Antes de realmente contar a história, Meirín fez questão de avisar que era a pessoa mais sóbria e que tentou apartar os meus atos e me proibiu de fazer qualquer comentário no meio da narração. Concordei e ela finalmente começou:

Bom... Depois de beber o primeiro copo de "Beijo Russo" você não parou de tomar e em mais ou menos duas horas estava completamente bêbada. Não era só você. Alois, Leo, Joe e Zamy estavam quase igual...

Mas o Joe não bebe!- A interrompi.

Eu te disse para não me interromper! O Joe só bebe bem de vez em quando. Voltando à história...

"Você e os outros estavam em "estado de alegria" e eu não sabia se ria ou se fugia para bem longe, para me proteger. Todos estavam fazendo piadas idiotas e rindo para o nada até que Joe parou e começou a dar em cima de você.

O Joe não deixa pra depois... Arroz, arroz! - Os meninos cantaram em coro.

Porra Joe! - Você reclamou enquanto tentava tirá-lo de cima do seu corpo.

Como ele se recusava a se levantar você, gentilmente deu um soco no olho dele. Alois correu até um balde, pegou alguns cubos de gelo e os colocou no olho de Joe.

Agressiva! - Joe pigarreou com os cubos de gelo na mão.

Zamy não parava de rir e Leo apenas a segurava, impedindo-a de cair.

Depois de mais ou menos trinta minutos com o Joe falando o quanto o soco havia doido e como estava puto com você. Quando finalmente me cansei daquele papinho, calei a boca dele."

Espera! Como você tapou a boca dele especificamente? - Perguntei, interrompendo a história.

Mas que droga Anny! Deixe eu terminar de contar! Faça perguntas depois! Voltando...

"Logo depois que calei a boca dele, você colocou uma música para tocar no seu celular e começamos a dançar feito malucos, esbarrando em tudo e gritando a letra até que a garganta começasse a doer e fôssemos obrigados a parar.

Sinto dizer que o Joe não olhou na sua cara nem mais uma vez, o que acabou provando que ele não estava tão bêbado assim...

De repente, Alois reclamou de dor de cabeça e desligou o som.

Liga isso Alois! - Você reclamou.

O menino respondeu que não e começaram a discutir até que você perguntou se ele queria um Dipirona (remédio para dor de cabeça).

Realmente não sei se você pegou o remédio errado de propósito ou não, mas... Depois de mais ou menos quarenta minutos Alois veio conversar comigo, tomando a liberdade de sentar no meu colo.

Do nada, no meio da conversa, senti algo mole, meio líquido no meu colo.

O- o que é isso? - Gritei espantada, ao mesmo tempo que o empurrava do meu colo . Ele tinha cagado em mim!! - Está fedendo!!!

Me... Me desculpe! Acho que tomei o remédio errado! Anny maldita..."

Sério? - Perguntei atrapalhando a narração e rindo loucamente.

Senhorita Anny... Faça silêncio. - O professor me repreendeu.

Meirín fez uma cara feia e dava para notar que estava com raiva de mim. Continuou dizendo que todos se juntaram ao redor deles e começaram a rir.

Vou buscar um papel para limpar. - O causador da tragédia disse, totalmente envergonhado.

Porque não a empresta uma roupa Anny? - Leo deu a sujestão.

Aceitei e a levei para meu quarto. Meirín tomou um banho rápido e vestiu a roupa que eu tinha colocado em cima da cama.

Nossa... Aqui tem tantos livros! - Comentou enquando analizava as prateleiras.

Concordei com a cabeça e voltamos para a cobertura. Alois já havia voltado fo banheiro e vestia uma calça do Joe (a que ficava de reserva no carro) - que por sinal ficava extremamente folgada - , mas ainda fedia. O resto da noite foi totalmente normal. Pessoas bêbadas fazendo bagunça.

Os primeiros a irem embora foram Zamy e Leo ( Ela estava passando super mal e ele não quis deixá-la ir sozinha), em seguida Alois se foi e depois de um tempo Meirín e Joe foram juntos.

Não sei se era impressão minha, mas Meirín escondia alguma coisa. Ela não tinha me contado tudo. Perguntei mais uma vez como ela calou a boca de Joe, mas quando ia me responder o sinal do fim dessa aula tocou e apenas entendi a mímica de que me falaria depois.

A professora chegou e nos calamos. Todos prestavam atenção, mas a aula era tão cansativa que quase dormi ( E dessa vez não tinha nenhum livro para resolver o problema).

No meio da aula, percebi que Zay e Meirín trocavam bilhetes, enquanto olhavam de relance para mim. Suspeitas... Resolvi ignorar a regra de não falar nenhum "piu" e perguntei às meninas o que estava acontecendo. Erro meu.

Anny, você violou a minha primeira regra. Saia da sala agora. - A professora disse, enquanto surgiam vários risinhos abafados de Morganna e suas seguidoras.

Tudo bem... -Respondi e fui até a Coordenação.

Mais uma vez aqui senhorita? O que aconteceu desta vez? - A coordenadora comentou, enquanto eu pegava um copo de água.

Respondi simplesmente que havia falado na aula da Francis e tudo já estava resolvido. Ela me liberou para ir até a biblioteca e foi o que fiz. Escolhi um livro aleatório nem muito grande nem muito fino e comecei a lê-lo.

O tempo passou rapidamente, afinal eu me sentia como se estivesse em outro mundo, literalmente em outra vida. Quando sinal tocou, devolvi o livro para o lugar onde eu o tinha achado e voltei para a sala lentamente, ainda pensando na história que havia acabado de ler.

Oi Leo! Onde está a Meirín? - Perguntei assim que o vi.

Ele respondeu meio indeciso se falava ou não, mas estava escondendo algo. O que é isso que todos sabem menos eu???? Andei mais um pouco e encontrei Meirín e Joe em uma curva. O olho dele não parecia tão ruim quanto minha amiga havia me dito...

Oi. Então Meirín... Vai me responder agora? - Perguntei.

Ata... Claro. Eu vou te mostrar... Talvez te relembre. - Ela respondeu tacando um beijo profundo em Joe, que correspondia sem hesitar.

Mas que porra é essa??? - Eu sentia raiva e ao mesmo tempo espanto. Meirín só podia ser uma vaca urbana!