Milagre de Inverno escrita por Miya


Capítulo 1
Nas Ruas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem *-*
Já tô com ela toda montada,
Vai ser uma fic curta, creio que terá uns 10 capítulos no máximo^^



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Ele ia caminhando com dois enormes sacos, um já cheio de latinhas de refrigerante e outro cheio de garrafas pet, o dinheiro que conseguiria ali daria pra se alimentar durante dois dias, não era gordo, mas vivia quase sempre sujo e com a barba relativamente grande, passava por volta de uma semana pra conseguir tomar um banho de verdade, sabia que isso era perigoso que corria riscos de ter graves doenças, mas era o jeito, não tinha oportunidades pra isso.

Só o que poderia fazer durante o dia era recolher latinhas, garrafas pet e papelão, era assim que conseguia algo, mas era algo muito concorrido, muitos mendigos e pessoas que trabalhavam com aquilo também faziam isso, o que ele conseguia era pra apenas comer durante uns dois dias, no máximo.

Foi até seu comprador, não poderia passar a noite com aquilo nas costas, se continuasse viriam roubar, foi até o senhor responsável pela reciclagem e deixou lá o que havia juntado, tinha conseguido vinte reais, isso seria o suficiente para comprar uma barra de sabão neutro, um barbeador barato, e algo pra comer. Era um verdadeiro alívio quando conseguia, mas tinha que tomar cuidado, mesmo tendo pouco, tinha gente que ainda queria roubar o pouco que tinha, como ainda era por volta das 18h ele resolveu comprar o que precisava no mercadinho.

Comprou o que precisava e foi até o banheiro que utilizava, custava cinquenta centavos para utilizar o banheiro durante quinze minutos, isso era tempo suficiente para ele tomar banho e fazer a barba, já estava acostumado a fazer isso nos sábados a noite, era dia de feira, os dias que poderiam arrumar mais dinheiro.

Mas esse era um sábado diferente, era início de inverno, os dias frios e as noites mais frias ainda, tinha que arrumar um abrigo quente e seguro, o que lhe deixava um pouco feliz era que nessas noites era distribuído sopa para os mendigos e para os necessitados junto som lençóis de doações, pelo menos nesse dia dormiria quente e bem alimentado.

Depois de ter terminado, foi em direção ao lugar onde distribuiriam as sopas, só que só iniciaria por volta das dez horas, para esquentar quando estivesse pelo mais alto pico do frio, logo chegou a praça e ficou sentado em um dos bancos e olhou seus cabelos, estavam grande demais, incomodava, se lembraria de no outro dia pegar a tesoura do senhor da venda, que lhe ajudava quando não tinha o que comer, e daria um jeito em seu cabelo.

Suspirou cansado, era sempre a mesma coisa, as mesmas preocupações, a mesma vida difícil todos os dias, não sabia nem quando tinha ido parar ali, nem mesmo sua idade sabia, só sabia que seu nome era Sasuke, só Sasuke, nem de seu sobrenome se lembrava. Pensava em como teria sido sua vida se não morasse nas ruas, provavelmente estaria terminando o ensino médio, ou talvez já estivesse na faculdade.

Será que seus pais estavam vivos? Será que tinha irmãos? Primos?

Suspirou cansado, não tinha motivação, apenas buscava o necessário para aquele dia, e nesse caso, para aquela noite, era a primeira noite de inverno, a pior época do ano para os moradores de rua, nos outros anos ele havia conseguido um lugar perto de uma padaria, mais especificamente, perto do forno da padaria, era tudo o que precisava, os tijolos continuavam quentes por quase toda noite, já que tarde da noite eles ainda faziam as encomendas, mas o dono da padaria se mudou e lá foi destruído, depois de cinco anos ele ficou sem lugar pra dormir pelo período frio, colocaram uma lanchonete no lugar. Era novato nesse novo lugar, ficou sabendo da sopa pelo senhor do mercadinho, que algumas vezes lhe deu de comer em troca de trabalho, mas como ele também tinha muito o que pagar, não era sempre que ele chamava Sasuke para ajudá-lo

Olhou ao seu redor e viu alguns casais abraçados, namorando... será que ele teria uma namorada um dia? Riu ironicamente logo em seguida, que garota gostaria de namorar com ele? Um morador de rua que não tinha nem onde dormir, olhou pras suas roupas e concluiu que talvez nunca encontrasse alguém que gostasse dele, a maioria das pessoas olhavam pra ele com nojo, sem sequer o conhecer.

Sabia de muita coisa, afinal, uma das coisas que ele não tinha se esquecido foi de ler, e o que ele mais encontrava pela rua eram jornais, viu até alguns livros velhos, alguns ele lia e logo passava pra alguém ou jogava em um lugar que achava que alguém fosse pegar, não tinha lugar fixo, então não podia guardar nada além do que as roupas que tinha e seu cobertor.

Viu que mais moradores de rua e pessoas pobres começaram a chegar, a caminhonete que distribuía sopa deveria estar chegando. Meia hora depois a viu chegar, algumas pessoas desceram e colocaram três mesas e alguns pratos de plástico. Quando começou a aglomeração ouviu um homem loiro falar alto



– Sem alvoroço, temos comida pra todo mundo, e podem repetir se quiserem, façam filas em frente aquela mesa para que possam pegar cobertores e roupas se precisarem.



Sasuke não pensou duas vezes como muitas pessoas dali e foi até lá, deveria ter por volta de umas trinta pessoas lá, era relativamente pouco para a quantidade do lugar que ele morou.

Pegou seu cobertor e o colocou debaixo do braço para seguir em direção a fila da sopa, não demorou muito pra chegar a sua vez, pegou o pratinho que já estava colocado e agradeceu a garota loira e bonita que arrumava alguns pratinhos já cheios na mesa.

Tentou ir até o banco onde estava, mas já tinham ocupado seu antigo lugar, andou mais um pouco e se sentou perto de uma árvore, em outro banco que tinha lá. Olhou para o lado e viu que tinha um senhor ao seu lado que já não aguentava nem andar de tanto frio que fazia, ele poderia morrer ali, andou até ele com o intuito de lhe dar seu cobertor enquanto ele iria pegar sopa pra ele e quase esbarrou em uma moça que já estava com um prato se sopa para o senhor.



– Desculpe... – levantou os olhos e se deparou com grandes olhos verdes, brilhantes

– Está tudo bem – ela corou um pouco ao sorrir pra ele, mas depois se virou para o senhor - aqui está sua sopa sim?

– Obrigado – respondeu o senhor enquanto recebia o cobertor grosso que Sasuke havia pego

– Espere bem aí, vou trazer outro cobertor pra você – falou olhando para Sasuke que apenas deu um aceno silencioso



Viu ela andar rapidamente e viu que ela tinha um olhar de decepção quando olhou o local onde estavam os cobertores, ela falou com alguém e foi pegar algo dentro do carro. Uns minutos depois viu ela sair de lá praticamente trotando de felicidade, parecia ter encontrado algo pra ele.



– Não tinha mais cobertores grossos, então eu peguei casaco, calça, meia, luvas e touca pra você, e esse cobertor que é mais finos do que os outros – ela falava de um jeito que lhe pedia desculpas

– Não se preocupe, isso é mais que suficiente, obrigado – ele deu um pequeno sorriso a ela e reparou que ela o olhava fixamente – algo errado?



Viu ela caminhar até o banco em que ele estava e se sentar lá, ele a seguiu e se sentou também.



– Você ficaria ofendido se eu dissesse algo?

– Não ligue pra isso, pessoas me insultam sem eu fazer nada com elas todos os dias, já me acostumei – ele tinha um olhar distante – pode falar...

– Bem err... é que você é muito bonito. – ela corou quando lhe confessou isso.

Sasuke sorriu um pouco e corou também, poucas pessoas tinham falado com ele em sua vida, e muito menos o elogiado.

– Obrigado – sorriu sincero – isso significa muito pra mim

Sakura lhe sorriu de volta.

– Não vai repetir a sopa?

– Acho que sim, vamos?



Ela apenas se levantou e andou ao seu lado até a pequena fila. Ele ficou e ela foi falar com o cara loiro, às vezes ele olhava pra Sasuke e logo depois voltava seu olhar para a garota. Sasuke pegou sua sopa e voltou para seu antigo lugar.

Depois de ter terminado sua segunda dose de sopa viu o cara loiro se aproximar e se sentar ao seu lado.



– Olá garoto...

– Oi... – Sasuke estava desconfiado

– Meu nome é Inoichi, e o seu? - estendeu a mão e Sasuke a apertou

– Sasuke...

– Mora há muito tempo na rua Sasuke?

– Desde que eu me lembro que existo

– Tem familiares?

– Não sei... – respondeu vago – se eu tenho também não me lembro

– Hum... você trabalha?

– Não, porque? Vai me dar um emprego? – Sasuke arregalou os olhos com a hipótese

– Não é bem um emprego, eu gostaria que você ajudasse minha filha na floricultura, eu e a mãe dela estamos trabalhando fora e não temos tempo para ajuda-la, precisamos de alguém que cuide de regar as flores e limpar o local enquanto ela atende os clientes e cria modelos de buquês, você aceita?

– Não vão me perguntar se eu tenho estudos ou documentos?

– Isso não é necessário, sabemos que você precisa do dinheiro e você é um dos poucos que tem saúde pra trabalhar, os outros são crianças, ou pais com seus filhos e outros muito velhos que não aguentam trabalhar, gostaria muito que aceitasse

Sasuke sorriu e respondeu.

– Obrigado senhor Inoichi, o senhor não vai se arrepender

– Tenho certeza que não...




Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não se esqueçam de comentar hein
:**
Coisas adicionais da fic postarei no meu blog futuramente http://imyselfandgisele.blogspot.com.br/