O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 7
Tudo desaba




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Acordei assustada, na verdade, desesperada. Sonhara que todos no meu colégio sabiam sobre meu daltonismo e que todos me desprezavam. Mas não tinha como isso acontecer, todos me amavam, não é mesmo? Tentei afastar esses pensamentos da minha mente, precisava ir para a escola.

Tudo estava perfeitamente normal, até o momento em que passei pela porta da sala de aula. Todos me olharam e começaram a fazer perguntas, todos ao mesmo tempo, fiquei tonta por um momento com tanta aglomeração ao meu redor.

–Vocês terminaram mesmo? –foram as únicas palavras que consegui entender em meio à falação.

Dei um grito e todos que estavam ao meu redor se calaram.

–Não estou conseguindo entender nada. –disse irritada- Uma pessoa só vai falar. Você. –apontei para uma garota, que acredito nunca ter visto antes, que estava logo a minha frente.

–Bom... a gente queria saber se é verdade que vocês terminaram.

–“Vocês” quem?-perguntei, confusa por um momento.

–Você e o Brandon. Vocês terminaram? –todos me encaram com expectativa.

–Ah. Então é isso. Aposto que vocês, garotas, estão doidas para tirar uma casquinha dele. E, sim, nós terminamos.

Eu mal tinha terminado a frase e as garotas que me rondavam foram correndo, provavelmente, atrás de Brandon. Fiquei pensando o que elas viam nele, o que me fez perguntar a mim mesma o que eu tinha visto nele, ele era bonito e tal, mas não tinha nem uma gota de personalidade e era o maior imbecil. Sentei-me na minha carteira e falei com Hannah, que tinha acabado de entrar na sala.

Na hora do intervalo, parecia que a escola inteira já sabia sobre o término do meu namoro, o que era de conhecimento apenas das meninas da minha classe tomou uma proporção gigantesca e, agora, até os menos interessados em fofocas sabiam. Passei meu tempo livre respondendo a mesma pergunta milhões de vezes “Vocês terminaram mesmo?” “Sim, nós terminamos.”.

Mais três horas de aula e depois eu teria que responder novamente aquela pergunta para milhões de outras pessoas. Mas, para minha surpresa, ninguém se aproximou para perguntar quando sai da sala. Ao chegar ao portão da escola, a passagem estava totalmente obstruída por uma aglomeração de alunos, não só garotas (acho que todos que estudavam no meu colégio estavam lá), rodeando o Brandon. Todos pediam para ele contar alguma coisa, mas eu não tinha conseguido entender o que era.

–Tudo bem. Eu conto porque terminei com ela. –seus olhos me encontraram no meio da multidão, fazendo com que todos direcionassem os olhares para mim, gelei- Nós terminamos porque ela é deficiente.

Todos me encaram com olhares sujos, me desprezando, rejeitando. Qual era o problema de ter uma deficiência? Será que não existia uma única pessoa decente naquela escola? Será que eram todos assim... ignorantes e hipócritas? No exato momento que pensei isso percebi o quanto EU era ignorante, talvez até mais, se eu estivesse no meio daquela multidão e outra pessoa que estivesse no meu lugar, eu faria a mesma coisa, desprezaria, julgaria.

Todos começaram a zoar, a vaiar e a fazer piadinhas sobre mim. Sem que eu percebesse, lágrimas começaram a cair de meus olhos, mas não eram lágrimas de tristeza e sim lágrimas amargas de ódio. Fui abrindo passagem por entre os que me rondavam, finalmente passei pela fronteira que separava a escola da rua e sai correndo, correndo e chorando. Que droga!

Hannah saíra logo depois e agora corria atrás de mim, dizendo para me acalmar ignorei-a e continuei correndo. Talvez esse fosse meu problema, ignorar aqueles que tentavam me ajudar. Mas, quanto de ignorância será que cabia em mim?

Faltavam uns cinco metros para eu chegar em casa quando Hannah me alcançou. Meu Deus, como ela era rápida. Hannah segurou meu braço, me fazendo parar, ela me abraçou dizendo que ficaria tudo bem. Pelo menos uma pessoa gostava de mim de verdade, e eu sabia que poderia contar com ela, sempre. Prima, amiga, anjo, essa era Hannah.

Sentamos no meio fio da calçada e ficamos conversando por um bom tempo. Sentia-me melhor, mas ainda sentia muita raiva. Começou a escurecer, tivemos que ir, mas depois que Hannah entrou em casa, tomei um rumo diferente.



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