O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 5
Rejeição


Notas iniciais do capítulo

Dá pra imaginar o que vai acontecer né?
Eu sei, o título é meio óbvio.



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Olhei para o relógio no criado-mudo ao lado da minha cama, já eram seis e meia. Tinha passado a noite inteira acordada, só me restava meia hora antes de ter que levantar e ir para a escola... espere, era sábado. “Ufa! Não conseguiria nem ficar de pé, estou exausta.” Pensei, deixando que minhas pálpebras, pesadas pela noite não dormida, se fechassem.

Acordei subitamente, por impulso, achando mais uma vez que era segunda-feira. Chequei o horário: sete e dez. Meu sono durara apenas quarenta minutos, apesar de parecer que eu estava dormindo há dias. Tentei mais algumas vezes dormir, em vão. Desisti e fui até a cozinha, estava faminta, procurei na geladeira por alguma coisa, uma torta talvez, acabei pegando uma fatia da pizza do dia anterior e comendo fria mesmo. “Uma fatia de pizza fria no café da manhã, delicioso.” No momento em que dei a primeira mordida na pizza minha mãe entrou na cozinha.

–O que é isso, minha filha? –perguntou escandalosamente.

–Um pedaço de pizza. –dei de ombros- Quer uma mordida?

–Largue isso, agora! –minha mãe tinha ficado enfurecida ao me ver segurando aquele pedaço de pizza, como um touro ao ver um lenço vermelho sendo segurado pelo toureiro.

–Tudo bem. –disse colocando a fatia sobre o prato. Qual era o problema de comer pizza? Tudo bem, é estranho comer pizza no café da manhã, mas parecia que minha mãe tinha me pego fumando maconha. Era só pizza.

–Vá se alimentar direito menina. –disse ela, me passando um pote com uma pasta meio estranha.

–Tenho medo de perguntar, mas o que é isso? –perguntei, analisando o conteúdo do pote.

–É mingau de aveia. Muito nutritivo.

–Ai, mãe, credo. –minha mãe era meio neurótica em relação à minha alimentação, ela achava que era desnutrida por ser muito magra (mas era genético), então vivia vigiando o que eu comia.

Depois de uma breve discussão, eu cedi e comi a gororoba de aveia. Fui para meu quarto, tudo parecia tão normal, quer dizer, não parecia que eu tinha descoberto no dia anterior que tinha uma doença incurável, como se ignorássemos esse detalhe. Olhei para minha cômoda, onde eu deixava as roupas separadas, estavam lá, as roupas que separar no dia anterior. “Será que mamãe trocou as roupas?” Não tinha como eu saber. Tirei o pijama e vesti as roupas, escovei os dentes, peteei meus cabelos longos e ondulados, de que cor seriam? Olhei para meu reflexo no espelho e meus olhos fitaram seu reflexo por um momento, qual seria a cor dos meus olhos? Eu nunca saberia, mesmo se medissem, eu não saberia, de fato, a cor.

“Ding-dong!” fez a campainha da porta da frente da minha casa. Fui correndo atendê-la, era Brandon Dean, o cara mais lindo, incrível e perfeito no mundo, e também o mais imbecil e idiota. Passaria o dia no iate dos pais dele com vários “amigos” do colégio.

–Tchau, mãe! –gritei, da sala.

–Aproveitem! Mas não muito... –essa última parte ela disse baixinho, mas eu pude ouvir.

–E aí, gata? –como meu namorado era cavalheiro.

Brandon me puxou para si, antes que eu respondesse, e me beijou. Entramos no conversível dele e fomos, a toda velocidade, para a marina onde ficava o iate.

Na verdade, não aproveitei nada da “festinha no iate”, em cinco minutos quase todos já estavam bêbados. Fiquei assistindo à cenas ridículas enquanto aguardava ansiosamente o fim dessa palhaçada.

Finalmente os relógios marcaram sete horas, o horário limite permitido pelos pais de Brandon, e todos tiveram que ir embora. Brandon me levou até em casa, foi um milagre ter chegado lá viva, pois ele ainda estava meio bêbado e quase provocou vários acidentes.

–Se divertiu? –perguntou ele, me dando um beijo de despedida.

–Claro (que não). –respondi, tentando parecer o mais convincente possível.

Por um momento parei e pensei se não deveria contar a ele que eu tinha um certo problema...

–Brandon, posso te contar uma coisa? –não tinha certeza se era uma boa ideia, ele ainda estava meio bêbado.

–Uhm.

–Bom, é que eu tenho um... probleminha... no olho.

–Probleminha? –ele estava prestando atenção, bom sinal.

–É. Eu tenho... –ponderei por um instante- daltonismo.

–Daltonismo? –ele pareceu, surpreendentemente, em sua total consciência- Você é, tipo, deficiente?

Não respondi, apenas observei sua expressão, subitamente irritada.

–Você tem uma deficiência e nunca me contou? Algum amigo meu sabe?

Fiz não com a cabeça.

–Imagina se descobrirem, o que vão dizer? “Olha o Brandon e sua namoradinha deficiente,” Eu não vou namorar com uma deficiente!

Essas palavras, misturadas a seu olhar desprezador, me atingiram como uma bala de canhão e meu coração se comprimiu a um tamanho mínimo.




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