1934 – Rosalie POV

Eu pulei de telhado em telhado. Não queria ser vista. Eu tinha acabado de matar todos os amigos de Royce. Ri sombriamente me lembrando de suas tentativas patéticas de me parar. Nada me pararia agora que eu tinha começado. Esse era o único modo de conseguir alguma paz depois do que aqueles desgraçados fizeram comigo.

Eu tinha bastante auto-controle para ter certeza de que mataria cada um lentamente, sem a necessidade de beber seu sangue.

Eu pulei do telhado para a parte superior de uma igreja. Aguardei alguns segundos e olhei para o quarto cinzento em que meu ex-noivo estava trancado. O quarto era um cofre e os guardas em frente a ele estavam de pé ao lado da porta. Cada um deles estava armado, armas insignificantes que não teriam a menor chance contra mim.

Troquei-me para o vestido de noiva que eu tinha roubado. Era bonito, branco e brilhante. O tipo exato que eu queria para o meu casamento.

Deixei escapar um soluço de dor pela vida que fora roubada de mim. Eu era tão patética. Tão egoísta... Eu tinha a vida que qualquer mulher sonharia ter. E deixei que meu egoísmo infundado separasse minha filha de mim. Eu estraguei minha própria vida. O que Royce fez foi terrível, mas não teria acontecido se eu não fosse tão imbecil com Bella.

Ah, Bella! Desde que fui transformada penso nela a cada instante. Quando não estou caçando, fico pensando em como tudo poderia ser diferente. Mas era tarde demais! Eu provavelmente nunca mais a veria! Mas cuidaria dela, mesmo de longe. Carlisle disse que cuidaria para que nada lhe faltasse quando Royce morresse. Eu não poderia deixá-lo viver depois do que me fez. Ele poderia fazer isso com outra pessoa. Poderia fazer com a Bella! Só o pensamento do Royce tocando nela com aquelas mãos imundas, me deixava furiosa.

Fechei os olhos tentando mudar o rumo de meus pensamentos. Precisava me concentrar no que faria agora para não me arrepender de nada depois.

Pulei em cima do cofre. Fiquei em silencio, os guardas não se moveram. Pulei atrás deles e agarrei seus pescoços. Eu não tinha nada contra eles, afinal eram inocentes, então os matei de forma rápida e praticamente indolor.

Raspei minhas unhas sobre a porta de ferro, fez um som horrível e eu espero que isso o assuste.

Puxei a porta arrancando-a de uma só vez, ela voou e caiu a poucos metros de distancia. Eu entrei no quarto escuro do mesmo jeito que entraria na igreja, com flores na mão e tudo. Ri internamente do quão teatral eu poderia ser se quisesse.

Royce estava encolhido em um canto, com uma arma na mão tremula, apontando-a em minha direção.

– Quem é você – perguntou com a voz tremula. Ele estava aparentemente tentando ser firme, mas o medo era maior. E ele tinha toda razão de estar com medo.

– Oh, baby! Isso é terrível! Como pode esquecer sua própria noiva? A mãe de sua filha! – questionei e logo depois tirei o véu. Havia uma pequena claridade no quarto e a luz brilhou diretamente em meu rosto. O momento dramáticoperfeito!

Royce piscava freneticamente, não acreditando no que via. A expressão em seu rosto era impagável. O ódio que eu sentia por ele era tão grande que a idéia de arrancar sua cabeça de uma vez só foi tentadora. Mas ele merecia sofrer e ele sofrerá! Sorri ameaçadoramente ouvindo seu coração acelerar.

– Oh, sim querido! Sou eu, sua Rose! Por que você não vem aqui me dar um beijo? – sorri expondo meus dentes o máximo possível.

Royce estava apavorado, eu podia sentir o cheiro de seu medo girar ao redor do quarto.

Ele balou a cabeça de um lado para o outro como se tentando sair de um transe. Seu olhar estava preso em mim, mas parecia estar perdido ao mesmo tempo.

– Não pode ser... Você, você está morta! Deixamos você na rua... – ele perdeu a fala ao notar o olhar de ódio e nojo em meu rosto.

– Sim, estou morta! Mas em breve você também estará! – eu ri e acariciei seus cabelos delicadamente com a ponta de meus dedos.

Ele atirou em mim, agilmente desviei e antes que ele pudesse piscar eu estava sentada ao seu lado. Seus olhos estavam tão amplos que seria cômico se não fosse o terror puro que ele exalava.

– Faça o que quiser comigo Rosalie, só traga a Bella de volta! – ele rosnou para mim se levantando. Eu parei de sorrir assim que as palavras saíram de sua boca.

– Do que está falando? – perguntei confusa, estreitando os olhos para ele. Se isso era um truque para me distrair, ele sofreria ainda mais depois.

– Não se faça de idiota! – ele gritou ficando vermelho de raiva.

Segurei seu pescoço e o prensei contra a parede mais próxima. Ele respirava pesadamente e se debatia, tentando se livrar de meu aperto. Relaxei um pouco minhas mãos para que ele pudesse respirar.

– Explique! – rugi sem paciência. Eu comandava esse jogo, ele não tinha direito de exigir nada agora!

Ele respirou fundo algumas vezes. Quando sua respiração se acalmou um pouco, ele olhou diretamente em meus olhos, não se intimidando com o olhar de reprovação que lhe lançava.

– Bella desapareceu!

A expressão de Royce não era mais a de um homem arrogante que tentou matar a própria noiva, era a de um pai que perdeu a coisa mais importante de sua vida, sua filha.

Eu enxergava tudo vermelho. Meus planos de nunca matar ninguém depois de me vingar de Royce foram pro espaço. Quem ousar fazer mal a minha filha sofreria dez vezes mais do que sofri durante minha transformação!

– Como assim a Bella desapareceu? – perguntei debilmente, esperando – desejando – que eu tivesse escutado mal. O que era impossível graças a minha audição vampiresca. – Quando? – rugi apertando seu pescoço mais forte, antes de soltar o corpo mole de Royce no chão.

Ele tossiu segurando seu pescoço antes de responder.

– Foi no dia seguinte em que você... Morreu! – declarou não sabendo ao certo o que dizer. Eu riria debochadamente em sua escolha de palavras se não estive tão furiosa.

Eu tinha certeza que meu rosto estava deformado tamanha raiva que sentia. Se fosse humana minha face estaria vermelha escarlate.

– Quem? Como? O que? Ah! – eu gaguejava pateticamente sem saber o que dizer. Sem saber o que pensar! – COMO VOCÊ PERMITIU ISSO? COMO? – gritei em seu rosto fazendo-o recuar.

Ele se encolheu ainda mais no chão e eu conseguia ver que ele fazia um grande esforço para não chorar.

Eu deixei minha vingança de lado por um momento. Só queria saber o que aconteceu com a minha Bella!

– O que aconteceu com ela Royce? – perguntei com uma falsa calma. Eu estava tentando ao máximo me controlar para não cometer um assassinato em massa em Rochester. Como Royce deixou algo assim acontecer? Eu não conseguia acreditar!

– Eu não sei! – ele respirou fundo fechando os olhos. – Eu estava ajudando meu pai com alguns assuntos no banco, quando seu pai chegou dizendo que recebeu um aviso desesperado de sua criada dizendo que não achava Bella em lugar algum! – ele abriu os olhos, não conseguindo esconder toda dor que sentia, estava estampado em seus olhos para quem quisesse ver. Sua explicação não me acalmou em nada, na verdade, eu estava mais furiosa ainda.

– Nós procuramos por cada canto da casa, no jardim, e quando não encontramos nem um sinal de sua passagem por lá comunicamos a policia. – ele sorriu ironicamente para mim, mas não encontrou meus olhos. Em meio a toda tristeza, o medo estava lá, é claro! – Imagine como eles ficaram surpresos ao saber que tínhamos uma filhinha!

– Acha que ela está morta? – perguntei não escondendo o temor em minha voz. Eu não agüentava mais manter essa conversa. Precisava falar com Carlisle. Precisava descobrir onde minha filha está.

– Você é o fantasma aqui! – ele riu sem humor. – Sim, ela provavelmente está morta!

Olhei mais uma vez para Royce me lembrando o porquê estar ali. Eu sentia o meu ódio por Royce se misturando com a raiva de mim mesma por não estar lá para proteger Bella.

AVISO: VIOLÊNCIA!

Prendi a respiração e pisei com força na perna estendida de Royce ouvindo o barulho dos ossos se quebrando. Seu grito agoniado me fez sorrir levemente. Isso não foi nem metade do que ele sofreria essa noite.

Ele fez menção de se levantar. Soquei seu peito com meu punho fazendo-o cair para trás, seu grito ficou duplamente mais alto. Pisei no outro pé, e depois observei como suas pernas estavam distorcidas. Sorri ainda mais com isso.

Levantei uma das mangas de sua camisa, acariciando seu braço com minhas mãos frias. Enfiei as unhas em seu braço exposto e desci a mão rasgando sua pele, fazendo o sangue jorrar de seu braço sujando toda sua camisa branca. Suas calças já estavam manchadas devido às lesões nas pernas.

Eu soquei a barriga e as costelas numerosas vezes, rindo todas as vezes que ouvia o barulho de estalar dos ossos. Suas pernas estavam quebradas em vários lugares diferentes, seus ossos eram facilmente esmagáveis. Tão humano.

Depois de algumas horas seus gritos diminuíram para urros de dor, e aos poucos ele foi se calando.

Eu não estava respirando, mas até a visão do liquido vermelho que manchava seu corpo – quase – todo, me dava sede.

Ele tentava gritar, mas não tinha ar suficiente. A última coisa audível que ele disse foi o nome de Bella. Isso pareceu me despertar para o que eu estava fazendo. Não me arrependia por matá-los, mas torturá-los a esse ponto era monstruoso. Eu era um monstro!

Abruptamente segurei sua cabeça, arrancando-a em seguida. O corpo caiu no chão em um baque mudo, joguei a cabeça perto de seus pés e corri daquele lugar o mais rápido possível.

AVISO: VIOLÊNCIA OFF

O que Royce disse sobre Bella martelava em minha cabeça. Ela havia sido seqüestrada? Ela fugiu? Minhas emoções estavam prestes a me deixar louca.

Olhei para o vestido que poucas horas atrás era perfeitamente branco. Ele estava todo salpicado de sangue, por tanto não ousei respirar. Senti nojo de mim mesma por fazer isso... Bem, o que eu planejei era dez vezes pior, mas eu não era forte o suficiente.

Pensei que depois que me vingasse me sentiria melhor. Mas não, eu estava muito pior do que antes. Ainda mais depois do que Royce me contou sobre Bella. Ela poderia estar morta!

Percorri o caminho para casa correndo o mais rápido possível com minha velocidade de vampira, enquanto soluços secos saiam de minha garganta.

Eu procuraria por Bella. Eu nunca desistiria. Eu tinha a eternidade para isso!

Com esses pensamentos voltei para casa. Voltei para minha nova família.

Minha família de vampiros!