–Vamos mesmo fazer isso?- ele perguntou pela décima nona vez em alguns minutos.

Não respondi dessa vez, enquanto acabava de arrumar meu cabelo de frente ao espelho no corredor.

–Dominique?

–Hum?

James me abraçou por trás, desarrumando meu cabelo.

–Tem certeza que seu pai não vai me matar com seus instintos lupinos?

–Ele simplesmente gosta de carne mal passada, não tem instintos lupinos, James, francamente... - balancei a cabeça, arrumando meu cabelo de novo.- De novo, eu achei que você fosse da Grifinória.

Ele me encarou. Eu já mencionei que nunca devemos insinuar que ele poderia ser de outra casa? Fala sério, estamos falando do garoto decorou o quarto com as cores da Grifinória. Um fanático. Pegou minha mão, e saiu me puxando do quarto. Eu ri.

–Ei, ei, que pressa é essa? Não era você que estava temendo pela sua vida?

–Ah, Dominique, não enche. - ele respondeu ainda irritado.

–Ás vezes você parece uma garotinha, James. - eu ri, e ele parou de olhar.

–O que?- ele respondeu gritando, mas rindo ao mesmo tempo e com um sorriso maligno, a varinha na mão. - Eu vou mostrar quem é a garotinha aqui.

–Ah, não!- gritei, começando a correr pela escada. Era “familiarmente” conhecido que o melhor jeito de torturar a Dominique era com uma boa azaração de risadas. Era simplesmente horrível não conseguir parar de rir sem motivo aparente.

Desci as escadas correndo, rindo e tropeçando. Os quadros de Sirius Black e James Potter adolescentes gritaram quando nós passamos, mas isso era normal, eles faziam isso quase sempre.

Corremos para o jardim, em vez de ir para a cozinha. Lá fora estava ensolarado e infelizmente esquecemos que nove da manhã era hora da irrigação mágica dos jardins. Aquela típica ceninha clichê e, tenho que admitir, bem divertida.

–Vai mesmo fazer isso, Potter?

–Retire o que disse, Delacour- James respondeu, numa frustrada tentativa de fazer um sotaque francês.

–N'a jamais- eu disse, me aproximando mais um passo.

Ele riu, meio rouco.

–Você sabe que aquela ali é a janela da cozinha, certo?

Olhei de relance para a janela, e vi Rose discutindo com Scorpius por causa de... leite. É. Todos os muitos adolescentes apenas observavam rindo, os adultos conversavam e vovó Molly brigava com vovô Arthur o ameaçando com um rolo de macarrão por causa de alguma coisa trouxa que ele tinha lá. Um café da manhã normal dos Weasley com a presença do Malfoy como bônus.

–Isso não foi nada romântico- James riu de novo, virando a cabeça- E você ainda não retirou o que disse.

–Eu nunca vou retirar o que eu disse, James!- foi a minha vez de rir de novo- E não tente mais fazer sotaque francês, é péssimo.

–Minhas imitações são ótimas!- ele protestou, passando a mão no cabelo e me abraçando ombro e nos dirigindo em direção a cozinha. - Eu poderia ter te beijado, mas acho que seria chocante demais para o seu pai.

–Você passou por Louis, vai passar por ele. - eu dei de ombros, a mão na maçaneta da porta da cozinha. - Pronto ou não, aqui vamos nós.

–EU NÃO ESTOU PRONTO!-ele gritou enquanto e eu abri a porta.

–Tarde demais. - sussurrei- Bom dia família!

Meu pai cuspiu suco de abóbora e deixou o prato de bolo de caldeirão cair no chão. Mas dramático impossível. Meus primos todos estavam presentes naquela pequena cena de ontem que me deu vontade de aprender a aparatar, e bem rápido. Vovó Molly sorriu e piscou enquanto vovô perguntava “Eles estão juntos? Molly? Molly? Isso é tão bacana!”. É, ainda não colocamos na cabeça dele que ninguém mais fala “bacana” há uns vinte anos. Tia Gina foi a primeira (sem contar vovô Arthur) a se manifestar em voz alta.

–Finalmente! Mais lerdo que isso, só o seu pai. Deve ser problema do sangue Potter...

–Ei!- tio Harry protestou, quase levantando da cadeira.

Minha tia riu, empurrando o marido para a cadeira de novo.

–Você sabe que eu te amo, Harry.

Minha mãe também não pareceu surpresa e piscou para mim. Victorie sorria tanta que eu temi que seu rosto se rasgasse ao meio, e Louis fazia uma careta. Teddy estava do lado dele, rindo também e dizendo para James “você conseguiu, cara!”.

Mas o meu pai se levantou, o dedo tremendo mais do que eu achava humanamente possível.

–O que é isso?

–Hum, é meio óbvio, tio- Lily Luna se intrometeu, sonhadora- E a história é tão romântica, como um dos meus DVDs e...

–Agora não, Lilian- Alvo disse, rindo e colocando a mão no ombro da irmã.

–Eu não sei o que é um “DDVS”, Lily. - meu pai começou- Nem o que fazer com esses dois. - ele se jogou na cadeira de novo- Os Potters não podiam se contentar em corromper minha pura irmãzinha, mas a minha filha também?- lamentou- POR QUÊ?- ele ergueu as mãos para o céu.

–Merlin, que filho dramático- comentou vovó, a mão na testa.

–Você não vai fazer nada, Gui- disse minha mãe, o encarando.

–A Gina? Ela não era pura quando começou a sair com o Harry, já tinha tido pelo menos uns quatro namorados!- tio Rony disse rindo, como sempre com seus comentários sem noção e fora de hora- Hermione, você lembra aquele garoto da Lufa-Lufa que ficava fazendo perguntas ridículas na primeira reunião da Armada e...

–Agora não, Ronald- Hermione cortou, segurando a risada e olhando para uma Gina vermelha e um Harry muito irritado. Ele detestava lembrar os exs da minha tia. E todos sabiam que a lista era meio que grande.

Tenho que concordar com ela, cenazinha mais patética essa. Sentei á mesa o mais normalmente que consegui e puxei James.

Já estava na minha terceira torrada quando meu pai redescobriu a capacidade de falar.

–Hum- ele limpou a garganta- Eu acho que não posso fazer nada, então...

–Não pode mesmo- minha mãe ameaçou, olhando na direção dele.

–Mas não sou obrigado a amar isso tudo, sou?- ele respondeu mau humorado, de braços cruzados- É melhor que um sonserino, de qualquer jeito.

–EI!- Alvo e Scorpius gritaram e nós olhamos para Rose.

–O que? O que eu tenho a ver com isso?- ela respondeu rapidamente, desviando o olhar e ficando vermelha. Todos nós vimos ontem, ela e Scorpius com um clima muito explícito. Eles podiam ter dançado mais separados se queriam disfarçar, não é?

Me virei para James, que tinha um pequeno sorriso nos lábios.

–Eu disse que você não ia morrer.

Ele me deu um selinho.

–Foi quase. A sorte foi estar todo mundo aqui.

–Aaaah, menos vocês dois!- meu pai gritou, cobrindo os olhos.

Fred riu, pegando mais comida de cima da mesa e recebendo um olhar bravo de tia Angelina.

–Você devia ter visto ontem, tio Gui!

–Ah, cale a boca, Frederico II!- James gritou, jogando uma torrada nele.

–Valeu pela torrada, Jay!

Tio George riu, batendo nas costas de Fred.

–Esse é meu filho!

–Ai, pai, menos- Roxanne disse, escondendo o rosto nas mãos.

Nada mais que um típico café da manhã da família Weasley.

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~semanas depois~

–Tem certeza que quer mesmo voltar para Hogwarts?- minha mãe perguntou pela nonagésima vez, diante da estação King Cross.

–Tenho.- eu afirmei pela nonagésima vez naquele dia, balançando a cabeça- A comida é bem melhor.- provoquei e minha mãe bufou-Anda, Louis, pega minha mala.

–Por quê?

–Porque eu estou pedindo muito delicadamente! Vai lá logo.

–Mãe!- ele exclamou e minha mãe suspirou.

–Vocês nunca vão crescer. E olha que esse é seu último ano- ela disse olhando para mim- Você sempre será ma petite blonde.- ela disse, apertando minhas bochechas.- Louis, vá ajudar seu pai com as malas!

Minha mãe continuou a conversa com muitas histórias da minha infância, da formatura da Victorie, de quantos N.I.E.Ms eu precisava para trabalhar no Departamento de Relações Internacionais do Ministério e etc. Coisa típica de mãe, é claro.

Meu pai apareceu com as malas e um Louis irritado.

–Por que a Dominique ganhou tudo novo?

–Porque ela vai para o sétimo ano, Louis.- meu pai respondeu, cansado da mesma coisa desde que fomos ao Beco Diagonal.

–É, daqui há alguns anos é a sua vez, bebê.- eu respondi para provoca-lo, e ele fechou ainda mais a cara.

–Pega leve, Dominique- minha mãe riu- Você primeiro.

Atravesei a barreira e assim que cheguei a Plataforma, o que já era esperado. A mesma coisa aconteceu no Beco Diagonal. Sim, Hogwarts, a veela voltou, mais francesa que nunca e namorando James Sirius Potter, eleito até agora seis vezes o “Gato do Ano”, “Pegador do Ano” e no topo lista do Semanário das Bruxas de “Filhos de Personalidades Mais Bonitos”. Ufa. Em minha defesa, foi ele que me fez decorar isso tudo. Tem um ego do tamanho da distância da Terra até a constelação onde se localiza a estrela “Sirius”. Ha. Boa comparação, Dominique.

Em segundos minha mãe apareceu do meu lado, sorridente e arrumando meu cabelo que já estava bem arrumadinho.

–Tão orgulhosa de você!

–Menos, mãe- interrompi, procurando por um aglomerado de cabelos vermelhos. - Lá estão eles.

–Espera aí, Dominique!- ouvi meu pai gritar, empurrando todas as malas.

Louis fez uma careta.

–Ela está com saudade do namoradinho.

Ignorei meu irmão, que pode ser fofo mais completamente irritante também, e andei sem pressa até a confusão que era minha família, que atraia atenções com tio Rony brigando com Draco Malfoy (eu não tenho nada contra os Malfoys) e tia Gina, Astoria e Luna rindo.

Estavam todos rindo num canto daquela cena escandalosa.

–Hey, loira!- Fred me cumprimentou com um hi-5 e um abraço.

–Fala aê, ruivo!

James nos encarava completamente enciumado, como sempre. Desde que começamos a namorar, todos os garotos fazem questão de me abraçar e nos atrapalhar de todas as formas possíveis. Depois de Fred, abracei Alvo, Scorpius, Hugo e Teddy, que estava por ali e me deu um abraço demorado.

–Quer largar a minha namorada?-James quase gritou, emburrado.

Me soltei de Teddy e dei um beijo no canto da sua boca.

–Awn, não precisa ficar com ciúmes, Jay. O Teddy é da Vic.- brinquei e ele cruzou os braços de novo.

Lily riu do irmão e ficou na ponta dos pés para apertar sua bochecha.

–Vocês são tão lindos!- ela suspirou, enrolando uma mecha do cabelo.- Queria achar um relacionamento assim.

–Por Merlin, Lily, você falando parece tão experiente!- exclamei e ela piscou, saindo dali.

Balancei a cabeça e segui até minhas amigas, que estavam dentro do Expresso guardando uma cabine, mas não sem antes despedidas melosas.

James e Fred se juntaram a mim, Makayla, Roxanne e Molly depois de alguns minutos. James, preguiçoso como sempre, deitou com a cabeça no meu colo, deixando Makayla no chão. Fred seguiu o exemplo e fez colocou os pés em cima da irmã e a cabeça em cima de Molly, que bateu no braço dele (“folgado!”), mas deixou que ficasse ali.

Alvo, Scorpius e Rose se juntaram a nós no meio da viagem, fazendo um simples feitiço para ampliar o lugar. Eles eram um ano mais novos, e aproveitaram para rir da nossa cara. Pelo menos, Alvo e Scorpius. Rose era cerinha demais para isso, e se limitou a dar um sorrisinho.

–Último ano- ele disse, cutucando o irmão- Juízo, hein, James? Dominique, dê um jeito nesse garoto.

Eu ri, dando um tapinha na bochecha de James, ainda deitado.

–Eu já dei, Al. Pode deixar.

–Wow, uma veela e também uma Weasley, você está ferrado se sair da linha, Potter!- Fred implicou mais um pouco e todos rimos.

James olhou para mim com aqueles olhos castanho esverdeados.

–Eu não preciso de outras garotas. Já tenho a que eu realmente preciso.

–Aaaaaawn.

Ele piscou para mim e eu abaixei a cabeça para que só ele pudesse me ouvir.

–Lembre-se, Potter, eu não sou como o resto.