O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 12
Pó mágico




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Aprenda: qualquer coisa que está ruim pode piorar, sempre. E eu descobri isso da pior forma.

Já fazia um mês que tudo tinha mudado drasticamente, tinha entrado em depressão, só saia de casa para ir à escola porque me obrigavam, meus pulsos já estavam cobertos por cicatrizes e tinha me tornado alcoolista. O bar era o único lugar para onde eu ia espontaneamente. Meus pais não sabiam sobre o alcoolismo, eles achavam que eu tivesse parado na noite em que eles me flagraram bêbada, Hannah desistira de tentar me fazer parar e mantinha em segredo, acho que ela não queria que meus pais sofressem por causa disso. Ninguém sequer desconfiava sobre a automutilação, eu tomava o cuidado de esconder as cicatrizes sob mangas compridas. Estava afundando cada vez mais, me sentindo sem vida.

Mas, em uma noite em que voltava do bar, uma atividade foi acrescentada a minha rotina. Estava andando para casa, quando passei em frente a um beco, comumente deserto, e notei uma movimentação de pessoas. A atmosfera do beco estava preenchida por fumaça, o chão, coberto por um pó claro Estreitei os olhos, tentado ver em meio a fumaça quem estaria ali, consegui distinguir apenas silhuetas: uma era alta e magrela, outra um pouco mais baixa e corpulenta, essas duas pareciam ser masculinas, havia uma terceira silhueta que aparentava ser feminina. De repente, senti alguém tocar meu braço, me virei e vi um garoto baixo, o rosto escondido pelo capuz do casaco.

-Eles tiveram que mudar de ponto, a polícia descobriu o anterior. Você também compra deles? -o garoto me perguntou, porém nenhuma das palavras dele fez sentido para mim.

-Olha, eu não sei do que você está falando. -mas ele se infiltrou entre a fumaça e sumiu antes que eu terminasse a frase.

Num ato de inconsequência, resolvi segui-lo, fui penetrando cada vez mais na fumaça, até que cheguei a um ponto em o ar era limpo e a visão clara. Exatamente como eu imaginara, dois homens e uma mulher, estavam encostados na parede, fumando. A mulher parecia ser a líder entre eles, ela aparentava ser esperta, enquanto os homens pareciam ser bem idiotas.

-Ora, ora! Uma cliente nova? -a mulher me examinou de cima a baixo, sorrindo maliciosamente.

-Cliente? -eu estava completamente confusa- O que é que vocês vendem?

Acho que não tinha percebido ainda porque estava meio bêbada, mas era óbvio que tipo de produto eles vendiam.

-Nós vendemos alegria, minha querida. -ela sorriu- E acho que você está precisando de um pouco...

Ela olhou para o magrelo que, assim como o outro homem, passara todo esse tempo parado encostado na parede, ele colocou a mão no bolso e retirou um saquinho cheio de um pó, que de veria ser o mesmo que cobria o chão. O homem me estendeu o saquinho e eu segurei, meio em dúvida.

-O que é isso? 

-É um pó mágico! Cheira um pouquinho e você vai se sentir melhor. -a mulher me respondeu. Arqueei uma das sobrancelhas.

-Isso é cocaína, ok? Agora, cheira logo e veja se não é bom.

Eu devia estar mesmo muito bêbada. Abri o saquinho e aproximei meu nariz, assim que inalei, me senti instantaneamente bem, não conseguindo reprimir um sorriso que começou a se formar. Foi aí que cheguei ao fundo do poço.

-Gostou? -ela me perguntou, assenti, sem afastar o saquinho com pó do nariz- Então esse aí sai de graça. Amanhã volte aqui para pegar mais.

Ainda não tinha conseguido assimilar direito o que tinha acabado de acontecer, mas não importava, estava muito bem, estava sentindo a melhor sensação do mundo. Percorri o resto do caminho até em casa sorrindo, cantarolando e bambeando. Entrei em casa e subi para meu quarto, tentando não tropeçar nos degraus da escada, deitei na cama do jeito que estava e adormeci, sorrindo.


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