O Herdeiro do Primeiro Peverell escrita por Britz Boll


Capítulo 43
Epílogo: Os arquivos de Siger Crowe


Notas iniciais do capítulo

Então meus queridos, eu disse que voltava daqui a pouco e voltei mesmo!

Depois dos acontecimentos sufocantes do último capítulo, aqui estou eu para confirmar as opiniões de vocês (ou não kkk) com o desenrolar dos nossos personagens...

Acompanhem uma última vez, as torpes palavras dessa autora, no fim definitivo da história! than than ramram ! kkk

Boa leitura ^^



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Epílogo

Os Arquivos de Siger Crowe

Os eventos em Londres foram noticiados pela polícia trouxa como ataques de manifestantes anti-partidários. Estranhamente, ninguém presente se lembrava muito bem dos fatos, e os detetives julgaram que aquela misteriosa fumaça que aparecia tampando todos os vídeos – e tornando-os inúteis - das câmeras de segurança, celulares, câmeras digitais e qualquer outro aparelho eletrônico capaz de gravar, fosse algum tipo de gás alucinógeno que, inalado a longo prazo, podia causar perda de memória.

Não havia outra explicação para as pessoas que alegavam terem visto cachorros de mais de dois metros de altura, e luzes que saiam de gravetos que outras pessoas empunhavam. Não fazia sentido. Os ferimentos, é claro, foram associados a mordidas caninas, o que o noticiário local caracterizou como uma inovação dos manifestantes: soltar cachorros treinados para provocar o caos. Todas as vítimas foram vacinadas contra raiva, as de ferimentos mais leves levaram um curativo e as mais graves alguns pontos; e todas foram dispensadas para seus lares em seguida, com algumas recomendações dos médicos e cartelas de comprimido analgésico.

A destruição na cidade era algo que ainda requeria muita imaginação para explicar. E o fato de ninguém poder ser preso por falta de provas, muito mais. Havia estranhamente, um grande número de vítimas para um número inexistente de vândalos comprovado. A polícia então abriu um inquérito, e talvez em alguns anos possamos saber quem eles culparão pelo desastre.

No mundo trouxa a confusão havia acabado. No mundo bruxo, quase.

Todos os contaminados foram recolhidos naquela noite e levados para uma ala especial do St. Mungus. Os lobisomens já transmutados, sob ordem de Steven, cessaram o ataque e esperaram pacientemente até que a transformação acabasse e pudessem ser detidos pelos Aurores. Com a substância os Curandeiros conseguiram fazer um antídoto geral, que funcionava em oitenta por cento dos casos. Os outros vinte por cento, eram pessoas que haviam se ligado ao vírus de forma simbiótica e outras que não queriam se livrar dele.

A substância também começou a ser usada para outros fins. Sua incrível capacidade curativa começou a ser administrada em pequenos ferimentos, para só depois ser explorada como deveria. À frente do projeto, Draco Malfoy assegurava que dentre pouco tempo eles conseguiriam desmistificar os pormenores de sua composição, e logo teriam total controle sobre seus efeitos colaterais.

O Ministério teve muito trabalho para apagar a memória dos trouxas curados, e mais ainda para cuidar da nova espécie que reivindicava seus direitos. Foi criado mais uma divisão no quarto nível, o Departamento para Regulamentação de Criaturas Mágicas, que agora não só incluía a Divisão de Feras, Seres e Espíritos, o Escritório ligado aos Duendes e o Bureau para a prevenção de pestes, como também a Seção de Controle de Transmutações e Poções Injetáveis.

Steven Morris se tornou o chefe do Gabinete de Regulamentação de Transmutações, e era basicamente o responsável por todas as criaturas que foram transmutadas por Mason, por ser o único capaz de controlá-las. O bruxo, contudo, não usava seu controle de Alfa a menos que fosse necessário. As criaturas que estavam sem dívidas com a Lei aprenderam com ele a controlar seus poderes, domar seus instintos, e também, como preferir carne grelhada à crua e sangrenta.

Pouco a pouco os estudos sobre a mutação evoluíram e novos antídotos foram criados. Uma boa parte da alcateia conseguiu voltar ao normal, mas Steven foi o primeiro a recusar a oferta. Não tinha certeza se funcionaria consigo, mas descobriu que no fundo, desejava permanecer assim. Ele era um monstro, mas também era humano. Ambas as partes eram importantes e ele não abriria mão de nenhuma.

Toda vez que o garoto contemplava a Lua, ambas as íris, tanto a amarela quanto a azul, viam apenas um rosto refletido na superfície perolada.

Ela estaria orgulhosa de mim, eu sei. Era o que pensava antes de correr para a noite gelada.

–*-

O enterro de Loren Price foi simples.

A família e alguns amigos de sua terra natal haviam comparecido, do mesmo modo que os Aurores do Sétimo Esquadrão e o Ministro da Magia. Houve uma troca de palavras, elogios e lágrimas. Quando chegou a vez de Steven falar, ele respirou fundo e tentou não ter a voz trêmula pelas lágrimas que marejavam seus olhos.

– Loren foi tudo pra mim. Ela preencheu um espaço que eu nem sabia que existia... E mesmo quando eu já tinha desistido de mim mesmo, ela acreditou. Ela me forçou a lutar... – as lágrimas finalmente derramaram pela sua face, e as palavras embolaram em seus lábios. – Ela salvou minha vida.

E eu não pude salvar a dela, acrescentou para si. Não havia um dia em que não sentia a culpa pesar sobre os ombros, a falta dela a massacrar seu coração. Ela morrera pra salvá-lo. Para dar a Steven uma outra chance, e isso, ele nunca esqueceria.

Os presentes trocaram mais condolências, choraram outra vez mais. Depois do sepultamento, alguns olharam com desaprovação para as inscrições na lápide. Fora Steven quem escrevera-as. O garoto pensara em fazer um bonito texto dizendo como Loren foi importante para aqueles que a amavam, como tinha o talento de encantar todos que conhecia e como virava uma garrafa de uísque de fogo em menos de um minuto. Mas ao pensar melhor, percebeu que tudo que admirava na garota se resumia a uma simples frase. Aquela mesma que mandara escrever na lápide para que ela levasse para sempre:

“Loren Price – A bruxa mais foda de todos os tempos.”

Todos os finais de semana depois do trabalho, Steven deixava uma pequena flor rente ao túmulo. Durante a semana elas murchavam e eram consumidas pela terra, mas o bruxo sempre colocava novas, de modo que o local estava sempre florido. Ele trazia margaridas, ou hortênsias cor-de-rosa, pois sabia que a menina gostava daquelas. Numa semana porém, no meio das margaridas e hortênsias de Steven, algumas rosas vermelhas apareceram. Da primeira vez o garoto não se importou, mas quando começaram a se tornar frequentes, uma inquietação tomou conta de si. Ao interrogar o vigia sobre quem as pusera ali, o homem disse apenas que via um vulto no meio da noite ajoelhar-se perante a lápide, depositar as flores e ir embora rapidamente. Não vira seu rosto no escuro da noite, mas jurava que era um homem.

Steven continuou inquieto, mas não insistiu no assunto. Só o chateava o fato de que Loren também amava rosas vermelhas.

–*-

As folhas rolaram pelo chão com o vento forte.

Sentado onde estava, o rapaz protegeu o rosto com uma das mãos, esperando a ventania passar. As peças do tabuleiro de xadrez a sua frente, foram derrubadas, mas ele não se importou. Poderia jogar consigo mesmo sempre que quisesse, e aquele jogo em especial não o estava agradando. A lufada de ar terminara, e seus cabelos normalmente bem arrumados agora estavam um caos de fios e folhas.

O caos era algo a que nunca se acostumaria, mas a solidão já tinha se tornado uma fiel companheira.

Com um suspiro ele levantou-se do tapete de grama onde repousava, limpou as vestes com algumas batidas de mão, e pôs-se a contemplar os jardins. As árvores estavam frondosas, e flores coloridas brotavam aqui e ali. Atrás de si, a casa permanecia em silêncio como era de costume. O garoto deve ter passado muito tempo admirando o quintal, pois só despertou dos seus devaneios ao ouvir passos suaves se aproximarem.

Virou-se para encarar o mordomo, um homem de idade, baixo e soturno, porém de índole confiável e simpática. Ele trazia uma bandeja de prata numa das mãos, onde repousava um envelope branco e ao lado uma tesoura de poda.

–Senhor, - ele disse solenemente. – esta carta chegou hoje cedo. Apareceu na soleira da porta, sem remetente ou qualquer identificação do mesmo. Mas está endereçada ao senhor.

Ele apanhou a carta com um ar de desconfiança, mas ao ver seu nome no envelope reconheceu a caligrafia.

Ao Sr. Christian Price

Deu um sorriso e guardou o volume dentro da capa.

– E, - o mordomo acrescentou. – os ramos floridos estão mais altos, senhor. Gostaria de ajuda para aparar as rosas?

– Não Jhonson, - o rapaz negou enquanto apanhava a ferramenta da bandeja. – muito obrigado. Esse é um trabalho que gosto de fazer sozinho.

– Como queira, senhor Price. – o homem deu meia volta e desapareceu dentro da casa.

O garoto passou os dedos suavemente pela lâmina, totalmente distraído. Andou lentamente pelos caminhos de pedra, cada vez mais para dentro dos jardins. Passou por arbustos e árvores frutíferas, por ervas medicinais e plantas rasteiras até chegar ao seu canto preferido. Do lado da fonte que jorrava água cristalina, estava a roseira. Seus ramos intricavam-se pelo muro, serpenteando os tijolos até o topo, onde as rosas vermelhas brotavam.

Esse é um trabalho que gosto de fazer sozinho, pensou enquanto punha a tesoura de lado. E é um trabalho que Christian Price, o trouxa solitário, não entenderia.

Com a mão estendida, ele fez um gesto suave, como se puxasse algo. Um dos ramos da roseira se quebrou, e as flores vieram flutuando pelo ar até pousarem em seus dedos.

Chris Hareston sorriu melancólico. Tinha uma visita a fazer.

–*-

Harry Potter abaixou-se na soleira da porta com um suspiro cansado.

Apanhou as correspondências da manhã como de costume, e encaminhou-se para a cozinha onde já sentia o cheiro das panquecas que Gina preparava. Pegou um copo de chocolate quente e sentou-se, folheando os envelopes. Havia duas cartas do Ministério, provavelmente para lembrá-lo que sua Lua de Mel estava no fim, e que logo ele deveria voltar ao trabalho. Perguntou-se se Rony também se incomodava com elas no chalé onde estava com Hermione. Também havia um Profeta Diário um pouco amassado contando ainda os pormenores do incidente em Londres e algo que chamou sua atenção - um pesado envelope branco lacrado com cera, com os dizeres: Os arquivos de Siger Crowe.

Há muito Harry solicitara nos Arquivos do Ministério uma busca completa sobre o ex Chefe, quando ainda suspeitava dele como o mentor de toda aquela confusão. Achava que nunca conseguiria por as mãos nos arquivos, já que Siger os escondera junto a si, mas agora que provavelmente já tinham desocupado o escritório do homem, os papeis finalmente chegavam a suas mãos.

O garoto abriu a pasta com cuidado, folheando os papeis com desinteresse. Não havia nada ali que não soubesse, revelado da boca do próprio Siger. Ele deu de cara com recortes velhos de jornal, um retrato falado de um Siger mais novo com a taxa de: procurado. Algumas cartas onde a caligrafia do chefe descrevia algumas de suas viagens para si mesmo. Muitos gráficos e desenhos, dados e estudos sobre as formas de Magia e os canais que a liberavam. Fragmentos da profecia, fotos de varinhas e diversas moedas trouxas. Uma pintura de Siger na Durmstrang acompanhado de sua carta de expulsão. E ali, no meio de toda aquela bagunça, havia um longo pergaminho na caligrafia de Siger, que Harry percebeu estupefato, contava o momento mais sombrio de sua história.

Quando eu vi o corpo da Helena estirado no chão foi como se algo dentro de mim morresse novamente. Eu achava que jamais fosse sentir coisa pior que a morte do pai, mas de alguma forma a morte de Helena me afetou ainda mais. Não sabia o que fazer, ou como reagir; apenas fiquei ali, a observando, crente de que se eu dissesse a mim mesmo que não era verdade por vezes suficiente, ela levantaria da sua campa de grama, sorrindo, me pegaria pelo braço e me faria comer morangos a tarde inteira.

Mas isso jamais aconteceu. Mason estava ali na minha frente, pedindo que eu o enfrentasse, quando tudo que eu queria era deitar, fechar os olhos e nunca mais os abrir.

Lágrimas brotaram em revolta, lembro-me de sentir a mim mesmo se desfazendo. Todas as certezas, todos os valores, todos os sentimentos, tudo que um dia foi bom em mim, se foi, e eu sabia que jamais retornaria. Trêmulo, peguei a varinha. O que aconteceu em seguida não havia como evitar, a Profecia já predizia: “marcados pela destruição fraterna”. Ainda assim, quanto senti o feitiço lacerando-me a carne, pensei que a morte seria bem vinda no lugar de tamanho sofrimento. Caímos na grama e eu não pude aguentar. Não mais. Foi como se a cicatriz viesse trazer tudo que eu havia expulsado momentos antes, de volta, só que de uma só vez e de forma terrivelmente ampliada. A morte do pai, de Helena, o que eu havia feito a mim e ao meu irmão...

Eu larguei a varinha e fugi. Fugi pra longe, e nunca pensei um instante em olhar pra trás. Sabia que a parti dali, pra onde quer que eu fosse só levaria dor e angústia, então fiz de tudo para desaparecer, e isso incluía não me envolver com ninguém. Como sobrevivi sozinho? Acho que deveras mais facilmente do que teria de fazê-lo em sociedade, onde os olhos acusadores viriam lembrar-me do meu passado. Confesso que nos dois primeiros anos da minha vida solitária, havia tomado tanto nojo da magia por considerá-la responsável por toda a desgraça que se abatera sobre mim, que na maior parte do tempo vivi como um trouxa, tentando prover sustento do meio que mais aprouvesse. Mesmo que não fossem os mais éticos.

Com o passar do tempo, porém, meus conceitos amadureceram, e a visita a algumas culturas trouxas me trouxe a crença de que tudo tem uma razão, ainda que não a entendamos. Então se eu era um bruxo, havia um bom motivo para isso, como também para todo o sofrimento que sofri e causei, e era estupidez desperdiçar tamanha organização do Destino.

Dos anos que se passaram, eu peguei apenas o necessário. Acompanhei de longe o mundo bruxo em seus entraves, e o trouxa também. Cada dia era oportunidade para novas experiências, e desde que eu não permanecesse tempo demais em um lugar ou interagisse com as pessoas o suficiente para ocasionar perguntas indesejáveis, não havia algo que não fizesse. Aprendi de tudo um pouco, dando destaque para as artes do corpo, a todo custo buscando alternativas para não ser dependente da magia. É claro que o peso da Profecia ainda estava fixo em minhas costas, como também da presença de Mason, em algum lugar por aí, seguindo o rastro da Varinha.

Quanto mais me aprofundava no estudo das artes marciais trouxas, mais minhas concepções sobre o conceito de Magia amadureciam. Cada golpe, cada derrota, nutria o meu espírito de algo que eu não conseguia identificar na época, mas que depois se tornou claro: eu precisava de um objetivo. E seja pelo Destino, ou por puro acaso, a criação da Maximum Potentia entrou no meu horizonte de forma intensa e passou a bloquear quaisquer outros pensamentos e aspirações - ela se tornou minha obsessão.

Foram anos e mais anos de estudos, e quando finalmente pude testá-la o resultado não ocorreu da forma mais agradável. O episódio de quase morte me deixou temeroso de tentar outra vez, e novamente me encontrei perdido, sem perspectivas de vida. Mais uma vez o Destino, ou seja lá o que for, resolveu se apresentar. Estava acampado numa pedreira qualquer, quando ao longe avistei alguns vultos na floresta. Vi o feixe de feitiços e me aproximei. Alguns ladrõezinhos mequetrefes estavam atacando um homem, e este se defendia como podia, sozinho contra quatro opressores. Não sei a motivação que me fez erguer a varinha naquele momento, mas o fiz e entrei na briga. O homem não fez objeção à minha ajuda, e não tardou que pomos os assaltantes a correr desenfreados, floresta adentro.

Cansados, convidei o homem ao meu acampamento improvisado e lhe ofereci um pouco de comida. Ele se apresentou; se chamava Kinglsey e estava em missão. Não quis me fornecer muitos detalhes, e visto que eu também me recusava a aprofundar seus conhecimentos sobre mim, nosso primeiro contato foi rápido e superficial. Porém não foi o único.

Era estranho manter contato com alguém por mais do que algumas semanas, mas Kingsley, ainda que não o considerasse um amigo na época, me era alguém confiável e que poderia me fornecer informações relevantes sobre os acontecimentos do mundo bruxo. Ele trabalhava para o Ministério e eu sabia o perigo que aquilo poderia representar para o meu anonimato, mas Quim nunca foi alguém de perguntas e depois que ele finalmente descobriu resquícios do meu passado, pareceu disposto a desconsiderar e aceitar a importância do que eu era hoje. Depois desse fato, nos tornamos mais que amigos de correspondência, e nossos segredos se estreitaram cada vez mais. Ele disse que fazia parte de uma Ordem secreta, que lutava contra os partidários de Voldemort, e eu acabei por ajudá-lo em algumas missões, secretamente, pois não desejava me envolver.

Por conta de Quim, retomei meus estudos sobre a Maximum Potentia e com a ajuda dele pude desenvolvê-la melhor, até descobrir se poderia funcionar em outros bruxos também. Inconscientemente isso me aproximava da Profecia, e querendo ou não, de Mason também.

O pergaminho acabava ali. Tudo que restara de Siger Crowe se resumia àquele envelope.

Harry encostou-se na cadeira, pensativo. A perícia não conseguira identificar o corpo encontrado no local da explosão, e Harry presumira que a pessoa errada havia tomado posse da Varinha das Varinhas, o que teria ocasionado a repulsa da Profecia e a consequente destruição do laboratório e a pulverização dos outros dois pretendentes.

Mas, palavras que ouvira tempos atrás ressoaram em sua mente. Também não haviam encontrado a Varinha nos escombros do laboratório... Harry correu até seu guarda roupas no andar de cima, retirou as roupas, puxou os cabides, até encontrar seu item de maior valor.

A Terceira Relíquia. A sua Capa da Invisibilidade.

Na verdade a Varinha é a Relíquia mais poderosa, de forma que se fosse destruída todas as outras perderiam seu poder, foi o que Siger havia lhe dito tempos atrás.

Era a primeira vez que Harry pegava a Capa em muito tempo. Ele pôs um pedaço sobre o braço, um pouco hesitante... Seu membro desapareceu instantaneamente. A Capa da Invisibilidade ainda funcionava, o que significava que a Varinha das Varinhas...

– Gina!? – chamou-a. A menina respondeu um “oi” da cozinha. Harry foi descendo as escadas, sem parar de falar. – Onde você disse que a Charlotte tinha ido mesmo?

– Eu não sei Harry. – ela respondeu sem perceber a aflição do esposo pela sua resposta. – Ela pediu demissão do Ministério, disse que tinha assuntos para resolver, e que não voltaria mais. A Mione tentou falar com a família dela, mas eles disseram que não a veem a muito tempo... Porque?

Harry a abraçou com um sorriso.

– Nada, - lhe deu um beijo enquanto ria. – acho que ela está em boa companhia.

–*-

As ondas do mar quebravam em marolas na areia branca. Uma brisa suave agitava as folhas das árvores, enchendo o ar com uma mistura de cheiros almíscares e intensos das plantas exóticas.

O homem respirou fundo.

Sentado na areia, olhos fechados, numa posição meditativa, era como se a natureza pulsasse em torno dele. A cicatriz estava mais proeminente, uma linha avermelhada que começava no olho esquerdo e descia até a mão direita, agora com ramificações mais suaves por todo o tórax: herança do esforço que fizera para salvar a si e aos companheiros na noite em que tudo ocorrera.

Seu corpo podia estar sensível, mas em sua mente estava cada ressoar, cada mínima onda, das Energias do mundo. Era muito Poder a ser controlado, e era por isso que sentava na areia todos os dias, concentrava-se numa ínfima parte daquela vastidão de Magia, e adquiria autocontrole.

A casa atrás de si estava silenciosa, mas se o homem se focasse, poderia escutar a respiração calma de sua única ocupante. Neste momento ele não percebia ninguém no interior da construção, fato que o deixou inquieto. Estava prestes a se levantar quando uma mão lhe pousou delicadamente sob o ombro nu.

Ele abriu os olhos, e a moça lhe sorriu iluminando todo o seu mundo.

– Estava tão concentrado nas forças do Universo que não conseguiu prever minha aproximação, Sr? – Charlotte Charpentier brincou. Tinha os cabelos soltos, e apenas uma blusa longa lhe cobria o corpo.

Ela sentou-se em seu colo, passando os braços em volta de seu pescoço. O homem lhe deu um beijo na testa, acariciando as madeixas negras que lhe caiam pelos ombros.

– Bom, - ele tentou se explicar. Tinha aquele sorriso torto a meio centímetro dos lábios da moça. – você sempre teve o talento de me desconcentrar.

Ela sorriu, e seus lábios se encontraram num beijo apaixonado. O homem puxou-a para si com volúpia, na ânsia de fundir os seus corpos. Ambos caíram no chão, e rolaram pela areia às gargalhadas. Charlotte parou por cima, e afastou-se dele com um olhar sério.

– E enquanto ao Chris? – perguntou.

– Mandei uma carta para ele hoje cedo. Para ter certeza de que está bem. Ainda não me respondeu, e duvido que o faça...

– Ora, e por que? – a moça ficou confusa.

– Porque ele me pediu que fizesse uma visita. – uma voz conhecida os saudou.

Chris Hareston estava a alguns metros dos dois, ao lado de um grande Testrálio. Usava uma camisa branca de botão aberta, bermuda preta e estava descalço. Não tinha mais nenhum dos piercings no corpo, um sorriso recatado aparecia em seus lábios e um brilho melancólico no olhar. No pescoço do animal, um punhado de rosas vermelhas estava amarrado.

Charlotte se levantou para dar-lhe as boas vindas, e o homem foi em seguida. Chris apertou sua mão com força.

– É bom vê-lo novamente Siger Crowe. – ele disse.

– A honra é minha, Hareston.

Siger deu um abraço breve no menino. Chris se desvencilhou e montou o animal, prestes a sair.

– Mas já vai? – Charlotte perguntou ao bruxo.

– Tenho um lugar para ir agora. – o garoto respondeu acariciando as pétalas de uma das rosas. – E, além disso, não posso ficar muito tempo, ou as coisas saem do controle.

O garoto gesticulou para o chão, onde a areia começava a se mover em torno de Siger, numa reação à sua Magia. Siger Crowe fez um aceno condolente, sabendo exatamente a razão da pressa de seu visitante em ir embora.

– Ponha uma rosa em meu nome. Diga-lhe que também sinto sua falta.

– Nunca agradeci por ter me salvo, Siger. – ele disse ignorando o significado daquelas palavras. Era um ponto complicado para o garoto. – Fico lhe devendo uma.

– Espero que nunca tenha que pagar. – Crowe brincou.

Chris Hareston sorriu, o Trestrálio abriu as enormes asas e com um impulso levantou aos céus. Logo ambos desapareceram de vista, e a imagem de Chris permaneceu apenas como uma lembrança fugaz.

Siger Crowe envolveu Charlotte num abraço, enquanto continuavam a fitar o horizonte.

Tinha cumprido a Profecia, tinha se tornado O Herdeiro do Primeiro Peverell, embora o preço tivesse sido deveras alto: a morte do irmão ainda lhe atormentava; o corpo disforme que deixara para trás no laboratório em nada parecia com Mason. Mas assim tivera que ser, ele jamais aceitaria a derrota.

E também havia o filho. Seu filho, que Charlotte perdera naquela noite depois das experiências macabras que Mason fizera com ela. Ele havia falhado com ele também, e esta talvez fosse sua maior dor. Maior do que a dor que a cicatriz emitia cada vez que usava o seu Poder, como que para lembrá-lo de sua impotência perante o Destino.

A Magia que corria agora nas veias de Siger Crowe era algo inimaginável, e não havia limites para a extensão de seus poderes. No entanto, cada simples ato mágico era complicado, pondo em vista o risco de perder o controle de tudo. Na noite da explosão, no ápice de sua Magia, ele só conseguira voltar a si em tempo, infringindo o mal a si mesmo, aumentando a sua cicatriz, usando a dor para trazê-lo de volta. Salvara a Charlotte e o Harry e aparatara ele mesmo e Chris no raio da explosão.

Ele não poderia voltar. Ficar perto de qualquer tipo de Magia poderia despertar o seu Poder, e dessa vez Siger Crowe não poderia mais controlá-lo. Ele e Chris separaram-se, sem saber se se veriam novamente.

Ficara preocupado em deixar tudo para trás, até se convencer de que Harry Potter estava mais que apto para assumir as rédeas da situação. Ainda assim, viver isolado no início parecera-lhe um castigo, uma zombaria da Morte para com aquele que conseguisse vencê-la. Agora, no entanto, era a maior dádiva que poderia querer, pois a única pessoa que lhe importava estava ao seu lado.

– Tenho que lhe agradecer por ter me salvo também? – Charlotte brincou ao pé do seu ouvido.

– Não. – ele disse sério, enquanto encarava seus olhos. – Eu é que tenho que agradecer por você ser a minha salvação.

Eles se aproximaram, beijando-se com delicadeza, sem pressa alguma. Cientes de que tinham toda uma vida para compartilharem.

Siger Crowe era o bruxo vivo mais poderoso do universo, sendo invencível, mortal a qualquer inimigo.

Porém, bastava a moça deslizar as mãos pelo seu corpo daquele modo que fazia agora, que ele se rendia, sendo completamente vencido pelos seus beijos e dominado pelo seu amor.

A Morte havia imposto a Solidão àquele que conseguisse se tornar O Herdeiro. Mal sabia ela, porém, que existia um poder capaz de subjugar suas regras:

O Amor.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Pfv pfv, desse vcs não podem se abster de falar! Mesmo aqueles que nunca deram opinião antes, agora têm de me xingar! (aproveite a oportunidade hsuahsaushaush)

Eu escrevi um big capítulo cheio de extras e agradecendo a todos os meus leitores por acompanhar, mas é contra as determinações do Nyah, então ele foi apagado. Caso você não tenha tido a chance de lê-lo antes da exclusão, aqui vai minha declaração publica:

Eu queria poder apertar a bochecha de cada uma de vcs (sim eu acho isso fofo, e uma grande demonstração de carinho u.u.) e dar um xêro pra dizer obrigada. Mas como não posso, quero agradecer publicamente a TODOS E TODAS que me acompanharam todo esse tempo, que tiveram paciencia com minhas postagens, e que gastaram uns tempinhos pra comentar a minha fic (o que me deixou muito happy) -♥
E também, de dizer/anunciar que tenho novos projetos em andamento sobre o Universo HP, que pretendo seguir a linha de escrita do Herdeiro, que vocês me ajudaram a construir. Então fiquem ligados no meu profile, que logo logo tem novidades sobre os Quatro Fundadores lol ♥ - E quero ver todos os meus leitores queridos coladinhos la, haha!

Uma ultima vez, (por enquanto), Mil e 3 Beijos da Britz!

Ps.:O final agradou a todos? ou a grande parte pelo menos? E esse finalzinho fofo? Ownt *-*

PPs.: Alguém vai sentir falta da fic?



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