O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 9
O pior dia




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Fui caminhando lentamente em direção à escola, tentando ignorar a dor que parecia esmagar meu crânio. Estava cruzando todos os dedos, torcendo para que as pessoas tivessem esquecido da revelação do dia anterior. Eu sei, esperançosa demais. Mergulhei em pensamentos, planejando o que faria se ainda lembrassem. Não haveria nada a fazer, com certeza não. Teria que aturar as zoações (um pouco merecidas, de fato). Comecei a ficar agoniada e pensei seriamente em voltar correndo para casa, mas não podia, tinha prova de física e eu precisava muito de pontos nessa matéria.

Estava tão absorta em meus pensamentos que nem percebi que Hannah andava ao meu lado, não fazia ideia há quanto tempo. Ela parecia triste ou preocupada, não tinha certeza, andando cabisbaixa e silenciosa ao meu lado.

–Hannah -ela levantou o olhar para mim- O que foi? Por que está assim?

–Eu sei o que você fez ontem anoite.

Arregalei os olhos. Como ela poderia saber?

–Co-como você...

–Fiquei te observando da janela quando nos separamos e vi você virando na rua errada. -começou a explicar, me interrompendo- Achei que, sei lá, você tinha errado o caminho e fui atrás de você. Foi então que te vi entrando naquele bar, que fica perto da sua casa.

–Eu não sabia o que estava fazendo. Eu prometo que não vou nem chegar perto daquele bar de novo.

Ela me encarou desconfiada, mas assentiu. Fomos praticamente correndo para a escola, nos atrasamos quando paramos para conversar.

Entramos na sala faltando um minuto para a aula começar. Tinha me esquecido, por um momento, do que estava me preocupando, mas alguns idiotas da minha classe fizeram questão de me lembrar.

–Hey, Ellie, me explica qual é a diferença entre roxo e lilás.

–Ellie, você acha que laranja combina com azul?

Entre outras piadinhas ridículas envolvendo cores. Encarei-os com um olhar mortal e desabei na minha carteira, tudo o que eu queria nesse momento era poder quebrar o pescoço daqueles engraçadinhos. Foi assim o dia inteiro, piadinhas, zoações, e a cada palavras que saia da boca de um daqueles babacas eu sentia mais ódio e dor.

Mas o auge do meu dia foi ser pega "colando" durante a prova de física. Algum dos idiotas atirou uma bolinha de papel na minha cabeça, desamassei o papel e li: qual é a sua cor preferida? Ridículo, não? E infantil! O problema foi o professor chegar no momento em que eu lia o que estava escrito no papelzinho e cismar que eu estava colando, mesmo depois de ler a "cola".

–Deve se algum tipo de cola codificada. -insistia o professor para a coordenadora. Que cara maluco.

–Seria mais fácil ela estudar do que bolar uma cola codificada. -disse ela, me defendo. Santa Dona Louise! Ela era a melhor coordenadora do mundo, com ela, ninguém levava suspensão.

Depois de gastar todos os seus argumentos, o professor me deixou terminar a prova. A aula de física era a última do dia, então tive que continuar na escola depois que o sinal bateu para terminar a maldita prova. Por um lado isso era ruim, demoraria mais para eu poder voltar para casa, por outro, eu não teria que ouvir mais piadinhas relacionadas ao meu daltonismo, afinal todos teriam ido embora.

Não me surpreendi ao ver Hannah me esperando, quando sai da sala. Ela queria ter certeza de que eu não me desviaria, novamente, do caminho de casa, foi me acompanhando até a porta. Só saiu da frente da minha casa quando teve certeza de que eu tinha entrado e trancado a porta.

Estava no meu quarto, eram quase sete horas e meus pais ainda não tinham voltado para casa. De repente, ouvi alguns gritos vindos da rua em frente a minha casa e o vidro da minha janela, que estava fechada, se quebrou, espalhando cacos por todo o chão, alguém tinha atirado uma pedra relativamente grande. Fui até a janela, acho que todas as pessoas da minha classe estavam reunidas em frente a entrada da minha casa, vaiando e gritando algumas ofensas imaturas. Como poderiam ter chegado a esse ponto? Lágrimas de raiva correram pelo meu rosto, como no dia anterior. Eu devia chamar a polícia, mas acabei tomando uma atitude mais imatura e idiota do que as piadas que eram gritadas da rua: peguei um balde bem grande, enchi com água gelada, fui até a janela para conferir a posição deles e (é isso mesmo que está pensando) joguei a água em cima deles! As meninas que estavam lá, incluindo Jéssica, a vadia que era a nova namorada do Brandon, deram um chilique e todos começaram a me chamar de louca. A louca era eu, com certeza. Se bem que, daquele jeito, eu acabaria ficando mesmo. Todos sumiram em um segundo. Eu estava com raiva, magoada e sentia ódio, muito ódio, uma ferida cada vez maior em meu coração. Tinha sido o pior dia da minha vida (pra quem antes tinha uma vida perfeita, tinha sido muito ruim). Queria esquecer tudo, mesmo que temporariamente, mas me lembrei da promessa que tinha feito a Hannah. "Que se dane!" Sai de casa cautelosamente e rumei para o mesmo lugar da noite anterior.

Ficaria tudo bem, eu ficaria bêbada e esqueceria de tudo, me sentiria melhor, mesmo que no dia seguinte acordasse de ressaca.


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