A Hospedeira - Coração Deserto escrita por Laís, Rain


Capítulo 10
Correntes




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I know someday you'll have a beautiful life,I know you'll be a star,
In somebody else's sky,
But why, why, why
Can't it be, oh can't it be mine?
(Black - Pearl Jam)

 

POV – Logan

Uma enfermeira tinha vindo ajudar Estrela a tomar as primeiras providências da manhã. Eu estava sozinho no quarto, enquanto as duas estavam no banheiro. Meus olhos doíam pela falta de sono e pelas lágrimas que tinham brotado deles me mostrando o que era dor.

Como eu tinha previsto, Estrela se embrenharia pelo deserto em busca dos humanos de Peregrina, arriscando sua vida e a do bebê que carregava. E, como eu suspeitava, embora só agora entendesse por que, eu não a deixaria fazer isso.

Eu ainda estava tomado pelas emoções conflituosas que tinha descoberto recentemente. Tudo era intenso e labiríntico em relação aos sentimentos humanos. Quando você entra, não sabe se ou como vai sair. Entretanto, eu estava em paz. Não era caótico e desorganizado como eu imaginava. Só era preciso entender como a ordem das coisas era constantemente reescrita ou qual emoção contrabalançava a outra.

Agora, por exemplo, eu estava triste, mas sabia por quê. Sabia que a vida como eu a conhecia jamais voltaria ao normal, que agora o meu destino estava preso ao de Estrela. No entanto, a consciência dessa prisão e desse fim me fazia sentir livre.

Eu sabia que minha vida de Buscador ordeiro e compromissado chegara ao fim para dar início à próxima, a do protetor de minha Estrela e de seu bebê, a parte humana dela que eu jamais renegaria. E estava tudo bem pra mim que fosse assim. Eu sabia que apesar de estar para sempre atado a ela, eu estava livre dos outros, porque tinha certeza de que minha lealdade estaria sempre com ela. Era complicado, mas era também muito simples: eu só me importava com ela, todo o resto não me interessava.

O vazio obstinado com que eu vivia antes era tranquilo e confortável, mas não havia paz naquela vida. Agora eu era capaz de perceber que passava meus dias em constante terror, com medo de que algo acontecesse e me tirasse do estado de emoções inertes em que vivia. Pois adivinhe só? Algo aconteceu. E eu simplesmente não conseguia ter medo de como aquilo me fazia sentir.

Águas Claras Sob a Lua entrou no quarto, em contraste com a delicadeza de Estrela, seus movimentos pareciam calculados e seu olhar vazio como o de uma mulher fria como uma pedra de gelo.

— Como vai, Logan? Chegou cedo hoje. Conseguiu alguma coisa?

Eu assenti num cumprimento inexpressivo e respondi:

— Não. Nada, como sempre. Você acha possível que o cérebro dessa hospedeira tenha sido danificado durante a captura? — insinuei como quem não queria nada, dando início ao processo de semear a dúvida. De qualquer forma, concordando ou não com sua partida, eu precisava que a paz de Estrela fosse garantida.

— Não! Mas é claro que não. Você não atirou na cabeça dela, lembra?

— Sim, mas ela ficou muito tempo inconsciente até a trazermos para cá. Talvez esse tempo... Ou mesmo antes. Quem sabe os humanos não tenham feito alguma coisa com ela? Talvez isso explique por que Peregrina ficou com eles. Talvez ela fosse, de certa forma, prisioneira.

— Tem razão, é possível. Nós não chegamos a fazer nenhum exame desse tipo, porque não havia nenhum ferimento na cabeça da hospedeira. Mas uma lesão antiga ou mesmo uma privação de oxigênio causada pelas cargas de Paralisium podem justificar a memória danificada. O cérebro humano é muito complexo e delicado, e nem mesmo nossa tecnologia pôde desvendá-lo por completo. Acho que precisamos fazer alguns exames.

— Não! – eu disse rapidamente, tentando inventar alguma coisa plausível. – Eu já perguntei a Estrela sobre isso e ela fica muito perturbada. Acho melhor esperarmos o bebê nascer, senão podemos piorar seu estado de saúde. Veremos se ao sair daqui ela se tranquiliza um pouco e se lembra de alguma coisa.

Águas Claras moveu a cabeça numa expressão de concordância. Ela parecia admirada, mas não surpresa por minha preocupação e sagacidade. Era fácil mentir quando ninguém tinha razão ou te conhecia o suficiente para duvidar de você, eu pude descobrir.

— Falando nisso – ela continuou –, você já providenciou um lugar para ela ficar?

— Sim, cuidei disso ontem mesmo.

— Ótimo, mas lembre-se de que nos primeiros dias ela precisará ser vigiada intensamente por causa de sua saúde. Logo designaremos um Confortador para ela, para ajuda-la a se adaptar melhor à Terra.

Não se eu puder evitar!

— Sabe, Águas Claras, pensando bem, acho que vou levar Estrela para meu apartamento nos primeiros dias. Assim eu posso ajuda-la e fazê-la confiar um pouco mais em mim. Talvez o Confortador não seja necessário neste momento. Pode até atrapalhar.

— Bom, acho que não vejo problema em ela passar uns dias com você. Assim você pode ficar de olho no estado de saúde dela e me avisar imediatamente se ela precisar de ajuda. Contanto que você não a perturbe com interrogatórios incessantes.

— Não, pode deixar. Vou apenas me esforçar para construir a confiança dela. E quanto ao Confortador? Você também não acha que pode esperar?

— Já esperamos demais. Ela está lidando com coisas muito difíceis para uma Alma recém-chegada.

— Mas ela está lidando bem com a gravidez. Você sabe que ela não quer um Confortador. Aliás, esse foi o motivo de termos esperado até agora, ela resiste muito à ideia.

— Tudo bem. Talvez possamos esperar mais um pouco, em nome da tranquilidade dela durante a gestação.

Estrela entrou no quarto, amparada pela enfermeira. Deitou-se na cama e abriu um sorriso iluminado quando pousou os olhos sobre o envelope que Águas Claras tinha trazido.

— Bom dia, Estrela. Como está se sentindo hoje?

— Ansiosa – ela respondeu, seus olhos intensos de expectativa. – Ele está bem? O meu bebê?

— Sim, está se desenvolvendo perfeitamente. E você também está bem. E então? Pronta para ver o resultado?

Estrela olhou para mim e parecia que seu coração sairia pela boca naquele momento. Eu sabia que ela estava começando a se irritar com o suspense polido de Águas Claras.

— Posso? – disse eu, tirando o envelope das mãos da Curandeira e abrindo-o sem esperar pela resposta.

— Diga, Logan – implorou Estrela. – Lindsay ou John?

— John – eu respondi, e inexplicavelmente meu próprio coração se encheu de alegria.

Estrela estendeu a mão para mim num apelo. Eu cruzei o quarto e fui até ela, que saltou em meus braços, doida de felicidade e determinada a ignorar a presença da Curandeira surpresa. Com o coração em chamas, eu sussurrei baixo em seus cabelos para que só ela pudesse ouvir:

— Eu vou amá-lo, Estrela. Prometo pra você que nada de mal acontecerá a John.

E então ela chorou.

**********

Na semana seguinte, Estrela se mudou de seu quarto na Estação de Cura para o meu pequeno apartamento no centro da cidade. Tínhamos concordado que ela precisava de uns dias para se adaptar ao fato de estar sobre as próprias pernas e sentir que seu corpo estava pronto para a longa e difícil viagem. O que ela não sabia é que eu não permitiria que ela fizesse essa loucura. Eu estava apenas ganhando tempo e esperando convencê-la de que o lugar dela era aqui, ao meu lado.

A primeira vez que Estrela sentiu o sol diretamente sobre sua pele é um momento de que vou lembrar para o resto de minhas vidas. Ela fechou os olhos respirando o ar da manhã e parecia que o sol era seu lar. Lentamente, acariciou a própria pele, sentindo o cheiro do sol sobre ela e seus olhos se umedeceram com a claridade.

— Eu não tinha percebido que sentia tanta saudade – disse, suspirando.

— Você está parecendo uma maluca agindo desse jeito. Vamos, apoie-se em mim para chegar até o carro — disse eu, achando que aquela maluca era a coisa mais linda que eu já tinha visto. — O sol ilumina você de um jeito diferente. Faz você ficar ainda mais bonita — admiti.

— Obrigada, Logan. Você nunca disse que eu era bonita.

— Não se acostume – disse eu, tentando proteger o resto de dignidade que me sobrava, mas eu sabia que aquela era apenas a primeira das confissões que eu teria que fazer a ela nos próximos dias.

A viagem de carro também foi um brinde aos sentidos dela e um agrado ao meu olhar. Estrela escancarou o vidro do carro, sem ligar para o nós que o vento que batia em seu rosto fazia em seus cabelos.

Águas Claras tinha providenciado algumas roupas para que Estrela pudesse sair do hospital e eu a levei até um shopping para que pudesse adquirir o resto de que precisava. Escolhemos várias coisas para ela e para John. Ela parou diante de uma vitrine, olhando uma peça de roupa masculina com olhar saudoso.

— Jamie gostaria disso. Melanie estava levando uma dessas para ele quando tudo aconteceu. Eu me pergunto se ele a recebeu.

— Quem são Melanie e Jamie? – perguntei confuso.

— Meus irmãos. Quero dizer, os irmãos de Peregrina.

Os olhos dela ficaram imensamente tristes e eu queria arrancar aquela tristeza de seu coração, embora soubesse que não podia. Será que eu estava agindo certo tentando evitar que ela encontrasse seus benditos humanos?

— Não – respondi –, ele não a recebeu. Eles nunca alcançaram o furgão.

— Eu vou leva-la para ele, então — disse ela, entrando apressada na loja antes que eu pudesse impedi-la.

O resto da manhã foi um pouco melancólica, porque eu sabia que ela estava visualizando seus amigos desconhecidos em cada coisa com que se encantava. Mas o dia era de redescobertas e de sensações novas, então mesmo assim foi feliz.

Estrela estava tão contente em estar livre que, ao chegarmos ao meu pequeno apartamento, eu quis me desculpar pelas quatro paredes que a apertavam novamente num espaço tão minúsculo. Mas, novamente, ela estava adorando estar em um lugar que não fosse um quarto hospitalar e se mostrava contente com tudo.

Nos dias que se seguiram, quando passeávamos pela cidade, o movimento e o ar livre revigorando a força de seus músculos, ela parecia tão feliz que eu quase podia sonhar que ela ficaria em Phoenix comigo. Eu estava me esforçando para mostrar a ela o quanto sua vida poderia ser boa aqui, mas ela sempre matava minhas esperanças quando chegava em casa e corria a olhar o tanque de Peregrina, escondido num canto do quarto onde ela dormia.

No dia em que Estrela saiu da Estação de Cura, eu tirei o tanque do quarto onde ela estava, dizendo a Águas Claras que o levaria para a ala destinada às Almas sem hospedeiro. “Como já devíamos ter feito antes”, aleguei. Mas tudo o que fiz foi coloca-lo numa bolsa e leva-lo para o carro, para os braços ansiosos de Estrela.

E aqui estávamos nós. Eu de um lado, Peregrina de outro. E aquela alma-humana, mesmo inerte dentro de seu tanque, estava sempre vencendo as batalhas.

Eu dormia um sono interrompido e irregular todas as noites, saindo da cama quase que de hora em hora para checar se Estrela não tinha fugido durante o tempo em que eu tinha cochilado. Na noite do quarto dia, eu estava completamente exausto e todas as minhas defesas emocionais tinham ruído junto com minha resistência física. Eu estava irritado demais para me conter quando cheguei ao quarto dela e a vi conversando com o tanque de Peregrina.

— Ficou maluca de vez, Estrelinha? Quando você vai se convencer de que Peregrina não te ouve?

— Eu só estava dizendo a ela que logo ela estará em casa.

— Sei. Tenho certeza de que ela está ansiosa para te ver matar o filho dela no deserto. Ela não te disse isso aí de dentro? Ah, não, espera, ela não pode dizer, ouvir ou sentir nada, não é? Porque. Ela. Não. Tem. Um. Corpo. Entendeu, sua doida?

— Ela não tem porque eu tenho o corpo dela. Mas eu vou levar todos para casa.

— Não é possível existir alguém tão teimosa! Você só vai fazê-los sofrer, Estrela. Eles não terão Peregrina de volta. A única coisa que terão é um lembrete diário de que ela não está mais aí, de que quem está é você. Eles te odiarão por isso. E John será infeliz, porque ele vai te amar, mas todos dirão a ele que você roubou a vida da mãe dele.

— Logan, eu sei de coisas que você não sabe. Não se preocupe comigo. Eu ficarei bem, mas preciso levar Peregrina e John para casa. Para Ian.

— Que coisas são essas que você acha que sabe? Que seus humanos são monstrinhos amorosos? Que eles não te farão mal? Você não sabe de nada, Estrela. Você não os conhece. Tudo o que você tem são lembranças de uma Alma perturbada. Eles te matarão quando chegar lá. Ou, caso se interessarem pelo bebê, vão descartar você assim que ele nascer. Você quer que John viva sem mãe? Eu posso te dizer, Estrelinha, é uma vida cruel para um humano.

— Ele terá Melanie. E o pai dele.

— Melanie! Jamie! Ian! Todos eles são apenas nomes e um punhado de lembranças na sua cabeça. John tem uma mãe: você. E ele pode ter um pai também. Eu cuidarei dele, Estrela. Com você. Iremos embora de Phoenix, viveremos longe dessas lembranças e de qualquer um que possa te arrancar suas preciosas informações.

— O que você está dizendo, Logan?

Tinha chegado a hora. Não era mais possível disfarçar o que eu sentia e eu precisava fazer com que ela entendesse exatamente até onde eu chegaria. Até onde fosse preciso.

— Estou dizendo que te amo, Estrela. Que amo você e aprendi a amar John também, e quero que vocês fiquem aqui comigo. Será que você não pode me amar também?

Estrela estacou diante da revelação, surpresa demais para esboçar qualquer reação. Seus olhos encheram-se de lágrimas antes que ela os baixasse, desviando-se de meu olhar. Eu toquei seu rosto de leve, levantando novamente seus olhos para os meus. O peso de suas lágrimas embargou sua voz quando ela finalmente respondeu:

— Sim, eu poderia. De certa forma, acho que já te amo. Consigo imaginar nós dois juntos, tendo nossa própria família, nosso próprio bebê. Mas não este, Logan. Não nesta vida. Não neste corpo. Não este bebê. Tudo isso pertence a Peregrina. E a Ian. Não posso mais ficar longe dele.

Meu coração afundou, uma dor quase física me percorreu como se eu tivesse levado um tiro.

— Você o ama? – perguntei, sabendo que a resposta me mataria se ainda houvesse algo dentro de mim para ser morto.

— Não sei – ela respondeu. – Eu não o conheço. Não como conheço você. Como você disse, tudo o que eu tenho são lembranças que não me pertencem. Mas meu corpo sente falta dele, como se estivesse vazio. Como se eu pudesse morrer se não voltasse para ele.

Um riso seco e desanimado escapou de meus lábios. Eu estava destruído, esmagado sob o polegar pequenino dessa garota que estava à minha frente. Por isso meu hospedeiro se protegia tanto. Ele sabia que nosso coração não estava pronto para ser dilacerado.

— Acho que isso praticamente elimina a possibilidade de você concordar com que eu arranje uma hospedeira para Peregrina, não é? Ela poderia voltar sozinha para a casa dela — frisei a última palavra, na esperança de torturá-la ao menos um pouco, de tentar mais uma vez fazê-la perceber que ninguém a amaria num lugar que não era o dela.

— Ela levaria John com ela — ela disse balançando a cabeça tristemente.

— Você mesma disse, Estrela. John não é seu filho. É dela. Você pode ter o seu. Quantos você quiser. Comigo. Com alguém que te ama de verdade – afirmei, já sabendo da impossibilidade dela, ou até de mim mesmo, concordar em ficar longe de John.

Estrela não respondeu. Ela sabia que não precisava. Sabia que eu mesmo não concordaria que ela ficasse longe desse bebê que também era seu filho.

— Então me deixe ir com você — propus, desesperado. – Eu prometo que não entregarei os humanos, que não farei mal nenhum a eles.

— Ian te mataria, Logan. Pra ele você é o Buscador implacável que tirou quem ele mais amava. Você tirou a vida dele.

— Bem, ele poderia tentar — respondi com o olhar duro, deixando claro que não estava disposto a perder nada para ele. Nem a minha vida, nem o meu John, nem muito menos minha Estrela.

— Você o mataria, Logan? Você me faria ter que escolher entre vocês dois? Mataria o pai de John?

— Eu faria o que fosse preciso para manter vocês dois em segurança – respondi, sem saber se poderia lidar com as implicações, mas tendo certeza de que o faria mesmo assim.

— Não. Você não pode fazer isso. Tem que me prometer que nunca vai tocar em Ian ou em qualquer outro humano. Tem que me prometer que nunca vai deixar essa violência que mora dentro de você te transformar em algo que você não é. Você é uma Alma, Logan.

— Eu sou a sua Alma, Estrela. Tudo o que eu sou, desde a fundação deste humano que vive dentro de mim e que ganha vida quando você está presente, até a Alma capaz de abdicar de tudo para estar ao seu lado, tudo isso pertence a você.

Estrela me abraçou, seus lábios suaves tocando de leve nos meus e fazendo meu corpo tremer.

— Então você precisa me prometer, Logan. Precisa me prometer que vai me deixar fazer o que for preciso para o bem de nós três. Para mim, para você e para John. Deixe-me, ao menos uma vez, proteger você.

Aquelas palavras suaves acalentaram meu coração destruído, restaurando as ligações dos laços que me prendiam a ela.

— Eu te prometo — assenti, sem ter certeza se realmente conseguiria manter minha promessa. Eu faria tudo para vê-la feliz, mas não podia mais imaginar um mundo em que ela não vivesse. Um lugar em que ela daria sua vida por alguém, mesmo que esse alguém fosse eu.

Ficamos abraçados enquanto a noite e uma escuridão maior se abatiam sobre nós. Eu a mantive firme em meus braços, mesmo quando as lágrimas cessaram, reinstalando a consciência de que ela era minha prisão. A corrente na qual escolhi livremente me prender. Sim, a liberdade era irônica.

Eu pensava sobre isso quando o sono me venceu, e comecei a sonhar com um mundo onde Estrela e eu passearíamos livres com o pequeno John preso em nossos braços.


Fan Art linda feita pela leitora Daniela Martins Fonseca.







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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado, e deixem reviews!