O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 17
Divã da lamentação


Notas iniciais do capítulo

Como devem ter percebido, troquei a capa da história, porque aquele meu desenho estava muito tosco...
Obs.: o título desse capítulo é meio que em homenagem a minha professora de português (algumas pessoas vão entender porque).



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Eu estava enganada, muito enganada. Definitivamente ela não era velha com cabelos grisalhos, mas usava óculos. Ela parecia ter a minha idade, era bonita, tinha os cabelos longos e claros, se não fossem os óculos de grau, que a davam um ar intelectual, eu a consideraria uma patricinha esnobe (exatamente do jeito que eu era antes).

-Ellie Ross, não é? -mais dois pontos fora, a voz dela não irritante e não parecia ser rabugenta. Eu teria simpatizado com ela, se não fosse o fato de ela ser psicóloga.

Entramos no consultório, era bem diferente dos que normalmente se vê nos filmes. Não era muito grande, tinha uma janela grande, permitindo a entrada de muita luz, haviam algumas prateleiras ocupadas, não totalmente por livros, mas por porta-retratos e, é claro, o item indispensável de um consultório de psicologia: o divã. Ela se sentou a mesa que havia na entrada e apontou para duas cadeiras, sinalizando para que eu e minha mãe nos sentássemos, meu pai não tinha ido por causa de problemas na empresa.

-Samantha Parks, muito prazer. -ela estendeu a mão para mim e eu apertei-a- Foi a diretora da sua escola que me indicou, certo? -confirmei com a cabeça e ficamos em silêncio por um momento.

-Bom, eu vou indo. Até mais tarde. -minha mãe disse, rompendo com o silêncio, e acenou-Ligue quando terminar filha.

Fiquei observando-a sair, quando ela fechou a porta, me virei para a psicóloga, ela sorriu para mim.

-Eu sei que é desconfortável desabafar com uma estranha. -arqueei uma sobrancelha- Que tal se você só contasse sua história? Sente-se no divã e sinta-se a vontade.

Suspirei. Até aquele momento não tinha pronunciado uma sílaba sequer, pensei se deveria falar, ela parecia confiável... Fui até o divã e comecei:

-Hum. Bom, eu... -não fazia ideia do que dizer- O que você quer que eu fale?

-Conte sua história, fale sobre sua infância, seu colégio, essas coisas.

-Ok. Minha história...

Comecei contando desde minha infância, como ela havia sugerido, meu primeiro dia de aula, minha primeira paixonite, as dificuldades de me tornar adolescente, as pequenas e simples experiências que tivera até o momento. Contei meus conflitos, minhas lamentações, desabafei tudo. Até que cheguei a parte da história em que minha vida desmoronou por causa do daltonismo, mas não contei sobre o álcool e as drogas. Samantha era uma pessoa legal, apesar disso, eu não conseguia confiá-la tudo, tínhamos acabado de nos conhecer. 

-Nossa! -Samantha arregalou os olhos, ao checar as horas- Já passamos meia hora do tempo da sua consulta.

-Então, vou indo. Até a semana que vem, eu acho. –fui andando até a porta, mas parei- Só me deixa fazer uma pergunta: quantos anos você tem?

-Sempre me perguntam isso. –ela sorriu- Tenho vinte.

-Parece que tem dezessete.

Ela acenou para mim e sai, peguei meu celular e leguei para minha mãe e fiquei esperando no saguão do edifício comercial que abrigava o consultório de Samantha. No tempo em que fiquei esperando ser buscada, fiquei pensando no quanto era bom desabafar com alguém, por tudo para fora. Sentia-me mais leve, como se tivesse mesmo descarregado um enorme peso.

Tinha tentado controlar, mas não consegui domar a necessidade de ir até aquele beco e consumir minha dose diária de alegria, agora dentro de um cigarro. Então, fui, e durante o tempo em que minha consciência estava entorpecida, não me arrependi.


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