquanto Fred analisava Jarred. Primeiro percebi que ele observava o sorriso brilhante dele e depois as roupas: uma bermuda, sapatênis e uma camiseta. O olhar que ele deu para mim foi de pura pena.

- Lyne, vamos conversar mais tarde sobre o porquê que uma mulher não deve aceitar sair com qualquer um – ele disse simplesmente.

Fiquei vermelha.

- Eu não preciso da sua aceitação seu mulherengo filhinho da vovó – eu respondi irritada. – Podemos ir?

Eu quase arrastei Jarred para fora de casa, envergonhada. Luc foi esperto o suficiente para sair com Clarice também.

- Desculpe por isso. Ele é um saco. Adora me humilhar – pedi no elevador. – Foi por isso que eu me mudei para o outro lado da América... Mas acho que só vou conseguir me livrar dele se eu for para o Japão!

- Relaxe, garota de Utah – Jarred disse com um sorriso engraçado. – Eu posso não ter irmãos, mas entendo um pouco pelo que você tem que passar. Tenho priminhos pequenos que são umas verdadeiras pestinhas.

Dei um sorriso agradecido.

Novamente, pensei no como era ridículo que Jarred fosse gay. O homem era perfeito! Começando por compreensivo. O que poucos são comigo.

Conversamos sobre muitas coisas em seu carro, enquanto Luc e Clarice trocavam piadas internas entre si. Coisa de namorados.

Meu irmão, Will, sempre dizia que dava para se conhecer bastante sobre um garoto se bisbilhotasse no guarda-luvas de seu carro. No seu eu encontrei muitos CDs – pelo visto, ele era outra pessoa que gostava de ouvir muita música! – instrumentais clássicas, óperas e operetas, e baladas, principalmente.

Olhei para ele querendo rir.

- Então... Como é ouvir As Quatro Estações, de Vivaldi, até se cansar? – perguntei com sarcasmo.

Ele sorriu.

- Eu diria que é... Estimulante. – ele respondeu rindo. – Mesmo que muitos achem que a música clássica seja um saco. Eu adoro ouvir orquestras e ir a óperas. A minha mãe sempre me dizia que a ópera causa sempre duas emoções nas pessoas: ou elas odeiam, ou elas adoram.

- E você faz parte do grupo que adora – eu supus.

- Você não está vendo um CD de Carmen aí à toa – ele respondeu.

Quando chegamos à festa, percebi que havíamos chegado no “momento certo”. O lugar estava lotado e já do lado de fora da fraternidade ouvíamos as pessoas gritando e o pulsar de hip hop de linguagem chula. O tipo de música que eu evitava, pois acreditava que envergonhava o meu país.

- Que bom, parece que Hyde ainda não tocou! – Luc exclamou aliviado. – Ele arrancaria minha cabeça fora se eu não aparecesse para ver sua “obra prima”. Ele passou duas semanas compondo essa porcaria!

Eu somente ri e saí do carro.

Jarred teve que segurar a minha mão para que não nos perdêssemos quando entrássemos na casa, pois esta estava lotada. Senti meu rosto pegar fogo e meu coração ficar descompassado. Meu Deus, eu era tão inexperiente com encontros!

Fomos para o jardim, onde estava mais agitado do que do lado de dentro.

Um palco improvisado estava montado em um canto e as pessoas ajeitavam os amplificadores. Acho que vi Hyde ali, mas não tive certeza. Havia um “tobogã” improvisado também.

Tudo bem, não era bem um “tobogã”. Era mais uma tira de plástico, molhado com sabão e água, sobre uma ladeira de grama onde as pessoas escorregavam com boias ou com o próprio corpo e dava em piscinas cheias de água.

Pessoal criativo!

Havia também uma mesa recheada com bebidas alcoólicas e ponche batizado. Lembrar-me de ficar absolutamente longe daquela mesa. Só o cheiro de álcool já me enjoava profundamente.

- Você quer beber alguma coisa? – ofereceu-me ele.

- Hm... Acho melhor não. – Eu respondi envergonhada.

- Você não bebe? – perguntou. Ele parecia surpreso.

Neguei com a cabeça, sorrindo timidamente.

- Ah. Então vamos pegar um copo de cerveja para mim – ele pediu pegando minha mão de novo.

Andamos até a mesa de bebidas e ele se serviu de cerveja. Sinceramente, essa era a pior bebida que eu já havia visto. Não somente tinha um gosto amargo de percevejo, mas também porque – de um modo misterioso – era a bebida que as pessoas mais consomem.

Eu já havia tomado um gole por engano, mas não foi nada que me deixasse caindo de bêbada, obviamente.

- Ei, Jarred! – um garoto lá perto chamou o meu acompanhante.

Ele tinha um jeito forte e estereotipado – como os seus companheiros – com os cabelos cortados bem curtos, porte atlético e grosseiro e sorriso de comercial de pasta de dente.

Enojou-me.

- Ei, Nathe. – Jarred sorriu. – Algum problema?

Ele deu de ombros.

- Só uma coisinha. Podemos conversar um instantinho? – pediu, olhando para mim como se eu tivesse posto uma coleira em Jarred.

O meu acompanhante olhou para mim.

- Pode ir. Vou ficar por aqui – eu disse.

Jarred sorriu para mim e deu um beijo na minha testa. Senti-me ficar paralisada e estremecer quando ele foi embora. Pensei em ir até Clarice e Luc, mas eu não estava a fim de ficar segurando vela. Olhei para o palco e o vi.

Hyde estava ali e me surpreendi ao ver o como aquele lugar combinava come ele. Combinava com os cabelos loiros de mechas pretas (obviamente tingidos), com os olhos violetas, e com a regata branca e justa e com a calça de couro.

Por um breve instante ele me olhou também e deu um meio sorriso.

Sorri de volta.

- Lyne? – alguém me chamou.

Voltei-me e encontrei Matt se aproximando e parando na minha frente. Para quem não se recorde: ele deu em cima de mim no primeiro semestre, foi por ele que Triss e Liss quase se mataram e foi ele quem deu o fora quando percebeu que eu era “osso duro de roer”.

Matt Uppington, o novo nome de Asmodeus.

- Matt?... Oi – Tentei deixar bem claro que eu não o queria ali.

- Oi... Eu não sabia que você vinha à festas – ele sorriu.

Eu dei de ombros e voltei encarar o palco.

- Um amigo me chamou e eu não tinha nada para fazer – respondi tentando ficar calma.

- Você poderia especificar sua relação com esse amigo? Você gosta de ser difícil comigo? – ele pediu baixinho.

Recuei ao perceber que ele havia investido e olhei para ele irritada.

- Você já parou para pensar, Matt, que talvez eu não queira ser difícil com você, que talvez eu só queira que você me deixe em paz? – perguntei com sarcasmo.

- Então é isso?

- É. É isso. Deixe-me em paz – eu disse com aspereza e me afastei.

Fui para um pouco mais perto de onde Clarice e Luc estavam, mas não entrei na conversa dos dois. Fiquei aliviada quando a música parou de tocar e Hyde se aproximou do microfone, segurando uma guitarra.

Guitarrista e vocalista? Por que será que não estou surpresa?

- Boa noite, galera – ele disse sem um pingo de timidez. Ah, eu sempre soube que ele era do tipo que gostava de chamar atenção! – Para quem não saiba ainda... – Ele se interrompeu e me lançou um olhar. Sabia que era para mim. – Nós somos a banda Jubilee e esperamos que vocês gostem da nossa nova composição: Illusion.

Ele olhou para um dos garotos que estavam com ele, um guitarrista também, e fez um sinal com a cabeça. Ele foi quem deu início com uma guitarra solitária. Para depois Hyde entrar com a sua e o baterista e o baixista entrarem também.

O que era solitário tornou-se então agitado e até contagiante.

Depois de uma breve calmaria, ele começou a cantar:

It's to hard to start a new life

Without your smile

As if the sun doesn't shine

And the birds don't fly.

É tão difícil começar a uma vida nova.

Sem o seu sorriso.

Como se o sol não brilhasse

E os pássaros não voassem.

It's easy to you forget

The fellings that we felt?

It's easy for you to fall asleep

Knowing that someone is hurting here?

É fácil, para você, esquecer

Os sentimentos que sentimos?

É fácil, para você, dormir

Sabendo que tem alguém ferido aqui?

Sorri ao perceber que a guitarra de Hyde acompanhava a sua voz. E me peguei querendo rir pela minha mais recente descoberta: aquele monstrinho não cantava tão mal assim! Na verdade, ele tinha uma voz diferente dos americanos. Uma voz menos “metálica”, como certa vez li em um livro.

Now, listen to what I have to say

Because it's important to me

But I wont force you to stay.

Agora, escute o que eu tenho para dizer

Porque é importante para mim.

Mas eu não vou focar você a ficar.

Veio, então, uma breve introdução do refrão. E ele entrou:

Tell me how far a woman can be cruel

Tell me how far you could hurt me

Whoever plays with fire

Expects to be burned.

But, please, don't become like this!

Diga-me até onde uma mulher pode ser cruel

Diga-me até onde você poderia me ferir.

Quem brinca com fogo

Espera ser queimado.

Mas, por favor, não se torne assim.

Are you cynical. This is true

But your heart remains pure.

I'll always be there for you

Você é cínica. Isso é verdade.

Mas seu coração continua puro.

Eu vou estar lá sempre por você.

Mordi os lábios segurando a vontade de rir. Afinal, Hyde, o cara que marca e desmarca as belas garotas da faculdade em sua agendinha, estava cantando sobre ser ferido por uma mulher?

Quem escuta até pensa que ele é coitadinho.

How long does it take to fall in love?

Girl you did a remarkable achievement

Just one look was enough

For I surreender to you.

Quanto tempo leva para se apaixonar?

Garota, você fez algo notável

Só um olhar foi o suficiente

Para eu me render a você

How does she do it?

What is witchcraft?

I fell the ground disappear under my feet.

Como ela faz isso?

Qual é essa magia?

Eu sinto o chão desaparecer sob meus pés.

Now, listen to what I have to say

Because it's important to me

But I won’t force you to stay.

Agora, escute o que eu tenho para dizer.

Porque é importante para mim.

Mas eu não vou te forçar ficar.

Então entrou um solo de guitarra, não dele, mas do outro guitarrista, mesmo assim eu percebi que ele parecia estar orgulhoso de si mesmo. Talvez por que as pessoas parecessem estar aprovando a sua composição.

Quando o solo acabou, a música ficou inesperadamente lenta.

Sinto, então, uma mão delicada em meu braço.

Viro-me e Jarred está ali. Fitando-me com uma seriedade inesperada.

- Precisamos conversar, Lyne – ele pediu, ainda sério.

Mesmo sem saber o motivo pelo qual havia uma nuvem escura sobrevoando o seu rosto bonito, eu concordei com a cabeça e deixei que ele me guiasse para um lugar mais privado. Um lugar perto das árvores, onde não havia ninguém – pois todos estavam perto do palco.

Eu ainda conseguia ouvir a música de Hyde. Naquele momento, em ritmo lento, ele cantava:

So rude, and yet so sweet.

What is your taste?

Sorry, I don't remember.

Can I prove again?

Or will you push me away?

Just one more, please

Tão rude, e ainda tão doce.

Qual é o seu sabor?

Desculpe, eu não me lembro.

Eu posso provar de novo?

Ou você vai me empurrar?

Só mais uma vez, por favor.

- Jarred, o que foi? – perguntei preocupada.

Ele olhou para mim com culpa no olhar e desviou o seu olhar por um breve momento. Fitando, Nathe, que não parecia estar com uma cara muito boa.

De repente, um arrepio percorreu por meu corpo. Não sabia o que Nathe tinha haver coma quilo, mas involuntariamente me lembrei dos garotos que fizeram apostas para sair comigo; dos garotos que fizeram apostas para me beijar, e até mesmo dormir comigo.

- Eu não fui sincero com você, Lyne, e eu sinto muito por isso – ele começou. – Por você ser caloura na universidade, talvez os boatos ainda não houvessem chegado até você e eu tirei vantagem disso. Sinto muito, mesmo.

Olhei para ele sem entender aonde ele queria chegar.

De repente, lembrei-me do que Hyde me disse e mordi o lábio esperando pelo pior, pelo resto.

- O que você quer dizer com isso? – perguntei, mas eu sabia que eu não queria saber. Nunca pensei que eu iria querer isso, mas eu só queria ouvir a música de Hyde agora.

Why, even when we laugh together,

I have a feeling that is not enough?

I want you by my side forever

And I said forever!

Por que, até quando rimos juntos,

Eu tenho o sentimento que não é o bastante?

Eu quero você ao meu lado, sempre.

E eu disse sempre.

- É complicado... mas vou tentar explicar. Eu gosto de outra pessoa Lyne, por outra pessoa. Outra pessoa que a Ômega Pi não aceita por estar “fora dos padrões normais”. Por isso eu armei todo esse teatro e te pedi para vir me acompanhar... Mas, hoje eu descobri... Que isso tudo não vale a pena.

Ele murmurou e abaixou a cabeça.

- Eu não quero mais ter que mentir para as pessoas – ele murmurou. – E me desagradou ainda mais, eu ter mentindo para você. Que foi tão boa comigo.

Fiquei sem palavras. Senti que eu estava ferida por dentro. Era isso mesmo? Hyde tinha razão? Aquele filho da puta metido a besta tinha razão?! Oh, céus, é claro que ele tinha!

Eu não sei o que doía mais: eu ter sido enganada pela última pessoa que eu pensei que pudesse fazer isso; por Hyde Arrogante estar certo... Ou por eu ser tão desagradável que as pessoas sentiam prazer em me usar. Como se eu fosse um point de escape para todas elas!

No matter how much I highlight your flaws,

Know that's because I like them

I like when you never cry

And there's aways a smile

That you don't show to anyone.

Não importa o quanto eu realce os seus defeitos,

Saiba que é porque eu gosto deles.

Eu gosto quando você nunca chora.

E tem sempre um sorriso.

Que você não mostra à ninguém.

- Você gosta dele, não é? – perguntei gesticulando para Nathe.

- Lyne, eu...

- Está tudo bem – eu disse, mas não sabia se isso foi para ele ou para mim. Será que tudo estava bem mesmo? Acho que só saberia amanhã. – Eu entendo. Eu não estou brava...

Por que será que as minhas palavras pareciam querer me convencer a tudo isso. Pareciam que as minhas palavras queriam me convencer a compreender. Queriam me forçar a não me sentir zangada... Mas eu saiba que surtar agora não diminuiria a minha dor.

Afinal, novamente um garoto me enganou!

- Vá lá com ele – eu disse. – Eu realmente não me importo, desde que você seja feliz...

Ele parecia não estar convencido, mas eu também não estava.

Como Jarred pôde fazer isso comigo?!

- Lyne, eu sinto muito – ele murmurou.

- Eu também – eu murmurei.

Eu sinto muito por ter acreditado num cara tão “perfeito”. Eu sinto muito por ter acreditado principalmente em um cara. Eu sentia muito por começar a gostar de alguém e sentia mais ainda por deixar que as pessoas me usassem tanto.

- Preciso de um pouco de ar – eu disse passando por ele.

Like a strong stone

Who don't move for anyone.

Will you remain like this?

Fighting until the end

For your dreams

Como uma pedra forte

Que não se move por ninguém.

Você vai continuar assim?

Lutando até o fim

Por seus sonhos.

Ele não me seguiu e isso me deixou muito feliz. Porque eu pude me esconder por um momento e respirar fundo. Tentei me manter calma, mas não deu certo.

Por que eles faziam isso comigo?!

Por que os homens me usavam desse jeito?!

Não basta que o meu pai sempre me fizesse ir buscá-lo bêbado nos bares, não basta o meu pai sempre me fazer pagar suas dívidas por conta da bebida... Não bastava os meus irmãos tirarem proveito de eu ser sempre a mais fraca e a mais solitária... Não bastava eu ter que cuidar sozinha da minha família quando Fred foi para a faculdade!

Não bastava eu ter sido humilhada por Kyle na sétima série!

Sempre havia um homem nesse mundo para me enganar.

Deixei-me cair atrás da árvore que eu havia me apoiado e percebi que eu estava decepcionada. Tão terrivelmente decepcionada que eu quase pude sentir que Hyde estava ali agora e me fitava de um jeito muito zombeteiro.

Quase o ouvi dizendo:

- Eu te disse.

Mas, para a minha surpresa, não foi isso o que eu ouvi:

- Uma garota não devia chorar por um filho da puta.

Parecia que eu não havia ouvido direito. Eu tive que abrir os olhos e fitar Hyde à minha frente. Ele estava em pé, o que me fazia parecer menor do que eu já era perto dele, mas se abaixou a minha frente.

Dei um sorriso sarcástico.

- O “arrasa-corações”, Harry Deniels, está me dizendo para não chorar por um filho da puta? Uau – zombei.

- Saiba, que eu nunca fiz uma garota chorar por mim, Chihuahua – ele disse. – Elas ficam com raiva, me chamam de tudo quanto é nome... Mas elas nunca choraram por terem sido “descartadas”. Isso porque eu sempre deixei tudo bem claro desde o início.

Dei um meio sorriso ao perceber que ele estava se vangloriando por algo que não tinha nada de glorioso. Passei a mão por meu rosto molhado, porque já estava começando a me incomodar.

- Veio dizer um “Eu te disse”? – perguntei com sarcasmo.

- Não... Eu vim oferecer o meu ombro amigo – ele sorriu. – Mas, já que você mencionou, acho que eu mereço um: eu te disse.

Um sorriso não se formou em meu rosto.

- Então... Se você acha que eu não devo chorar por um filho da puta mentiroso... O que eu devo fazer? – perguntei.

- Aproveitar a festa é claro! – respondeu ele, rindo.

Neguei com a cabeça.

- Não. Eu quero ir para casa. Minha maquiagem deve estar borrada e eu não to me sentindo em clima para festas – respondi.

Ele negou com a cabeça.

- Há, mais nem pensar! – ele negou.

Sem a minha autorização, ele mexeu na minha bolsa e bisbilhotou o que eu tinha ali. Pegou um lenço umedecido e passou eu meus olhos.

- Para! – eu mandei empurrando o seu braço.

O ouvir rir e depois que ele o tirou do meu rosto, pegou o meu rímel e o repassou em meus cílios. Como é que Hyde sabia maquiar alguém?! Meu Deus, será que ele era gay também?!

- Onde é que você aprendeu a maquiar alguém? – perguntei desconfiada.

Ele revirou os olhos e mordeu os lábios.

- Eu tenho duas irmãs, alguma coisa eu aprendi com elas contra a minha vontade – respondeu e guardou tudo. – Pronto, tudo melhor agora! Vamos nos divertir!

Ele se levantou, mas eu ainda não queria me levantar.

- Eu não quero me divertir, Hyde. Eu quero ir para casa! – briguei.

- Toma um gole – ele me passou um copo com alguma coisa. – Sua garganta está meio seca e você vai se sentir melhor depois disso.

Relutante, peguei o copo que ele me estendeu. Era um copo de plástico azul, mas não dava para ver o que tinha dentro. Dei uma cheirada só para ter certeza que Hyde não estava aprontando comigo e senti cheiro de álcool.

Olhei para ele desconfiada.

- O que é isso? – Estreitei os olhos.

- Bebe – mandou ele. – Só um gole não faz mal.

Continuei desconfiada quando tomei um gole. Era uma bebida estranha que desceu queimando pela minha garganta. Por um momento eu pensei que talvez houvesse feito errado, pois eu acho que me engasguei e comecei a tossir.

- Que porra é essa Hyde?! – gritei entre tossidas.

- Chihuahua, conheça a cola dos corações partidos: o uísque!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Antes que eu me esqueça, agradeço aos reviews de: NairAlves, enzaaa, Caele, lik, Piscicottica, Thatai, RêLovegood, mayyy, Lara Leal, Bananadepijamas!
Desculpem a demora, e prometo que vou responder aos reviews quando tiver tempo.