A Hospedeira - Coração Deserto escrita por Laís, Rain


Capítulo 42
Neve, safira e meio-dia


Notas iniciais do capítulo

If i had just one wish
Only one demand
I hope he's not like me
I hope he understands
That he can take this life
And hold it by the hand
And he can greet the world
With arms wide open

With arms wide open
Under the sunlight
Welcome to this place
I'll show you everything
With arms wide open
Now everything has changed
I'll show you love
I'll show you everything
With arms wide open

(With Arms Wide Open - Creed)



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POV – Peg

 

Eu estava na sala de banhos olhando para minha barriga. A pele estava tão esticada que chegava a brilhar e eu podia sentir com uma clareza irritante os sentimentos opostos que a visão me despertava.

Meu filho estava aqui, abrigado e protegido e, por mais que eu quisesse desesperadamente ver seu rostinho, sabia o quanto ia sentir falta dessa sensação quando eu não mais pudesse abrigá-lo contra os perigos do mundo. Ele era um humano e o mundo lá fora deveria ser sua casa, mas não era. Tampouco era a minha, desde o dia em que pus meus pés aqui, neste pequeno mundo dentro de outro, nestas cavernas que seriam o pequeno pedaço do planeta a que ele teria direito no mundo que lhe foi roubado antes sequer que ele existisse. Roubado pela minha espécie.

Estranhei a palavra e rolei-a pelos lábios. Roubado. Eu nunca tinha dito isso antes e, mesmo nos momentos em que me senti mais vulnerável à experiência humana, nunca pensei no meio de vida de minha espécie como roubo.

Nós protegemos. Salvamos. Encontramos a cura para um planeta destroçado, lesado em sua essência de vida pela espécie dominante que devia mantê-lo seguro, mas ao invés disso o destrói. Nós consertamos tudo. E então partimos em busca de outro planeta doente, outro lugar que precise de cura. Não era isso?

Eu me remexi de forma impaciente quando percebi que não pensava mais assim. Não exatamente. Este deveria ser o lar do meu filho. Um mundo inteiro à sua disposição com caminhos que pudessem ser desenhados sob seus passos. E nós... bem, nós roubamos isso dele. Tudo o que pertencia agora à minha espécie, a imensidão azul, o verde que curamos, as possibilidades que renovamos, tudo, tudo deveria pertencer a ele. Ironicamente, percebi que isso significava que eu, a mãe dele, não deveria estar aqui.

Humm, bem... Faz todo sentido. E também não faz sentido algum.

Além disso, doía como se alguém estivesse apertando meu pescoço quando pensava nisso. Era opressivo e quase me fazia querer gritar.

Mesmo assim, fiquei imaginando Ian vivendo sem mim no mundo de antes, no mundo que deveria ter sido se eu não estivesse aqui. Na minha imaginação, ele era alegre, impetuoso e forte como nesta doce realidade alternativa em que vivíamos, mas nesse outro mundo seus grandes passos o impulsionam para longe, para distâncias hoje inacessíveis para ele, para John...

Senti meu coração se retorcer diante da imagem. Eu desejava e ao mesmo tempo tinha pavor de imaginar o quanto Ian seria feliz se este minúsculo ponto azul no universo tivesse passado despercebido pela minha espécie. Podia vê-lo em minha mente conhecendo uma garota humana, talvez até mesmo minha hospedeira, que teria um nome delicado e uma alma alegre e cheia de vida. Uma garota que fosse como ele e que lhe daria um filho, que eles talvez chamassem de John, e que correria livre por um mundo muito maior do que as paredes de pedra que nos cercavam agora.

Parecia irracional ou até estúpido da minha parte impingir a mim mesma tamanha dor, mas não consegui evitar que, em meio a esse cenário que imaginei, eu encontrasse consolo ao pensar em meu filho sendo livre, em Ian sendo feliz...

E aqui estava eu novamente, equilibrando na balança desconhecida da vida humana um peso igual de dor e felicidade. Ou talvez desta vez a dor pesasse mais.

John se mexeu em meu ventre e eu me censurei por me deixar tomar por pensamentos tão sombrios, por me permitir pairar por um cenário doloroso quando havia tanta felicidade dentro de mim.

Nosso pequeno mundo não é nada ruim, afinal de contas — sussurrei para mim mesma e para John. E nós somos amados aqui, eu e você. Mais do que em qualquer outro mundo possível.

Ainda assim, estava sendo dificílimo impedir meus pensamentos de escorregarem para os piores cenários, para tudo que podia dar errado mesmo quando tudo parecia tão certo. Aparentemente, preocupar-se constantemente era o destino das mães.

Preocupar-se. Amar. Ansiar.

Eu me lembrava de ter sentido isso por Jamie desde o começo, quando mal o conhecia. Um sentimento tão voraz que nem percebi quando deixou de ser algo herdado de Mel para se tornar algo meu. Mas com John era ainda mais intenso, um amor visceral que me consumia e me obrigava a pensar nele a cada instante, que me compelia a ser tudo e qualquer coisa que ele precisasse.

Olhei para meu corpo frágil, este corpo que tinha se tornado meu em sua mais pura essência, tanto que achou o caminho de volta para mim quando já não deveria ser mais meu. Este corpo era tão precioso! Eu costumava ter sentimentos ambíguos quanto a ele. Costumava amá-lo e ao mesmo tempo lamentá-lo, detestar sua fraqueza, sua imensa fragilidade.

Não mais. Não depois que o homem que me escolheu antes mesmo que soubesse o quanto isso era certo tê-lo amado e o tornado só seu. Não depois de tudo o que Estrela passou para trazê-lo de volta. Nunca depois que ele passou a abrigar o meu filho.

Sim, eu amava este corpo. Mas ele não era um corpo de mãe.

Quer dizer, meu filho era grande e forte como o pai e eu... Bem, eu não era. Neste corpo, o meu corpo, o último que habitaria, eu era apenas uma menina. E se não fosse o bastante?

Decidi sair da água antes que Ian ficasse preocupado e me vesti ainda com esses pensamentos rolando de um lado para o outro em minha cabeça. Sendo assim, era um alívio me concentrar em coisas mais imediatas, como a fome que começava a despontar conforme a hora do jantar se aproximava.

Quando segui para o meu quarto para me encontrar com Ian, cruzei com Estrela e Logan e não consegui conter o sorriso ao perceber o quanto estavam radiantes. Logan sorria o tempo todo agora, um sorriso leve e persistente que não se parecia em nada com seu jeito arredio de antes. Ele ainda tinha aquele olhar triste-feliz que era parte de quem ele era, mas dava para saber que os fardos que carregava em seu coração, quaisquer que fossem, estavam perdendo importância.

E Estrela... Ah, minha doce irmã parecia feita para este planeta. Pronta para enfrentar qualquer coisa com sua imensa e adorável inocência. Dentro dela também havia uma esperança, um irmão ou irmã para meu filho.

Eles pareciam completamente inconscientes de todos os desafios que esperavam nossos pequenos e fiquei com o coração apertado ao perceber que, em algum momento, aquela linda euforia que os embalava ia ceder lugar a uma azucrinante preocupação que pinicaria todos os seus pensamentos como minúsculas agulhas, uma de cada vez perfurando seus ânimos.

Logan pareceu perceber o meu esforço em esconder o que senti ao sorrir de volta para eles. Ele me conhecia bem, mesmo que conversássemos pouco. Logo no começo, ele se apegou a Sunny e em questão de instantes os dois já se amavam como irmãos, mas comigo foi um processo mais lento.

Eu o via obviamente perturbado pelo fato de que já tinha sido apaixonado por este corpo e, embora não houvesse confusões amorosas entre nós, eu sabia que era difícil refrear o instinto visceral que ele tinha de cuidar de mim. Por eu ser uma Alma como ele, claro, por eu estar grávida, em primeiro lugar, mas também por eu ter o rosto que ele primeiro aprendeu a amar.

Entretanto, mesmo com todos esses conflitos e com suas tentativas de ficar longe de mim, ele nunca conseguiu realmente me evitar e eu sabia que ele me vigiava de perto, tentando cuidar de mim a uma distância respeitosa para não ofender ninguém, mas ficando sempre atento a tudo a meu respeito. Isso somado ao fato de ele ser tão irritantemente perspicaz — não era à toa que ele e Jeb se davam tão bem — tornava impossível que eu conseguisse mentir para Logan.

— Está tudo bem, Peg? – perguntou ele, fazendo com que uma expressão surpresa e alarmada surgisse subitamente no rosto de Estrela

— Sim, claro. Só um pouco cansada – arrisquei na esperança de convencê-los.

Estrela pareceu acreditar, pois seu rosto se suavizou novamente e ela voltou a sorrir.

— É normal que ela se sinta assim, Logan – disse ela tentando acalmá-lo. – Não é nada de mais. Descanse um pouquinho antes do jantar, Peg. Se quiser, eu levo comida pra você.

— Tudo bem, não precisa...

— Você sabe que eu levo você para uma Instalação de Cura se precisar, não sabe?

Mas será que ele aprendeu a ler pensamentos agora?

— Eu acho que ela está preocupada com o parto – ele explicou-se para Estrela, que tinha ficado obviamente confusa.

— Peg! – ela chamou em seu tom compassivo e paciente de Curandeira. – Não precisa se preocupar! Nós já nos certificamos de pegar todas as coisas de que você possa precisar. Candy e eu sabemos bem como usá-las e, além disso, Doc estará conosco. Você só tem que ficar calma e tudo dará certo.

            — Eu confio em vocês, Estrela — respondo, tranquilizando-a também. – É que tem sido tão difícil não me preocupar! É como um tique nervoso – tento brincar. Estrela ri, mas não desfaz a expressão cuidadosa.

            — Descanse um pouco, como eu falei. Talvez seja apenas isso e mais tarde você se sinta melhor. De qualquer jeito, você ficou tempo demais em pé hoje. Quando estiver mais relaxada nos sentaremos juntos e conversaremos mais a respeito disso, tudo bem?

            — Tudo bem – respondi, abraçando-a e me despedindo. Estrela e Logan seguiram seu caminho e a confiança e tranquilidade deles era um alívio.

            Era engraçado ver Estrela se comportando como Curandeira. Era um lado dela que eu não tinha como conhecer e por isso gostava de observar e descobrir aos poucos.

Ela era delicada de um jeito todo particular. As Almas costumavam ser, em geral, extremamente gentis e cuidadosas, ainda mais as que se dedicam à cura, mas com Estrela era diferente. Talvez ela se parecesse mais com uma humana extraordinariamente cortês. Ao mesmo tempo que era gentil, era também assertiva e firme e você não ousava, apesar de sua delicadeza, contestar o que ela dizia. Acho que ela aprendeu isso com Logan e ao vê-la agir assim, sei imediatamente que ela será uma ótima mãe.

Era bom saber que John não vai conseguir manipulá-la como possivelmente fará comigo e como Jamie fazia com todos nós.  Eu achava divertido compará-los e me peguei imaginando que John, ainda que não fosse realmente sobrinho de Jamie, seria muito parecido com ele.

Eu estava sorrindo ainda quando entrei no quarto e vi Ian folheando o dicionário de nomes que Logan deu de presente a Estrela meses atrás.

— Eu nunca te perguntei, — disse ele, levantando os olhos azuis para mim –, porque gostei tanto do nome que Estrela escolheu que nem pensei em outros, mas você já pensou que nem pudemos discutir o nome de nosso filho?

— Não me importo – respondi me acomodando ao lado dele em nossa cama. – Gosto de John. Parece um nome que eu escolheria se tivesse tido a chance.

— Foi o que pensei quando Mel me contou no dia em que Estrela chegou... – Ian parou por um segundo, hesitando, depois suspirou e torceu os lábios de um jeito ligeiramente juvenil antes de continuar. – Isso é outra coisa também. Eu soube dele antes de você. Nem tivemos a oportunidade de saber como seria se você me contasse, como acontece com todo mundo.

Acariciei seu rosto, atenta aos detalhes de sua expressão para tentar entender sua frustração. Ian piscou para mim, os olhos ficando mais claros e brilhantes quando os abriu de novo.

— O que foi? Por que você está se preocupando tanto com as pequenas coisas que perdemos. O que ganhamos é muito mais importante, não acha?

— Eu só queria que você tivesse todas as experiências de uma mãe...

A frase fica suspensa no ar, as reticências aparentes na sua voz.

— As experiências de uma mãe humana, você quer dizer?

— As experiências da mãe do meu filho – ele corrigiu, o desconforto que a palavra “humana” tinha lhe causado estando bem evidente em sua expressão. – Não gosto quando coloca as coisas dessa maneira.

— Eu não me importo com essas coisas, Ian. Claro que teria adorado viver essas experiências com você, mas estou feliz demais por estar aqui e viver todo o resto ao seu lado. Acho que tenho estado feliz demais para me importar com o que quer que seja que tenha ficado pra trás.

Outra vez ele torceu os lábios e franziu a testa, suas sobrancelhas grossas se juntando num traço firme. Eu quase podia vê-lo lutando com a ideia de que eu não precisava ter tudo, de que o que tenho já é tudo para mim.

Desde o começo ele me viu pelo que era e, desde muito cedo, provavelmente desde antes que eu merecesse, ele amou o que viu. Mas ele também me via como uma jovem humana. A jovem humana de meu devaneio, aquela que ele deveria ter conhecido se as coisas fossem diferentes.

E se as coisas fossem diferentes, ele poderia viver as experiências de um pai normal.  E aqui estava eu novamente, subitamente de volta aos meus pensamentos tristes.

— E você? – perguntei, meu coração se apertando com a ideia dentro dele. – Sente falta dessas coisas... normais? – A última palavra saiu com cuidado, um fiapo de voz apenas, o medo opressor do quanto ela podia nos ferir apertando-se ao meu redor.

— Normais? – repetiu ele, parecendo perceber também o poder daquela palavra. – Eu acho que não. Não penso nisso no que se refere a mim mesmo. Para mim, normal é estar com você.

Fiquei feliz ao ouvir isso e posei um beijo em seus lábios quando disse que para mim também.

— E isso basta – continuei. – Talvez estejamos nos preocupando demais com velhos conceitos do que seria normal.

— Sim, talvez estejamos. E há muito tempo eu deixei de me lamentar pelo que ficou pra trás, pelo mundo “normal” – disse Ian, fazendo aspas com os dedos. Tudo o que me importa é este mundo maluco que me trouxe você.

— Nosso mundo estranho – lembrei suspirando.

— O mais estranho de todos – ele confirmou como de costume, fechando meu rosto em suas mãos. – Além do mais, o dia em que soube sobre nosso filho é um dos melhores de minha vida. Foi quando eu soube que não tinha perdido você.

— E eu soube dele segundos antes de abrir meus olhos para você. Quando os fechei antes disso, foi acreditando que tudo tinha chegado ao fim, então acordei novamente sabendo que não só não tinha acabado, mas que havia um começo completamente novo para nós. Você não me deu apenas um motivo para ficar neste mundo, você me deu um mundo inteiro. Um pequeno mundo chamado John. Foi assim que eu o conheci. Esse nome simboliza tudo isso para mim. Sempre me lembrará do dia mais feliz dentre os que já vivi.

Ian me beijou e uma sensação de paz me invadiu. Naquele momento, eu soube que nossa breve tempestade já tinha passado. E senti a rocha incandescente voltar a nos moldar. Agora éramos três. Nossos corações estavam prontos.

— Parece que temos lembranças boas, afinal – disse ele, sorrindo.

— Parece que sim. — Sorri. — Foram meses... interessantes, pra dizer o mínimo. Acho que, apesar do barrigão e de todas as dificuldades, vou sentir saudade de estar grávida.

— Eu gostei de ver seu corpo mudando. Você está linda! Gosto de saber que meu filho está crescendo aí dentro. Também vou sentir falta disso. Apesar de que me faz ficar ainda mais preocupado com você.

— Gosto do jeito como você cuida de mim.

— Hum, então você disfarça bem! – observou com ar divertido, rindo ao referir-se às inúmeras vezes em que reclamei de seus cuidados excessivos.

— Não, eu gosto. É difícil admitir, mas tenho precisado de seus cuidados cada vez mais. Além disso, estou sempre com tanta fome! E você sempre sabe quando e o que eu quero comer.

— Eu conheço você, Peregrina. E saiba que não me incomodo que você esteja virando uma bolinha! – provocou ele, mas eu não me aborreci nem um pouco. Como me chatearia? Então apenas soltei uma risada e continuei falando das coisas de que sentiria falta.

— E quanto a Estrela e Sunny? As duas arranjaram roupas para uns cinco bebês! É um verdadeiro desperdício, porque Doc disse que ele vai crescer rápido e não vai usar nem a metade daquilo antes que fique pequeno demais. Mas eu adoro cada uma das coisas que elas trouxeram! Posso ficar horas olhando para elas.

— E o que acontece com toda essa obsessão por azul? Meu Deus, existem outras cores! – brincou Ian.

— Fui eu que pedi. Sei que ele vai ter seus olhos – esclareci quando ele me olhou intrigado.

— Eu quero que ele seja parecido com você.

— Não, não. – Balancei a cabeça veementemente. – Eu quero um pequenino O’Shea!

— A desvantagem é que assim ele também será parecido com Kyle – Ian brincou de novo e nós rimos enquanto afagávamos minha barriga.

— Acho que terá o mesmo apetite que o tio, com certeza. – falei, e Ian me olhou imediatamente preocupado, porque, segundo ele, já tinha passado da hora de eu comer.

Nós nos preparamos para o jantar enquanto continuei a especular, encontrando em cada um dos que mais amava características que eu achava que meu filho ia “herdar”.

— Acho que será transigente e alegre como Jamie – disse eu.

— E impetuoso e forte como Mel – Ian completou.

— Decidido e cheio de recursos como Jared.

— Inteligente como Jeb.

— Corajoso como Estrela.

— Adaptável e perspicaz como Logan – disse Ian, para minha surpresa, e vi que eu estava gostando cada vez mais daquele jogo.

            — Teimoso e verdadeiro como seu irmão.

            — Doce como Sunny.

            — Afável e forte como você – falei, porque era esse verdadeiramente o meu desejo.

            — Compassivo, generoso e imprescindível como a mãe. Mas ele será perfeito de qualquer jeito, porque será um pedacinho de você.

            A declaração me pegou de surpresa e eu corei diante de Ian no mesmo instante, desviando o olhar para não ter que encarar suas chamas azuis, poderosas demais em sua arte de me reduzir à minha versão mais vulnerável.

            Céus! Achei que tinha aprendido a lidar com essa timidez. De onde veio isso agora?

Ian segurou meu queixo entre seus dedos e levantou meu rosto novamente. Ele estava sorrindo aquele sorriso que me despojava de qualquer receio e eu respondi ao seu olhar da melhor forma que consegui. Éramos um do outro e eu sabia que não importava quão bravia fosse a tempestade. Minha âncora estava aqui.

Fiquei na ponta dos pés, o que era um esforço considerável, e ele me acomodou em seus braços se abaixando um pouco para me beijar, segurando todo o meu peso para que eu não precisasse castigar meus dedos.

Nós nos olhamos nos olhos e eu soube que nada mais precisava ser dito. Não quando ele me olhava assim, não quando me beijava daquele jeito. Não quando deixávamos a rocha incandescente fazer seu trabalho.

Afaguei seu rosto e ele sorriu para mim novamente. Então seguimos de mãos dadas para a cozinha e para a companhia de nossa família.


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Notas finais do capítulo

Olá, meus corações.
Desta vez não pedirei perdão pela demora. Vocês sabem que eu sinto muito, mas sempre achei que um pedido de desculpas tem em si implícita a intenção de que aquilo não mais se repita e, infelizmente, mesmo fazendo o melhor que posso, não tenho conseguido evitar os atrasos. O tempo anda mais curto e as ideias andam demorando a chegar, mas não há um dia em que eu não pense no que posso fazer para tornar a história legal pra vocês.
Este capítulo, por exemplo, surgiu de uma sugestão da May, reforçada pela Dany, de que tivéssemos um capítulo onde a gente pudesse ver Ian e Peg curtindo a gravidez.
Bem, imagino que não tenha atendido exatamente ao pedido delas, pois acho que estavam esperando um capítulo alegre e este é todo cheio de dúvidas e receios. Acontece que eu imagino que é assim que devem se sentir os pais de primeira viagem, em especial às vésperas do nascimento, ou seja, mesmo com toda alegria e ansiedade, há também uma boa dose de medo e insegurança em relação ao futuro.
Além disso, a iminente chegada de John traz à tona o impasse em relação à família inter-espécies que eles formam e o que Peg deve pensar disso.
Enfim, mesmo com todos esses pequenos dramas, espero que vocês tenham gostado do capítulo.
PS: Quem tiver um tempinho, por favor dê uma olhada na minha oneshot original, O Dia em que a Música Morreu: http://fanfiction.com.br/historia/338936/O_Dia_Em_Que_A_Musica_Morreu/
Eu a escrevi com o maior carinho e inseri links para todas as músicas da história, espero que gostem e que se divirtam com as músicas e que, por favor, me digam o que acharam.
Sabe como é, a história está lá sozinha, sem nenhum reviewzinho para lhe fazer companhia nas noites solitárias e suspeito que ela esteja começando a achar que ninguém gosta dela :(
PS 2: Laís Oliveira, já vi que você favoritou essa minha nova história. Obrigada, linda. Pelo menos alguém gostou.