Rock Of Ages escrita por AniinhaBorges


Capítulo 19
Capítulo 18




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Aaron realmente cumpriu o que havia prometido. Mesmo com todos os ensaios e preparativos para o grande show de sexta no Bourbon Room, ele estava passando mais tempo comigo e me dando mais atenção. Todos os dias depois dos ensaios ele me levava em casa e ficávamos namorando no portão por um bom tempo. Sem falar que durante a semana toda ele fez questão de ir ao Poison todos os dias no meu horário de almoço para almoçarmos juntos. Parecia que tudo estava voltando a ser como antes.

A sexta do show acabou chegando mais rápido do que eu imaginei. Eram duas da tarde e eu estava em casa me arrumando para sair. Bonnie estava em casa também, o que era um milagre desde que ela havia arrumado aquele papel. Ela estava lendo seu roteiro e eu no sofá terminando minha maquiagem quando o telefone tocou. “Irmãzinha, você pode atender né? Está mais perto que eu.” – ela me pediu olhando-me com uma cara de cachorro perdido. “Claro.”- eu respondi fechando meu rímel e me esticando para pegar o telefone na mesinha atrás do sofá. “Alô?”- eu disse. “Eve? Como é bom falar com você, bonequinha.”- uma voz que há tanto tempo eu não ouvia disse com um tom sorridente e contente. “Pai? É você mesmo?”- eu disse levantando do sofá. Na mesma hora, olhei para Bonnie que havia tirado os olhos do seu roteiro e me olhava espantada. “Claro que sim, meu anjo. Nossa, que saudades. Como você está?”- ele perguntou. “Estou bem, pai.”- eu respondi vagamente e com a voz falhando. “E sua irmã? Como ela está?”- ele perguntou para meu espanto. “Ela também está ótima. Você quer falar com ela?”- eu perguntei me aproximando dela. “Não, não. Liguei para falar com você.”- ele disse. “Pode falar, pai. Estou ouvindo.”- eu me sentei ao lado de Bonnie, que levantou percebendo que aquela seria uma conversa a dois. “Querida, eu sei que você deve estar se divertindo e tudo mais, mas não acha que e já está na hora de encerar essa aventura?”- ele perguntou modificando seu tom de voz. “Como assim, pai?”- eu perguntei. “Não acha que já está na hora de você voltar pra casa? Sua mãe está preocupada com você. E eu também.”- ele disse. “O que?”- eu disse incrédula. “Eve, você não achou que iria ficar aí em Los Angeles para sempre, achou?”- ele perguntou com um tom debochado.  “Você realmente achou que isso era uma aventura?”- eu perguntei. “E não era? Sei que você fez tudo isso para chamar minha atenção.”- ele disse. “Pai, você não me conhece mesmo não é? Eu não fiz isso pra chamar sua atenção. Eu fiz isso porque quis. Porque é a minha vida. Aquilo que eu tenho em Santa Barbara não é minha vida. É a vida que você e a mamãe querem pra mim.”- eu disse. “E não é a mesma coisa? Nossos sonhos são os mesmos que o seu. Sempre foi assim.”- ele respondeu. “Não, pai. Meus sonhos são muito diferentes dos que você tem pra mim. Eu nunca quis nada que você e minha mãe quiseram pra mim. Eu só era idiota demais pra agir. Mas agora acabou. Eu não vou voltar pra casa.”- eu disse me sentindo aliviada. “Tem certeza? Eu acabei de mandar decorarem um quarto pra você aqui em casa.”- ele disse. “O que?”- eu perguntei. “Isso mesmo, Evelyn. Quero que você venha morar comigo.” – ele disse calmamente. “Você sabe que eu daria tudo pra ir morar com o senhor.”- eu disse sentindo lágrimas formando em meus olhos. “Então, meu anjo, é hora de você vir pra casa. Olha, tenho negócios a fazer em Los Angeles esses dias, posso te buscar. O que me diz?”- ele perguntou. “Eu digo que o senhor realmente não me conhece.”

Deixei o apartamento correndo, em lágrimas. O telefone ficou lá na mesa com meu pai falando palavras ao vento. Eu não podia acreditar no que tinha ouvido. Sim, eu queria muito ainda ir morar com ele. Mas eu queria que ele realmente me quisesse lá. Não que ele usasse isso como chantagem para me fazer voltar e desistir de tudo. Desci as escadas do prédio com as mãos no rosto tentando de alguma forma controlar minhas lágrimas que não paravam de escorrer. Finalmente cheguei à rua e continuei andando reto até que algo bateu em mim. “Ei, ei, mocinha. Olha por onde anda.”- ele me disse com seu tom brincalhão de sempre. “Jerry? Desculpa, não te vi.”- eu disse tentando esconder o rosto completamente borrado de rímel. “Ei, o que houve?”- ele disse delicadamente levantando meu rosto. “Nada, não foi nada.”- eu respondi com a voz falhando. “Se não houve nada por que você está chorando então?”- outra voz ecoou atrás de Jerry, me fazendo sentir pior do que eu já estava. “Não aconteceu nada, eu já disse!”- eu gritei. “Ok, já entendemos. Vamos Chip, Bonnie deve estar nos esperando.”- Jerry passou por mim, respeitando minha vontade de ficar sozinha e quieta. Ou dando uma brecha para Chip ficar a sós comigo. “Aqui, você está toda borrada.”- ele disse me entregando um lenço. “Obrigada.”- eu puxei o pedaço de pano da mão dele e esperei que ele saísse de perto para usá-lo.  

Peguei o lenço e levei aos meus olhos tentando limpar meu rosto completamente borrado enquanto via Chip abrindo a porta do prédio e seguindo Jerry. Apoie-me na parede do prédio ainda com as palavras de meu pai passando pela minha cabeça. Conforme elas iam se repetindo, as lágrimas voltavam a cair e eu continuava a me limpar com o lenço de Chip, até que ele ficasse praticamente preto. Estava distraída quando ouvi a porta do prédio abrir novamente. Como um reflexo, me virei para ela e para a pessoa que estava saindo. “O que você quer? Eu quero ficar sozinha.”- eu resmunguei me jogando na parede novamente. “Eu sei, Eve. Mas é que eu fiquei preocupado. Só isso.”- ele disse calmamente. Eu o encarei tentando entender o que se passava naquele momento. “Eu acabei de discutir com meu pai. Só isso.” – eu disse contra minha vontade. Chip chegou mais perto de mim e se apoiou comigo na parede. “E o que Arthur Griffin aprontou dessa vez?”- ele disse fazendo seu tom de preocupação desaparecer. “Ele quer que eu... Pera aí. O que você disse?”- eu o encarei confusa. Não me lembro de ter mencionado esse importante detalhe da minha vida e, até onde eu sabia, Bonnie também escondia isso de todos. “Sim, eu sei que você e Bonnie são filhas dele. Ela não me contou, eu descobri por acaso.”- ele disse vagamente. “Ah.”- eu suspirei. “Olha, eu queria te contar, mas a Bonnie disse pra eu nunca mencionar isso.”- eu me expliquei nervosa e ele riu. “Eve, não tem problema. Eu não me importo.”- ele disse. “Sim, mas é um detalhe importante da minha vida. Quer dizer, eu sou filha do cara mais poderoso do mundo da música. Eu tinha que contar.”- eu continuei me desencostando da parede, falando desesperadamente rápido. “Eve.”- ele me parou. “Eu não me importo. Não me interessa quem é seu pai. De verdade.”- Chip me segurava pelos braços e estávamos razoavelmente próximos. “Mas isso sempre importa. Pra todos.”- eu disse. “Não pra mim.”- ele disse me soltando.

Algo estava errado. Chip estava sendo gentil comigo. E não era a primeira vez. Antes, ele só falava comigo para reclamar sobre mesas e hambúrgueres e mal me olhava quando estávamos trabalhando. Agora, ele estava sendo todo gentil e fofo como se nunca tivéssemos tido nada, como se fosse a primeira vez que estivéssemos nos falando e, principalmente, como se ele nunca tivesse me dado um fora. “Aqui, obrigada pelo lenço.”- eu disse timidamente. “Sem problemas.”- ele disse guardando o mesmo no bolso da calça. “Eu mando a conta da lavanderia depois. Só espero que rímel não manche.”- ele disse me fazendo soltar uma leve risada. “Tudo bem, é o mínimo que eu posso fazer.”- eu disse. Ele ficou me olhando com um sorriso tímido sem saber o que dizer ou fazer. Eu fiz o mesmo, esperando que ele soubesse o que dizer ou fazer. “Eu acho que eu vou subir. Tenho que terminar de arrumar as coisas para o show.”- eu disse. “Ah, o show do Aaron é hoje.”- ele disse com um tom desanimado. “Sim. Ele deve chegar a qualquer minuto pra me buscar.”- eu completei fazendo uma expressão mais desanimada aparecer em seu rosto. Dei meia volta e andei em direção à porta. Ele continuou lá parado me observando ir. Foi então que eu resolvi tomar uma atitude. “Chip, posso te fazer uma pergunta?”- eu disse me voltando para ele. Ele concordou em silêncio e eu respirei fundo para soltá-la. “Por que você está agindo assim?”- eu disse de uma vez. Ele me olhou confuso e eu respirei fundo novamente. “Por que você está sendo tão gentil comigo esses dias? Você me dá carona, me ajuda quando eu estou chorando, me trata bem. O que aconteceu?”- ele continuava me olhar confuso e sem resposta. “Não me olhe assim. As coisas mudaram, eu sei disso. Você sabe disso.”- eu disse e, dessa vez, quem buscou se aproximar, fui eu. Cheguei-me perto dele novamente, quase num gesto desafiador. Ele ainda não havia dito nada, só conseguia me olhar com seu olhar confuso, buscando palavras.  “Anda, Chip. O que houve?”- eu pressionei. “Eve, não aconteceu nada.”- ele gaguejou. “Não me venha com essa, Chip. Você tem me tratado diferente. Algo aconteceu sim. E eu quero saber o quê.”- eu continuei me aproximando, o desafiando. Ele estava confuso e prestes a responder, quando uma voz ecoou próxima a nós dois. “Eu atrapalho alguma coisa?”


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