Pov: Annabeth.

-Percy? -chamei baixinho em seu ouvido, estávamos abraçados olhando para o teto, apenas relaxando um pouco antes de começar uma nova jornada.

-Sim? -ele perguntou olhando para mim, eu estava deitada em cima de seu braço com minhas mãos em seu peito ouvindo as batidas calmas de seu coração.

-Acho que agora você pode me contar sobre Rachel... -falei um pouco na dúvida se ele poderia mesmo me dizer o que realmente havia acontecido entre eles.

-Tem certeza que quer saber? -ele perguntou colocando-se de lado, para ficarmos de frente.

-Tenho. -falei firme.

-Bom... -ele respirou fundo. -Quando eu estava saíndo do castelo, depois de ter aquela "conversa" com você -ele hesitou, mas depois continuou -bem, eu estava bem irritado e com muita raiva, queria apenas sair de lá e estava falando algumas coisas ruins sobre você -eu o encarei com raiva. -nada que você não merecesse no momento...

-Você está brincando com o perigo. -eu o avisei.

-Desculpe, mas ah... eu estava irritado com você, não pode me culpar por isso. -ele se defendeu.

-Tudo bem, continue, por favor.

-Onde é que eu estava mesmo? -ele me perguntou confuso.

-Você estava saíndo do castelo. -eu disse.

-Ah, claro... -ele pareceu se localizar na história. -Então eu estava mesmo decidido a ir embora e nunca mais mencionar o seu nome. Foi então que Rachel começou a explicar algumas coisas.

-Que tipo de coisas? -perguntei curiosa.

-Bem, ela disse que eu estava fazendo tudo o que Luke estava planejando, dançando conforme a música dele e que ela estava o ajudando, desde o começo. -ele disse por fim, desviando seus olhos dos meus e olhando para o teto.

-Ela era a espiã! -eu disse mais para mim mesma do que para ele.

-Você já sabia? -ele perguntou confuso e sentando-se na cama.

-Mais ou menos... Luke disse-me algo sobre alguém estar lhe dando as informações sobre os destinos do navio, ele usou isso para me manipular. -Expliquei. -O espião podia matar você com uma simples ordem de Luke se eu não fizesse o que ele pedisse.

-Parece que todos formos enganados. -ele disse pensativo.

-Onde ela está agora? -perguntei apressada.

-Está no convéz. Na verdade, acho que embaixo de nós. -ele disse.

-Quero falar com ela. -eu disse decidida.

-Para que? Annie, sei que você pode estar querendo tomar satisfações com ela, mas não creio que esse seja o momento certo e ... -ele estava começando a falar demais, então preferi o interromper antes que ele começasse uma palestra mal feita sobre o que eu deveria fazer.

-Calma, eu não vou interrogá-la ou coisa assim, quero apenas... conversar. -expliquei para ele. -Olhe, Rachel, apesar do que fez, nos ajudou de alguma forma. Se não fosse por ela você teria ido embora e nesse momento eu já estaria no mundo inferior. -disse eu olhando em seus olhos, para que ele entendesse que estava falando sério.

-Tudo bem, então. Mas... Rachel não está muito bem com isso, ela parece querer se esconder de todos, então se ela não quiser falar... tente entendê-la.

-Não se preocupe, Percy. Sei o que estou fazendo. Além do mais, essa será uma conversa importante. -eu disse já me levantando para visitar a ruiva. -Prometo no demorar muito.

-Se eu ouvir gritos, terei de intervir. -ele disse sorrindo.

-Não se preocupe, serei boazinha. -falei já saíndo da cabine.

Enquanto andava, muitas coisas passavam em minha cabeça, tudo o que acontecera até agora deveria ter um propósito final, pelo menos era o que eu esperava. As coisas deviam fazer parte de uma plano do destino, nada acontece de verdade por acaso, não pode ser tão fácil assim...

Sabe aqueles momentos em que tudo parece ser perfeito? Tanto que mal podemos acreditar, com muita facilidade, que aquilo tudo é mesmo real. São poucos aqueles que tem a oportunidade de viver algo assim, é dessas pessoas que eu tenho pena, nunca saberão o quão lindo e respirar o mesmo ar que a pessoa amada... o quão perfeito é acordar ao lado de quem você ama. Dizem que aqueles que nunca encontraram o amor, estão destinado a uma vida sem muitas emoções e total satisfação. Não sei se isso é realmente verdade, afinal, existem pessoas que encontram seus amores, mas infelizmente não podem vive-los da forma como querem... e é justamente por isso que não consigo ter raiva de Rachel, mesmo depois de tudo que fez.

Afinal, ela encontrou alguém para amar, mas não foi correspondida. Percy sempre seria seu primeiro amor verdadeiro, mas eu esperava realmente que não fosse o último. Era estranho saber que, de certa forma, em algum momento desta jornada ela já foi minha "concorrente". Isso não me agrada, mas mesmo assim foi algo que não deixei de pensar. Percy e eu estamos juntos agora, mas e Rachel? Ela não merece passar a vida toda achando que perdeu a oportunidade de ser feliz com alguém por causa disso. Afrodite não podia ser tão cruel ao ponto de fazer alguém sofrer eternamente por alguém que não pode ter.

Finalmente cheguei ao lugar indicado, o quarto de Rachel ficava mesmo bem embaixo da cabine de Percy, o corredor não era lá muito iluminado, a porta de Rachel era de uma madeira escura e já meio velha, havia algunas teias de aranha em um canto da parede, como se ninguém se importasse com aquele canto. Rachel não merecia ficar em um lugar assim, mesmo depois de tudo, não estávamos querendo culpa-la, ela não precisava ficar tão escondida assim. Bati na porta de leve e a chamei forçando minha voz a sair alta:

-Rachel, é Annabeth... eu gostaria de falat de com você. -disse eu esperado sua resposta encostado minha orelha na porta.

-Vai embora! Não quero falar com ninguém! -ela respondeu com a voz abafada.

-Por favor, Rachel. É só uma conversa! -eu contestei.

-Não há nada que eu possa falar para você!

-Tem sim! É para ajudar Percy... prometo ser breve -eu disse, ela nada respondeu por um tempo, parecia estar pensando sobre o assunto. -Não vim aqui para brigar com você, juro que é apenas uma conversa. -silêncio mais uma vez, já estava ficando cansada. Dei as costas para a porta e começei a fazer o caminho de volta. Mas antes que eu pudesse dar mais de três passos, a porta se abriu, me mostrando uma Rachel triste, mas disposta a falar comigo.

-O que quer saber? -ela me perguntou.

-Você deve saber de alguma coisa para ajudar-nos a derrubar Luke. -eu disse me virando para encará-la.

-Depende, o que você está realmente procurando? -ela me perguntou. A aparência de Rachel não estava das melhores naquele dia, seus olhos verdes estavam rodeados de profundas olheiras roxas, mostrando que ela não estava dormindo muito bem, seu nariz estava tão vermelho quanto seus cabelos ruivos, ela estava despenteada e parecia-me abatida.

-Qualquer coisa que possamos usar para provocá-lo. -eu disse parando em sua frente. -Sei que você sabe de alguma coisa.

-Bom... tem uma coisa, mas não sei se vai servir. -ela disse pensativa.

-O que é? -perguntei um pouco animada demais.

-Bem, observei que, para um rei em um reino que odeia meio-sangues, ele sabe demais sobre eles e tem coisas demais sobre eles. -ela disse olhando para mim.

-O que quer dizer? -perguntei juntando as sobrancelhas.

-Quando estive no navio de Luke, notei que ele tinha alguns objetos estranhos, sabe? Coisa de meio-sangue mesmo. Espadas, medalhões e até aquela comida que vocês usam quando estão machucados. -ela explicou e um luz veio em minha mente.

-Ele é um meio-sangue! -falei num grito, seguido de um pulo desnecessário de um contestável euforia. Senti-me idiota por não ter percebido isso antes. Agora tudo fazia sentido, mesmo as coisas mais insignificantes agora pareciam se encaixar perfeitamente na história. -Esse tempo todo... ele me enganou, enganou todos nós... estave matando pessoas como ele... -começei a murmurrar esquecendo-me que Rachel ainda estava alí.

-Mas do que raios você está falando, Annabeth? -Rachel me perguntou assustada.

-Luke está nos enganando esse tempo todo! -eu disse para ela. -Luké é um meio-sangue, é assim que ele sabe tanto sobre nosso mundo... É por isso que ele tem uma fonte no navio, ele manda mensagens de Íris! É assim que ele e os homens ajem tão rapidamente!

-Você tem ideia do que está falando? Tem certeza do que está dizendo? -ela me perguntou gesticulando com as mãos.

-Claro! Agora tudo faz sentido! -eu disse levando as mãos até a cabeça.

-E agora? O que isso muda? -ela perguntou.

-Muda muita coisa... Agora sabemos mais ou menos com o que estamos lidando.

-E o que seria?

-Estamos lidando com mais do que um monstro sanguinário... é um monstro sanguinário assassino e mentiroso. -falei dramaticamente. -O pior de tudo é saber que eu não consegui ver isso antes.

-Ele não é mais perigoso agora só porque você descobriu isso. -Rachel disse cruzando os braços.

-É aí que você sem engana, Rachel. Isso prova que ele tem condições suficientes de nos encarar de igual para igual. -eu disse suspirando. -Se Luke matou todos esses meio-sangues é porque tem um bom motivo... e eu temo que este motivo possa nos atingir de forma brutal.

-Não entendo... -Rachel confessou.

-Depois de parar para pensar em todas essas mortes... analisando de perto tudo isso... começo a pensar se elas não estão relacionadas a possíveis sacrifícios... -falei em um sussuro.

-Sacrifícios...? -Rachel repetiu.

-Sim... e você não deve precisar de mais explicações para saber que mesmo no mundo meio-sangue, nada que tenha haver com esse tipo de coisa tem como resultar em algo bom... -eu disse e Rachel me encarou.

-Você tem que avisar Percy.

-É o que o vou fazer agora. -eu disse me virando para ir embora.

-Ah... Annabeth? -chamou Rachel.

-Sim? -me voltei para ela.

-Eu queria pedir desculpas... por ter... feito tudo isso... -ela disse envergonhada.

-Está tudo bem. -eu disse. -Eu não vim aqui para brigar com você ou coisa parecida. -falei, lembrando do real motivo para ter vindo até aqui. -Eu queria apenas dizer a você para não se culpar tanto... você não está sendo encarada como vilã por mim e pelo Percy. Disso você pode ter certeza... -falei tentando mostrar que estava sendo sincera.

-Obrigada. -Rachel disse de cabeça baixa. -Por ter vindo aqui me dizer isso.

-Não há de quê. -eu disse. -Temos muitas coisas em comum, Rachel. Acho você sabe disso.

-Sei, coisas até demais... -ela sussurou.

-Você vai superar. -eu disse prontamente. Sabia que ela estava falando de Percy.

-É o que espero.

-Afrodite deve ter melhores planos para você... não perca a esperança.