Living Dead - EM HIATUS escrita por lolita


Capítulo 9
VIII - Just A Fool


Notas iniciais do capítulo

Just A Fool - Christina Aguilera feat. Blake Shelton. Essa música é perfeita ç_ç
Desculpem-me a demora, espero que gostem e vejo vocês lá em baixo!



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Um leve brilho entrou pelas janelas do quarto, o que foi o suficiente para acordar Annabeth. Ela abriu os olhos e preguiçosamente, rolou para seu outro lado.

Deparou-se com Perseu dormindo ao seu lado. Sentou-se em um ímpeto e uma tontura nauseante lhe subiu à cabeça. Colocou as mãos na testa por uns segundos até a tontura passar. Então lembrou-se do que aconteceu na noite passada. Acordou com Perseu a lhe observar; tiveram uma conversa até o momento em que ele a perguntou o que aconteceu à ela para estar tão... oh, as lembranças... eram insuportáveis.

Levantou-se lentamente. Não se sentia mais fraca ou doente, apenas dolorida devido ao... bem, ao que Luke a fizera. Lembrou-se de não sentir nada ao acordar na floresta, o que era estranho. Mas a energia naquele lugar era estranha, e ela estava tão entorpecida, que suspeitava mesmo de sentir algo naquele lugar.

Virou-se para Perseu. Ele nem mesmo se mexera. Ainda estava na mesma posição de quando caíram no sono: o braço direito do garoto estendido para aninhá-la. Annabeth sentiu seu coração amolecer. Foi aí que percebeu uma coisa.

Perseu estava babando.

Ela prendeu o riso para não acordá-lo. Apenas sentou-se e deixou-se deliciar-se com as lembranças da noite passada. Percy, cujo apelido agora ela permitia-se falar sem culpa, tinha sido um doce com ela. Não queria falar sobre Luke, principalmente por sentir-se completamente estúpida quando tudo aconteceu: ela ameaçou gritar, mas não gritou. Por que?

Porque ninguém me salvaria.

Ou talvez não. Ela sabia que se Percy a ouvisse, ele iria atrás dela. Sabia disso pela sensação que teve antes: de segurança, de paz. Ele se preocupara com ela. Mas Annabeth não sabia se conseguiria mesmo contar isso para alguém; ou se alguém ao menos acreditaria nela. Veja bem: ninguém nunca se interessara por ela, por que alguém se daria ao trabalho de violentá-la?

Era o que ela mesma se perguntava. Por que Luke fizera isso a ela? O que ele vira nela? Era tão nova! Suspirou.

– Annie? - Percy chamou-a, a voz grogue, e ela se virou.

– Hey. - Sorriu, e ele sorriu em resposta, apoiando-se no cotovelo.

– Como você está?

Pensou por um minuto.

– Bem. Na verdade, só preocupada.

– Por que? - Ele perguntou.

Ela apenas indicou o quarto ao redor.

– Me pergunto se alguém entrou no quarto durante a noite, e o que essa pessoa teria pensado ao nos ver juntos.

Ele pareceu pensar no assunto também, mas logo respondeu.

– Não acredito que alguém teria nos visto sem ter brigado comigo, sinceramente.

Annabeth riu.

– Você provavelmente seria expulso daqui.

– Nah. Você está falando do filho do grão-duque do Rei Frederick! Não acho que fariam algo comigo além de me dar uma bronca, quem sabe. - Ele disse, se achando.

– Tudo bem, então você levaria uma bronca, e os seus pais levariam outra e seu pai seria demitido. Então, ao chegarem em sua própria moradia, seu pai lhe daria uma surra e te deixaria de castigo! - Annabeth falou, sorrindo maliciosamente.

Percy abriu a boca em surpresa, e Annabeth teve que rir de sua expressão.

– Tudo bem, eu me daria muito mal, você venceu.

Isso inflamou o ego de Annabeth, orgulhosa por sua esperteza.

– Mas lembre-se que eu não seria o único a me dar mal - Percy disse. - Creio que você também levaria uma bronca por permitir um garoto cujo você não é comprometida, dormir em sua companhia.

Annabeth fez uma careta.

– Isso não é verdade. Eu me faria de desentendida e diria que você que invadiu meu quarto e deitou-se na minha cama. E eu doente e fraca, não pude fazer nada. Na verdade, diria que nem percebi tua presença.

– Você... - Percy parecia chocado. - É muito cruel, menina. Muito cruel!

– Há! 2 à 0 para Annabeth Chase. - Ela exibiu-se.

Ele riu, mas depois a olhou sério.

– Você realmente faria isso?

Ela teve que pensar por um momento.

– Não. Eu diria que você apenas veio checar se estava tudo bem ou... que veio mesmo me fazer companhia, e que acabamos caindo no sono. O que não é totalmente mentira.

– Não é mentira. - Percy pensou, então assentiu consigo. - Não, não é mentira.

Ambos encostaram-se nos travesseiros, olhando para o dia que agora clareava direito do lado de fora da janela. Annabeth não queria, mas quebrou o silêncio.

– Você tem que ir Percy. Cumpriu sua promessa de estar aqui quando eu acordasse. Só porque eu tentaria impedir com que se desse mal, não precisamos de uma confusão quando as criadas aparecerem aqui.

– Claro, claro. Eu só... preciso lhe perguntar algo.

– Pergunte. – Ela disse.

– Você... – Percy abaixou a cabeça, o que Annabeth estranhou, pois ele costumava falar olhando nos olhos da pessoa, quem quer que fosse. – Você ama alguém? – Ele sussurrou.

Annabeth assustou-se um pouco. Principalmente pela forma como Percy estava perguntando. E Annabeth estranhou também porque não havia nada sobre sua vida que ele não soubesse. Praticamente moravam juntos, passavam tanto tempo juntos... Ela pensou em sua resposta. Ela podia facilmente dizer que sim, pois amava sim. Suas irmãs, Percy, sua mãe. Mas ela não era idiota. Ela sabia muito bem o sentido da pergunta e, apesar de seu espanto, respondeu sinceramente:

– Não. – Sua resposta saiu tímida e baixa.

Percy gemeu algo ininteligível. Annabeth apenas o fitou por longos minutos, prestando atenção na face de seu querido amigo. A última vez que prestara atenção foi na noite passada, vendo como ele ficava realmente uma graça quando preocupado, embora não gostasse de vê-lo daquele jeito.

Annabeth podia dizer o básico sobre Perseu Jackson, mas nunca parara para admirá-lo mesmo. Os olhos verde-mar eram mais lindos do que ela pensava, principalmente com os raios de sol que entravam pela janela e refletiam neles; os cabelos negros estavam bagunçados de uma forma fofa; o queixo era quadrado e bem desenhado, e já mostrava um pouco de barba; o nariz era reto e os lábios finos, mas ao mesmo tempo esculturais.

Como nunca pensara em como ele estava passando de fofo e bonito para absurdamente lindo e charmoso? Percy estava em seus 18 anos, e adquiria cada vez mais traços fortes de um belo homem. Suspirou um tanto desapontada, pois ela também nunca parou para pensar que ele já era três anos mais velho que ela.

Ela ergueu a mão para arrumar o cabelo desorganizado de Percy e ele corou. Percebeu então, que já estavam há um bom tempo em silêncio, e isto já estava começando a ficar constrangedor.

– Eu tenho que ir. – Ele sussurrou. Annabeth apenas assentiu.

Ele saiu melancólico e ela se sentiu horrível. Odiava deixá-lo daquele jeito, mas ela não podia afirmar nada quando não tinha certeza de seus sentimentos. Ela o amava, ah, como o amava! Mas era mesmo daquela forma?

Lembrou-se então da noite em que discutiu com suas irmãs sobre ela estar apaixonada por ele. Lembrou-se da forma de perder o fôlego como ele o olhou no riacho antes de quebrar toda a mágica com a frase que tanto a irritara, que lembrando-se agora, fora idiota ficar com raiva e chorar. Odiou-se por um momento por aquilo. Depois pensou em como ele a abraçou depois e como ela queria ficar para sempre daquele jeito. E depois os pensamentos confusos que corriam pela sua mente ao ir para a cama.

Deuses! Estaria mesmo Annabeth apaixonada por Perseu?

Então lembrou-se que ele estava magoado com ela. Mas, puxa, não era sua culpa. Ela precisava pensar ainda. Tinha que dar um jeito de consertar aquilo, mas só de pensar no que deveria falar para ele, seu coração palpitava e seu estômago se remexia, e logo perdeu a coragem.

Não demorou para que as criadas entrassem ao seu quarto. O sol brilhava fracamente no céu acinzentado. Annabeth manteve-se quieta e silenciosa enquanto as criadas lhe banhavam, e depois ao devorar algumas torradas, uma salada de frutas ao mel e bebericar um chá de camomila. Após sentir-se satisfeita, sua Aia lhe deu uma colherada de um xarope vermelho. Embora Annabeth já se sentisse bem, engoliu o remédio sem protestar.

Sua cabeça só estava em Percy, e tudo o que queria era restaurar as coisas entre os dois. Ele era um doce de pessoa com ela, e, depois de tudo o que aconteceu, o que ela mais queria era continuar na sua companhia. Mas ela não poderia simplesmente continuar a agir e falar como se nada tivesse ocorrido naquela manhã. Ela sabia que só precisava reunir coragem para falar com ele, então, enquanto essa coragem não fosse adquirida, eles continuariam sem se falar, o clima tenso demais para agirem como antes.

E só de pensar em ficar sem falar com Percy, sentia-se afundar-se em melancolia novamente.

~~~~

Ao sair da casa "dos Grace", Thalia explicou a Rachel um atalho que ela poderia pegar, de forma que o caminho de volta para o palácio não fora tão longo e cansativo como a ida. Ao chegar, a primeira coisa que fez foi ir ao quarto de Annabeth. Deparou-se com sua irmã dormindo confortavelmente no peito de Perseu, que também dormia ao seu lado, um braço estendido em torno de Annabeth.

Os dois pareciam tão irrevogavelmente belos e em paz juntos, que Rachel decidiu deixá-los quietos e seguiu silenciosamente para seu quarto. Pela primeira vez em anos, as três irmãs não dormiriam no mesmo quarto, sendo que Annabeth fora posta em seu próprio quarto. Quando pequenas, eram medrosas demais para dormirem sozinhas, então decidiram dividir o mesmo quarto, e assim ficou pelos anos seguintes.

Rachel se jogou em sua cama e ali ficou por longos minutos, quase caindo no sono, quando lembrou-se repentinamente da carta de Thalia. Levantou-se num ímpeto e retirou a carta de dentro da bolsa de couro, onde também estavam alguns bolinhos. Thalia a convencera a carregar alguns, afinal. Sem falar que eram realmente deliciosos.

Abriu a carta e começou a ler enquanto mordiscava um dos bolinhos. Foi então que seu cérebro registrou o que lia. Rapidamente, agarrou um de seus travesseiros, apertou na boca e começou a rir. Riu descontroladamente até ficar sem ar. Estava mais ainda, surpresa. Rachel e Silena vinham tentando fazer a mesma coisa que pedia a carta. Será que Thalia previra o que elas tentavam fazer? Tratou de continuar lendo, mas quase engasgou quando viu o objetivo real de Thalia.

Pensou por algum tempo. Não achava que o que ela pedia era algo que outras pessoas pudessem influenciar a não ser que... oh, deuses. Será que Rachel poderia fazer isso? Pensou o que Annabeth pensaria disso. Ela negara tantas vezes que gostava de Percy... mas ele era de longe o melhor amigo dela. Annabeth era mais próxima dele do que à suas próprias irmãs. Não deveria ser assim tão ruim. E Percy... bem, ele tinha sentimentos por Annabeth, de fato. Ele mesmo confessara para Rachel que sentia algo mais do que amizade, embora na época ele não soubesse se era de fato amor.

Encostou nos travesseiros. Então percebeu que deveria falar com seu pai. Talvez fosse mais fácil convencê-lo de sua ideia por ser a favorita de Frederick. Porém, quando se tratava de Annabeth... não. Não via motivos para ele negar sua ideia. A proposta só traria vantagens, repercussão e status, pois, embora fosse, obviamente, a família mais poderosa de Bridgeport, não era a mais poderosa do país. O objetivo de Rachel para fazer a proposta à seu pai era completamente diferente de tudo aquilo, mas seus pensamentos estratégicos deveriam entrar em ação quando se tratava de convencer seu pai a aceitar algo que afetaria todo o reino. Todas as três irmãs eram preparadas para esse tipo de planejamentos pois, futuramente, uma delas tornar-se-ia rainha. Apenas uma delas, mas as outras duas continuariam importantes no reino, de qualquer forma.

Então fez sua decisão. Falaria com seu pai, e quanto antes, melhor. Mas naquele momento, tudo o que queria fazer era descansar, de modo que não tardou a cair no sono.



Rachel repassou todo o seu plano em sua cabeça. Acabara de voltar de suas aulas, cujas Annabeth não comparecera. Agora faria a tal proposta a seu pai, mas antes deu uma passada no quarto de Annabeth, claro. Encontrou sua irmã lendo um grosso livro vermelho em uma poltrona ao lado da janela.



– Hey, como você está? – Rachel perguntou, aproximando-se.

Annabeth fechou o livro e o colocou no colo.

– Bem melhor. – Ela deu um sorriso melancólico.

– O que houve, Annabeth? – Rachel perguntou. Então pensou melhor. – Na verdade, o que aconteceu depois do Festival é a pergunta certa. Você ainda não explicou por que sumiu e então apareceu no riacho desmaiada e puída.

Annabeth hesitou por um bom tempo.

– Eu estou tão confusa, Rachel... e-eu não me lembro. Só me lembro de acordar na floresta daquele jeito e então tentei encontrar o caminho de volta... – Annabeth assentiu consigo mesma. – Mas eu estava fraca, sim, eu não me aguentava em pé direito. Mas seja lá o que tenha acontecido, eu estou bem, juro.

Rachel não ficou muito convencida, mas decidiu não dar ouvidos as suas dúvidas. Tinha a impressão de que se persistisse na conversa, só deixaria a pobre Annabeth à beira de um ataque.

– Tudo bem. Então me dê um sorriso.

Primeiro Annabeth fez uma careta com o pedido de Rachel. Depois tentou sorrir. Um mínimo sorriso que não chegou ao seus olhos. Ambas acabaram rindo da expressão de Annabeth.

– Vamos lá, irmã. Não quero persistir neste assunto, mas quero que confie em mim para seja lá o que esteja acontecendo – a ruiva falou.

Annabeth hesitou novamente, mordendo os lábios avermelhados. Finalmente sua cor voltara ao rosto, Rachel pensou. Annabeth suspirou e levantou-se, mas Rachel percebeu sua irmã soltar um baixo arquejo ao levantar-se.

– Annabeth?

Ela apenas fez um movimento com a mão para não se importar, e indicou sua cama enorme branca com azul claro. Tudo em seu quarto era branco e azul claro, com detalhes em dourado, como a cabeceira da cama ou a moldura dos pequenos espelhos espalhados em uma parte da parede.

As duas sentaram-se na beirada da cama e Rachel segurou a mão de sua irmã.

– É meu pai, novamente?

– Não – a loira sorriu um pouco – dessa vez não. É... é Percy.

– Agora voltou a chamá-lo de Percy? – Rachel riu.

– É. Ele... ele dormiu em minha companhia nesta noite. – Então ela agitou-se. – Não! Eu quero dizer... eu estava dormindo e ele estava aqui... e depois nós conversamos e acabamos caindo no sono. Acidentalmente. – Ela assentiu consigo mesma.

Rachel riu de seu nervosismo, mas aquela conversa deixou a própria nervosa, pois lembrou-se da carta de Thalia.

– Eu sei – ela disse.

– Sabe? – A loira a olhou confusa. – Ele te contou?

– Não. Ainda não o vi hoje... é mesmo, eu ainda não o vi hoje. De qualquer forma, eu passei aqui ontem e vi vocês dormindo. Estavam tão belos juntos que decidi deixá-los em paz. Sorte que ninguém além de mim flagrou vocês dois juntos.

– Sim, sim. Sorte mesmo. Mas isso não vem ao caso. Acontece que hoje de manhã, antes de sair de meus aposentos, Percy me perguntou algo que... bem, deixou as coisas um tanto estranhas.

– O que ele perguntou? – Sussurrou.

– Ele... ele perguntou se eu amo alguém. – a loira respondeu e Rachel franziu a testa. – Eu poderia facilmente responder que sim, é claro. Como você, Silena, ou até mesmo mamãe. Mas, francamente Rachel, ele sabe de tudo isso, e você sabe que não era isto o que ele queria saber.

Rachel assentiu. Ele queria saber se ela o amava.

– Mas você não ama, Annabeth?

A loira suspirou.

– Deuses, Rachel. Sim, claro que sim. Mas não desse jeito. Ou pelo menos eu achava que não.

– Você respondeu não, achando que não o amava dessa forma. Mas agora sabe que, na verdade, o ama?

Ela hesitou, seu rosto ficando vermelho.

– Sim, Rachel. Eu o amo. – Ela sussurrou. – Eu só não tinha certeza, pois precisava pensar direito. E agora que eu sei... bem, eu estou morrendo por dentro, pois ele está desapontado comigo, e eu quero falar o que sinto para ele, mas não sei como. Só de pensar nisto fico tão nervosa... nós nos conhecemos desde crianças, e isto é estranho.

– É claro que é, irmã.

Rachel pensou no que poderia fazer para ajudar os dois. Estava em um misto de felicidade e preocupação. Pois se ambos tinham sentimentos fortes um pelo outro, só seria ainda melhor para eles depois que a proposta que Rachel logo faria a seu pai estivesse feita, e, consequentemente, o pedido de Thalia também. Mas estava preocupada porque, enquanto os dois continuassem distantes um do outro, seria complicado fazer o que pretendia.

– Vinde comigo, Annabeth. – Rachel levantou-se, puxando sua irmã consigo. – Se tem uma pessoa que entende de relacionamentos amorosos, essa pessoa é Silena.

– O quê? – a loira parou – Não, eu não contarei à ela!

– Por que não? – Rachel questionou – Não precisa se preocupar, ela não contará a ninguém. E os conselhos dela pode ser ainda melhor do que de qualquer um neste reino, confie em mim.

Annabeth hesitou, mas acabou assentindo. Então fez um cara maliciosa.

– Como você sabe que os conselhos amorosos dela são os melhores? – Perguntou enquanto seguiam pelo corredor. Rachel soltou uma risada alta.

– Não se preocupe, nunca precisei de conselhos amorosos, e rezo para que eu nunca precise. Eu só sei porque, acredite ou não, Silena costuma ser bastante procurada pelas mulheres do reino, as vezes até homens, para ajudar alguns relacionamentos em crise.

Sua boca se abriu em um perfeito "O". Quem diria? Silena conselheira amorosa de Bridgeport. Annabeth riu com aquilo.

Encontraram Silena em seu quarto, escovando seu cabelo em frente a penteiadeira. Ao ver suas irmãs pela visão do espelho, ergueu a sombrancelha perfeita, desconfiada, mas logo deu um sorriso doce.

– Ora, ora. A que devo a visita de vocês?

– Precisamos de sua ajuda, Si. – Rachel falou.

– É claro que precisam da minha ajuda. Para o que mais seria? – Silena revirou os olhos.

– Sem dramas, por favor. – Rachel disse enquanto Silena abraçava Annabeth.

– Você está bem? – Silena perguntou à loira.

– Acho que posso dizer que sim, mas eu realmente preciso que me ajude com algo. – Ela respondeu.

Silena a olhou curiosa, então indicou a cama com a cabeça. Logo Rachel pôs-se a explicar. Depois de gritinhos e pulinhos de empolgação por parte de Silena - o que deixou Annabeth vermelha até as orelhas -, finalmente esta decidiu dar início a seus conselhos.

– É mais simples do que você pensa, Annabeth – Silena disse. – Percy... se importa se eu chamá-lo de Percy também? – ela perguntou com um sorrisinho. Annabeth apenas negou com a cabeça.

– A pergunta dele podia muito bem referir-se ao fato de você amá-lo, ou se você já amou outro garoto. Porém, como ele ficou chateado, é claro que ele queria saber se você o ama, o que deixa claro que ele tem sentimentos fortes por você, e quer que este sentimento seja recíproco.

– Isso nós já sabemos, Si. – Annabeth falou.

– Eu sei. Mas veja bem: você disse que quer falar com ele, mas que tem medo de ele ter decidido te esquecer. Acontece, irmã, que se ele te ama mesmo, não vai ser de uma hora para outra que vai fazer isso, e quando você disser o que sente, toda a mágoa dele será dissipada.

Annabeth franziu a testa.

– Você tem razão – disse – Mas acontece que, só de pensar em contar o que sinto, fico nervosa e perco a coragem.

– Foi o que eu disse antes, Annabeth. – Silena falou – Pode parecer complicado, mas é mais fácil do que você pensa. Quero dizer, é claro que você fica nervosa, e pode até chegar a gaguejar, mas depois passa, porque quando nós amamos alguém... – Silena olhou pela janela, os olhos brilhando e um sorriso bobo nos lábios, o que fez Annabeth e Rachel se entreolharem desconfiadas. – ...depois que você sabe disso, as palavras virão facilmente à sua boca, então não adianta você pensar em tudo o que irá dizer. Talvez você tenha sorte e ele te dê uma pequena ajuda, mas quando você começar a dizer o que sente, ficará mais e mais fácil, você vai ver. E cá entre nós, Annabeth, você prefere ter medo, guardar isso para você e ficar sem falar com Percy, ou prefere encarar seu nervosismo, contar o que sente e tê-lo de volta ao seu lado?

Annabeth a olhou, a resposta óbvia em seus olhos. Sentiu uma dorzinha agradável no peito e seu estômago se remexer, mas não deixaria seu medo afastá-la de Percy. Além do fato de que Annabeth nunca fora do tipo que se deixava vencer pelo medo, sempre os enfrentava. Foi assim que perdeu o medo da sombria floresta e entre outras coisas.

– Vá atrás dele. – Rachel disse, sorrindo.

Assim que Annabeth pôs-se de pé, um sino tocou no andar de baixo, indicando a hora do almoço, o que fez as três soltarem sons indignados e raivosos, mas acabaram rindo da situação ao descerem as escadas.

~~~~

Naquela tarde de sábado, Sally e Percy não se encontravam no palácio, mas sim em sua própria casa. Ou deva-se dizer, mansão, tratando-se da segunda família mais rica de Bridgeport, tendo Paul Jackson como o próprio grão-duque do rei.

Annabeth ficou aliviada com o fato, pois depois do que acabara de conversar com suas irmãs, ver Percy a sua frente a teria feito ficar vermelha feito morango, o que arrancaria risadas baixas de suas irmãs. Mas também ficou preocupada, pois não ter Percy nas fortalezas do palácio, dificultaria seu contato com o mesmo.

– Então, quer dizer que além de não comparecer ao jantar no Festival da Lua Azul, você ainda passou a noite nas ruas de Bridgeport, Annabeth? – Frederick perguntou.

As três irmãs prenderam a respiração. Quase nunca Frederick se dirigia à Annabeth, e quando se dirigia...

– Eu estava dando uma volta e me perdi... senhor.

Rachel olhou confusa para a loira. Mais cedo ela não dissera que não se lembrava do que havia acontecido?

– Se perdeu, sei... escute, eu não criei minhas filhas – ele praticamente cuspiu a palavra – para usar qualquer oportunidade que tenha para ficar vadiando por aí. Imagine o que o reino irá dizer? Que criei uma vagabunda, uma prostituta! - esbravejou.

– O-o quê? – A voz de Annabeth tremeu. Tanto por sentir-se insultada, quanto por medo de ele saber o que ela realmente havia passado. Mas se soubesse, por que estaria dizendo que ela era a suja ali? Sentia-se suja, é claro, mas não era a errada da história.

– Não se faça de santinha, Annabeth. O que mais levaria uma garota como você a passar a noite fora? Depois ainda tem a falta de vergonha de aparecer aqui, destruída e imunda, fingindo que não sabe o que aconteceu. Mas sabe, é mesmo bem feito o que aconteceu à você. É isso o que dá ficar se vendendo aos homens...

Annabeth sentiu como se estivesse perdendo o ar.

– Pai! – Rachel exclamou.

– Não, Rachel. O que eu digo é verdade, e o que aconteceu serve para ensiná-la o que acontece à garotas sujas como ela.

Annabeth levantou-se da mesa, completamente indignada e insultada, e, segurando as pontas de seu vestido bege, correu em direção ao lado de fora. Ouviu alguém seguindo-a, mas não virou-se para ver quem era. Provavelmente Rachel.

Não seguiu muito adiante, pois antes de chegar aos limites do terreno, desabou e ali ficou, em cima do vestido fofo, irrompendo em lágrimas. Estava disposta a não chatear-se com seu pai mais dali em diante, mas em todos seus anos de vida, nunca fora tão insultada e humilhada como fora agora. E o pior de tudo, era que mesmo Frederick tecnicamente sabendo o que lhe ocorrera, não lhe deu nenhum apoio ou ajuda, apenas esbravejou com ela, dizendo que era tudo sua culpa.

Sentiu alguém segurar seus ombros e sentar ao seu lado.

– Annabeth, me desculpe... – Rachel disse. – Por favor, não chore, venha, nós sabemos que isso não é verdade...

A loira apenas deitou a cabeça no colo de sua irmã, os ombros balançando com o choro e soluços.

– Annie, olhe pra mim, Annie... – Rachel falou, usando o apelido carinhoso que usava em momentos delicados como aquele. Levantou a cabeça de sua irmã, para que pudesse encará-la. – Eu quero que me diga: o que meu pai disse, é verdade?

Annabeth mordeu os lábios com força.

– Eu quero dizer, o que ele disse sobre ter acontecido à você... por favor, diga que não é verdade.

Os soluços eram fortes demais para que a loira conseguisse falar. Apenas chorava e chorava, as lembranças da noite retrasada voltando com mais força à sua mente.

– Annie...? – Rachel disse, sua voz já fraca. Com relutância, Annabeth conseguiu assentir com a cabeça.

– Santo Zeus! – a ruiva exclamou baixinho e a abraçou, mais forte dessa vez. Ela não pôde evitar chorar pela sua irmã, pela crueldade que fora feita à ela.

– Rachel, não conte à ninguém. Por favor, prometa que não contará a ninguém. – Annabeth pediu em meio aos soluços.

– Tudo bem, Annie. Eu prometo não contar à ninguém.

Ela pensou que teria que contar isso para o médico que viria no dia seguinte, mas deixou isso para depois. Não perguntou mais nada. Sobre quem fizera aquilo, ou como. Não persistiria na conversa, aquilo só pioraria as coisas. Apenas a abraçou e absorveu toda sua dor.


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Notas finais do capítulo

Ok, agora deixem-me explicar: toda vez que tiver "~~~~", não significa simplesmente que um pouco de tempo passou, mas sim que mudou o ponto de vista pra de outro personagem, mesmo que continue na terceira pessoa.
Sobre o Frederick - esse cruel ç_ç -, não, ele não sabe nada sobre o Luke e a Annie, nem sabe de nada que aconteceu, ele simplesmente chegou nessa conclusão sozinho. Tenso, não? :s
Beijos, beijos :*



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