Living Dead - EM HIATUS escrita por lolita


Capítulo 8
VII - Enough For Now


Notas iniciais do capítulo

Enough For Now - The Fray, música indicada pela luannylavoier, uma das leitoras de Living Dead >
Esse tá beeeem pequeno; tanto é que o Percy e a Annie nem aparecem. Mas é só pra não ficar tanto tempo sem capítulo novo, e pra deixar um gostinho de quero mais c:
Espero que gostem o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/252596/chapter/8


Rachel desde pequena nunca gostara de estar na floresta. Isso sempre fora a forma preferida de entretenimento de Annabeth. Não entendia o que tinha de tão divertido naquele lugar frio, sombrio e fantasmagórico.

Porém, ali estava ela à procura da residência de Thalia. Tentava ao máximo ignorar o frio na espinha e o instinto de sair dali correndo. E principalmente, tentava ignorar as antigas histórias que sua avó Annie contava às três garotas quando eram pequenas que, agora, insistiam em ficar voltando à mente de Rachel.

Eram antigas lendas sobre a floresta de Bridgeport. Uma em particular dizia sobre como a floresta era auto protetora e como podia se tornar cruél ao sentir-se ameaçada. A grama tornava-se movediça e a terra te engolia, asfixiando-o até a morte; os pólens das flores e a água tornavam-se venenosos; os galhos e raízes das árvores moviam-se por debaixo da terra e te caçavam, arrastando-te para sabe-se lá onde; e criaturas místicas que ali habitavam, que a última coisa que queriam era invasores em seus territórios.

– São apenas lendas Rachel, apenas lendas - ela sussurrou para si mesma. - Você sabe que nada disso é real, vai ficar tudo bem.

Porém, ela sentiu como se estivesse apenas tentando convencer a si mesma. A grande quantidade de névoa não ajudava nada à lhe acalmar. De fato Rachel ouvia vez ou outra barulhos semelhantes à sussurros e passos.

Outra história lhe veio a cabeça, esta ela já não lembrava-se muito bem. Falava sobre uma maldição que fora posta na floresta há muito tempo atrás, e que esta matava a todos que ali visitavam. A maldição só poderia ser quebrada, quando uma certa criança de Bridgeport vingasse... alguma coisa. Rachel achava que estava confundindo tudo. Mas mesmo assim, quando lembrou-se desta lenda, sentiu seu sexto sentido acender-se e lhe cutucar à mente loucamente.

– Mas vingar o quê? O que isso tem à ver? É apenas uma história! - Falou para si mesma, frustrada. Sim, seu sexto sentido lhe irritava.

Ouviu um barulho parecido com algo se quebrando. Um galho talvez? Não importava, Rachel congelou no seu lugar, parando Porkpie de repente. Olhou ao seu redor e sentiu que estava sendo observada. Seu sangue acelerou em suas veias, e quanto mais olhava ao redor, mais claustrofóbica se sentia, como se as árvores estivessem curvando-se na sua direção.

Criaturas místicas... árvores vivas... maldição da floresta...

– Pra mim já chega. - Falou para si mesma e rapidamente partiu com Porkpie.

Porém, não conseguia encontrar a estrada para Saltville de volta. Na verdade, achava que só estava adentrando mais a floresta, a névoa ficando mais espessa.

– Não... chega! - Rachel gritou e novamente, parou Porkpie bruscamente, que relinchou em protesto.

Rachel respirou fundo e obrigou-se a se acalmar. Olhou a sua volta. Definitivamente ela não passara por ali. Mas não importava, ela tinha que encontrar a casa da feiticeira, e era para isso que estava ali.

– São apenas lendas! - Falou para si mesma, dessa vez com mais força.

Ouviu barulho de água e olhou para sua frente, forçando a vista através da névoa. Era um riacho raso correndo por entre pedras cizentas. Na verdade, tudo ali era acizentado. Sentia-se como um ponto vermelho no meio do cinza.

– Quanta camuflação Rachel! - Ela murmurou ironicamente.

Porkpie atravessou o pequeno riacho sem problemas. Do outro lado, um caminho de pedras circundava entre as árvores esbranquiçadas até... Rachel retirou o capuz. Sim, o caminho de pedras seguia até uma pequena casa de dois andares. A casa era tão velha, que parecia ter se encolhido para dentro, com os tijolos cinzas e telhas tortas. Musgo subia por entre as paredes e as janelas tinham uma camada de poeira impregnada.

Rachel desceu do cavalo e se aproximou. A névoa era bem mais espessa ali, como se fosse para camuflar a casa, mas de alguma forma conseguia enxergar o chão a sua frente. Ela tirou a poeira de uma placa de metal fincada na grama perto da entrada. A palavra Grace estava escrita em letras cursivas.

– Graças aos deuses! - suspirou aliviada.

Subiu a pequena escadaria. Na varanda, a madeira parecia mofada e rangia com seu andar. Ela agarrou a maçaneta em formato de argola e bateu forte à porta. Ouviu-se algo parecido com um eco vindo de dentro da casa.

Rachel podia sentir o coração palpitando contra seu peito, e estava suando frio. De repente ela se perguntava o que diabos estava fazendo ali e quis voltar correndo para o aconchego de sua casa.

Mas ali morava Thalia, sua ajuda seria necessária. Rachel vira ela na festa. Era jovem, bonita até, além de ter simpatizado com Sally. Não deveria ser assim tão ruim afinal. Demorou pelo menos um minuto. Ia bater novamente quando as grandes portas de carvalho se abriram rangendo.

Rachel entrou hesitante na sala escura. Não havia ninguém ali, e ela pensou na possibilidade de voltar quando as portas se fecharam violentamente à suas costas. Rachel respirou fundo e deu alguns passos à frente. A sala cheirava à incenso e livros mofados.

– Olá? - Ela chamou. - Tem alguém aí?

Rachel sentiu um frio na espinha e ouviu passos no chão de pedra. Virou-se e deparou com uma garota alta e graciosa segurando uma lamparina. Sua pele era cor de cobre, os olhos e os longos cabelos castanho-escuros. Sua expressão era orgulhosa e ela parecia mais ser parte da nobreza do que habitar em uma casa velha no meio da floresta. Seus olhos a estudaram com interesse.

– Rachel Elizabeth Chase - falou a garota.

– Como sabe quem eu...

– Ah, por favor! Todos sabem quem tu és.

– Uh...

– Estou muito curiosa para saber o que uma das filhas do rei está fazendo sozinha tão distante do palácio. - A garota estudou-a mais uma vez e assentiu consigo mesma como se estivesse avaliando Rachel, e o que quer que ela tenha visto, aprovara.

– É muita coragem sua vir até aqui sozinha.

– Hum, obrigada. - Rachel agradeceu, confusa.

– À propósito, meu nome é Zoë Doce-Amarga - ela disse e Rachel franziu a testa.

– Não és uma Grace.

– Não, de fato. Vinde comigo, Thalia está a vossa espera.

Rachel não sabia o que ela queria dizer com Thalia a estar esperando, mas seguiu Zoë mesmo assim.

Diferente da sala de entrada, o resto da casa era bem bonita, arrumada e aconchegante até, porém, era tudo muito escuro. As paredes do corredor que elas seguiram eram de um papel de parede azul claro com prateado. O piso era de uma madeira bem polida. Enquanto andavam, Rachel não vira mais ninguém. Zoë a levou até uma ampla sala que Rachel pôde identificar como um gabinete.

No centro, encontrava-se uma mesa de mármore negro e Thalia estava sentada atrás dela, lendo um grosso livro vermelho. As paredes do local eram revestidos por estandartes de batalha, vitrines com armas e peles de animais: urso negro, tigre e vários outros. Rachel quase teve um ataque cardíaco ao ver todas aquelas peles, mas conteve-se. Logo atrás de Thalia, a parede tinha vários arcos de prata pendurados.

Rachel ficou confusa. Esperava ver Thalia usando um chapéu pontiagudo, um pedestal com um livro de feitiços em frente à um grande caldeirão onde Thalia estivesse fazendo alguma poção ou maldição. No entanto, aquilo parecia mais a casa de um caçador, o que, na verdade, não ajudou a amenizar o nervosismo de Rachel.

Quando Thalia a viu, suspirou como se estivesse aliviada.

– Finalmente! - Ela exclamou revirando os olhos. - Por um momento achei que tivesse fugido da floresta. - Thalia deu um sorriso debochado, o que deixou Rachel ainda mais confusa.

– Hum... eu realmente não sei o que isso significa. De qualquer forma, eu vim aqui... - Rachel começou mas foi interrompida por Thalia.

– Ah, eu sei o que quer!

– Uh... sabe?

– Sim. - Thalia a olhou nos olhos como se pudesse ver dentro de sua alma. - Eu fiz a mesma coisa.

Rachel arquejou. Antes que pudesse falar alguma coisa, Thalia virou-se em seu vestido negro para uma estante onde havia vários vidros com líquidos coloridos e livros empoeirados. Ela pegou um pequeno vidro com um líquido transparente e o entregou para Rachel. Ela o escondeu no decote de seu vestido e a olhou.

– Não é apenas para isso que veio até aqui, é? - Thalia perguntou.

– Não - Rachel respondeu. - Há algo que preciso saber.

Thalia fez um gesto com a cabeça indicando a poltrona vermelha perto de uma das janelas, que ajudavam a iluminar a sala. Rachel sentou-se e Thalia na poltrona da frente. Uma outra garota também com pele morena e cabelos longos e escuros entrou na sala com uma bandeja de prata. Ela tiha olhos escuros que pareciam assustados e depois de pousar a bandeja na mesinha de vidro, aproximou-se de Thalia e murmurou algo em seu ouvido. Thalia assumiu uma expressão severa, preocupada até.

– Permito que vocês partam sem mim, as seguirei logo que terminar. - Ela murmurou de volta e a garota assentiu.

– Tentaremos não ir muito longe antes de nos encontrar. - A garota falou, mas Thalia sacudiu a cabeça em negação.

– Façam o que for preciso Bianca, as encontrarei rapidamente - Thalia falou. - Não se preocupem comigo.

Bianca assentiu com a cabeça e se retirou. Na bandeja, haviam duas xícaras sobre pires de porcelana branca e talheres de prata; um bule fumegante de chá com uma deliciosa fragrância de canela; um pequeno prato com pelo menos quatro bolinhos de diferentes cores e outro com muffins; havia também manteiga fresca e geléia de morango. Aquelas garotas sabiam mesmo como se alimentar, lembrava Rachel o chá da tarde que frequentava de vez em quando com sua mãe e as damas de compania.

Thalia serviu os chás como se tivesse todo o tempo do mundo. Rachel pegou um dos bolinhos; era de chocolate cremoso com recheio de licôr de cereja e um creme branco por cima.

– Huum, isso é muito bom! - Rachel exclamou.

Thalia apenas sorriu.

– Se eu estiver tomando seu tempo - Rachel falou. - Não precisa fazer isso, eu posso...

Thalia levantou a mão em um gesto, interrompendo-a.

– Não é incômodo algum. Apenas me pergunte o que quer saber, e responderei.

Rachel respirou fundo. Por onde começar? Percebeu aí que não tinha pensado em como iria explicar aquilo à garota.

– Por que lá na festa, no Festival da Lua Azul, você e Sally falaram para os Castellan sobre a sabedoria de minha irmã? Quero dizer, como você sabia dos elogios de Dédalo? - Não era isso o que ela queria perguntar. Na verdade, era uma pergunta estúpida.

– Não falei nada mais do que a verdade - Thalia sacudiu a cabeça como se fosse uma coisa óbvia. - Ele realmente fala muito bem dela.

Falar muito bem dela. Então Rachel soube o que dizer.

– Parece que não surte efeito, afinal, todos a odeiam. Exceto a mim, é claro. E Perseu. Por que todos odeiam Annabeth? Até mesmo meu pai. Por que ele a odeia tanto?

Thalia hesitou, como se não quisesse responder.

– Eu não posso falar muito sobre isso.

– Mas prometeu que me responderia... - Thalia ergueu a mão, a cortando.

– Eu sei. Tem algo que posso falar - ela disse. - Apenas me deixe pensar.

Rachel esperou. Estava disposta a esperar o tempo que fosse para obter respostas, mas Thalia não tardou a começar a falar.

– Existe uma... profecia de Bridgeport. Muito, muito antiga. Talvez alguém tenha lhe contado. Diz a respeito de que a cidade sofreria uma maldição, mas que uma pessoa estaria destinada a mudar isso. A pessoa vingaria o responsável pela maldição, e colocaria Bridgeport de volta aos eixos.

Rachel sacudiu a cabeça, frustrada.

– Que ligação essa profecia tem com o ódio das pessoas para com Annabeth?

Thalia suspirou e agarrou a mão de Rachel por cima da mesa. Sua expressão parecia até... culpada.

– Eu não posso falar muito mais do que isso. Embora nem tudo nessa profecia seja o que realmente está acontecendo, você vai precisar dela.

O que está acontecendo? - Rachel perguntou e Thalia negou com a cabeça.

– Algo grandioso está para acontecer. Guarde esta profecia, vai precisá-la para resolver o caos que está por vir.

Milhões de perguntas a mais subiram a mente de Rachel, mas ela sabia que Thalia não iria responder mais nada.

Sentiu-se tola por um momento: todo o caminho percorrido para receber apenas uma velha profecia como resposta. Apesar de conseguir pelo menos parte do que queria ao ir ali, um tumor de raiva cresceu em seu peito, mas não fez questão de transmití-lo.

– Tudo bem então. Acho que é isso. Tenho que voltar agora.

– Irei com você até a porta, também preciso sair.

Thalia sumiu no corredor por alguns minutos. Enquanto isso, Rachel apenas fitou os muffins intocados e os bolinhos de chocolate e licor que antes pareciam mágicos de tão deliciosos, e agora tinham gosto de poeira.

Thalia voltou vestindo calças pretas, botas de couro preto e casaco preto com um colete cinza por cima. Rachel ficou abismada, afinal, nunca vira em toda sua vida alguma mulher vestida de calça. Ela vestiu uma capa negra e pendurou uma aljava cheia de flechas e um arco prateado nas costas. Ela também tinha algo nas mãos: uma carta.

– Preciso que leve isto com você - Thalia disse, entregando-lhe a carta. - Não abra agora. Leia quando chegar em casa e não deixe ninguém lê-la. Faça tudo o que está escrito nela.

– Por que eu o faria? - Rachel questionou, desconfiada.

– Porque é necessário. Não se preocupe, não é nada ilegal. Apenas faça; é para o bem de sua irmã, Annabeth.

Rachel ficou ainda mais confusa, mas assegurou que faria o que estivesse na carta.

– Bem, então vamos? - Thalia perguntou e ela assentiu com a cabeça. Mas antes de saírem, Thalia olhou para os bolinhos na mesa. - Quer levar alguns para a viajem?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eaw? Legal? Chato? Enfim, importante. E sobre o próximo capítulo: bastante Percabeth e... Luke! Muahaha -q Creio que não demorarei para postá-lo. c: