O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 4
Qual é o problema do meu problema?


Notas iniciais do capítulo

Prontinho, queridos leitores (inexistentes, eu acho). Espero que gostem.



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-Daltonismo?-perguntei, com um tom debochado. Sinceramente eu esperava algo mais... algo pior, como câncer ou qualquer outra doença mortal, daltonismo seria a última coisa que eu pensaria. Também não tinha entendido o motivo de tanto drama por parte dos meus pais, afinal daltonismo não mata nem nada, só altera a visão, mas e daí? Afinal, qual era o problema do meu problema?

-Imagino que você esperava algo pior-disse minha mãe, como se tivesse acabado de ler meus pensamentos.

-É, mãe, eu esperava algo beeem pior. Não entendo porque tanto drama.

-Bom, é que seu caso é, digamos, diferente.

-Diferente?

-É um caso raro de daltonismo... -minha mãe hesitou por um momento- É um caso grave.

Minha mãe parou de falar, talvez esperando que dissesse alguma coisa, porém não falei nada e esperei que ela continuasse a explicação.

-Você enxerga tudo em diferentes tons de cinza.

-Tipo preto e branco, como um filme antigo?

-É, talvez. Mas, é claro que não tinha como você saber, porque você teve uma visão normal. -ela parou por alguns segundos, observando minha reação.

-E por que esse é um caso tão grave?-indaguei.

-Porque você consegue ver variações de apenas uma cor e se caso aconteça alguma coisa e a doença evolua, você pode perder a visão total das cores.

-E isso seria a mesma coisa de ficar cega, certo?-minha mãe confirmou balançando a cabeça.

Parei de encarar minha mãe e olhei para meus esboços no bloquinho de papel, nesse momento meu pai, que passara todo o tempo apenas observando a conversa, se retirou e minha mãe continuou a me observar enquanto eu processava as informações. Daltonismo... pensei, e de repente tudo começou a fazer sentido, o combinado estranho com minha mãe de separar as roupas que usaria, as idas diárias de Hannah a minha casa e as constantes visitas ao oftalmologista, quando criança. Mas, por que teriam escondido isso por tanto tempo? A doença foi descoberta quando eu era pequena e estavam me contando só agora, com 17 anos.

-Mãe, -chamei-a levantando o olhar para ela- por que só agora? Por que demoraram tanto tempo para me contar?

-Porque tínhamos medo da sua reação, queríamos te proteger. E, também, porque não queríamos estragar seu sonho de ser estilista. -algumas lágrimas começaram a brotar nos cantos de seus olhos. Meu Deus! Minha mãe era protetora demais.

-Mãe, olha, eu estou bem, não tem nada a ver ficar se preocupando com essa doença boba. -disse, tentando confortá-la- E isso nem vai atrapalhar tanto assim meu sonho, eu dou um jeito.

Ela secou as lágrimas e deu um sorriso meio torto, ela sabia (e eu também sabia) que o daltonismo atrapalharia, sim, meu sonho, tornando-o quase impossível.

-Mas, agora me conta, -sorri para ela- Como foi que conseguiram com eu não vestisse roupas em cores que não combinassem?-apesar de eu já saber a resposta.

Ela contou que aquele combinado estranho era para ela checar as cores das roupas, se não combinassem ela trocava por outra peça do mesmo modelo, mas de outra cor (isso explicava a grande quantidade de roupas parecidas no meu armário). Também disse que Hannah era minha protetora, todas as atividades, na escola, que envolviam cores recebiam a ajuda dela, por isso ela vivia grudada comigo, até para evitar que eu não visse um sinal vermelho quando fosse atravessar a rua e acabasse sendo atropelada. E tudo isso me fez perceber que eu tinha a família mais maravilhosa do mundo, apesar de terem escondido esse probleminha por tantos anos.

Depois de mais alguns minutos de conversa, senti um cheiro de queimado e em seguida minha mãe gritou:

O jantar! Eu esqueci o fogão ligado! Ai, meu Deus, o jantar queimou. -minha mãe saiu correndo do meu quarto para a cozinha, enquanto gritava desesperadamente.

Para nosso azar (sorte), tivemos que pedir uma deliciosa pizza. Durante o jantar tudo estava normal, como meus pais não tivessem acabado de revelar à sua filha que ela tinha uma doença, e achei isso muito bom, afinal não queria que o clima ficasse pesado ou que eles passassem a me tratar diferente.

Acabei de comer e fui, novamente, para meu quarto, deitei na cama e fiquei pensando. Seria essa doença tão ruim assim? Afinal, eu só não enxergava as cores além do cinza. E, pensando bem, era muito simples realizar meu sonho, eu só precisaria se alguém para cuidar das cores das roupas que eu desenhasse. Se bem, que minha mãe havia dito que eu poderia perder a visão total das cores, mas o que causaria esse agravamento?

Passei a noite inteira refletindo, milhões de questões e milhões de soluções surgindo em minha mente... E no fim, depois de pensar, pensar e repensar, conclui que não era tão ruim assim, afinal, como já disse, eu só não enxergava as cores. E que mal havia nisso?


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Notas finais do capítulo

Se alguém está lendo isso, saiba que hoje é meu aniversário!!! Quero os parabéns!! kkkkkk Como sou hilária...



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