O Herdeiro do Primeiro Peverell escrita por Britz Boll


Capítulo 7
Capítulo VI - Treinamento Integral


Notas iniciais do capítulo

E aí gente... Bom, depois dessa semana super corrida consegui aprontar o cap. a minha net não tava cooperando maaas... Aqui estou eu!
Esse cap. é importante... ou melhor daqui pra frente TUDO tem um significado pra o final da fic. (ou assim espero, rsrsrs) Okay, sem mais enrolação, desculpem pela demora... aí está!



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Capítulo VI

Treinamento Integral

            A noite ficava mais densa a medida que o tempo passava. A temperatura começava a cair na Sala Precisa. Harry e Rony estavam quase morrendo de ansiedade. Á frente deles, o instrutor misterioso organizava os potes nas mesas, se certificando de que todos estavam muito bem lacrados.

            - Agora que já entendem o que espero de vocês, vamos começar.

            Com um gesto ele indicou para cada um se posicionar em frente a uma das mesas. Havia quase trinta potes em cima de cada, todos vazios e, agora, muito bem lacrados.

- O trabalho de vocês é estourar cada um dos frascos na mesa.

            Isso seria fácil. Não necessitavam de muita mira já que estavam bem próximos do alvo. Um simples Expulso seria suficiente. Harry e Rony já estavam de varinha em mão, quando sorrindo o instrutor anunciou:

            - Deverão fazer isso usando o Aguamenti. - ele se divertiu com a confusão nos olhos dos meninos, mas não esboçou nada. Apenas se escorou na parede, colocou as mãos nos bolsos e ficou a observá-los.

            - Mas um Aguamenti não vai estourar os frascos, vai apenas enchê-los de água. – Harry achou que ele estivesse brincando, e esperou que ele anunciasse a pegadinha a qualquer momento.

            - De fato, irá. – respondeu, mais uma vez parecendo refletir a respeito.

            O modo como aquele homem falava, sempre vago, estava deixando Harry irritado. Como iriam estourar um frasco invocando água? Rony parecia mais confuso ainda, e olhava para Harry em busca de uma dica.

            - O que estão esperando? – falou o homem impacientemente. Era inacreditável que eles ainda não tivessem percebido o óbvio. Que decepção... Realmente ele esperava mais desses dois.

            - Hã... Senhor... Ainda não entendi como vamos fazer isso com o Aguamenti. – Harry ainda não sabia como devia chamá-lo, e muito menos como realizar a façanha que o instrutor propunha.

            - Eu já não lhes disse que não iria ensiná-los nenhum feitiço novo? – disse rudemente. - Que iria apenas mostrar como usá-los com mais eficiência?

            - Sim, mas ainda não enten...

            - Você conhece o feitiço Aguamenti Sr. Potter? – O homem interrompeu bruscamente.

            - Sim. – o garoto respondeu. - Mas o que não entendo é como vamos...

            - Se conhece o feitiço não vejo qual a dificuldade para estourar os potes.

            O homem disse isso como se dissesse a uma criança que dois mais dois são quatro, fácil assim. Harry esperou que ele fosse dizer mais alguma coisa. Nada. Então eles teriam de usar o Aguamenti, e depois rezar para que por um milagre a força da água quebrasse os frascos. Força... Poder... Magia... Era isso.

            - Vejo que agora sabe o que fazer. – Um meio sorriso brotava nos cantos da boca do instrutor, pelo seu olhar o garoto finalmente tinha entendido.

            Tudo que o homem havia falado sobre o poder vir de dentro e a varinha apenas canalizá-lo era para isso então. Se Harry conseguisse se concentrar talvez pudesse fazer um Aguamenti mais forte, um que fosse capaz de romper o vidro dos potes, estourando-os.

            O homem voltou a caminhar passando entre eles no mesmo andar despreocupado de sempre. Harry achou que ele tinha até uma certa ginga. Seu corpo revelava muito bem as suas emoções, e até as intensificavam. No momento sua pose demonstrava seriedade, e sua expressão era como a de um professor que tentasse explicar algo muito complexo que nem mesmo ele entendia.

            – Quero que vocês dois se concentrem. Tentem sentir a magia dentro de vocês, a façam crescer. Aumentem seu poder. E depois usem a varinha para canalizá-lo diretamente para DENTRO dos potes. – Apontou para cada um dos frascos na mesa. - Por enquanto podem dizer o feitiço em voz alta, isso vai ajudá-los a liberar a magia necessária.

            Harry tinha esquecido sobre esse detalhe. O Aguamenti conjura um jato d’água da ponta da varinha, como iria fazer para colocar a água dentro do pote se ele estava fechado? Não havia nenhuma abertura pela qual pudesse enfiar a varinha, verificou. Pelo menos não teria de fazer um feitiço não-verbal.

            Ele olhou de esgoela para Rony. Ele estava com os olhos fechados e fazia tanto esforço que seu rosto estava passando de vermelho para roxo. O instrutor sentara-se no pufe atrás deles, ainda com o livro nas mãos. Não tinha saída, ele teria que ao menos tentar.

            Harry tentou relaxar. Aos poucos ia, em parte, esvaziando a mente. Nada de preocupações, agora não. Respirou fundo uma vez, fechou os olhos e se concentrou. Lá no fundo ele podia sentir uma centelha de magia ali dentro, bem pequenina. Se focando nela o máximo que pode, abriu os olhos, apontou a varinha para um dos potes e bradou:

            - Aguamenti!

            Um jato d’água saiu da ponta de sua varinha, se espatifou na lateral de vidro do pote e derramou em cima da mesa. Harry ficou desapontado, achava que conseguiria ao menos conjurar a água para dentro do frasco. Em vez disso, via agora uma mesa encharcada de água que começava a transbordar e cair no chão, formando uma grande poça aos seus pés.

            Do seu lado Rony parecia ter tido tanto sucesso quanto ele. Sua roupa estava ensopada. Provavelmente tinha aproximado demais a varinha do pote, fazendo o jato d’água ricochetear diretamente para ele.

            No fundo da sala o instrutor ria consigo. Ele não esperava que os garotos conseguissem de primeira. Ele mesmo demorara bastante tempo para aperfeiçoar esse tipo de feitiço. Mas ainda sim ele estava impressionado: os jatos d’água dos dois já estavam um pouco mais fortes que o de um bruxo normal. Se continuassem nesse ritmo pegariam o jeito fácil, fácil.

            Que surpresa. E não era que esse tal de Harry Potter era mesmo poderoso? E por mais que esse seu amigo estivesse tendo um pouco mais de dificuldade para entender o método, ele estava se esforçando muito. Isso era bom. Logo os dois estariam prontos.

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            - Harry...  Acorda... Harry!

            - Hm?

            Os raios de sol entravam tímidos pela janela que Hermione acabara de abrir. Ela estava debruçada sobre a cama de Harry, tirando o cobertor do garoto a fim de fazê-lo se levantar de uma vez.

            - Harry acorda! – a garota insistiu.

            Harry apertou os olhos por causa da claridade. Estava exausto. Ele e Rony tinham voltado do treino muito tarde ontem à noite. Ele só se lembrava de se arrastar pelos corredores com o amigo, e depois de desabar em sua cama. Isso parecia ter sido há poucos minutos, não podia fazer tanto tempo assim que ele estava dormindo. Queria continuar deitado, mas Hermione persistia em tentar acordá-lo.

            - Hermione... Me deixa dormir. – sua voz estava embargada de sono.

            - Harry já são dez horas. – a menina repreendeu. - Se você dormir mais vai perder o café da manhã.

            Ah que droga, pensou. Relutante ele se levantou devagar, esfregando os olhos com as mãos. Hermione o olhava com uma cara preocupada. Harry olhou em volta, o dormitório estava completamente vazio afora por ele, Hermione e um vulto enrolado nas cobertas da cama ao seu lado.

             - Rony, levanta cara! – falou Harry enquanto jogava um travesseiro na cabeça do amigo.

            - Cala a boca Harry! – Rony bocejou alto se acomodando mais entre as cobertas.

            Harry não ia deixar barato. Ele já estava de pé, não ia deixar Rony dormir. Colocou os óculos, pegou a varinha em cima da escrivaninha e apontando pra Rony pensou: “Levicorpus”. Rony berrou enquanto seu corpo era suspendido no ar pendurado pelo tornozelo.

            - AHHH! HARRY... !    

Hermione e Harry riam sem parar da figura de pijamas listrados, que estava com o rosto quase tão vermelho quanto os cabelos à medida que o sangue descia. Hermione fez um gesto com sua varinha e Rony caiu com estrépito na cama.

            - Mas que droga. Eu já ia levantar. – disse com raiva arrumando a camisa do pijama.

            Hermione saiu deixando os dois trocarem de roupa. Assim que terminaram, foram juntos para o Salão Principal tomar café. Hermione encheu os dois de perguntas sobre o treino de ontem. A maioria eles não souberam responder.

            - Que treinamento ridículo. Então vocês não sabem nem ao menos como se chama esse charlatão? – perguntou enquanto passava manteiga num pãozinho de gergelim.

            - Não Hermione. – Harry deu um gole no seu suco de abóbora. – Estávamos ocupados demais tentando estourar potes com água para perguntar pela milésima vez o seu nome!

Eles realmente tentaram descobrir o nome do homem, mas toda vez que perguntavam ele se esvaia dizendo que isso não era importante agora e mandava-os se concentrar na tarefa novamente.

- Que estranho. – Hermione manteve seu olhar superior mesmo depois de dar um beijo em Rony e se retirar do refeitório.

A rotina das aulas estava ficando cada vez mais apertada, e junto com os treinos de Quadribol e os treinamentos secretos, Harry e Rony não tinham tempo para praticamente mais nada. Hermione ajudava os dois com os deveres, e para surpresa de Harry, Gina remarcava os treinos de Quadribol constantemente para quando estivessem disponíveis. É claro que o time não ficava nada feliz com isso, mas não podiam contestar que o treino seria perda de tempo sem o apanhador e o goleiro titular.

Harry ainda não tivera chance de conversar com a garota, os poucos olhares que conseguia trocar com Gina durante o dia eram rápidos demais, frios demais. Portanto eles continuavam sem se falar. Hermione várias vezes tentou criar situações para que os dois se encontrassem, mas foi em vão. Ou Harry ou Gina sempre descobriam suas intenções e escapavam. Assim Harry decidiu esperar, dar tempo ao tempo. Enquanto isso aproveitava para se dedicar totalmente aos treinamentos.

Todos os dias ele e Rony se esgueiravam pelos corredores do castelo ocultos pela capa de invisibilidade de Harry e pelo feitiço Desilusório, que lançavam para disfarçar os pés que ficavam pra fora. Na Sala Precisa encontravam o instrutor com a capa preta de sempre, sentado nos fundos com um livro na mão. Ele nunca dizia nada, apenas erguia os olhos quando os meninos chegavam, apontava para as mesas no centro da sala e voltava a ler.

Os dois se posicionavam e continuavam praticando intensamente. Por vezes conseguiam fazer aparecer uma ou duas gotas de água dentro do pote, enquanto o resto arrebentava-se na superfície da mesa. Nessas horas o instrutor se levantava para analisar o frasco, e depois de girá-lo diversas vezes nas mãos olhava para os garotos e retornava ao seu canto de leitura.

Então eles continuavam tentando, animados subitamente pelo pequeno progresso, mas raramente conseguiam repetir a proeza. Assim, depois de várias horas ensopadas e silenciosas eles se despediam do instrutor e saiam mais esgotados que nunca em direção aos dormitórios.

Os meses passaram depressa. Numa noite quente de verão, Harry e Rony adentravam a Sala Precisa para seu último dia de treinamento. Dessa vez encontraram o instrutor de pé em frente às mesas. Ele acenou para se aproximarem.

- Como sabem esse é o nosso último treinamento. – sua voz rouca demonstrava certa decepção e seus olhos estavam cansados ao olhar para os garotos – Então espero que dêem o máximo de si hoje.

O homem se afastou para deixá-los ocuparem suas posições de costume. Harry e Rony fizeram o de sempre: fecharam os olhos, se concentraram , miraram no alvo e bradaram Aguamenti. Repetiram esse processo inúmeras vezes, mas sem sucesso. O líquido transparente brotava da varinha, se espatifava contra o pote e espalhava pela mesa.

Agora o instrutor tinha os olhos fechados, os dedos nas têmporas faziam movimentos circulares enquanto caminhava de um lado para o outro. Ele estava pensando. Esperava que a essa altura eles já conseguissem pelo menos rachar os potes. Tinha algo errado.

Eles estavam treinando meses a fio, era impossível que os garotos não conseguissem acumular poder suficiente para uma tarefa tão simples como essa. Os dois já tinham aumentado seu poder, ele sentia isso. Mas por que então não conseguiam colocar para fora? Eles deviam estar se prendendo demais aos seus antigos conceitos de que a varinha é o poder, ou não deviam estar se concentrando o suficiente. Problemas emocionais talvez. Mas para dominar a técnica eles teriam de acreditar em si próprios, perceber que a verdadeira magia se encontra dentro deles. Se concentrar nisso, esquecer os problemas... Disciplinar a mente.

- Muito bem. Parece que não tivemos sucesso. E como hoje é o nosso último dia, vocês terão de treinar nas férias. – ele fitou os garotos e estendeu a mão. – Me dêem suas varinhas.

- O quê?!? – Harry e Rony gritaram chocados.

- Se vocês quiserem passar no PSEA vocês têm de aprender essa técnica. – ele deu as costas para os garotos e encarou o teto. – Essa é só outra parte do treino que eu chamo de: “Treinamento Integral.”

Harry e Rony se entreolharam desconfiados. Então aprender essa técnica era necessário para passar no teste. Eles realmente tinham progredido pouco em relação ao tempo que estavam praticando, mas Harry ainda não entendia por que entregar suas varinhas ia fazer alguma diferença.

- Durante o período que estiverem sem varinha, vocês irão perceber a importância do que venho tentando ensiná-los. E vão finalmente constatar que a magia vem de dentro de vocês, e não disso aqui. – ele disse enquanto gesticulava para sua própria varinha entre os dedos. – Por isso é importante que também não usem outras varinhas, ou o treinamento não fará sentido.

- Mas não podemos ficar sem varinha! Não é perigoso? – Harry perguntou pasmado.

- De fato, é. – O instrutor olhou para ele, coçando o queixo como se não tivesse pensado nisso.

De novo as respostas vagas. Harry ficou aborrecido. Se ele e Rony iam entregar suas varinhas a um estranho, ele achava que no mínimo eles teriam de ter certeza de que aquilo era realmente necessário. Harry encarou o homem de preto, e este não desviou o olhar. Seus olhos azuis acinzentados pareciam perfurá-lo. Segundos de silêncio se passaram até que o homem se pronunciou:

- Eu sei que devem estar receosos, mas preciso que confiem em mim. Esses testes são pra valer, vocês precisam dominar essa técnica para terem a chance de passar. – ele olhou sério para os meninos, seus olhos exibiam um desejo disfarçado. – E além do mais é só até depois das férias, creio que durante esse tempo vão estar com seus amigos, com outros bruxos. Não vai haver perigo.

O homem se escorou de lado na parede, com as mãos nos bolsos, esperando a resposta dos dois. Harry e Rony se entreolharam de novo. Estavam divididos: Queriam muito passar no teste, mas desconfiavam extremamente da atitude deste homem. Harry se aproximou, ficando cara a cara com o instrutor. Ele o encarou firmemente e perguntou ao homem:

- Podemos confiar em você?

Os olhos cinzentos estavam fixos nos de Harry quando o instrutor respondeu:

- Sim.

E por mais estranho que pareça, Harry acreditou. Não sabia por que, mas confiava de verdade naquela figura de preto. Mesmo sendo tão misterioso e sempre vago em suas respostas, ele era um homem de palavra. Harry acenou para Rony. Os dois entregaram suas varinhas para o instrutor.

Ele as guardou dentro das vestes, e os três saíram silenciosamente da Sala Precisa. O instrutor já estava de partida, só parou tempo suficiente para olhar por cima do ombro e dizer:

- Boa sorte no treinamento. Façam direito.

- Espera, não vai nos dizer o seu nome? – Harry insistiu mais uma vez.

- Ainda não é necessário. – A voz rouca ecoou pelas paredes de pedra. O homem mantinha-se de costas o que tornava impossível decifrar o sentido por trás daquelas palavras.

- E quando será?

- No momento certo Potter. – sorriu sombrio. - No momento certo.

E assim partiu, deixando os dois meninos para trás. Vestiu o capuz, colocou as mãos nos bolsos e se foi. Sua capa preta esvoaçando pelo corredor. Lá fora o vento soprava forte, fazendo farfalhar as folhas das árvores. A Lua brilhava intensamente e o céu estava estrelado.


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Notas finais do capítulo

U.u Esse instrutor é maluco!! Como assim deixar Harry e Rony sem varinhas?? Estranho...
E aí? Gostaram do cap.? Espero que sim, e comentem o que acham desse instrutor... Quero saber se vocês estão pensando o mesmo que eu... hsauhsauhsa'
Bom, é isso... Mil e 3 beijos, até a próxima.



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