O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 13
Ilusão (?)




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Não tinha certeza se o que tinha acontecido na noite anterior fora real ou apenas um sonho. Lembrava-me vagamente de três pessoas estranhas que pereciam ex-detentos, muita fumaça e um pozinho claro. Conseguia lembrar, apenas, que tinha me sentido muito bem, essa sensação eu conseguia me lembrar, me senti no céu. Mas agora, parecia que tinham cortado minhas asas e eu tinha caído novamente no inferno. 

Acordara gritando e chorando, tivera o mesmo pesadelo que vinha tendo há uma semana: eu perdia a visão por completo, sozinha no meio da minha escuridão, tentava correr, mas não saia do lugar, tentava gritar, mas não emitia nenhum som. E todas às vezes eu acordara ofegando, lágrimas encharcando meu rosto. Esta manhã, meus pais tinha concordado que seria melhor eu ficar em casa, então não tive que encarar a escola e seus estudantes transbordantes de ignorância. A diretora tinha percebido minhas mudanças de atitude e resolveu contar aos meus pais, eles decidiram marcar uma consulta com um psicólogo, para eu poder "desabafar" com alguém, já que todos os meus amigos, magicamente, tinha se tornado inimigos. Estava tomando antidepressivos e calmantes, mas parecia que não estava funcionando, mas eu não precisava de remédios... Queria esvaziar minha mente de tudo e sentir aquela sensação maravilhosa mais uma vez. "Tenho que voltar aquele beco."

Deviam ser umas oito horas da noite quando sai de casa. A hora extra das sextas-feiras no trabalho dos meus pais tinha sido, pela primeira vez, conveniente. Os dois eram advogados e trabalhavam na mesma empresa, que todas as sextas presenteavam seus empregados com uma hora extra. Dessa vez não estaria bêbada, teria certeza se aquilo no beco tinha sido real. Ainda não tinha me dado conta do que estava fazendo, do que estava acontecendo, até que uma luzinha se acendeu em minha mente e eu hesitei por um momento. "Eu não posso fazer isso. Eu estou... me drogando!" Mas a necessidade daquela sensação foi mais forte, deixei meu desejo superar a razão, e segui em frente.

A rua estava deserta e fria, estranhei a ausência de pedestres, mas continuei andando. Estava quase chegando ao beco, que também parecia estar vazio, não havia fumaça ou vozes vindas de lá. Me muito decepcionada, apesar de já esperar isso, ao encontrar o beco em seu estado normal, nem vestígio de que alguém, em algum momento, tivesse estado ali. E nem um só grão do pozinho, que antes cobria o chão. "Não passou de um sonho?" Senti raiva, não sabia por que, e frustração, bufei e fui arrastando os pés de volta para casa. Abri e fechei a porta com violência, destranquei a cristaleira da sala, onde meu pai escondia uma garrafa de whisky, abri a garrafa e me joguei no sofá. Agora só me restava beber. 

Bebi a garrafa quase toda, tudo girava, eu ria sem motivo. "Vou ter que comprar outra garrafa amanhã" foi o único pensamento lógico que tive. Há um ano, meu pai tinha se tornado alcoolista, mas já tinha conseguido parar, ou era o que ele dizia para minha mãe. Eu, somente eu, sabia que ele bebia escondido, quando mamãe e eu estávamos dormindo (por isso precisaria comprar outra garrafa de whisky). Isso me deixava com muita raiva dele, mentindo para a esposa, só não o entregava porque sabia que isso faria minha mãe sofrer muito. 

E mais uma vez, fui dormir completamente bêbada. Estava precisando de alguma coisa para quebrar essa rotina sem graça. 

"Amanhã vou voltar lá!" foi meu último pensamento antes de adormecer.


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