O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 23
Ciúmes (?)




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Precisava passar aquilo a limpo, ou realmente acabaria num sanatório. Estava disposta a ignorar a reação dele e perguntá-lo se aquilo acontecera. Sim, perguntaria a Christopher se aquele beijo fora real, independente do que ele pudesse pensar sobre minha atitude. E eu o faria contar a verdade. Estaria eu ficando louca? Sem dúvida.

Tive que esperar pelas treze horas, sendo sábado, ele só iria para a clínica a tarde. É claro que eu poderia encontrá-lo em outro lugar, mas sabia seu telefone ou qualquer outro contato. Passara a manhã impaciente, desejando com todas as forças poder compartilhar tudo aquilo com alguém... Com Hannah. 

Assim que o ponteiro de meu relógio atingiu o número um, sai de casa, sem dar muitas satisfações a meus pais. Iria a pé, já que a clínica não ficava muito longe. Andara em um passo rápido, quase correndo. Estava impaciente, não por pura curiosidade, mas pelo fato de que uma confirmação da parte dele mudaria tudo em nossa relação. Cheguei a meu destino, cumprimentei rapidamente a recepcionista, indo até o jardim, onde ele provavelmente estaria (sim, a clínica tinha um jardim). Corri o olhar pelas pessoas que lá se encontravam, avistei Christopher sentado sob uma das árvores, já sem folhas, ao lado dele estava uma garota que eu vira duas ou três vezes na clínica, mas nunca a vira com ele. Acenei para ele, aproximando-me, ele se levanto e tomou a garota pela mão, parei por um instante, pensando em recuar.

-Olá. -ele parecia, de alguma forma, diferente- O que faz aqui em pleno sábado?

-É... que eu precisava perguntar uma coisa. -respondi, desviando o olhar para ele, desde que chegara não conseguira parar de observar a garota.

-Pergunte. -ele sorriu, eu direcionei o olhar para a garota novamente- Ah. Esta é Clair. Estamos namorando.

"Estão o quê?!" pensei. Eles estavam namorando? Então, isso respondia, aquele beijo não passara de imaginação, não fora real.

-Namorando? -ainda caíra a ficha.

-Sim. -ele abriu um sorriso imenso e olhou para Clair, que ficou visivelmente sem graça.

-Onde se conheceram? -sim, faria um daqueles interrogatórios.

-Aqui mesmo, na clínica. Ela estava terminando o tratamento quando a conheci.

-Hum...

-Mas, o que você queria perguntar?

-Ah... -não fazia mais nenhum sentido perguntar aquilo- É... Deixa pra lá. Eu tenho que ir.

Contra minha própria vontade, comecei a correr, ignorando os olhares que se voltavam para mim. Ele estava namorando. Não conseguia enfiar isso na cabeça, ou talvez não estivesse conseguindo aceitar. Mas por que eu deveria me importar? Éramos somente amigos, eu deveria estar feliz por ele. Porém, por algum motivo, estava incomodada. No fundo, sabia o motivo, mas me negava a aceitá-lo. Como queria poder contar a alguém.

Passei o resto do dia inquieta, tentado descobrir o por que de ter ficado tão incomodada e, talvez, magoada. Sentia-me desiludida, havia criado expectativas que não haviam sido correspondidas. Seria mesmo possível que eu estivesse apaixonada por ele? Meu cérebro já estava dando nós. Passei o domingo tentando me entender, desvendar meus próprios sentimentos. Pelo menos, já estaria de férias no dia seguinte.

Acordara cansada. Dormira pouco na noite anterior. Era a primeira segunda-feira das minhas férias, estava indo para minha última consulta com a psicóloga. 

Entrei no consultório, já haviam enfeites de natal decorando-o. Fiquei algum tempo esperando na recepção, não demorando muito para que Samantha me chamasse. Pensei se deveria compartilhar com ela o que tanto me incomodava. "Por que não?" pensei. Contei tudo a ela, tudo que estava me perturbando, tudo que estava me confundindo, tudo que estava me enlouquecendo. Quando terminei, Samantha me encarava com um sorriso.

-Por que está me olhando desse jeito? -perguntei.

-Admita. 

-Admitir o quê?

-Que você está apaixonada por ele.

-Não. Somos só amigos.

-Esse é o problema. Você tem que parar de tentar se convencer disso e admitir a realidade. Você sabe o que sente, só não consegui aceitar.

Não disse nada depois disso. Isso era a verdade. Sabia bem o que sentia, mas me doeria demais aceitar, preferia me iludir. Sim, doeria, porque ele estava com outra e não comigo, e seria melhor que eu negasse o sentimento. E eu sei: quem se ilude, se machuca, mas a ilusão me machucaria bem menos que a realidade. 

Depois de um minuto, que pareceu eterno, ela falou novamente.

—Fale com ele.

—O que você quer que eu fale?

—A verdade.

—Eu não posso. Ele está namorando.

—Você não estaria fazendo nada de errado, somente dizendo a verdade a seu "amigo". –ela fez o gesto de aspas com os dedos. Achei esse conselho meio duvidoso e me perguntei se Samantha estava em sã consciência do que dizia.

—Eu... vou pensar. –disse, ainda ponderando sobre o conselho– Então, acho que acabamos.

—Puxa vida! Tinha me esquecido que essa era sua última consulta. –ela se levantou e estendeu a mão, fiz o mesmo– Foi um prazer.

—Obrigada. –demos um aperto de mãos, eu sorri.

—Ah. –Samantha disse, antes que eu saísse da sala, ela andou até mim e me entregou um número telefônico– Se precisar de conselhos, pode me ligar.

Guardei o papel com seu número na bolsa e sai. Em casa, fiquei pensando se deveria seguir o conselho ou se seria muita loucura. A balança pendia para o lado da loucura, porque era muito provável que Christopher não me considerasse nada além de uma amiga e nossa amizade ficasse abalada.


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