Verinen Flower escrita por Vessimus


Capítulo 2
Capítulo 1 - No lugar errado, No momento certo


Notas iniciais do capítulo

O "primeiro capitulo" da fanfic. Nya, agora a parte boa começa. Huhuhu. Espero que gostem da leitura!

I am a Gammy Bear... I am a Gamy Bear ~ (L)



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Que condição deplorável a minha. Agora imploro migalhas, sendo que um dia tive o mundo gritando o meu nome. Ainda não compreendo muito bem o mal que me aflige, mas sei que não sou a metade do homem que acostumava ser nos louros da minha humanidade. Doce eram os tempos em que eu sabia a razão dos meus atos, hoje faço que um dia julguei monstruoso com a naturalidade com que acendo meu cigarro. Isso não esta certo, mais se é preciso para sobreviver mais uma noite no nosso mundinho sanguinário, nada posso fazer.

 

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           A noite não era especial, ou agitada como ele gostava. Provavelmente não teria a emoção da caçada, ou o prazer de assistir o sangue fresco dos neófitos estúpidos escorrendo dentre seus dedos. Apenas o tédio o abrangia naquela monótona noite. Sem receber nenhuma missão ainda, somente lhe restava o conforto da fumaça escapando-lhe dentre os lábios, o deleite de tragar um bom cigarro enquanto observava a luz do luar atravessar a janela mesclando-se aos círculos de fumaça lançados no ar.

           O quarto não era muito grande, e sim na medida certo para um homem solitário. Pouco iluminado, o cômodo possuía uma lâmpada apenas, que de nada servia porque sempre permanecia apagada deixando a luz prateada vinda da janela passar entre a pesada cortina negra que estava aberta, iluminando o aposento. Uma cama de ferro, que ficava perto da porta, estava coberta por um lençol de linho branco e transmitia conforto, mas nem um pouco de luxo.

           Verinen não era um homem muito agitado, mas estava nervoso, como se soubesse o que viria acontecer. Seu corpo juvenil movia-se apreensivo pelo quarto. Seus cabelos castanhos em meio ao véu noturno tornavam-se negros. Esses batiam na altura do pescoço, caindo sobre o rosto. A pele palida realçava as inúmeras tatuagens espalhadas pelo corpo, sobretudo, a mais chamativa cobria completamente seu braço esquerdo.

           O vampiro despiu-se da camisa para aliviar um pouco o calor inexplicável, visivelmente atordoado, não entendia as reações que tomavam conta do seu corpo semimorto, todas anormais. Calor e ansiedade faziam-no inquieto, passando constantemente as mãos sobre os cabelos. Estava extremamente incomodado com a violenta vibração vinda de dentro do seu ser. Por fim, sentou-se na cama, escorando os braços sobre as coxas, curvando o corpo para frente. Confusos, seus olhos esverdeados olhavam para o chão de tabua, como se fosse abrir abaixo dos seus pés. Internamente, ele se perguntava, atordoado e perdido em si mesmo, se perguntava se aquilo que sentia seria somente a sede queimando na garganta ou a solidão mostrando-se latente.

            - Verinen... – Sussurrou uma voz dócil e um pouco recatada, chamando-o educadamente.

            - Entre, Ângela. – Verinen disse jogando-se sobre a cama com os braços abertos, tomando o cuidado de não encostar o cigarro na cama. A garota ruiva de grandes e expressivos olhos abriu lentamente uma fresta na porta, somente o suficiente para ver a sombra do seu líder.

            - Mandaram-me aqui ver se o senhor estava precisando de alguma coisa... – Disse Ângela, tentando se esconder atrás da porta de madeira.

            - Pode entrar menina... Não vou te morder - Ele proferiu em tom de deboche por causa do acanhamento excessivo da garota novata, esperando que ela deixasse de besteira e entrasse.

            - Si-m, senhor – Angela gaguejou visivelmente nervosa, adentrando o quarto escuro.

            - Manyara já foi atrás do meu jantar? - Perguntou Verinen

            - Sim, faz algum tempo desde que ela saiu, senhor. – A menina o respondeu prontamente, evitando olhá-lo.

            - Não... – O homem silabou, erguendo seu corpo esbelto, sentando-se sobre a cama na mesma posição de anteriormente. – Não precisa me chamar de senhor, minha querida... – Ele sorriu amigavelmente para a garota. Levantou-se da cama, jogando a pita de cigarro no cinzeiro em cima da cômoda.

            - Si–m, se... - Ângela calou-se antes que o chamasse de senhor novamente. Verinen notando a relutância da menina em se aproximar, caminhou em sua direção, ela por sua vez abaixou o rosto, recuando alguns passos.

            - Hey... Não vou te machucar. Deixe-me ver seu rosto. - Ele sussurrou com calma, colocando as mãos sobre o rosto amedrontado de Ângela.

            Assustada a garota não conseguia falar, tomada pelo mais primordial medo, esperava pelo pior. Após ouvir diversas historias sobre o homem que tocava seu rosto, e nenhuma muito agradável, não era de se estranhar o pavor estampado em sua face. Uma das integrantes do grupo a confidenciara supostos segredos terríveis sobre Verinen. As mais brandas confidências davam a concluir que o moreno era o mais mórbido de todo clã, matava seus semelhantes por motivos banais, nem os membros da própria seita escapavam da sua ira. Histórias sobre as crueldades feitas com meninas, assim como ela, davam-lhe ainda mais calafrios. De seus olhos azulados lágrimas cálidas fluíram contra sua vontade.

            - Por que esta chorando? – Verinen perguntou secando as lagrimas da menina com as pontas dos dedos. Ela calada, se recusou falar.

           Suspeitando o motivo de tanto pânico no semblante de Ângela, ele sorriu incrédulo. Novamente Manyara contará calunias a seu respeito. O ciúme da sua amante já estava o incomodado, não era a primeira vez que ela induzia o medo nas garotas iniciantes do bando. Isso não apenas denegria sua imagem perante o grupo, como era um juízo totalmente retorcido sobre seu verdadeiro caráter.

            - Você não deveria acreditar em tudo que Manyara diz. Ela é mentirosa e possessiva. - Ele passou os dedos afetuosamente sobre as bochechas umedecidas pelas lagrimas de Ãngela, acalmando-a aos poucos. Talvez ele estivesse certo, a iniciante conclui. De todo modo, não havia gostado mesmo de Manyara, e não se surpreenderia caso Verinen estivesse certo.

            - Me perdoe... – Ela disse baixinho, envergonhada pelo julgamento errado que tinha a respeito de um homem tão cortes.

            - Não há motivo para eu te perdoar. Você não fez nada de errado. Quem tem que pedir perdão é Manyara, e a você. Quando ela voltar vai pagar por tudo que cometeu.  Agora pode ir... – Verinen deu um delicado tapinha na face da jovem, afastando-se dela, pegando seu maço de cigarros do bolso traseiro da calça jeans desbotada. – E diga para quem te mandou aqui, que eu não preciso de nada no momento.

            - Sim, se... – Ela parou novamente perante o erro, olhando pela primeira vez diretamente nos olhos afáveis, porém ríspidos de Verinen.

           - Uhm uhm – Ele pigarreou

           - Sim, Verinen – Angela disse alegre, respirando mais tranqüila do que no momento que entrara no quarto. A vampira então partiu saltitante, como se tivesse tirando um peso das costas.

          - Muito bom... - Ele murmurou para si mesmo em meio a um riso, retirando um cigarro do maço prendendo-o dentre os lábios.

 

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           Manyara corria apressada rumo à boate mais próxima do esconderijo. Não pretenda demorar muito, não se sentia disposta a caçar nenhuma presa. Além do mais, tinha sangue novo no grupo, e ainda não tinha falado todas as regras da casa, a maioria qual valor para ela era nulo, pois não respeitava. Mas tinha as primordiais. Estas em conjunção as pequenas falsas verdades que contava faziam qualquer garota tremer de medo de Verinen. Não era permitido a ninguém, de ambos os sexos, dirigir-se a ele, a não ser em ultimo caso. Tocá-lo em sua frente era plausível de punição severa, ou dependendo do caso, de morte. Mas essas regras, as suas regras, a cima de tudo eram secretas. Verinen não podia saber dessas regrinhas extras, no entanto, tinha absoluta certeza: tudo estava sob controle e a única possibilidade dele saber sobre seria se alguma idiota o contasse. E todas sabiam, se isso acontecesse, a infeliz estaria com uma passagem carimbada só de ida para o inferno.

          Chegando à entrada de trás da boate, usando a habilidade de se dissipar na multidão, conseguiu adentrar no recinto sem problema. Dentro do salão de dança, a morena caminhou com o olhar atento a procura de uma presa fácil. Porém estava decepcionada com o que seus olhos esverdeados viam.

            - Uhmpf. Esses jovens são tão patéticos... – Comentou a si mesma, ao ver o estado deplorável de um grupinho de adolescentes freqüentadores do local. Muitos vomitando no chão, ou completamente alcoolizados. – Pessoas assim merecem afogar no próprio vômito... – Disse com desdém, chutando acidentalmente uma menina desmaiada no chão. Enojada seu estomago putrefato embrulhava com a cena repugnante. Recusava-se a beber sangue desclassificado, mas naquele lugar, a essa hora noite era difícil achar o menos pior, por isso já estava desistindo de insistir na procura.

           Manyara saia quando, por fim encontrou o que procurava. Deitada sobre uma bancada, uma moça babava inconsciente, mas havia um diferencial: ela não fedia a bebida nem estava chacoalhando no vômito, apenas dormia.

            - Aah, mocinha... – Debochada, a morena sentou-se em um banco ao lado da menina – Você esta no lugar errado... – Afirmou rindo, abaixando o corpo, alinhado o seu rosto com a da humana – Mas no momento certo, para mim. Seria difícil achar o que procurava a essa hora. – Arrastando o corpo, aproximou a boca ao ouvido da vitima, e em baixo tom, para não acordá-la, sussurrou – Prometo que não vai doer... muito.

 

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            Haviam se passado horas em minha mente, flutuante, eu vasculhava as centelhas de felicidade do meu passado. Sorri quando lembrei do dia do meu aniversario de quinze anos. Era como se sentisse pela primeira vez a textura da guitarra de madeira feita pelo meu bondoso pai. Ah, meu pai, o senhor nunca me perdoaria se ainda estivesse vivo. Seu filho virou um monstro. Tudo desmoronou, meus pensamentos esvaneceram quando um pulso impaciente esmurrou a porta. Delicadeza excessiva, com certeza era Manyara, minha certeza se confirmou pouco tempo depois.

            - Verinen, sou eu. Abra a porta, meu amor - Disse ela, impaciente ainda esmurrando a porta.

            - Já estou indo... - Respondi, sem muita paciência. Levantei da cama, e joguei a pita do cigarro no cinzeiro.

           - Vamos logo amor, a comida vai esfriar – Gritou a mulher, fazendo o resto de minha calma virar pó.

            - ESTA SURDA ? JÁ DISSE QUE JÁ VOU INDO. – Esbravejei abrindo a porta, mas quando vi o que me esperava, a minha voz calou-se e me lembrei porque a tolerava a tanto tempo.

            Ainda que Manyara fosse uma mulher sem escrúpulos, mentirosa, e possessiva, não podia negar. Sem dúvidas era uma mulher cujo corpo transpirava libidinagem. A pele num tom entre o moreno e o negro e os lindos olhos verdes eram um convite a observá-la por inteiro, ainda por cima com as roupas curtas e decotadas que estava usando e os cabelos dourados lhe caíam pelos ombros, dando-lhe um ar ainda mais provocante.

            - O jantar esta na mesa... – Disse dando uma risadinha irritante, mas ignorei, minha atenção se focava ao seu corpo e nada mais.

            - Você demorou muito... - Comentei despertando do meu transe, começando a descer as escadas.

            - Uhm... Sentiu minha falta? – Perguntou

            - Não. Apenas estou com fome. Se eu soubesse que você demoraria tanto, teria indo eu mesmo procurar alimento... – Respondi com arrogância, a minha tolerância, agora tendo conhecimento sobre sua conduta, tinha se esgotado.

            - Não precisa ser mal educado... – Disse se fazendo de inocente. Eu apenas ri, me virando pra ela, olhando nos olhos descarados daquela mulher.             - Mal educado, eu? – Ri cinicamente - Você acha que eu sou idiota, Manyara? Pensou que ficaria tramando por de baixo das cortinas por muito tempo sem eu descobrir?

            - Do que você esta falando?– Perguntou espantada, provavelmente apavorada por eu te descoberto seus planos.

            - Você sabe o que fez. Não seja tão dissimulada. Eu sempre soube do seu caráter, mas nunca imaginei que poderia se tão baixa com quem abriu as portas desse abrigo pra você... – Rebati sua falsidade com meu olhar transbordado em raiva.

            - Eu só fiz isso pra te proteger dessas garotinhas interesseiras. Elas só querem te usar. Apenas eu posso te amar !– Disse se jogando sobre mim. Eu desviei, estava com nojo, não queria que me tocasse. Vi-a passando por mim como um vulto e, antes que caísse, segurou-se no corrimão da escada.

            - Não sei se percebeu isso, mas eu não pertenço a você, muito menos amo você, minha querida – Segurei seu maxilar e a aproximei do meu rosto. Olhei eu seus olhos e falei com bastante clareza, para que ela nunca esquecesse as minhas palavras - Eu não sou seu homem, garota. Muito menos você é minha mulher.  Você não preenche os requisitos necessários para ocupar esse cargo... Agora saia da minha frente!

            Empurrei-a furioso e ela voou pela escada. Desci e parei ao lado do seu corpo inerte. Seus olhos estavam abertos, em choque. Talvez eu tivesse sido rude demais com Manyara, mas ela com certeza merecia, mas esse homem violento não era eu, mais parecia com aquele que ela contava em suas mentiras. Respirei fundo, e quando me acalmei observei que todos estavam quietos na minha frente, abismados com o meu ato truculento. Ninguém falava nada, um silêncio cortante atravessou a sala. Manyara aos poucos se levantava, cabeça baixa, boca calada. Quando percebeu que todos a olhavam com pena, principalmente as novatas, não conteve a sua fúria.

            - O que estão olhando, vadias ? – Ela rosnou deixando suas presas exposta, prontas para atacar. No momento em que avançou contra uma das garotas eu a segurei pelos braços a e joguei bruscamente contra a escada.

           - Fique quieta, Manyara. Você não está no direito de falar, minha cara – Disse virando os olhos pra Ângela, a garota que Manyara quase destroçou. Ela tremia de medo, que menina tolinha. Seus olhos seguravam as lagrimas. Eu abri meus abraços,  Ângela então correu e me abraçou. Nesse momento Manyara chegou a latir de ódio, mas não me importava com a cadela.

           - Não toque nele, sua vadia. Eu te mato! – Esbravejou pulando sobre nós como uma onça. Nesse momento os rapazes do bando a agarram, contendo-a rapidamente. Virei pra ela com um sorriso desdenhoso. Era impressionante como eu tive paciência para agüentar essa mulher ao meu lado por tanto tempo. Eu realmente estava ficando mais paciente com o passar dos séculos.

            - Então foi com ela, Verinen ? Com ela que você me traiu, não é? Foi essa meretriz que contou meus planos? – Indagou aos berros, enlouquecida, tentando soltar-se, mas os rapazes estavam conseguindo conte-la. Ela mal conseguia se mexer.

           - Você é mais demente do que eu pensava. – Disse brando, apertando mais a menina ruiva em meus braços, ela tremia muito. Estava mais fria do que o normal. Com certeza, deveria estar detestando a situação. Eu também estava. Tinha de conter-me. Tentando me acalmar, fechei os olhos. Meu sangue aos poucos se esfriaou e minha mente voltava ao seu lugar. Quando abri meus olhos, Manyara esperneava como uma criança sem seu doce. Mexia-se com uma demente mental, tentando nos atacar, mas sem nenhum efeito. No meio de tantos gritos, ouvi uma vozinha tímida e angustiada me chamar.

           - Verinen... Verinen – Ângela me chamou, em tom tão baixinho que eu mal pude ouvi-la. Antes de falar alguma coisa, sentir um líquido quente banhar meu peito, eram as lagrimas da menina. – Me perdoe, me perdoe, meu senhor... É tudo culpa minha. – Choramingava, me abraçando com seus bracinhos fracos e trêmulos.

           - É tudo sua culpa sim, vadia. Eu vou arrancar as suas tripas com as minhas mãos! –  Manyara berravou desvairadamente, tão insana que não parece proceder de uma família de assassinos. Apavorada a pequena Ângela intensificou seu choro.

                - Amordacem-na, façam qualquer coisa, mas calem a boca dessa ordinária. – Ordenei tentando controla meu tom de voz, para não assustar ainda mais a garotinha. - Vocês sabem onde Manyara deixou o humano que ela trouxe? – Perguntei para as outras garotas, enfileiradas na parede, com um pequeno e discretíssimo sorriso deleitoso. Mesmo as mais antigas Manyara chegou a atingir com o seu veneno.

            - Humano? – Disse uma delas, olhando para a vampira ao lado.            

            - É uma humana, uma garotinha. No máximo com uns 18 anos. – Conclui outra vampira.

            - Ela esta na sala ao lado, inconsciente, deitada no sofá. Ela parece ser tão bobinha, foi pega por engano com certeza. Não foi seduzida, não foi forçada. Do jeito que Manyara é pegou ela dormindo em alguma praça por ai. Se bem que é de se duvidar que uma menina com feição tão...

            - Inocente durma fora de casa. – Disse a primeira mulher da fila.

            -  É mais provável que Manyara tenha a tirado do seu próprio leito...  – Disse rindo com escárnio uma anciã do grupo. Também ri, inclusive Ângela, que parou de chorar e deu um risinho abafado.

            - Vou ver a garota... Se for o caso eu a liberto. Com toda essa desavença nem estou sentindo mais tanta fome assim. – Disse soltando Ângela dos meus braços, olhei por precaução para Manyara. Ela estava toda mobilizada e amordaçada, não era mais um risco para Ângela.

           - Vai ficar tudo bem, eu prometo - Sussurrei a Angela

            Dei um beijinho na testa dela, ela me respondeu apenas com um sorriso dócil, parecia estar uma pouco mais tranqüila. Girei a maçaneta da porta e abri uma pequena fresta, uma brisa estranha saiu do cômodo, todos repentinamente me olharam, como se eu estivesse abrindo uma câmara proibida. Um clima tenso foi ao ar. Até Manyara histérica parou e olhou pra mim, fuzilando-me com os olhos. Que diabos tinha naquele quarto? Para que esse clima estranho? Não será só uma garota? Vulnerável, frágil é inocente.

            Abri a porta e entrei na sala, fechando-a com uma chave que estava no meu bolso. Quando prestei atenção no quarto, notei a intensa iluminação. Muitas luzes, meus olhos lacrimejaram um pouco. Quando eles se acostumaram com a luz, deparei-me com uma menina dormindo no sofá. Seu braço pendia para fora, e seu rosto estava virado contra o sofá. Primeiro notei sua pela branca, tão clara que a luz se refletia nela. Aproximei-me mais um pouco, ajoelhei-me perto do pulso. Então pude sentir seu cheiro. Minhas narinas dilataram para sentir o aroma que vinha dela, minha boca salivou e não me contive. Toquei meus lábios no pulso e lhe deu um leve beijinho em sua pele aquecida, meus lábios sentiram o fluxo do sangue da dama inconsciente.

            Podia ver suas veias azuladas bombearem o sangue pelo braço, conseguia ouvi-lo, senti-lo e cheirá-lo, meu sentidos se encontravam em êxtase. Nunca tinha sentido um cheiro tão bom. O curioso: o sangue não estava ao alcance dos meus olhos, estava dentro do corpo da jovem e mesmo assim cheirava deliciosamente tentador. Estava louco pra cavar minhas presas naquele pulso tão delicado.

            -  Deixe-me ver seu sangue, preciso senti-lo... - Disse posicionando minha unha afiada sobre as veias da garota, fazendo um pequeno corte. Poucas gotas saíram e junto a elas um cheiro enlouquecedor submergiu no quarto. Eu recuei pra trás, mas meus sentidos estavam focados nas minúsculas gotas de sangue que brotavam do ferimento. Ergui-me com extrema dificuldade, encarei a garota, meus lábios tremiam, todo o corpo, aliás. Meu sangue clamava pelo sangue daquela menina.

            - O que você é, garota? Ai... – Eu caí novamente de joelhos, meu corpo doía, queimava de desejo. Estava ardendo de fome, uma fome que nunca me abateu. Antes que eu pudesse me arrastar à garota a porta atrás mim explodiu. A primeira a entra  foi Ângela empurrada para dentro do quarto. Ela não parecia sentir nada, o cheiro, a tentação. Talvez nem a própria presença da menina ela sentiu, estava praticamente desfalecida.

            - Corre, corre com ela daqui. Eles querem matá-la. – Ângela com um ferimento nas costas disse com um suspiro de dor.

            - Dê-me essa garota, Verinen... Agora. – Disse Manyara, que comandava os outros membros do grupo. Mas o que estava acontecendo? Por que eles a queriam? Seria pelo seu sangue ou Manyara tinha dominado a  todos.

            - Vai logo, Verinen. Vai! – Berrou Angela, antes de desmaiar.

            Não pensei sequer um segundo a mais. Se eu ficasse inerte por mais tempo a menina morreria, e eu não a queria morta, mas não sabia o porquê. Repentinamente não senti mais dor, no entanto, o desejo ainda fervia em mim. Mas sempre consegui me controlar quando preciso, não seria agora que perderia as rédeas da situação. Peguei a menina nos braços. Nesse momento Manyara me atacou, eu desviei e peguei Angela, colocando-a nas minhas costas.

            - Se você sair com elas deste quarto, eu prometo. Eu mato as duas! - Ameaçou a morena, com o olhar em chamas, mais descontrolada do que o normal. Estava sob o efeito do sangue.

            - Só me matando primeiro, minha querida. - Disse dando um chute na sua barriga, fazendo-a cair sobre os outros, dando-me a oportunidade de fugir pela janela.  No momento em que eu saí, ouvi-a ordenando pra me pararem, mas quando saíram da casa, eu já estava muito longe. Mantinha Angela em minhas costas e a garota em meu colo. Ela ainda dormia enquanto eu corria pelos telhados, impressionante. Parecia estar segura em seus sonhos. Não tinha idéia do pesadelo que quase a atingira há pouco.

            - Nossa... Ela ainda esta dormindo? – Perguntou Angela, acordando.

            - Sim, nunca vi uma humana dormir tanto...

            Estive curioso por todo esse tempo pra ver o seu rosto, mas isso não era o mais importante. Queria-a viva, e para isso tinha que correr, e rápido, para não deixar pistas, e por fim nos escondermos em um lugar seguro. E eu sabia exatamente onde...

 

 

( Continua no próximo capítulo )

 

 

GLOSSÁRIO


NEÓFITOS: Vampiros que possuem menos de 100 anos. Marcados pelo estigma de ainda não terem provado a sua capacidade aos anciões, os neófitos são vampiros inexperientes

OFUSCAÇÃO: Habilidade de se  imiscuir entre multidões e, quando preciso, esconder-se delas.

 


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Notas finais do capítulo

Yeah! É o barraco come solto. Hahahaha!... Pessoinhas,Reviews!



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