Song Of Exile escrita por Tronos


Capítulo 1
Song of Exile


Notas iniciais do capítulo

Eu imaginei essa fic como uma canção, e essa canção me fez chorar.



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  A Song of Exile

  "Você já ouviu falar?"

  "O que?"

  "Daquilo... Dizem que Salazar Sonserina escondeu algo nesse castelo"

  "Você esta falando da câmara se..."

  "Não! Não tem a ver com a câmara secreta, é outra coisa. Um aluno do sétimo ano me contou, ele disse que quando estava no primeiro ano, outro formando contou pra ele, e disse que tem sido assim a muito tempo. Dizem que Salazar fez uma outra sala em Hogwarts”.

  "Outra sala?"

  "Sim. Dizem que lá ele escondeu a maior arma dele. Só quem carregasse sua marca poderia chegar lá”.

  "Quem carrega a marca de Salazar Sonserina... Que coisa seria essa?"

  "Algo que com certeza ele planejasse usar contra todos, pra limpar o mundo dos sangues sujos e sangues ruins”.

  "Entendo..."

  Tom Marvolo Ridlle entendia.

 

  Dumbledore se recostou na confortável poltrona no seu escritório, a carta segura na sua mão.

  Seus dedos tremiam de antecipação, de medo, de raiva dele mesmo. Como ele poderia fazer, como poderia fazer aquilo? Como pedir pra uma criança pagar por todos os seus erros?

  Seu lado racional dizia que era pelo Bem Maior. Seu outro lado dizia que ele era um bastardo pelo que estava fazendo. O lado racional concordava com ele, mas ele poderia ser um bastardo se precisasse.

  Todos os anos em que planejou cuidadosamente o que teria de fazer, o que precisava fazer. Ele queria que a responsabilidade fosse dada a outro, queria apenas se dedicar aos seus estudantes, a ensinar as futuras gerações, mas ele sabia que era o único que poderia impedir aquilo. Tinha que ser ele, tinha que ser Harry Potter.

  Folks entrou voando no seu escritório. Parando a sua frente, ela soltou um longo pio tristonho, que ao mesmo tempo era confortante, mas também repreensivo.

  "Deixe-me entregar a carta a ele" - a Fênix pareceu pedir

  "Não" - Dumbledore respondeu, se dirigindo ao corujal. Folks voltou relutante ao seu poleiro, se aconchegando nas brasas acesas.

  Harry Potter tinha que fazer aquilo. Tinha que matar a cobra, e tinha que morrer.

  Mas ele poderia viver.

  Pra encarar outra cobra ainda maior.

  A crueldade daquele plano o assustava. Era perfeito. Mande o cordeiro pra morrer, pra poder matar a cobra.

  Se ele viver, poderia destruir a última grande arma de Salazar Sonserina.

  Se morresse, ela continuaria trancada, longe de quem não carregasse sua marca, mais um segredo escondido sob mentiras e sacrifícios. Um cheque mate perfeito, em que ele teria que sacrificar todas as peças do seu tabuleiro pra conseguir.

  "Por que as cores da Sonserina são o prateado e o verde?"

  "Você tem algum problema com isso?" - o monitor respondeu, franzindo a testa.

  "N-Não, é que eu..." - o aluno novato gaguejou - "Estava curioso...”.

  "Bem, se você quer saber... O prata representa a pureza, a clareza de pensamentos e o sangue puro que corre nas nossas veias, diferente dos sangues sujos que enfestam essa comunidade”.

  "E o verde?"

  "Bem... Eu não sei’.

  Blaise zabini pareceu decepcionado

  "Acho que é por que cobras são verdes, não?"

 

  Harry Potter correu, atrasado pra sua primeira aula.

  Logo no primeiro dia, ele estava atrasado.

  Ótimo.

  De repente, alguma coisa se arrepiou dentro dele, e o garoto parou de correr. Olhando para os lados, ele tentou encontrar quem o estava chamando.

  Mas ele não tinha ouvido nada.

  Ron parou de correr, e se virou pra ele.

  -Anda logo Harry, senão vamos chegar atrasados.

  Ele sentiu vontade de dizer que já estavam atrasados, mas acabou por dar uma resposta curta.

  -Tá.

  E voltaram a correr. Snape tinha fama de ser cruel com seus alunos, mas ele tinha certeza que era apenas um boato.

 "Diretor, o senhor não pode estar mesmo pensando..."

  Alvo Dumbledore acenou afirmativamente. A mão destruída descansando encima da sua mesa, o anel de Gaunt nos dedos.

  "Receio que sim, Severo”.

  "Mas isso... ele é apenas uma criança! Você o criou esse tempo todo só pra ir para o matadouro?"

  "Que bonito - Dumbledore disse, debochado - Você se afeiçoou ao menino"

  "A ele?! - Severo gritou - Expecto Patronun!"

  A corsa prateada irrompeu da varinha do professor de poções, seus olhos levemente marejados voltaram para o diretor, brilhando de ódio e tristeza.

  Dumbledore deixou uma lágrima escorrer.

  "Quem diria... Depois de todo esse tempo...”.

  "Sempre..." - ele respondeu.

 

  Voldemort parou. Respirou fundo.

  O coração estava disparado no seu peito branco de mármore.

  Ele finalmente, finalmente tinha encontrado. Depois de décadas de estudo, décadas de preparo, décadas de antecipação. Ele estava lá.

  A porta que escondia o maior dos segredos do maior dos fundadores de Hogwarts. Salazar Sonserina, cujo sangue corria em suas veias.

  E ainda sim, a simplicidade da porta o deixou curioso. A olhos leigos, não seria mais que um mero armário de vassouras, pequeno e bem escondido, entre as centenas de outros armários de vassouras de Hogwarts. Cada dia em um lugar diferente, mudando sempre que era achado por alguém indigno.

  Ele parou por vários minutos, apreciando a genialidade de seu antepassado, e a sua própria antecipação.

  A minúscula cobra gravada na madeira, com esmeraldas pequeninas no lugar dos olhos, parecia mira-lo seriamente.

  -Eu finalmente... finalmente... posso terminar o que você começou, Salazar Sonserina! Com sua arma, vamos livrar o mundo dos sangue sujos que mancham nossa grandeza!

  Ele tocou a maçaneta.

  Ela não abriu.

  Ele fez mais força.

  Ela permaneceu selada.

  Ele esmurrou a porta.

  Ela desapareceu, no seu lugar, um mero e comum armário de vassouras.

  O grito de ódio do Lorde das trevas foi ouvido por toda a escola, parando a guerra por um segundo, só pra continuar depois.

  "Meu pequeno garoto, tão corajoso"

  "Estamos orgulhosos de você filho"

  "Estou orgulhoso também Harry, eu nunca tive um filho, mas se tivesse, queria que ele fosse exatamente igual a você. Obrigado por ter sido meu afilhado"

  Harry sentiu o coração palpitar dolorosamente, mas também com alegria. O quanto ele sonhou em ouvir aquilo? Quanto amor ele poderia sentir de uma vez só, antes que o peito dele rasgasse? Parecia incrivelmente perto de acontecer agora.

  "Harry, meu garoto, homem corajoso, grande homem. Eu estou orgulhoso de você"

  "Professor..."

  "Você seguiu em frente por tanto tempo, mesmo quando eu pensei que você pararia, você ainda continuou em frente. Você superou todas as minhas mais delirantes expectativas"

  Ele sorriu, olhando em volta, naquela estação de trem.

  "Pra onde eu vou agora?"

  "Bem... Imagino que você possa pegar um trem, se quiser ir..."

  "Eu posso voltar?"

  "Há coisas que o esperam se você voltar, mas talvez, talvez... você possa ter uma chance de acabar com essa guerra de uma vez por todas"

  "Eu vou" - ele respondeu imediatamente.

  "Então há algo que eu quero lhe contar..."

  Esses corredores eram tão nostálgicos. Depois de uma vida os percorrendo, você ainda não tinha chance de decorar todos eles, cada um com suas diferenças, mas tão parecidos, tão escuros e tão misteriosos. Corredores que durante mil anos, viram estudantes passando, corredores que ouviam histórias, cujos ecos ainda era possível ouvir, corredores que pareciam guardar a poeira de cem anos, apenas por que tudo ficava mais nostálgico.

  Era reconfortante saber que durante mais mil anos, e mais mil anos, milhares e milhares de alunos ainda percorreriam aqueles corredores, ainda contariam histórias e correriam pra não chegar atrasados nas aulas. Ainda seriam pegos namorando pelos professores, e ainda teriam que os limpar nas detenções. Mais mil anos, e toda a dor dessa noite, toda as perdas, a vitória e os sacrifícios, seriam apenas mais uma história, que ele guardaria no reboco e nas pedras, na poeira e nas valas, pra contar pros filhos dos filhos dos estudantes que contaram essas histórias pra eles.

  Agora a história que eles estavam presenciando era dele, daquele garoto de cabelos negros e olhos verdes. Andando sorrateiramente, quase dava pra compara-lo com um corvo. Ele cruzou os archotes, embrenhando entre os corredores sem olhar pra frente. A cabeça baixa, os olhos desfocados presos entre algum pensamento e outro, ele continuou seguindo em frente.

  Pra encontrar o maior e mais bem guardado segredo daquela escola...

  Na frente da porta, cobra e grifo se encararam. O verde esmeralda dos olhos da cobra espelhados no mesmo verde dos olhos do grifo.

  Harry sentiu o coração palpitar. A varinha apertada firmemente na mão, esperando qualquer coisa que fosse saltar encima dele daquela pequena porta.

  "A coisa mais importante de todas..."

  "A maior arma"

  "...Da vida de Salazar Sonserina"

  Ele tocou a maçaneta.

  A porta brilhou em reconhecimento, uma áurea prateada se desfazendo. O verde dos olhos da cobra cintilou, luz verde refletiu nos olhos de esmeralda do grifo.

  A maçaneta se sentiu quente na sua mão, e uma fraca melodia desgastada chegou aos ouvidos de Harry.

  (http://www.youtube.com/watch?v=Nml29yeitgo)

  Ele abriu a porta, tentando se acostumar a escuridão do lugar.

  Pequeno como um simples armário de vassoura, um armário de vassouras abarrotado de lembranças.

  Lumas.

  Harry congelou, cada músculo seu travou e tremeu. Levou vários minutos até ele conseguir compreender tudo, e quando o fez, as lágrimas não pararam de escorrer dos seus olhos.

  "A coisa mais importante da vida de Salazar Sonserina"

  As paredes estavam todas cobertas, com fotos. Quatro crianças, brincando.

  Os quatro fundadores. 

  Em cada foto, os quatro pareciam rir alto. Elas não se mexiam, a magia da época não permitia isso, mas parecia mostrar com uma clareza absurda todos os sentimentos que estavam guardados nelas.

  Quatro crianças escalando um barranco.

  Quatro crianças em volta da fogueira.

  Quatro crianças carrancudas levando uma bronca de alguém mais velho.

  Uma menina com o joelho ralado, chorando.

  Dois garotos brigando.

  Depois rindo e se abraçando.

  Quatro crianças sérias, segurando firmemente suas varinhas.

  Guerra. Fogueiras. Inquisição.

  Uma casa queimada. Uma serpente, um grifo, um texugo e uma águia.

  Harry olhou as prateleiras. Brinquedos quebrados. Olhou a mesa, uma caixinha de música, que parecia repetir incessantemente aquela música triste e nostálgica. Um diário. 

  Nenhuma arma.

  A coisa mais importante da vida de Salazar Sonserina.

  Seus preciosos e adorados amigos.


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Notas finais do capítulo

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