Rock Of Ages escrita por AniinhaBorges


Capítulo 1
Prólogo




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Sentir o vento soprando forte e balançando meus cabelos sem dúvida era a melhor sensação que eu já havia sentido na vida. Nunca pensei que se sentir livre pudesse ser tão gostoso. O sol brilhava no céu e anunciava mais uma manhã de verão na minha Califórnia. E a cada quilometro que meu carro percorria, eu me sentia mais satisfeita com minha decisão. Sim, não era assim que eu esperava que as coisas acabassem, mas eu precisava fazer algo e esse foi o único jeito que encontrei. E para ser sincera, estava um pouco orgulhosa de mim por isso.

Dirigi mais um pouco e finalmente avistei uma parada de estrada. Ótimo, era o que eu precisava. A primeira parte do plano já havia sido concluída, agora vinha a mais complicada. Estacionei o carro e desci, caminhando em direção à cabine de telefone. Nunca pensei que estaria usando um telefone público, mas a situação pedia soluções urgentes. Disquei o número que tinha anotado em um pequeno pedaço de papel arrancado de uma folha de caderno e esperei ansiosamente pela resposta da telefonista. Em alguns minutos, já estava ouvindo a simpática e familiar voz da secretária que há tantos anos trabalha com ele. “Lamento, Evelyn, mas ele está extremamente ocupado agora. Ele partirá para o Canadá em algumas horas e garanto que está cuidando dos últimos detalhes pessoalmente.”- disse a voz da mulher de quase 40 anos. “Por favor, Valerie. Diga que sou eu. E que quero muito falar com ele. ” – respondi em tom de súplica. Ela respondeu, dizendo que já estava passando o telefonema. “Alô?”- a grave voz disse no outro lado da linha. “Pai? Que bom ouvir sua voz.”- eu disse sorrindo. “Sim, querida. Digo o mesmo. Está tudo bem?”- ele perguntou mostrando certo entusiasmo ao falar comigo. “Sim, sim. Eu estava pensando, será que poderíamos almoçar hoje? No clube?” – eu perguntei usando o mesmo tom de súplica que havia usado com Valerie. “Querida, receio que não. Estou ocupado no momento. Parto para o Canadá em algumas horas.” – ele disse. Como eu odiava o Canadá naquele momento. “Mas pai eu realmente quero te ver.” – supliquei novamente. “Eve, por favor, que tal quando eu retornar? Tenho certeza que teremos mais tempo para conversar. E... só um momento querida, tenho uma ligação da sua escola.” – como eu suspeitava, não demorariam muito a informa-lo sobre os últimos acontecimentos. “Então, tudo bem pai. Nos vemos hoje, no clube ao meio dia? Mal posso esperar, te amo!” – desliguei o telefone, sabendo que ele iria me encontrar.

Após a ligação retornei ao carro e voltei para a estrada. Fazia um dia tão lindo; da estrada podia avistar a praia, cheia de visitantes, se banhando e aproveitando as areias da costa oeste americana. Eu realmente amava a Califórnia, tinha nascido e crescido nesse paraíso. Era o único lugar do planeta que eu podia chamar de lar. Mas ultimamente a vontade de estar perto daquele homem que tanto me entendia fazia com que meu amor por esse lugar se tornasse insignificante. Eu queria estar com meu pai, morar com ele, poder almoçar e jantar com ele, não importa onde ele estivesse. Não suportava a ideia de ficar morando com minha mãe. Desde o divórcio, as coisas eram assim: eu presa na mansão Griffin na Califórnia com a mulher que eu chamava de mãe e meu pai viajando o mundo todo caçando talentos e assinado contratos, nunca tendo tempo para passar em casa ou para me ligar. Enquanto isso, eu e minha mãe, travamos uma batalha se fim em casa. Não havia um só dia que passássemos sem discutir ou agredir a outra. Posso contar nos dedos quantas vezes ficamos no mesmo cômodo sem levantar a voz uma para a outra. Por fim, antes que nos matássemos, ela encontrou a melhor solução: prender-me num internato para moças. Eu passava minha semana toda no colégio, tinha aulas o dia todo e nos fins de semana cumpria as matérias extracurriculares, como xadrez, latim e economia doméstica. Só tinha autorização para deixar a escola nos feriados, nas férias de verão e quando minha família tinha algum evento no clube. É claro que eu não ia ficar sentada esperando meu colegial acabar aprendendo latim e como se faz um bolo de chocolate com avelã. Eu tinha que sair de lá, mas mais do que isso, eu tinha que me livrar da minha mãe. E era exatamente isso que eu ia fazer naquela manhã. Pensar na minha família me deixava tão irritada e deprimida, que quando me dei conta, já estava entrando pelos portões dourados do clube onde minha família é associada há gerações. Entreguei as chaves ao magrelo manobrista, peguei minha bolsa e o envelope marfim que me encarava desde cedo quando comecei minha viagem. Olhei fixamente para o documento e li as palavras em marrom que preenchiam o canto esquerdo do papel: Sr. E Sra. Griffin. Ordem de Expulsão.


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