Rock Of Ages escrita por AniinhaBorges


Capítulo 12
Capítulo 11




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Os dias foram se passando e Aaron continuava insistindo. Todos os dias ele passava no Poison e me perguntava a mesma coisa. Na maioria das vezes, ele ficava estacionado na porta, esperando eu sair, sentado em sua moto com seus óculos escuros e seu sorriso inconfundível. Quando ele ia mais cedo, entrava no Poison e comia, sempre pedindo para eu o atender. Tinha que confessar, por mais que aquilo já estava me irritando, não podia negar que também estava me agradando. Aaron era um cara legal, bonito e charmoso que estava realmente interessado em mim. É claro que ele não havia dado nenhuma prova gigantesca disso, mas vê-lo todos os dias, me esperando e insistindo em mim, já era uma prova de que ele não é do tipo que desiste de alguém tão facilmente. Diferente de Chip.

A propósito, as horas de prestação de serviço comunitário de Chip já estavam chegando ao fim. Logo, ele estaria de volta ao Poison, pronto para trabalhar e ser meu chefe. Ramona já havia deixado bem claro para todos que só por causa de seu pequeno delito, não tiraria o cargo de gerente dele. Ela tinha plena confiança em Chip e confiaria sua própria vida a ele. Muitos chegaram a dizer que ela até já havia preparado seu testamento, passando o Poison para ele, não para seu filho. Ele não queria mesmo gerenciar o negócio da mãe. Ele queria ser um rockstar famoso. Mas isso não lhe impediu de sentir uma raiva mortal de Chip quando Ramona confirmou que deixaria o Poison sim para Chip quando ela partisse.

Mais uma semana estava começando e lá estava eu indo para o trabalho a pé. Com o passar do tempo fui percebendo que o Poison não era tão longe do apartamento de Bonnie quanto eu pensava. E também percebi que eu gostava de andar. Havia passado minha vida inteira andando de carro, avião e qualquer coisa que não fossem meus pés que estava adorando essa vida de andar por aí com minhas próprias pernas. Bonnie disse que emagreceu muito assim quando chegou a Los Angeles. Quando cheguei, o Poison estava cheio. Nas segundas feiras eu sempre pegava mais tarde, por volta das duas. Geralmente, a essa hora ele já deveria estar ficando vazio depois do almoço, mas hoje ele estava bem cheio. Entrei e encontrei Grace logo na porta. Ela me pediu que me trocasse rápido e a ajudasse porque ela já estava servindo três mesas. Concordei e continuei meu caminho. Ela realmente precisava de ajuda.

Andei até o vestiário, mas antes, algo me chamou a atenção no balcão. “Boa tarde, Eve.”- ele disse com um sorriso antes de morder uma de suas fritas. “Aaron, que surpresa.”- eu disse ironicamente. É claro que nas últimas semanas, quando eu vinha para o Poison já me preparava mentalmente para aquele momento da minha rotina. “Já sei o que veio fazer aqui, então vou economizar seu tempo. Não.”- eu disse abrindo o balcão e passando para o outro lado. “O que? Eu vim almoçar. Tenho que trabalhar hoje.”- ele disse. Trabalhar? Desde quando Aaron trabalhava? Pensei que a vida dele fosse dormir, comer e me perturbar. “Sim, Eve. Eu trabalho.”- ele disse analisando minha cara de espanto. “Posso saber aonde?”- eu perguntei como ele havia me perguntado naquele dia que nos conhecemos. “Aonde me chamarem, eu vou.”- ele respondeu vagamente comendo mais uma de suas fritas. Eu continuei olhando para ele confusa. “Eu tenho uma banda, Eve. Sou vocalista e guitarrista.”- ele sorriu. Isso explicava muita coisa, como por exemplo, seus óculos estilo rockstar e aquele algo a mais que ele tinha. “Seria um prazer ter você em um dos meus shows um dia.”- ele disse se inclinando no balcão. “Seria um prazer, mas eu sou uma pessoa muito ocupada. Desculpe. Inclusive, se me der licença, alguém aqui realmente trabalha.” – eu disse roubando uma de suas fritas e virando-lhe as costas, indo em direção ao vestiário.

Entrei no vestiário e desci a escadinha indo o mais rápido possível. Havia perdido muito tempo com Aaron e, com certeza, Grace estaria me xingando mentalmente. Abri meu armário, joguei minha bolsa e jaqueta e peguei meu bloquinho. Fechei rapidamente meu armário e andei rápido em direção à escada, distraída tentando prender meu crachá na minha blusa. Tão distraída que não percebi que um corpo se aproximava de mim. “Desculpe.”- eu disse terminando de pregar o crachá. “Tudo bem. Não foi nada.”- aquela voz familiar que eu tanto senti falta ecoou no pequeno quarto e entrou nos meus ouvidos como um raio. “Chip.”- eu disse levantando a cabeça e olhando para aqueles olhos cansados de sempre. “Você voltou.”- eu disse trêmula. “Pelo que parece sim.”- ele disse como uma resposta, mesmo eu não tendo perguntado nada. Eu não conseguia dizer mais nada. Lá estava ele parado a poucos centímetros de mim. “Eu acho que você deveria começar a trabalhar. Estamos cheios hoje.”- ele disse friamente como um patrão. “Sim, eu ia fazer isso agora mesmo.”- eu disse o observando se afastar de mim e indo em direção ao seu armário. “Chip.”- eu soltei seu nome sem pensar, como um reflexo. “Sim?”- ele se virou para mim com uma expressão séria. “Eu estava pensando, será que nós podíamos conversar uma hora dessas?”- eu perguntei trêmula e cheia de medo de sua resposta. “Sobre o que? Você está tendo algum problema aqui no Poison?”- ele disse mexendo em seu armário, fugindo de mim. “Não.”- eu disse. “Sobre nós.”

Ele ficou um tempo sem responder nada, olhando para seu armário. E eu, parada no mesmo lugar, olhando fixamente para ele, ansiando por sua resposta. “Sobre nós?”- ele disse. “Sim, sobre nós. Eu sinto que nós meio que deixamos esse assunto inacabado.”- eu disse me atrevendo a me aproximar dele, fingindo que aquele dia na praia nunca tivesse acontecido e que nosso último encontro havia acontecido na festa, na noite em que fomos presos. “Eu pensei que tivéssemos conversado sobre isso... Naquele dia, na praia.”- ele disse fechando seu armário e se virando para mim. “Você não pode estar falando sério, né?”- eu disse rindo ironicamente. Mas não havia nada de engraçado em sua expressão. “Eve, eu já lhe disse tudo naquele dia. Por favor, não insista.”- ele disse passando por mim. “Por que será então que eu não acredito em você?”- eu provoquei. Ele parou no meio do caminho e se virou para mim. “Pois é, Chip. Eu não consigo acreditar que você não me queira mais, eu não consigo acreditar que você realmente acha que não estarmos juntos é o melhor. E, principalmente, eu não acredito que você não me ame.”- a essa altura eu já estava perto dele novamente. “Reveja suas crenças então, Eve. Porque tudo aquilo que eu disse na praia é verdade. Cada palavra.”- ele disse friamente. “Acredite, é melhor não estarmos juntos. Pro seu bem.” – ele disse se virando novamente e voltando a andar. “Mas eu não quero o meu bem Chip, eu quero você.”- eu disse o puxando e, por um impulso, beijando-o.

No minuto em que meus lábios tocaram os dele, pude sentir que tudo aquilo que ele havia dito era mentira. Se ele realmente sentia aquilo tudo, não teria retribuído meu beijo da maneira como retribuiu. Ele me puxou pra perto dele mais forte do que naquela noite e me beijou como se fosse a última vez que estaria beijando alguém. Eu segui seus movimentos bruscos e apaixonados com a mesma intensidade. Até que do nada, ele os interrompeu e me olhou. “Chip, eu te amo.”- foi a única coisa que meus lábios conseguiram dizer. Eu olhei para ele, esperando que ele falasse o mesmo. Eu sentia que as palavras estavam na ponta de sua língua, esperando apenas um empurrão para sair. “Eu sei, Eve.”- ele disse me soltando aos poucos. “Mas é melhor que não me ame. Eu não sou o cara certo pra você.”- ele continuou. Suas palavras entraram dentro de mim e doíam como se alguém estivesse me cortando com uma faca. “O que?!”- eu gritei confusa. “Eve, não insista. Por favor.”- ele disse tirando suas mãos de mim e passando por mim, indo em direção ao escritório de Ramona.

Ele me deixou lá, parada, sentindo o gosto de seus lábios e seu calor sob minha pele. Suas palavras ainda ecoavam dentro de mim e não queriam sair de jeito nenhum. A imagem de nosso beijo também continuava a passar como um filme em minha mente. Eu lutava comigo mesma tentando segurar minhas lágrimas, mas em um dado momento, eu perdi o controle delas e deixei-as sair. Eu não conseguia acreditar, não conseguia aceitar. Por que ele estava fazendo isso comigo? Será que ele não via que o melhor pra mim era estar com ele? Foi então que minhas lágrimas pararam de cair e a raiva tomou o lugar da tristeza dentro de mim. Eu as sequei e me recompus rapidamente, deixando o vestiário como um raio. Só passava na pela minha cabeça agora uma coisa a fazer. “Grace, cadê o rapaz que estava no balcão agora pouco?”- eu perguntei. Grace reclamou ao me ver, mas eu a cortei com a minha pergunta e ela pareceu não se importar. “Que rapaz?”- ela perguntou recolhendo os pratos do balcão. “Um de óculos escuros, estava bem aqui comento um prato de fritas.”- eu disse apontando para o local. “Ah, o Aaron?”- ela perguntou. Eu estranhei o fato de ela saber quem era, mas não liguei. Provavelmente, sua banda era conhecida por aqui. Concordei e ela me disse que ele acabara de sair. Olhei pela janela e por sorte o avistei montando em sua moto. Saí correndo e consegui alcança-lo. “Eve, que surpresa.”- ele disse colocando o capacete. Andei em sua direção e me apoiei no guidão da moto. “Amanhã pra você tá bom?”- eu perguntei olhando para ele através daqueles óculos. “Amanhã?”- ele disse confuso. “Sim, amanhã. Ou você prefere sair comigo outro dia?”- eu disse. Ele sorriu e abaixou os óculos, escondendo muito bem seu entusiasmo. “Isso significa que...”- ele disse com uma voz sedutora. “Sim, significa que hoje é uma boa hora.”



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