Behind Blue Eyes escrita por Dani


Capítulo 1
No one knows what its like...


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)

LINK DA MÚSICA: http://www.kboing.com.br/limp-bizkit/1-300303/

LETRA/TRADUÇÃO DA MÚSICA: http://www.vagalume.com.br/limp-bizkit/behind-blue-eyes-traducao.html

Comentários nas notas finais



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"No one knows what it's like
To be the bad man
To be the sad man
Behind blue eyes
And no one knows
What it's like to be hated
To be faded to telling only lies"



"Ninguém sabe como é
Ser o homem mau
Ser o homem triste
Atrás dos olhos tristes
E ninguém sabe
Como é ser odiado
Ter que fingir que só contar mentiras"


 


Um dia eu acordei e era quase um rei. Talvez um príncipe de um reinado construído a partir de mentiras. Eu tinha tudo que qualquer homem poderia querer, menos o que eu precisava.

A Capital me deu tudo que a vida material poderia oferecer. Banquetes exageradamente enormes, roupas caras, mulheres belíssimas que esqueciam do amor próprio a oferecerem a mim tudo que seus corpos poderiam oferecer.

Quando venci os Jogos eu me sentia o ser mais sozinho do mundo todo. Me afundei no álcool, nas drogas, nas mentiras, no dinheiro e principalmente, nas sujeiras dos segredos que mantinham todo o sistema.

Voltei para meu Distrito um dia, cansado de toda aquela vida vazia de vícios e a encontrei outra vez. Annie Cresta, a dona dos olhos mais belos, do sorriso mais sincero, da mente mais distinta. Naquele momento, de nosso reencontro eu soube que a amava, mais do que deveria.

Antes de ambos irmos para os Jogos éramos inseparáveis. Mas quando eu venci os Jogos eu perdi tudo. Minha família, meus amigos, minha antiga vida.

Quando vi Annie outra vez ela parecia tão atormentada pelos fantasmas da arena como eu, mas ainda havia boa parte da Annie que eu amava ali dentro. Ela não viu em mim o homem fútil e com obsessões materiais que eu havia me tornado, ela ainda enxergava em mim o menino do Distrito 4 que se gabava pela rapidez no nado e que era conhecido pela vaidade.

Em todos os anos em que eu participava em competições de nado no Distrito havia apenas uma pessoa que havia me vencido: Annie.

Annie havia me vencido em todos os sentidos que você possa imaginar, em todos os sentidos que um homem possa perder.

– Perder para uma garota, Odair? – meus amigos fizeram graça comigo aquele dia por Annie ser tão pequena e parecer tão angelical. Isso pouco importou, ela me venceu no momento em que nos vimos na competição.

Eu e Annie sempre tivemos uma história. Quando éramos crianças brincávamos na praia e quando a mãe de Annie morreu nós fugimos para a praia mais distante do distrito, com apenas 10 anos. Nosso relacionamento era baseado em encontros e desencontros até que nos tornamos vizinhos.

Eu a via em todos os lugares, como se ela me cercasse e tudo que eu pensava era sobre ela, sobre o perfume de seus cabelos e a delicadeza de seus traços faciais. No dia da competição de nado vê-la roubou-me toda a vontade de vencer.

Ao voltar para casa aquele dia Annie estava sentada na janela de meu quarto como fazia quando éramos crianças.

– Você me deixou vencer. – ela me acusou.

– Você é melhor do que imagina. – tentei convencê-la, mas Annie sempre fora teimosa.

Naquela noite conversamos sobre tudo e nada. Antes de ir embora, Annie sentou-se ao meu lado em minha cama e colocou sua mão direita delicada em minha face, ao lado de meus olhos.

– Eu sempre gostei de você, Finnick Odair. – ela me disse, já que eu havia contado a ela que ninguém parecia realmente gostar de mim, me achavam tão esnobe que não perdiam o tempo tentando me conhecer.

Pensei em respondê-la dizendo o quanto eu também gostava dela, mas ela me surpreendeu com um beijo. O primeiro beijo que fez todo o meu corpo tremer, eu me sentia uma criança novamente, que não sabia o que fazer. Assim que Annie nos uniu em um beijo, nossos lábios pareciam terem sido feitos para aquele momento.

– Annie. – eu sussurrei sem ar quando ela se afastou de mim.

Ela me olhou nos olhos intimamente, como sempre fazia, e como toda vez que ela fazia isso, eu perdi as palavras enquanto ela me deixava sozinho em meu quarto.

No dia seguinte eles escolheram meu nome na colheita.

Ao subir no palco tudo parecia embaçado, mas eu não chorava. Eu sorria com a confiança de que sendo um Carreirista aquela vitória estava no papo, mas não era assim que eu me sentia. Eu treinei toda a minha vida para isso e sempre quisera ser escolhido, mas agora que eu finalmente encontrara algo que me fazia querer ficar no Distrito, e ter uma vida calma ali, meu nome foi chamado.

Vizualizei a garota dos cabelos negros e pele pálida e rosada me olhando com os olhos cheios de lagrimas.

Vejo Annie equilibrar os olhos entre mim e a tributo feminina ao meu lado. Faço um gesto negativo com a cabeça, ela não pode se candidatar como tributo.

– Eu me...- Annie começou a falar e então eu sussurrei com os lábios eu voltarei. Isso a calou, mas não a satisfez. Comecei a sorrir e agir com a maior naturalidade daquele dia em diante, mas eu estava assustado. Logo agora que eu entendia que meus sentimentos por Annie eram verdadeiros e mais fortes do que eu imaginava, estaríamos separados.

– Eu vencerei e voltarei. – gritei para o publico, mas um pedaço de mim se despedaçava ao ver Annie correndo pela multidão e desaparecendo. Mas naquele momento eu tive algo que me faria lutar, eu havia prometido que voltaria, e havia prometido isso a Annie.

Então venci, voltei e tivemos dias doces até que a Capital me pediu favores e eu me recusei a fazê-los. Na semana seguinte ao não que dei a Capital, Annie foi escolhida como a nova tributo do Distrito. Logo ela seria jogada na arena, e tudo que eu sentia sobre isso era culpa e ódio de mim mesmo. Eu havia condenado uma pessoa que eu amava a morte.

Mantendo a mesma promessa ela voltou, mas não era a mesma, eu sentia que eles havia matado uma parte da pessoa que eu mais admirava no mundo, eu sentia que eles estavam me torturando e me atacando pelo lado de doía mais, então deixei Annie e fui a Capital, me tornei tudo que eles queriam, toda a imagem que eles haviam construído para mim.

Isso não durou muito. Uma garota, Katniss Everdeen, teve a coragem de fazer o que eu tive: desafiá-los. Em silencio eu concordei com cada ato de Katniss, mas eu havia aprendido a me proteger, minha proteção garantia a proteção de Annie e isso era tudo que importava.

Após participar do Massacre Quaternário, a revolução começou. Mas tudo que eu queria era vê-la, tocá-la, senti-la.

Até que eles conseguiram resgatá-la.

No nosso primeiro intimo nos beijamos como nunca havíamos nos beijado antes. Havia urgência nos beijos, eram tantas emoções que foram trancafiadas por nós dois e que éramos como um só, o que sentíamos um pelo outro, nos tornava quase o mesmo ser. Ela me completava e eu tentava fazer dela, todos os dias, a mulher mais feliz do mundo.

Quando nos casamos eu senti, pela primeira vez, que havia esperança no mundo. Que nós poderíamos sair juntos, vivos e finalmente, livres de tudo aquilo.

– Eu a amo. – contei a ela pela primeira vez no nosso quarto minúsculo no Distrito 13. Quando ficamos sozinhos pela primeira vez desde que ela chegou ao Distrito-Fantasma, como Annie havia o apelidado – Eu a amo como nunca amei ninguém. Nenhuma das mulheres da Capital ou nenhum prazer que o dinheiro pode comprar. – tentei fazê-la entender.

– Eu sempre gostei de você, Finnick Odair. – ela me disse como na outra vez, antes de nosso primeiro beijo, e então eu soube que a mulher que eu amava ainda estava ali.

Meses se passaram, e uma coisa era certa: teríamos que atacá-los diretamente. Quando contei a Annie uma coloração vermelha marejou seus olhos azuis de boneca.

– Não chore. – eu pedi a ela tentando controlar minhas próprias lagrimas.

– Não posso perdê-lo outra vez. – ela me disse.

– Eu voltarei. – eu prometi outra vez, mas ela apenas negou com a cabeça.

– Você nunca realmente voltou, eles nunca realmente te libertaram, Finnick. Você não vê? Nós dois nunca fomos libertos. Nem nós, nem Katniss, Peeta ou Haymitch. Nós somos ainda tributos e agora você estará de volta a arena. – nunca a vi tão desesperada, tão vazia da paciência e plenitude que sempre estavam com ela, falava muito rápido, quase cuspindo as palavras.

Pus as mãos ao redor dos olhos amendoados mais belos e sinceros que existiam no meu mundo. Porque ela era meu mundo, sempre fora e sempre seria.

– Eu a amo. – disse a ela pela milésima vez. – Eu a amarei até minha ultima batida cardíaca.

Ela abaixou os olhos e não me encarou outra vez, entendi aquilo como um adeus. Um adeus seco e dolorido, mas eu a entendia, não havia palavras suficientes para uma boa despedida entre nós, nunca haveria uma boa despedida entre nós. Ter que deixá-la me quebrava por dentro.

Eu estava deixando a única pessoa que me amou por completo, pelo homem que eu era, pelo caráter que ninguém tentava enxergar, mas que nós dois sabíamos que eu tinha.

Quando virei para encarar o amor de minha vida pela ultima vez, Annie estava tão perto de mim que senti seu hálito, ela sempre fora sorrateira e silenciosa, mas isso não me incomodava.

Me perdi na bagunça de beijos, cabelos e braços que nós dois juntos éramos. Fizemos amor pela ultima vez, mas nunca deixei de amá-la.

Coloquei minhas roupas da forma mais lenta que podia, mesmo assim o tempo com Annie parecia correr.

Ao sair do quarto ouvi sua voz rouca e bela chamar meu nome.

– Sim? – a perguntei.

– Eu também o amo. – ela disse por fim. – Sempre o amarei.

– Sempre. – respondi de volta.

– Sempre serei apenas sua. – ela disse abaixando os olhos.

– Sempre. – eu disse ao fechar a porta. As lagrimas começando a descer por meus olhos. Sempre era a única palavra que descrevia minha relação e amor por Annie. Sempre juntos mesmo que a distancia nos machucasse. Sempre unidos por mais que tudo estivesse contra nós. Era exatamente como eu e Annie dizíamos ao pular nos riachos e nadar nos lagos de nosso Distrito: somos nós contra o mundo.

E agora que eu estou cercado por esses bestantes, todos os momentos importantes de minha existência passam por meus olhos e em todos ela estave presente. Eu a amo, eu a amei, eu a amarei, mesmo após a morte iminente.

Ela foi a única que enxergou através de meus olhos azuise tristes, através do que eu me permitia mostrar e eu fui o único que percebi que não havia nenhum insanidade em Annie apenas um espírito livre que enxergava o mundo a sua própria maneira e eu sempre serei grato por todo o amor que ela me deu.

Eu sempre a amarei. Sempre.




 

“Bem abaixo, só consigo distinguir Finnick, lutando para se manter de pé quando três bestantes o atacam. Quando um deles puxa sua cabeça com força para trás com o intuito de dar a mordida da morte, ocorre uma coisa bizarra. É como se eu fosse Finnick, assistindo a imagens de minha vida passando em minha mente. O mastro de um barco, um paraquedas prateado, Mags rindo, um céu cor-de-rosa, o tridente de Beetee, Annie em seu vestido de casamento, ondas batendo nas rochas. Em seguida, tudo se acaba.” Katniss Everdeen em A esperança, página 336.


 

"But my dreams they aren't as empty. As my conscience seems to be. I have hours, only lonely. My love is vengeance that's never free"


"Mas meus sonhos não são tão vazios, como minha consciência parece ser. Eu passo horas só de solidão. Meu amor é uma vingança que nunca será livre."




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Notas finais do capítulo

E então o que acharam? *-* Eu conhecia essa musica faz tempo mas ontem a ouvi e hoje quando acordei eu pensei: essa música e o Finnick tem muito em comum. Então quando comecei a escrever toda uma história através do Finnick e da música foram surgindo. Espero que tenham gostado. Se ler comente, recomende, favorite *-* KISSES FROM DISTRICT 2 ♥