O Herdeiro do Primeiro Peverell escrita por Britz Boll


Capítulo 9
Capítulo VIII - Férias Temporárias


Notas iniciais do capítulo

Hey gente, olha eu õ/
Valeu Carol pelo review no último cap. "Só um pouquinho" (66' hsaushuashaushau
Depois do momento Ginnarry, vamos voltar ao foco da história. Férias n'A Toca Go Go!



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Capítulo VIII

Férias temporárias


Rony esperava ansioso na entrada do corredor, olhando para todos os lados a procura de Hermione. O sinal já tocara e alguns alunos do primeiro ano passavam pelos corredores atolados de livros. Rony parou um deles com a mão.

– Hey, você viu a Hermione por ai? Você sabe... A Monitora-Chefe...?

O menino franzino respondeu negativamente com a cabeça, meio assustado com aquela intercepção repentina, correndo logo em seguida. Rony desapontado continuou observando as pessoas no corredor, esticando os pés para olhar por cima da multidão que se aglomerava nas portas das salas.

Nada.

Ele continuou caminhando em direção ao Salão Comunal.


....

Hermione corria de volta ao Salão Comunal da Grifinória. Suas tentativas de encontrar a professora McGonagall foram em vão. Sua sala já estava vazia quando a garota chegou lá olhando esperançosa pela porta de madeira. Agora ela se apressava para não perder mais tempo, o horário já tinha batido e ela encontrava dificuldade para atravessar os corredores apinhados de alunos que entravam e saíam das salas.

Exausta, chegou ao quadro da Mulher Gorda e disse a senha: Barretes Vermelhos. A passagem se abriu deixando a garota passar. Apesar do tumulto lá fora o Salão Comunal estava deserto e silencioso.

Agora que se dera conta que os pergaminhos do Flitwick não estavam no meio na pilha de livros e papéis que carregava. Talvez ela tivesse deixado no dormitório dos garotos hoje mais cedo quando veio buscar o Rony para tomar café. Foi subindo as escadas completamente distraída, abriu a porta e paralisou.

– Harry! – gritou chocada deixando cair a pilha de livros que tinha nos braços.

Harry e Gina se desgrudaram abruptamente olhando espantados para a figura boquiaberta do lado oposto do dormitório. Gina se levantou e pegou suas roupas no chão, vestindo-as rapidamente. Harry puxou o travesseiro da cama e segurou-o a altura da cintura.

– Hermione... – Harry tentava se explicar, envergonhado por Hermione tê-los visto daquele jeito.

– Tudo bem não precisa me explicar nada, - ela sorriu constrangida enquanto tampava os olhos com uma mão. - já estou de saída.

– Hermione! Espera aí...

Hermione catou seus livros do chão e saiu correndo escada abaixo, totalmente desconcertada pela cena que havia presenciado de intrusa. Harry deu um beijo na nuca de Gina, pegou a calça no chão e saiu atrás dela enquanto se vestia. Viu a garota saindo pela porta do retrato, ao mesmo tempo que ele pegava a camisa em cima do sofá e a jogava sobre o ombro.

– Hermione! Espera...

A menina apressou ainda mais o passo sem olhar para trás. Ao fazer a curva no corredor já vazio, topou violentamente com uma figura corpulenta. A força do impacto foi tão grande que fez os dois irem ao chão. Hermione já ia pedir desculpas quando o menino de cabelos ruivos caído ao seu lado sorriu pra ela. Era Rony.

– Onde estava? Procurei você por toda parte. – ele a ajudou a se levantar e apanhou seus livros.

– Eu... Hã... Eu estava... – Hermione se embolou com as palavras, não sabia o que dizer.

– Hermione! – Harry apareceu ofegante na ponta do corredor, segurando nas paredes ainda com a camisa nos ombros. – Olhe, eu posso explicar... Ah. Oi Rony. – Ele endireitou sua postura, colocando discretamente as duas mãos em forma de concha sobre seu membro enrijecido. Hermione e Harry se olharam nervosos.

– Harry?! O que está acontecendo aqui? – Rony olhava para Harry e Hermione, enraivecido pelo modo como os dois se encaravam.

– Eu vim aqui para... Hã... Estava passando e... A Mione, ela... – Harry gaguejou coçando a nuca enquanto olhava pra Hermione em busca de auxílio.

– Eu fui para o Salão Comunal, encontrei o Harry lá e ele estavaaa... – Hermione tentou continuar.

– Copiando o seu exercício...? – Harry completou em dúvida.

– Meu exercíc... Ah sim, meu exercício da McGonagall, é verdade. – Hermione sorriu para disfarçar.

– Mas você me disse que ainda não tinha feito Mione. – Rony olhou desconfiado.

– Eu terminei ontem a noite. – Hermione respondeu rápido.

– E por que não me disse?

– Por que...? – Hermione prolongou a frase olhando instintivamente para Harry. – Diga ao Rony por que Harry...

– Porque não queria que ninguém copiasse! – estalou os dedos triunfante. – Por isso eu vim atrás dela. Para pedir desculpas por nem perguntar se podia pegar emprestado. – Harry olhou pra Hermione, satisfeito. – Desculpe.

– Tudo bem. – Hermione apertou os lábios para não dar risada.

– Ta. E por que está sem camisa Harry? – Rony continuou a olhá-los desconfiado.

– Hã... Está quente lá dentro. Muito quente. – Harry pigarreou segurando a sua vontade de rir. De fato as coisas lá dentro do Salão Comunal estavam quentes.

– E você Rony, o que faz aqui? – Hermione emendou depressa com um grande sorriso no rosto sem dar chance de Rony entender o duplo sentido por trás das palavras de Harry.

– Eu já disse, estava te procurando. Você deixou seus pergaminhos comigo. – ele respondeu parecendo esquecer completamente das suas suspeitas.

– Ah, obrigado. – disse Hermione pegando a pilha de pergaminhos da mão de Rony. - Eu estava mesmo atrás deles.

Ela deu um selinho rápido em Rony, e ele a puxou para um beijo, entrelaçando seus dedos no cabelo da garota. Hermione nem se importou com a presença de Harry, ao contrário até se divertiu com isso, como que para descontar o que ele a havia feito ver.

Harry entendeu a deixa e foi saindo de fininho deixando os dois pra trás. De volta ao Salão Comunal encontrou Gina no mesmo lugar que a deixara, agora totalmente recomposta da pequena aventura dos dois.

– Alcançou ela? – Gina perguntou distraída prendendo os cabelos por trás da orelha.

– Sim, e foi por pouco. – Harry resumiu a história de Rony e da desculpa que haviam dado pra escapar dele.

– Nem me importo. O Rony não tem nada que se meter entre a gente. Já somos bem grandinhos pra isso Harry...

– Também acho. De qualquer forma não queria criar problemas pra você. – Harry deu um beijo em sua testa.

– Não criou. Esquece o Rony. – Gina lhe devolveu um selinho.

– Hey, agora que parei pra pensar. Acho que nos esquecemos de uma coisa... – Harry olhou preocupado para a garota. Como é que tinha se esquecido disso?

– Sério que você só foi se dar conta agora? – Gina perguntou incrédula.

– O quê? – Harry perguntou na defensiva. – Você não estava me dando muito tempo pra pensar sabe...

– Esquece Potter. – ela riu. – Eu tomo pílula.

– Conhece métodos trouxas? – perguntou mais aliviado. – Desde quando?

– Desde que eu achei necessário! – Gina rebateu sentindo as bochechas corarem.

– Faz muito tempo que estava planejando me encurralar no Salão Comunal? – Harry brincou presunçoso. – Me fazer refém de suas torturas?

– Ah ta, refém... – ela desdenhou. – Eu vi como você estava indefeso Potter. E quanto a tortura... – ela se aproximou de Harry e quando estava perto de beijá-lo desviou. – Faz parte do jogo.

Harry rindo se sentou na beira da cama e Gina sentou de lado em seu colo, encostou sua cabeça no peito de Harry e entrelaçou os braços em volta do pescoço do garoto. As mãos de Harry afagavam os cabelos de Gina delicadamente enquanto ele beijava sua nuca, sentindo o cheiro doce de sua pele.

– Ginny, me desculpe. – disse sério.

– Me desculpe também. Eu não devia ter dito aquelas coisas. – ela acariciou o pescoço de Harry olhando pra ele. – Eu senti sua falta.

– Eu também. – Harry sussurrou.

– Então nunca mais banque o idiota comigo Potter, ou vai se arrepender. – os dois deram gargalhadas. – Estou falando sério.

– Então a senhorita trate de ser menos mandona, ou também vai se arrepender. – Harry insinuou.

– E o que você vai fazer? - Gina perguntou incrédula.

Harry levantou a cabeça da menina segurando-a pelo queixo, inclinou-se e aproximou devagar seus lábios dos dela, foi chegando cada vez mais perto e quando estava a menos de meio centímetro da boca suplicante de Gina ele se afastou subitamente.

– Isso. – Harry riu da cara zangada da garota. – Afinal, faz parte do jogo.

– Muito engraçado. – Gina deu risada, voltou a se escorar no peito de Harry e sussurrou. – Só nunca mais fique longe de mim. Promete?

– Prometo.


....


Na manhã do dia seguinte, todos os alunos de Hogwarts estavam ocupados demais em arrumar as malas com seus pertences para perceber o dia lindo que estava lá fora. Os pássaros cantavam alegres nas árvores, e uma brisa refrescante varria todo o terreno do Castelo.

Chegando com suas malas na sala da professora McGonagall, os garotos trataram logo de entrar na lareira. Viajaram com Pó-de-Flu, e logo contemplaram a salinha apertada d’A Toca.

– Mãe! Chegamos! – Gina gritou pela janela aberta, onde uma senhora de cabelos ruivos como o seus dava comida para as galinhas.

A mulher parou o que estava fazendo, correndo em direção a casa. Abriu a porta sorridente, e deu um abraço afetuoso em cada um deles.

– Harry querido. Está tão magro... Hogwarts não alimenta mais os seus alunos como antigamente.

– Mãe! Para com isso. – Rony sorriu e jogou as malas no sofá. – Só não comemos mais por falta de tempo.

– Oh, fique quieto Ronald. – A Sra. Weasley olhou repreensiva pra ele, voltando-se ansiosa para Harry. – E então, como estão as coisas?

– Hã... Bem eu acho. – Harry respondeu confuso.

– Tudo bem mesmo? Nada de novo... Pra contar... Anunciar...?

– Mãe, do que está falando? – Gina perguntou.

– De vocês dois, hora essa! – ela se exaltou, chateada pelos meninos não contarem nada de imediato.

– Quem contou? – Gina indagou irritada.

– Então não era pra eu ficar sabendo? – A Sra. Weasley cruzou os braços na defensiva, mas vendo que Gina não desistira, tentou disfarçar. – Ninguém importante.

O olhar de Gina caiu direto no menino de cabelos ruivos que tentava inutilmente escapar de fininho pela porta da cozinha.

– RONALD! – Ela jogou uma de suas malas pequenas, em tempo de acertá-lo na cabeça. Rony pôs a mão no local atingido massageando levemente.

– Ai! – gemeu. - Só achei que a mãe devia saber agora que fizeram as pazes.

– Eu ia contar. Só era você parar de se intrometer onde não é chamado!

– Sra. Weasley, a gente ia contar.– Harry se desculpou aliviado. Por um segundo de pânico ele havia pensado que a Sra. Weasley soubesse do acontecido no dormitório. – Só estávamos esperando uma oportunidade.

– Oh, tudo bem querido. Você não sabe o quanto estou feliz! A minha pequena Gina... – ela beijou a testa de Gina agarrando a garota para um abraço sufocante. – Finalmente arranjou um namorado descente.

– Muito descente. – Hermione murmurou consigo mesma. Harry lhe lançou um olhar de ‘fica quieta’.

– Mãe! - Gina se desvencilhou do abraço sorrindo, e foi a vez de Harry de ganhar um beijo molhado no rosto seguido de um abraço apertado. A Sra. Weasley repetiu o mesmo com Hermione e Rony, parando em seguida para vislumbrar os dois casais com um grande sorriso no rosto.

– Bom, chega de conversa. Vamos comer.


....



Os garotos comiam enquanto ouviam as notícias do Observatório Potter, rindo dos comentários estratégicos de River sobre a nomeação de Draco Malfoy como sucessor de seu pai nos negócios da família. Logo terminaram a deliciosa sopa de cebola, preparada caprichadamente pela Sra. Weasley, e ela os encarregou de lavar a louça. Não muito animados, os quatro se levantaram, as meninas retiraram a mesa e Harry e Rony foram para a pia.

Eles demoraram um pouco mais que o de costume para terminar. Gina e Hermione só ajudaram os meninos com magia quando finalmente se cansaram de esperá-los secar os pratos.

– Bom, está na hora de dormir. – a Sra. Weasley anunciou ao ver o trabalho na cozinha acabado. – Só vou preparar as camas e vocês podem ir se deitar.

– Não se preocupe, pode deixar que eu faço isso Sra. Weasley. – Hermione disse prestativa.

– Ora, que nora boa eu fui arrumar hein? – Molly lançou uma piscadela para Rony que a esta altura já tinha as bochechas vermelhas. – Bom então Rony e Gina vão colocar o lixo pra fora, e Harry pode te ajudar com as camas.

Harry não fez objeção. Adorava os cuidados da Sra. Weasley, mas sabia o quanto deveria ser incômodo ter a ele e a Hermione de hóspedes freqüentes n’A Toca. Mas no momento ele não tinha escolha, os Dursley estavam fora de cogitação e ele sabia que de maneira nenhuma a família dos Weasley iria deixá-lo passar as férias de verão em Hogwarts. No entanto Harry já trabalhava na solução, e fazia planos para o futuro. Será que Gina gostaria de morar perto da mãe?

– Vamos começar com o quarto da Gina. – programou Hermione quando eles chegaram ao andar de cima. Harry assentiu. Eles entraram no quarto da garota e Hermione começou a abrir as portas do guarda roupa à procura, Harry imaginou, dos travesseiros.

O garoto tirou a colcha de cima e a dobrou cuidadosamente. Não sabia se era porque fazia algo para Gina, mas se sentia extremamente obrigado a fazer tudo bem feito. Ele se virou para guardar o embrulho no guarda roupa e se deparou com Hermione escorada na parede pensativa, segurando uma caixa de remédio nas mãos.

– Eu que dei pra ela. – a garota explicou sob o olhar confuso de Harry. Ele percebeu o que ela segurava: uma caixa de anticoncepcionais.

– Hm... – Foi só o que Harry conseguiu dizer. Sabia que Hermione queria conversar com ele, mas não tinha idéia do que fazer para facilitar o processo.

– Não achei que ela fosse precisar tão rápido. – ela sorriu.

– Acredite, nem eu. – Harry sorriu um pouco sem graça.

– O que quero dizer é... – Hermione corou e despejou as pelavras num turbilhão. – desculpe Harry. Eu coloquei um pouco de Felix Felicis no seu suco de abóbora naquele dia.

– Você o quê?

– Desculpe. – ela se justificou. – Eu só achei que vocês deviam fazer as pazes, não esperava que você fosse chegar tão longe.

–An... - Harry não sabia o que sentir. - Tudo bem Mione, acho que não é algo do qual eu possa reclamar. – sorriu constrangido.

– Bom, de qualquer forma... Foram só duas gotinhas, elas não teriam TANTO efeito. Você fez tudo sozinho, a Felix só deu um empurrãozinho inicial. – acrescentou meio sem graça.

– Eah. - ele deu um pigarro e apontou novamente para a caixa, ansioso pra mudar de assunto. – Você também toma?

– Se eu...? – Hermione se embaraçou. – Também... Er... Tomo?

– É. – Harry tentou se manter firme. – Quer dizer, você deu pra Gina, então...

– É tem razão. – Hermione concordou. – Hã... Eu tomo.

Ele colocou a colcha dobrada novamente em cima da cama. Hermione fitava o chão meio sem graça, hesitante. Harry ainda estava meio perdido, mas entendeu o foco da conversa.

– Então você e o Rony já... – Harry começou desviando o olhar sugestivamente.

– Bem, ainda não. – ela respondeu com um suspiro. Parecia contente de finalmente terem chegado ao ponto.

– Ele já tentou, mas... Sei lá... Eu não... Eu queria que fosse algo mais romântico sabe?

– Sei. – Harry continuou. Era bem a cara do Rony não pensar nesse tipo de coisa. – E você por acaso já disse isso pra ele?

– Eu não sei como dizer. – ela admitiu frustrada jogando a caixa sobre a cama.

– Quer que eu ajude?

– Ajudar? – a garota perguntou confusa.

– Quer dizer, eu posso dar um toque pra ele sabe? – Harry respondeu sem graça. – Discretamente. – acrescentou.

– Bom, se você não se importar.

– Claro que não me importo. – ele sorriu. – Ah, e obrigado por não contar ao Rony sobre... Bem, sobre eu e a Gina.

– Tudo bem. Eu não tinha nada a ver com isso. Ou quase. – apercebeu-se revirando os olhos.

– Mesmo assim. Obrigado. Eu vou contar ao Rony... – Harry revirou os olhos com um suspiro imaginando a situação.

– Um dia... – Hermione riu.

– É. Um dia. – Harry riu e voltou a arrumar a cama. – Bom, ainda temos que terminar isso.

– O último a terminar conta pro Rony. – Hermione brincou.

– Ok. Agora você me deu um ótimo incentivo.


....


As semanas passaram velozes, e o clima frio e chuvoso foi dando espaço para um Sol quente e uma brisa fresca. Numa tarde embaixo de uma das árvores de um pequeno bosque perto d’A Toca, Rony e Harry jogavam Quadribol. Montados em suas vassouras eles passavam o tempo, esperando as garotas que tinham acompanhado o Sr. e a Sra. Weasley para ajudar nas compras do mês.

Os dois já estavam a um bom tempo arremessando a Goles de um lado para o outro, dando piruetas a mais de dois metros do chão. Era o máximo que eles se arriscavam subir, pois o fato de estarem sem varinhas e sem ninguém por perto os deixava temerosos de uma queda ou um acidente feio.

Ainda assim se divertiam. Ou ao menos, fingiam. O que Harry sentia na verdade era uma grande frustração. Estava seguindo o treinamento do instrutor misterioso há mais de um mês, e até agora ele não via diferença. Durante todo esse tempo, nem ele nem Rony tocaram numa varinha. E quanto mais o tempo passava, mais os dois ficavam descontentes com a situação.

Por mais que o homem os tenha convencido com aquele discurso bonito e bem articulado, era inegável a importância da varinha para um bruxo. E este treinamento, só os fazia terem mais certeza disso. Ali, de repente, enquanto estivessem desatentos, alguém poderia atacá-los. Quem o faria, Harry não tinha a mínima idéia, mas o fato é que se sentia terrivelmente vulnerável.

Harry jogou a bola de couro totalmente alheio. Talvez ele estivesse ficando louco, pois sentia que alguém estava os observando e agora olhava para todos os lados, à procura, inconscientemente, de um par de olhos azuis tempestuosos.

No momento de distração, o arremesso de volta de Rony saiu um pouco mais forte que o de costume. E Harry despreparado, sentiu a bola passar veloz por cima de sua cabeça, se enganchando no topo de uma árvore a alguns metros dali.

– Ah, que droga! – Rony olhou pesaroso para cima, onde a bola descansava no meio da folhagem.

– Deixa que eu pego. – Harry empinou o cabo da vassoura para cima, guiando-a em direção ao topo da planta.

No meio do caminho, porém, uma parada abrupta na vassoura fez Harry ser lançado pra frente. Por sorte, anos de vôos conturbados no Quadribol fizeram com que as mãos de Harry se movessem quase que automaticamente, segurando firme o cabo para estabilizar o movimento.

Harry tentou se mover, mas a vassoura não respondia. De repente, ela começou a balançar de um lado para o outro, mais violenta que um touro mecânico. O garoto, esperto, agarrou-se ainda mais ao cabo, se inclinado no sentido oposto para permanecer montado. Mas no último instante, Harry escorregou ficando dependurado com as duas mãos, gingando pra lá e pra cá no ritmo frenético da vassoura.

– Harry. Agüenta aí. Eu te pego. – Rony subiu alguns metros, mas sua vassoura também estacou. Ele tentou inutilmente sair do lugar, mas foi em vão. – Droga. Também estou preso. O que está acontecendo?

– Não sei. – Harry respondeu entre dentes, fazendo esforço pra continuar pendurado. – Melhor não se mexer, ou sua vassoura também vai começar a dançar.

A vassoura ainda se movimentava impacientemente, o que o impedia de subir de novo nela. Mas essa não era a primeira vez que isso acontecia, Harry se lembrava muito bem deste encantamento. Ele instintivamente olhou para os lados, para os ramos das árvores procurando o atacante. Nesse feitiço era importante o contato visual, então significava que o bruxo que comandava o feitiço estava ali por perto, observando-os.

Os dedos de Harry começaram a suar, e suas forças a minarem. Logo suas mãos se abririam e ele cairia mais de seis metros, rumo ao terreno irregular. Ele tinha de sair dali, e sozinho. Rony continuava parado, olhando aflitamente para Harry enquanto sua vassoura levitava.

O tronco da árvore estava a menos de três metros de distância de onde Harry se encontrava e um galho aparente se precipitava por entre as folhas. Se ele pudesse saltar até lá poderia descer pelos ramos até chegar ao chão em segurança. E depois salvar o Rony.

Decidido, o garoto fechou os olhos e se concentrou. Sentiu a chama de magia dentro dele crescer, juntamente com a corrente de adrenalina. Tomou impulso e se balançou para frente e para trás, aumentando a força do movimento. Quando já estava forte o suficiente, Harry abriu os olhos, mirou seu alvo e usando a agitação da vassoura a seu favor, ele investiu num salto suicida, cortando o ar e caindo diretamente sobre o galho estendido.

Atônito ele se agarrou a superfície rugosa da casca da árvore para recuperar o equilíbrio. Olhando para cima, viu intrincada na copa, a Goles. Com agilidade e rapidez surpreendente, Harry subiu, pisando nas junções e usando as fendas como apoio. Com uma mão ele resgatou a bola, e com igual velocidade desceu pelos galhos secos, aterrissando no chão segundos depois.

– Brilhante! Como conseguiu fazer isso? – Rony perguntou abismado.

– Sei lá. Só saltei e desci pelos galhos. Pule também.

Rony hesitou descrente da possibilidade de pousar em segurança. Um segundo de dúvida, e logo o garoto se lançava de sua montaria rumo ao chão. Estacionou aturdido com a palma das mãos no chão, do lado de Harry. As vassouras despencaram logo em seguida, liberadas do encantamento.

– Que estranho. – Rony se levantou, limpando as mãos sujas de terra.

Mas Harry estava atento a outra coisa. Ele prestava atenção na figura que brotava por entre as árvores, sorrindo maliciosamente.

Era ele.

O homem que os estava espionando.




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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não? Deixem seus reviews e façam essa autora feliz!
Essa semana começam as minhas provas, então... Já sabem né? Eu necessito passar de ano e isso implica menos tempo pra escrever. Mas esse fds tem mais.... Até lá comentem e quem sabe eu perco algumas horinhas de estudo pra escrever, hehehe.
Beijos lindos e lindas, até a próxima.



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