Rock Of Ages escrita por AniinhaBorges


Capítulo 13
Capítulo 12




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A semana passou rápida e quando me dei conta já era a tão esperada noite do meu encontro com Aaron. Eu estava ansiosa, mas não muito. Acho que estava curiosa imaginando o que ele poderia ter planejado e aonde poderia me levar. Misteriosamente e sem falar nada, Ramona permitiu que eu saísse mais cedo por causa do encontro, foi estranho, pois Aaron e eu combinamos de sair na noite que o Poison costuma ficar mais cheio e sempre era difícil conseguir folga ou sair mais cedo da lanchonete nas sextas. Mas ela não me questionou nem resmungou, simplesmente concordou.

Aaron me pegou na porta do Poison. Com sempre, ele já estava parado na calçada me esperando. Ele estava com aquela postura de rockstar de sempre e, dessa vez, o violão nas suas costas dava um toque a mais naquele jeito dele.  Ele vestia um colete jeans desbotado, uma camiseta preta e um par de jeans também desbotados e completamente velhos. Eu saí do Poison e corri em sua direção, sorrindo e não disfarçando meu entusiasmo pelo encontro. “Desculpe, eu ia te trazer flores, mas descobri que cavalheirismo não é a minha praia.”- ele disse sorrindo e olhando para mim. Mesmo na escuridão da noite, pude perceber que seus olhos eram esverdeados. Nunca consegui reparar de fato neles já que Aaron sempre os escondia por trás daqueles seus óculos de sol. “Então, vamos?”- ele perguntou me entregando seu capacete. Eu sorri e coloquei o capacete, torcendo para que ele não estragasse meu cabelo. Acomodei-me na moto e, como num reflexo, o abracei pela cintura. “O que foi?”- eu perguntei percebendo que ele me olhava pelo retrovisor com um riso estúpido no rosto. “Isso foi uma cantada?”- ele brincou. “Eu pensei que isso só fosse uma medida de segurança.”- eu respondi. Ele riu e deu a partida. “Sim, sim. Claro que é.”

Diferente do dia em que nos conhecemos, Aaron não voou. Ele pilotou numa velocidade razoável, não muito rápido, mas também não muito devagar. Passamos por toda Los Angeles; não havia um só quarteirão que não estivesse lotado de gente procurando e querendo encontrar um momento para se divertir. A cidade brilhava por causa de todos os letreiros iluminados espalhados por todos os bares, boates e lanchonetes. Nas ruas, as roupas coloridas das mulheres e dos homens também davam sua contribuição a essa paleta de cores que era Los Angeles.  “Aaron, pode-me dizer onde estamos indo?”- já estávamos andando por um bom tempo e já estávamos longe de qualquer lugar que pudesse ser apropriado por um encontro. “Diga-me, Eve. Você conhece a placa de Hollywood?”- ele perguntou. “Claro que já. Já vi centenas de fotos e dá pra vê-la quando você anda por Los Angeles.”- eu disse. “Você já viu, mas não conhece certo?”- ele perguntou. “E os dois não seriam a mesma coisa?”- eu disse confusa. Ele não respondeu, apenas acelerou a moto, fazendo com que eu redobrasse as minhas medidas de segurança.

Mais alguns minutos depois, finalmente havíamos chegado ao nosso destino. “Esse é o meu esconderijo.”- ele sussurrou enquanto me ajudava a descer da moto. Eu fui andando lentamente por aquele espaço que nunca pensei em visitar. A vista era simplesmente maravilhosa; toda a cidade que tínhamos acabado de ver de tão perto, estava agora ali em baixo, parecendo tão pequena, mas com o mesmo colorido e vida. “Vem, venha ver de mais perto.”- ele pegou minha mão e foi me guiando para mais perto daquelas letras gigantescas. “Aaron, isso não é ilegal?”- eu perguntei assustada. Desde que havia sido presa, estava um pouco paranoica com todas essas coisas que podiam me fazer voltar para a cadeia. “Bem, não que eu saiba.”- ele disse parando e virando-se para mim. “Relaxa, apenas curta a vista.”- ele disse virando meu rosto para a cidade.

Ficamos admirando a vista por um tempo. Na verdade, eu fiquei. Ele logo se sentou no chão e começou a dedilhar acordes em seu violão. Logo depois eu me cansei e me juntei a ele. “Então, você tem uma banda.”- eu disse tirando minha jaqueta e forrando o chão para me sentar. “Sim, Blood Stain.”- ele disse me observando e parando com seus acordes. “E o que te fez se interessar por música?”- eu perguntei. Ele pensou um pouco e respirou fundo antes de responder. “Acho que foi a cidade em si. Eu cresci aqui, observando esse cenário musical grandioso. Quando era garoto a única coisa que eu queria era fazer parte desse cenário. Foi então que eu comecei a tocar violão. Juntei minha mesada e comprei meu primeiro com nove anos.”- ele disse sorrindo pro seu violão. “Depois, aprendi sozinho como se tocava e com doze anos, ganhei minha primeira guitarra.”- ele continuou. “Seus pais devem ter adorado a ideia de ter um guitarrista em casa.”- eu disse sorrindo, fazendo ele sorrir também. “É, confesso que minha mãe e meus vizinhos não formaram um fã clube logo de cara.”- ele brincou. “E agora que você tem uma banda, imagino que eles já te apoiem certo?”- eu perguntei. “Na verdade não. Minha mãe nunca gostou dessa ideia. Ela pensava que a música seria só um hobbie, mas ela virou minha paixão. Eu quero fazer isso pro resto da minha vida, mas minha mãe não consegue entender isso. Ela quer que eu assuma o negócio da família, mas eu não me interesso nem um pouco por isso.”- ele desabafou. “E seu pai?”- eu perguntei timidamente. “Ah, eu não o conheci. Minha mãe me teve quando era adolescente ainda. Meu pai foi seu namoradinho do colegial.”- ele disse frio. Em segundos, voltou para seu violão dando aquele assunto por encerrado.

Ele continuou dedilhando seus acordes em silêncio e eu o observando sem piscar ou dizer uma palavra. “O que foi?”- ele disse parando de tocar. “Nada, é que eu sempre achei violão tão difícil e ver você tocando... É que você faz parecer que é fácil.”- eu disse um pouco nervosa. “Não é difícil.”- ele disse se aproximando de mim mais um pouco. “Aqui.”- ele apoiou o violão no meu colo e pegou minha mão, posicionando meus dedos nas cordas. “Isso, agora a outra mão vai aqui. E você faz assim, e lá.”- ele disse sorrindo virando seu rosto para o meu. Eu ria como uma criança numa manhã de Natal pelo simples ato que tinha acabado de aprender. Eu levantei a cabeça e virei para olhá-lo, sem notar que nossos rostos estavam a poucos centímetros de distância. Eu sorri timidamente e senti um arrepio subindo pela espinha e minhas bochechas rosando conforme ele ia diminuindo esse espaço entre nós e mexendo suas mãos para minha cintura. Eu apenas segui seus movimentos, indo ao encontro de seus lábios. Diferente de Chip, seus lábios eram cheios e pouco molhados. Seu beijo não era delicado e suave, era um pouco rápido e cheio de paixão. Mas mesmo assim, era maravilhoso. “Viu, eu disse que não era difícil.”- ele disse sorrindo entre meus lábios depois que nos afastamos. Eu não consegui me controlar e soltei uma gargalhada, fazendo o rir também, e o puxei para outro beijo.

“E você, Eve?”- ele me perguntou olhando para baixo procurando meus olhos. Ele havia encostado-se a uma estrutura que segurava uma das letras da palavra Hollywood e eu estava deitada em seu peito, sendo segurada por seus braços. “Eu o que?”- eu disse encontrando seus olhos esverdeados. “Bem, além da sua profissão o que mais eu posso saber sobre você?”- ele perguntou. “Não há muito que saber.”- eu disse vagamente. Não sei se estava pronta para compartilhar tudo sobre mim. Por mais que gostasse dele e por mais que aquela noite havia sido especial, eu ainda não me sentia completamente à vontade com Aaron da maneira que me sentia com Chip. “Ah, não é possível.”- ele disse dando beijinhos em minha bochecha. “Ok, ok. Bem, eu não sou daqui. Eu sou de Santa Barbara. Estou aqui em Los Angeles há quase um mês. Vim atrás da minha irmã e fugindo dos meus pais problemáticos.”- eu disse querendo encerrar o assunto logo. “Aí, acabei presa porque entrei de penetra numa festa com minha irmã e antes disse arrumei um emprego como garçonete. Fim da história.”- eu disse irritada. “Claro, tinha que ser a Bonnie.”- ele disse rindo. Rapidamente me levantei e o encarrei. “Como você sabe da minha irmã se eu nunca te contei nada?”- eu perguntei. “Ah, a Bonnie é conhecida por aqui. Além do mais, ela trabalhou no Poison antes de você.”- ele disse me puxando de volta. “E você jogou seu charme de roqueiro pra cima dela também?”- eu disse de cabeça baixa. “Não, não sou muito chegado às malucas.”- ele disse soltando um riso meu e me beijando novamente.

Perdemos a noção da hora conversando, ouvindo música e olhando para as estrelas. Por sorte, Los Angeles era uma cidade noturna que nunca dormia, então não havia problema algum voltar pra casa quase duas da manhã. “Eu me diverti muito hoje.”- eu disse parando em frente à moto dele e lhe entregando o capacete de volta. “Fico feliz que tenha gostado.”- ele disse ajeitando uma mecha do meu cabelo. “Bem, então, boa noite.”- eu disse beijando-lhe no rosto. “Eve, agora que você viu que eu sou um cara legal, o que me diz de ir a um show da minha banda?”- ele perguntou mordendo os lábios. “Talvez sim.”- eu disse sem parecer muito animada e louca para ir. “Pensei que você fosse muito ocupada.”- ele disse continuando a me provocar mordendo seus lábios. “Eu acho que posso achar um lugar na minha agenda.”- eu disse mexendo no cabelo. “Bem, então veja se sua agenda está cheia na semana que vem.”- ele disse me entregando um panfleto rosa. Eu balancei a cabeça e sorri de volta. Foi nessa hora que meus olhos avistaram no outro lado da rua três pessoas andando, uma moça e dois rapazes altos. A moça atravessou a rua, andando na direção do meu prédio e os dois ficaram lá a observando. “Aaron. Eve. Uau, por essa eu não esperava.”- ela disse. “Boa noite, Bonnie.”- Aaron disse fingindo ser educado. “Boa noite.”- ela retribuiu no mesmo tom. “Eu não demoro.”- eu disse a ela. “Eu espero que não.”- ela disse passando por nós e entrando no prédio, acenando antes para os dois caras do outro lado da rua. “Bem, acho que você tem que ir agora.” – ele disse. Eu concordei, olhando para os dois na outra rua. Eles continuavam lá e um deles parecia estar olhando para mim. “Posso te ver amanhã?”- ele perguntou ligando a moto. Eu olhei de volta pra ele e concordei, sorrindo. Ele ia já partindo quando eu o agarrei e lhe dei um último beijo. Quando olhei de volta para os caras, eles estavam indo embora, porém um deles continuava a olhar pra trás. “Até amanhã, Aaron.”


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