Living Dead - EM HIATUS escrita por lolita


Capítulo 17
XVI - Bad Blood


Notas iniciais do capítulo

INHAÍÍÍ
Bastille - Bad Blood



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As the friendship goes, resentment grows; we will walk our different ways

Na mesma noite, Rachel correu até seus aposentos para preparar suas coisas. Separou roupas, dinheiro que mantinha escondido em seu baú e mais todos os tipos de coisas que não deixaria para trás, mas tomou o cuidado de não exagerar na bagagem, de modo que terminou com apenas duas bolsas grandes e uma pequena a tira colo.

Abriu uma janela do quarto e sua pele se arrepiou ao contado com a brisa gelada. Olhou se havia alguém por perto dali, mas não achou; então pegou as duas malas e jogou para o gramado do jardim da parte de trás do castelo. Rapidamente fechou a janela e, com uma última olhada em seu quarto, fechou a porta.

Logo estava no jardim de trás, pegando suas malas atrás dos arbustos. Observando todo o tempo se não havia alguém próximo, correu até o celeiro, onde rapidamente preparou Porkpie para uma curta viagem. Naquele horário, os criados que cuidavam dos cavalos já não estavam mais de serviço.

Conhecia um pequeno atalho entre as árvores nas fronteiras sul do castelo; por ali, ela teria que dar uma longa volta para chegar a seu destino, mas era a solução, já que não podia sair pelos portões da frente. Esperou pacientemente o guarda que fazia a ronda por ali ir passar, e quando ele o fez, rapidamente ela correu com seu cavalo até entrar na floresta.

Exatamente como se lembrava, o atalho era realmente pequeno, de modo que em apenas um minuto já havia chegado a uma estrada de terra ali perto. Então finalmente seguiu caminho até a mansão dos Jackson.

~~~~

Percy havia acabado de jantar há pouco tempo e estava caminhando pelo jardim. Mesmo com o frio que fazia, ele não se incomodava. Apenas queria confortar-se com o céu escuro e o ar da noite.

As coisas em sua casa estavam ruins, muito ruins. Péssimas na verdade. Ele vinha se desentendendo muito com seus pais, de modo que os diálogos e as refeições juntas se tornaram extremamente desconfortáveis. Mas nesta noite, Percy percebeu que seus pais estavam mais silenciosos e estranhos do que o normal. Perguntava-se o que havia acontecido na ida deles ao castelo de Frederick, ou se estavam mesmo de luto por Annabeth. Bem, pelo menos Sally parecia verdadeiramente triste com o ocorrido.

Seus pensamentos foram interrompidos com o ruído de alguém correndo em sua direção. Virou-se para encontrar Grover parecendo desesperado e ansioso para falar algo. Quando este se aproximou, Percy apenas falou:

– Pode contar.

– Rachel... Está aqui... – ele falou bufando. – No celeiro na verdade.

– Rachel?! O que ela está fazendo aqui a esta hora? – Percy perguntou confuso.

– Eu também estava me perguntando isto. Ela me disse apenas que precisa falar com você urgente!

Imediatamente Percy começou a seguir Grover até lá.

– Você não tem nenhuma ideia do que pode ser? – ele perguntou para seu amigo enquanto andavam apressados.

– Tenho – Grover respondeu. – E não me parece nada bom.

Quando Percy viu a cabeleira ruiva de sua amiga que estava de costas para ele, um sentimento de constrangimento lhe invadiu ao lembrar-se da discussão que tiveram no cemitério. Ele perdera a cabeça. Não gostou do que ela falou, mas não queria ter gritado daquela forma com sua melhor amiga. Imaginou se ela estaria com raiva.

– Percy! – ela exclamou quando se virou e o viu. É, definitivamente ela não estava com raiva.

– Hey – ele falou aliviado. Pensou por um segundo, então decidiu falar o que estava pensando. – Que bom que não está com raiva de mim.

Ela sorriu. – Não, eu não estou. Na verdade... – ela abaixou a cabeça, e depois a sacudiu negativamente. - Deixe pra lá, eu preciso lhe contar uma coisa.

Percy quis saber o que ela ia dizer, afinal, ele falou o que estava pensando, mas ela não. De qualquer forma, deixou Rachel falar primeiro.

– Você soube do que aconteceu com Calipso, não é? – perguntou. Ele apenas assentiu com a cabeça.

– Bom, eu fiquei sabendo mais ou menos logo depois de a notícia chegar ao palácio. Os criados me contaram. E logo depois, eles me contaram sobre suspeitarem de que tenha sido... A mesma pessoa que, bem... Que levaram Annabeth. – ela engoliu em seco ao terminar a frase.

Percy assentiu. – Eles também não acreditam que tenha sido ataque de animal.

– É... – ela falou. – Tudo o que eles falaram faz completo sentido, então eu quis ir investigar. Você sabe, eu estou sempre querendo informações, saber das coisas.

Ele achou graça daquilo por um momento e sorriu fraco. – Sempre atrás de encrenca, isso sim.

Ela sorriu levemente também. – Exatamente! Porque foi o que eu fiz depois, basicamente. Fui até o gabinete de meu pai para procurar documentos e coisas assim, e acabei ouvindo a conversa que ele estava tendo lá dentro.

– Você bisbilhotando e ouvindo as conversas dos outros – Percy falou enquanto sentava-se em um pedaço de árvore cortada ali perto. – Não é nenhuma surpresa pra mim.

Ele sorriu, mas dessa vez Rachel não.

– Seus pais estavam lá. Conversando com ele – ela o olhou com seus olhos um tanto temerosos.

– O que... O que você descobriu? – Percy temeu a resposta, pois a expressão dela não era nada boa.

Rachel deu de ombros. – Ah, nada de mais – ela disse enquanto sentava-se em outro pedaço de árvore cortada perto dele. – Apenas provavelmente o que seria o maior casamento do ano, ou talvez até da década. – Então o olhou novamente. – Você e eu.

Ele franziu o cenho e olhou pra baixo. Pensou por alguns segundos enquanto o ambiente era tomado por uma onda de tensão.

– Faz sentido – respondeu simplesmente.

– É, mas você sabe... – ela ia dizendo.

– É eu sei. Você não quer se casar – ele a interrompeu.

– Seria a coisa mais estranha da minha vida casar com você, Percy! Jura? E depois termos filhos! Eles não pensam nisso? No desconforto que seria para nós dois? – ela falou e ele deu uma risada curta e rouca.

– Antes com minha melhor amiga do que com uma garota desconhecida por quem não nutro nenhum tipo de sentimento.

Rachel o olhou com a testa franzida. – É... faz sentido, mas... ewww!

Eles riram com sua expressão.

– Sabe, você pareceu agora aquelas garotinhas que apontam o dedo pra língua quando falam de meninos. – Percy falou e eles riram mais.

– De qualquer forma, eu tenho um plano! – Rachel disse.

– Eu já ia chegar nessa parte... – ele falou.

– Eu vou fugir! – ela respondeu simplesmente, como se estivesse falando “eu vou comer uma maçã”.

– O quê?! – ele quase gritou, dando um pulo em seu assento com a notícia.

– Tenha calma, Percy! – ela riu de sua reação. – Eu já tinha tudo planejado há alguns anos, pra quando fosse preciso. E agora chegou a hora. Não há nada mais que eu possa fazer! Eu não posso simplesmente ir pedir para o meu pai para eu não me casar, porque você sabe, quando ele põe alguma ideia na cabeça, não há mais como tirar! E mesmo se não fosse com você, mesmo se fosse com qualquer outro homem, você sabe muito que eu não quero isso... Eu nunca quis!

– É eu sei... – Percy falou levantando. – Mas o que você vai fazer? Pra onde vai? Como vai sobreviver? Você sabe que Frederick não iria descansar até encontra-la, e é bastante provável que ele irá lhe encontrar!

– Eu já tenho tudo planejado! Eu vou tomar o cuidado de me esconder, é claro, e pegar estrada para algum reino bem distante daqui, onde eu não seja reconhecida. Não estou indo logo agora. Eu vou dormir esta noite lá na casa dos Stoll...

– Dos Stoll? Por quê? – ele perguntou estranhando.

– Porque eles são os únicos que sabemos que podem me esconder esta noite e não contar pra ninguém, ninguém mesmo! Além de serem ótimos mentirosos, para o caso de serem interrogados.

Percy assentiu, sem dizer nada.

– Vai ficar tudo bem, Percy. Você sabe que venho há anos pensando em soluções para não me casar. Isso não é para mim, eu não sei... Talvez eu tenha nascido na época errada. Mas tenho certeza de que encontrarei algo que combine comigo. Tem que existir!

Ele apenas assentiu novamente, porque desta vez ele não estava pensando naquilo, mas sim se lembrando do noivado dela com Luke. Milhões de pensamentos rodavam em sua cabeça. Lembrou-se de quando Annabeth lhe disse que, a pessoa que o matara, era alguém que tinha acesso aos domínios reais e que já sabia que Luke iria pedi-la em casamento, pois assim teve tempo de envenenar o vinho que ele tomava.

– Rachel... Quando Luke estava pedindo a sua mão... Você já sabia que ele iria fazer aquilo, certo?

Rachel espantou-se com o que ele disse, mas tentou parecer natural. – Eu... Sim. Por que está pensando nele?!

– Eu só quero saber... Se você já vinha há anos planejando fugir, por que não fugiu naquela época? – Então uma lembrança lhe ocorreu. – Acabo de me lembrar... Quando você me contou que ouvira Frederick conversando com alguém. Sim, você já sabia mesmo que ia ficar noiva!

– Percy, por que está falando nisso? Eu nem mesmo me lembrava de Luke mais, que inferno! Não entendo por que começou a falar dele tão de repente! – Ela falou alto e frustrada.

– Eu já falei! Só queria saber por que... Ahr, deixe pra lá! – Percy sacudiu a cabeça.

Era loucura pensar naquilo, acusar Rachel de alguma coisa. Sabia que ela procurava várias formas de não acabar casada com um homem da elite apenas por riqueza e status, mas assassinato não era uma coisa que ela faria. Rachel era uma pessoa boa.

Ela respirou fundo, tentando se recompor.

– Rachel? – ele a chama, que o olha em resposta. – Me perdoe.

– Tudo bem, tudo bem... Eu só não queria falar sobre isso.

– Não, não por agora – ele fala. – Bem, por isso também, mas por ontem. Eu não gostei do seu pensamento, do que falou, mas eu também não tinha nenhum direito de gritar com você daquela maneira. Eu... Perdi a cabeça.

Rachel sorri. – É claro que eu lhe perdoo Percy. Eu não fiquei com raiva de você, na verdade. Apenas... preocupada.

Ele assente. Então era isso o que ela ia falar antes.

– Mas você sabe... Eu ainda acho que ela esteja viva. Sei que parece louco, sei que não faz sentido, mas... Eu sinto isso. É quase como se possuíssemos uma conexão.

Rachel sorri novamente, dessa vez com seus olhos enchendo de lágrimas.

– Eu gostaria de sentir isso também, mas... Tudo que sinto é desesperança. – ela diz fungando.

Percy a percebe chorando e a abraça, tentando conforta-la. Rachel respira fundo o abraçando forte. Sentiria uma falta enorme de seu único melhor amigo. Então logo o solta e limpa as lágrimas, se recompondo.

– Seja lá o que tenha acontecido – Rachel diz enquanto limpa o rosto com as mangas do vestido. – Eu quero que justiça seja feita. E sei que você também. Então, eu posso me tornar uma princesa fugitiva disfarçada de plebeia, mas irei continuar fazendo de tudo para descobrir quem foram aqueles capangas. Não podemos continuar perdendo pessoas enquanto eles saem imunes.

Os olhos de Percy brilham diante da decisão de Rachel, e ela sorri em resposta.

– Você irá começar a investigar quem são eles? – ele pergunta animado.

– Sim! E espero que você faça a sua parte aqui na cidade – ela fala.

– Mas é claro que eu vou! Eu ainda não sei por onde começar, mas estou pensando nisso. Na verdade, se tem uma coisa que não paro de pensar é sobre isso.

Rachel ri. Então ela abre sua bolsa a tira a colo e retira de dentro alguns vários papéis.

– Tome. Você pode começar com isso. São documentações sobre o desaparecimento dela e todas essas coisas que peguei no gabinete do meu pai antes de sair do castelo.

Percy olhou para os papéis como se estivesse segurando ouro. – Tem certeza? Você não vai precisar disso?

Ela nega com a cabeça. – Serão inúteis pra mim, já que estarei fora da cidade. Mas para você é como uma mina de ouro, como posso ver – ela diz inclinando a cabeça para ver seu rosto direito.

Percy sorri. – É sim! Puxa muito obrigado, Rachel! Acho que não vou nem conseguir dormir hoje à noite olhando tudo isso.

Não eram tantos papéis assim, mas Percy planejava examina-los até sua cabeça não aguentar mais, ou até ele cair no sono em cima da mesa.

– Nada disso. Descanse, faça suas outras coisas. Seja o que for não deixe ninguém suspeitar de que está com estes papéis. E Percy, por favor, não deixe ninguém, absolutamente ninguém além de Grover saber que vim aqui. Eles podem mata-lo se souberem que você sabia que eu iria fugir e não os comunicou.

Percy assentiu temeroso, sentindo o peso da seriedade da situação sobre si.

Então ela lhe deu um último abraço, longo e apertado.

– Eu irei sentir sua falta, Perseu Jackson. Muita. – Rachel diz.

– Eu também, Rachel. Gostaria que pudéssemos fazer estas buscas juntos.

– É eu sei... – Ela diz olhando para baixo. – Mas eu não posso.

Percy assente. Com um sorriso pequeno, Rachel sobe de volta em Porkpie e o guia até a porta de saída. Percy percebe as duas malas penduradas no cavalo, e pensa em como não as havia notado quando chegou ali.

Antes de sair, porém, Rachel para. Ela vira a cabeça olhando para baixo e mordendo os lábios. Então decide contar o que estava pensando.

– Percy... – ela diz temerosa. - Eu matei Luke.

O rapaz sente sua respiração ser presa e seu rosto assumir uma expressão de espanto. Ele suspeitara... Ele já chegara a esta conclusão, na verdade. Mas mesmo assim, escolhera não acreditar. Não achava que sua amiga seria capaz de algo assim. Fazia todo o sentido ter sido ela, no entanto. Só poderia ser. E mesmo com seu espanto, tudo que Percy consegue fazer é assentir com a cabeça.

Com uma expressão de lamento, Rachel sai e segue pelo mesmo caminho que Percy usara para escapar dali escondido no dia do aniversário de Annabeth.

~~~~

Já fazia horas desde que Percy se despedira de Rachel, e também mais algumas horas que ele tentava dormir. Como previra, ele de fato não estava conseguindo dormir, mas não pelo motivo que imaginara; toda a papelada que ela o dera estava espalhada em sua mesa em um canto, mas, por alguma razão, ele não conseguira se concentrar. Tudo em que conseguia pensar era no plano de fuga maluco de Rachel.

De alguma forma, todas as coisas que ela lhe explicara não estavam mais fazendo sentido em sua cabeça. Ir para um reino onde não fosse reconhecida? Confere; refugiar-se na casa da única família que sabia que podia confiar? Confere. Mas e então? O que ela faria? Sua suspeita de antes sobre Luke se confirmara, ela de fato o matara, e pensar nisto o deixava extremamente desconfortável. Deuses, ela realmente fez aquilo! Nunca imaginaria que ela realmente fosse capaz de algo assim apenas para não se casar!

Lembrou-se do funeral de Luke, dos pais profundamente tristes, chorando. Sinceramente, para Percy o motivo de Rachel agora parecia mesquinho diante do que ela fizera. Ele não chegou a conhecer Luke muito bem, nem mesmo simpatizara com ele, entretanto, não desejara aquilo ao rapaz. Tentou imaginar por que Rachel tinha tanta aversão à ideia de casar-se; não deveria ser tão horrível, deveria? É claro que ele preferia passar o resto da vida com quem amava, é claro que preferia, mas não mataria alguém ou fugiria caso ficasse comprometido.

Então pensou no que ela falou sobre o casamento deles poder ser o maior da década em Bridgeport. Certamente seria, no entanto, eles realmente precisavam agir feito um casal após se casarem? Percy e Rachel não nutriam amor além do fraternal um pelo outro, isso era um fato, mas ninguém precisava saber disso. Além do que, seria bem mais fácil para eles fazerem as investigações estando ambos no reino. O que lembrou a Percy da dúvida que mais se instalara em sua mente: como cargas d’água Rachel planejava continuar investigando um desaparecimento ocorrido em Bridgeport sendo que ela não estaria ali? Sem falar que as únicas pistas que ela possuía, ela entregou para ele. Talvez ela pudesse perguntar por Annabeth ao longo do caminho, mas não podia fazer isso nos reinos vizinhos, pois não podia correr o risco de ser reconhecida. Até o outro dia sua falta já seria sentida e Frederick já mandaria buscas por ela, disso Percy tinha certeza, então Rachel deveria manter-se bem escondida.

Os pensamentos não paravam de rodar em sua mente, e Percy já estava começando a se sentir esgotado, e mesmo assim ele não conseguia cair no sono. Então repentinamente ele sentou-se na cama com outro pensamento que lhe ocorreu: sem Annabeth, Calipso ou Rachel, a única melhor pessoa que sobrava para casar-se com ele era Silena. Justamente a que ele menos era íntimo. Silena era uma bela e boa garota, mas como ele mesmo dissera antes, preferia casar-se com sua melhor amiga do que com uma garota por quem não nutria nenhum tipo de sentimento. E com isto, uma ideia surgiu.

Obviamente ele não iria fugir ou matar a princesa, mas também não deixaria por isso mesmo. Ele iria até Rachel e a convenceria a ficar e casarem-se. Seria no mínimo estranho e constrangedor, e seria difícil convence-la, mas eles usariam o casamento a seu favor, uma fachada para que pudessem continuar suas buscas pelos capangas que levaram Annabeth juntos. Ele estava certo de que trabalhariam melhor em dois do que distantes. Não teriam relações, não teriam filhos, por mais que todo o resto os pressionasse para isso, ela estava certa quando disse que aquilo seria extremamente desconfortável para os dois.

Rapidamente Percy se pôs de pé e deu uma olhada por sua janela. O céu ainda estava completamente escuro, mas sabia que não demoraria muito para que o sol começasse a surgir no horizonte. Vestiu-se, depois juntou os papéis em cima de sua mesa e os escondeu em uma gaveta para o caso de alguém ir ao seu quarto. Seguiu silenciosamente até o celeiro onde rapidamente preparou Blackjack, logo em seguida montando neste e partindo para a casa dos Stoll.

O caminho era longo, pois eles moravam em uma fazenda distante do centro da cidade, mas Percy seguiu o mais ligeiro que pôde. O sol já começara a nascer quando ele finalmente avistou a fazenda de seus amigos. Torcendo para que Rachel ainda não tivesse partido, ele desceu e rapidamente bateu na porta da simples casa. Quem lhe atendeu, no entanto, estava do lado de fora, apoiado em uma enxada, pronto para começar mais um longo dia de trabalho.

– Perseu? – o rapaz chamou. – Cara, você está horrível!

Percy levou um segundo para saber se aquele era Connor ou Travis, até lembrar-se que se tratava do segundo.

– Travis! Rachel, onde ela está? Por favor, diga que ela ainda está aqui. – Percy implorou, ignorando o comentário de Travis. Após várias noites sem dormir direito, preocupações, frustrações e ainda mais uma noite completamente em claro, ele não duvidava nada de que deveria estar mesmo com uma aparência pavorosa. Mas realmente não ligava.

– Sinto muito, mas ela já foi, nem faz muito tempo. Era muito importante? – o loiro respondeu.

– Inferno! Sim, sim, era muito importante! – ele exclamou enquanto passava uma mão pelos cabelos.

– Desculpe... – o gêmeo disse apenas.

– Não, tudo bem, Travis... Você disse que ela não foi há muito tempo?

– Sim! Na verdade, se você continuar pela mesma estrada que estava, acredito que consegue alcança-la.

Percy arregalou os olhos de maravilha com a informação e imediatamente voltou para Blackjack. Se ele não encontrasse Rachel agora, talvez ele nunca mais a visse novamente, então seu plano iria por água abaixo. Agradeceu rapidamente ao seu amigo, mas antes que ele partisse, Travis disse:

– Jackson? Prometo ficar em silêncio sobre isso.

Percy sorriu.

– Por isso que confiamos em vocês – e logo em seguida partiu galopando pela estrada.

Esperava que Travis estivesse certo e que ele realmente conseguisse encontrar Rachel na estrada. Repassou seu plano na cabeça, tudo o que falaria para ela e como tentaria convence-la. Ela não podia continuar com essa loucura de partir, não podia ir e se virar lá fora sozinha, mesmo ele sabendo que ela era capaz. Por mais que o fato de que o casamento agradaria a nobreza lhe fosse frustrante, Rachel deveria concordar que longe e se escondendo, ela nunca realmente conseguiria desvendar o mistério sobre sua irmã.

Os pensamentos de Percy foram interrompidos assim que ele percebeu um cavalo branco a alguns poucos metros a sua frente. Ele se alegrou quando reconheceu ser Porkpie, mas assim que se aproximou mais, sua alegria rapidamente se dissipou ao perceber que não havia ninguém montado nele, e um sentimento de preocupação substituiu. Ele logo desceu de Blackjack e andou até Porkpie, que parecia estar tendo um ataque de pavor.

– Eia! Calma rapaz! – Percy tentou acalma-lo, cuidadosamente tentando se aproximar para segurar as rédeas do cavalo, mas este não parava de relinchar e se empinar.

Percy viu que as coisas de Rachel ainda estavam penduradas nele, o que apenas o deixou mais confuso. Por fim, após mais algumas relinchadas agitadamente, Porkpie deu meia volta e correu. O rapaz olhou em volta, procurando qualquer rastro do que acontecera, e o viu, na borda da floresta. Percy seguiu as pegadas de Porkpie que indicavam que ele entrara e saíra de lá. “Por que Rachel entrou ali?”, ele pensou. Ele não queria, mas precisava encontrar sua amiga. Se ela não estava montada no cavalo, então significava que ela ainda estava ali dentro, obviamente.

Um arrepio correu pela sua espinha, no entanto, ao adentrar em meio às árvores e perceber uma trilha de sangue fresco nas folhas. Seu coração começou a bater tão forte no peito, que quase podia ouvi-lo. Continuou aproximando-se o mais sorrateiramente possível, e finalmente encontrou, em meio à relva. Ele reconheceria aquela cabeleira ruiva em qualquer lugar.

Deitado inerte no chão de terra e folhas estava o corpo de Rachel, suas ondas vermelhas espalhadas ao redor da cabeça que estava em um ângulo nauseante. Sua pele estava mais pálida do que o normal, quase transparente, sem vida. Sangue jazia pelo seu pescoço, manchando todo seu corpo.

Mas o pior de tudo com certeza era a figura cinzenta e espectral sob ela, tão fantasmagórica e tão real ao mesmo tempo. Quando esta ergueu a cabeça, ele não havia nada para descrever além de palidez e cicatrizes, com os cabelos volumosos e quase sem cor ao redor.

Era praticamente impossível reconhecer, mas aquele ser se alimentando do sangue de sua própria irmã era definitivamente Annabeth.

But those are the days that bind us together, forever
And those little things define us forever, forever


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Notas finais do capítulo

Poooxa, justo quando Percy e Rachel iam começar a brincar de Bonnie e Clyde... hsduahsduhasudh NÃO ME MATEM! *fugindo*
Enfim, espero que tenham gostado. Deixem reviews dizendo o que acharam, por favor, eles me motivam que é uma beleza!
Xx

P.S.: Me corrijam se eu estiver errada, mas Connor e Travis são loiros mesmo, né? Eu nem me lembro direito mais. :/



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