O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 11
Rotina




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E acabou virando rotina.

Zoação na escola, cortes no pulso e idas ao bar. Pelo menos, tinha sido assim durante uma semana. A semana em que tudo mudou de repente, acabando com a minha vidinha "perfeita". E era assustador perceber o que um defeitinho podia causar, mas acho o problema eram as pessoas e suas mentes fechadas. O problema estava em mim, não era da conta dos outros.

Mas não eram só os outros que tinham mudado em relação a mim, eu estava mudando. A princesinha delicada, romântica e extrovertida que eu era deu lugar a uma garota (aparentemente) sem sentimentos, depressiva e constantemente mal-humorada. Mas eu não via isso como um ponto negativo, a cada dia me tornava mais forte, menos vulnerável as ofensas e as brincadeirinhas. Porque palavras não matam, machucam, mas não matam, ao contrário, elas fortalecem. Apesar disso, eu não parara de sofrer, não parara de me mutilar ou de beber, porque as palavras ainda me atingiam. Na verdade, acho que as palavras estavam me deixando uma pessoa mais fria, não mais forte.

Perdi minha popularidae, meus "amigos" e meu namorado. Desisti das eleições para presidente da classe, deixando minha única adversária, Jéssica Berry (a nova namorada do Brandon), ganhar o cargo. Também desisti dos meus desenhos e do meu sonho. Não queria fazer mais nada, não tinha ânimo. Fui deixando as horas passarem, já não importava se estava perdendo o tempo da minha vida, a vida tinha se tornado uma perda de tempo. Já tinha considerado suicídio algumas vezes, isso acabaria com meu sofrimento, mas daria início ao de outras pessoas, as pessoas que me amavam e cuidavam de mim. Passava as manhãs tentando ignorar ofensas e as tardes, deitada no chão esperando ansiosamente o fim de um dia medíocre, para que outro começasse. Talvez fosse drama demais, talvez não, mas essa era a última coisa que pensaria.

Todos os dias passaram a ser iguais, sem variações, sem surpresas e, principalmente, sem felicidade. Se bem que, na realidade, esse negócio de felicidade não existe, é algo bom demais para existir nesse mundo, talvez em outros planetas, mas nesse não. A felicidade, para mim, aparece nos momentos de alegria, ninguém está feliz 24 horas por dia, sempre surge algo que "acaba" com a alegria. Digo que vivo sem felicidade porque não existem alegrias nos meus dias, é certo que com o álcool me sentia menos triste, mas nunca feliz. Felicidade se tornara algo impossível para mim.

Enfim... Recapitulando, estava sofrendo diariamente por causa de palavras, palavras ditas muitas vezes por impulso, ditas ao vento sem garantia de que seriam ouvidas. As palavras me machucavam internamente, e eu me dava ao trabalho de transferir as feridas para o exterior. As marcas em meus pulsos eram as cicatrizes do dano causado pelas palavras. E mais dano era causado em minhas tentativas de afogar as mágoas. Eu machucava mais do que qualquer outro, e acabei me tornando minha pior inimiga.



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