Pouco tempo depois o celular de Tom toca, ele atende no viva-voz:

— Fala, Hayles!

— E aí, Tomzinho. Como é que anda a Safira?

— Assáfira — corrigiu Tom.

— É, que seja. Já beijou ela?

— Hayley, cale a boca.

— VOCÊ BEIJOU, OH MEU DEUS, VOCÊ BEIJOU A MENINA?

— HAYLEY NICHOLE, EU NÃO BEIJEI A GAROTA.

— Sei, sei.  Toma cuidado, Jerm quer roubá-la.

Ele desligou.

Eu me fingi de besta, o que não era difícil.  Fui tomar um banho, quando terminei percebi que minha mala não estava no banheiro, que legal!  Me enrolei numa toalha amarela com patinhos — algo contra?— e sai correndo pelo corredor. Claro, eu não passei despercebida.

— Ui. — Tom saiu do quarto

— Thomas, cadê minha mala?

— Está no meu quarto.

— Por que minha mala está no seu quarto?

— Porque eu coloquei lá, já acomodei suas coisas lá. Minha cama é grande, cabe.

— Claro que cabe, eu entro bem lá. E você, vai dormir onde?

— No meu quarto, ué.

— Nem a pau! Ou você ou eu lá.

— Se tu não dormir lá, vai dormir onde?

— Não sei, posso dormir com Hayley ou — sorri — Jeremy.

— Não ouse, Assáfira. Por favor.

— Nossa, revoltou agora?

— Revoltei, caramba! Você vai dormir no MEU quarto, e pronto!

— Tudo bem, tudo bem. Agora, onde está minha mala?

— Do lado da minha cama.

Fui até seu quarto, ele foi atrás. Achei minha mala, fui me agaixar para e percebi  que eu simplesmente não poderia fazer isso. Tom estava muito perto.

— Vai pelo menos deixar eu trocar de roupa ou não?

— Ah, desculpe. Tchau. — ele saiu.

Tranquei as portas, e ele gritou:

— NÃO PRECISA SE ENCHER DE PERÉQUETENGUES, VAMOS VER UM FILME EM CASA, E, AH, VOCÊ SABE FAZER BRIGADEIRO?

— SEI TOM. SEI.

Eu me vesti casual, não do tipo: oi vou ficar em casa.  Eu estava tipo assim (http://images.bymk.com.br/Sets/Set-2247356-500.jpg?v=634809893400000000). 

Quando entrei na sala, estávam todos lá com uns sete filmes em cima do tapete. De sete, seis eram romance, um era comédia romântica. Eu mereço. Eles entraram em um acordo, nem dei minha opinião, e decidiram ver Cartas para Julieta. E, claro, eu nem prestei atenção. Fui fazer o brigadeiro e a pipoca quando começou o filme.

— Quer ajuda? — Tom chegou atrás de mim

— Não, valeu. Só vim fazer agora porque filmes românticos me irritam. 

Ele riu.

— Por que? São tão... românticos.

— Ah, jura? — eu ri, pegando o achocolatado, manteiga, leite condensado e colocando tudo na panela.

Terminei de fazer o brigadeiro e comecei a fazer a pipoca.

— Taylor já deve estar chorando. 

— Ele é sentimental?

— Sensível. Minha nossa.

— Nunca imaginei. E você, é sensível?

— O Mark é, demais.

— Meu Senhor! Cada coisa estranha nessa casa. 

Terminei de fazer a pipoca, levei pra sala e coloquei o brigadeiro na geladeira. Eu estava inquieta na sala, não estava a vontade, então fui pro quarto. 

Fiquei assistindo Glee, e lembrando do Tom gritando, até que ele chega no quarto.

— Glee! OH DEUSES, COMO EU NÃO LEMBREI?

— Senta aí, vamos assistir. Vou pegar brigadeiro, quer?

— Quero!  — ele não tirava os olhos da tv

Peguei o pote com brigadeiro, quando estava passando pela sala Jeremy me disse:

— Onde você pensa que vai com esse brigadeiro?

— Vou comer, porque quem fez foi eu!

Ele ficou calado. Levei o brigadeiro até o quarto. Tom estava cantando Rolling in the deep com a Quinn, até que eu cheguei. 

— Ei.

— Olá. — ele pegou uma colher e começamos a comer.

Acabou Glee. Continuamos ali, mas mudamos de canal para assistir Gossip Girl. Ficamos ali por um bom tempo, até eu pegar no sono.

Droga. Odeio dormir de tarde! Quando acordei, já estava noite. Tom dormia ao meu lado, eu estava com a cabeça em seu peito e ele encostado na parede. Me levantei devagar, tentando deixar Tom imóvel. 

Logo que tirei minha cabeça de seu peito ele acordou. 

— Anh, olá.

— Oi.

— Não estou ouvindo nada, acho que dormiram.

— Também, são — peguei meu celular e olhei — DUAS E MEIA DA MANHÃ!

— Duas e meia? Nós dormimos das 17h até duas e meia da manhã? 

— Sim!

Peguei o pote do brigadeiro e levei para a cozinha, passei pela sala e peguei os copos e panela que os folgados deixaram no tapete. Lavei tudo e voltei para o quarto, já eram quase três horas.

Thomas estava vendo MMA, estava bem divertido, para ele.

— Você não dorme não, zumbi?

— Não. Você troca o dia pela noite, coruja?

— Você costuma fazer os outros lembrarem de Percy Jackson sempre?

— Só você e a Hayles — ele riu

— Ah, claro! — me sentei perto dele

— Ei, Paramore tem uma música e...

— Eles tem várias

— Vai me deixar falar?

— Desculpe.

— Então, como eu ia falando, Paramore tem uma música — nessa parte eu ri — Assáfira, caramba! Para de rir, poxa. Uma música que me lembra você.

— Awnnn, que fofura! Canta pra mim?

— Claro.

Ele pegou o violão e começou a cantar:

Think of me when you're out
When you're out there
I'll beg you nice from my knees
And when the world treats you way too fairly
Well, it's a shame I'm a dream

All I wanted was you
All I wanted was you
I think I'll pace my apartment a few times
And fall asleep on the couch
And wake up early to black and white reruns
That escape from my mouth
All I wanted was you
All I wanted was you
All I wanted was you
All I wanted was you

I could follow you to the beginning
Just to relive the start
Maybe then we'd remember to slow down
At all of our favorite parts

All I wanted was you
All I wanted was you
All I wanted was you
All I wanted was you
All I wanted was you 

Engoli em seco. Eu não sabia o que fazer. Então, fiz o óbvio, sorri.