O Herdeiro do Primeiro Peverell escrita por Britz Boll


Capítulo 40
Capítulo XXXI - Carta na Manga


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gente!
Okay, okay, sem blá blá blá, e pfv não me xinguem pelas revelações desse capítulo!
Demorei pq tinha que contar umas coisas pra vcs, meio "o que se perde enquanto os olhos piscam", não queria fazer um bônus pra explicar, então tá GINORME esse cap! Espero que gostem, sério msm, esse deu trabalho! Obrigado pelos comentários lindos na última postagem, amei tds, e me encheram de ideias, hehe. Agora só falta mais um, contagem regressiva pessoal! (já tava na hora né de acabar né? kkkk)
*Flasback em itálico. Mais informações nas notas finais! Boa leitura



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Capítulo XXXI

Carta na Manga

E por muito tempo acreditou-se que restava apenas uma linhagem do Primeiro Peverell, e que ela se resumia a Mason e Siger Crowe. O que não se sabe porém, é que quando se trata de gerações e mais gerações de ramificações em árvores genealógicas, algum ramo pode ser esquecido... Ou propositadamente apagado.

Mason Crowe estava ocupado demais se fortalecendo para cumprir o seu Destino, e se tornar capaz de ser o Herdeiro. Então, jamais em sua mente obcecada, tal ideia iria tirar-lhe o sono.

Já Siger Crowe passara toda a vida evitando seu passado e fugindo, do até então, inevitável futuro. Era compreensível, portanto, que o bruxo procurasse todas as maneiras possíveis de evitar a tal profecia, e afastar-se cada vez mais daquele que supunha ser seu Destino. Só temia a ascensão do seu irmão, e por isso se encontrava inadvertidamente preso àquela batalha sem fim.

Até descobrir uma saída.

Pouco antes de contatar Kingsley para aceitar o cargo no Ministério, Siger Crowe tinha uma carta na manga. Não era uma descoberta de fato, mas a mínima suspeita foi o bastante para que investisse corpo e alma naquele plano. E foi assim que tudo começou.

Foi assim que Siger Crowe descobriu um ramo apagado de sua tão legendária árvore genealógica.

–*-

Chris Hareston rezou para que todos entendessem a mensagem e para que acima de tudo, todos se lembrassem dos treinamentos de formações do Sétimo Esquadrão.

O bruxo lamentava não ter conseguido descrever o plano mais minunciosamente, mas não tivera tempo nem energia para isso. Eles teriam que dar um jeito. Se algo falhasse tudo estaria perdido.

Formação S.

Essa era a mensagem, que ordenava uma das formações mais complexas do Sétimo Esquadrão. Eles a haviam treinando muitas vezes, e tido sucesso em poucas. O movimento era uma tática extrema de fuga, assaz perigosa, transportando um objeto ou pessoa. Claro que a Formação se encaixava perfeitamente naquele quadro, mas ainda assim os Aurores se encontravam receosos. Parecia ter sido ontem quando a treinaram pela primeira vez...

O Sétimo Esquadrão se encontrava na sua sala de treino, o “pó-rão”, esperando as instruções do seu tão misterioso Chefe.

– Primeiro: Desarme. – Siger Crowe explicou. – Segundo: Contenção. E Terceiro: Fuga. Essa é a Formação S.

Naquela formação, Siger e Harry assumiam a ponta, para tentar localizar e apreender o objeto ou a pessoa que tinham de transportar. Loren e Rony ficavam nos extremos, onde o primeiro se ocuparia de afastar os inimigos e o outro de criar uma barreira que os impossibilitasse de atacar. Jessica e Chris ficavam no meio, sendo responsáveis por criar uma rota de fuga para quem estivesse transportando o prêmio. E Steven ocupava a retaguarda, protegendo-os de qualquer eventualidade.

Eles passaram semanas e semanas treinando. Todos os movimentos aconteciam ao mesmo tempo, de modo que o erro de um era fatal a toda a equipe. Isso porque cada um tinha de fazer a sua parte, confiando inteiramente no outro para cumprir a sua. Não havia brechas para se certificarem se tudo estava certo, se todos estavam em suas posições... E aí estava o perigo da falha.

Ironicamente, aquela Formação de Fuga era uma das mais perigosas aos Aurores. Não por conta de ataques inimigos, mas por eles próprios. Havia muitas particularidades na sua execução, que caso fossem ignoradas, resultariam numa catástrofe. Ainda assim Chris Hareston a comandara, mesmo sabendo que estavam desfalcados de dois parceiros: Jessica Aley e Steven Morris.

Mas aquela era a única saída.

Eles teriam de acreditar em seu treinamento.

Teriam de executar a Formação S.

–*-

Chris Hareston adentrou a sala, convicto.

O horário do expediente passara, de modo que encontrara apenas Siger Crowe sentado deliberadamente na sala sete. Assim como esperava.

O Chefe do Sétimo Esquadrão se surpreendeu com sua entrada abrupta, deixando de lado o livro que lia para encarar o Auror com uma indagação muda no olhar.

– Está na hora de admitirmos os fatos. – Chris disse sem rodeios.

Siger Crowe sorriu displicente.

– Pensei que continuaríamos neste joguinho eternamente. Sente-se. – ele apontou para a cadeira livre a sua frente.

– Sei que andou me espionando. – o Auror ignorou o convite e observou bem os papeis sobre a mesa, sem fazer questão de esconder o seu interesse.

– Sei que fez o mesmo.

Foi a vez de Chris Hareston sorrir.

– Então já sabe. – não era uma pergunta. Hareston jamais subestimara os poderes investigativos do chefe.

– Há algum tempo. – Siger o encarou nos olhos. – E você já descobriu tudo, presumo.

– Quase. – admitiu.

Houve um momento de silêncio. Ambos apreciavam o sabor da verdade, não aquela revelada, mas a admitida cara a cara.

– Esta é uma situação estranha para mim. – Crowe disse baixo. – A minha vida inteira acreditei...

– Eu também descobri há pouco tempo. – Chris cortou. – De qualquer forma, nosso impasse não é a questão central do dilema. Mexi no seu passado, Siger, mas há muitos buracos a serem preenchidos ainda. Sabe que o ataque na missão foi proposital, não?

– Imaginei que chegaria a esta conclusão. – o Chefe evadiu a pergunta. - Incrível como somos tão parecidos.

Chris Hareston não se deixou levar, tinha que pressioná-lo se quisesse obter respostas. Sentou-se, encarou Siger Crowe nos olhos e transmitiu a urgência da situação num olhar intimidador.

– Ela está atrás da Varinha não é? – perguntou. – A pessoa por trás disso. – ele não esperou por uma confirmação, o silêncio do outro já lhe dizia tudo que precisava. – Estavam tentando pegar o Potter na missão... E ainda teve o estranho episódio do assalto à Hogwarts. Coincidência? Acho que não.

Siger encarou a mesa. Chris esperou. Por fim, o Chefe do Sétimo Esquadrão quebrou o silêncio com uma revelação nem um pouco inesperada para o garoto.

– É verdade. Ele está atrás da Varinha.

– E quem é Ele?

Siger Crowe suspirou pesadamente.

– Mason... – outro suspiro. - Meu irmão.

Chris Hareston ficou mudo enquanto as peças se encaixavam na sua mente.

– Entendo. - disse finalmente. - E por isso acha que a profecia se refere a você. Ou a ele. – acrescentou.

–Achava. – o outro corrigiu. – Até as novas descobertas atropelarem meu raciocínio.

– Essa não é a questão agora. – o garoto evadiu.

– Essa é toda a questão.

– Precisamos descobrir onde Mason está. – insistiu. – E impedi-lo.

– Para isso precisamos de informações.

Siger Crowe puxou a gaveta interna na escrivaninha onde se sentava. De lá retirou uma pequena caixa de madeira lacrada e a pôs sobre a mesa entre os dois. Sacou a varinha e um facho de luz emanou da trinca do objeto formando três espaços vazios no ar.

– 493. – Chris disse como quem joga um trunfo.

Siger se surpreendeu inicialmente pela descoberta do colega, mas depois refez a expressão neutra.

– Vejo que minha Magia não é tão impenetrável como pensei. Como você descobriu o código?

– Patrick... Eu o pressionei e ele acabou me contando. - disse de uma vez. - Ele estava um pouco diferente do normal hoje, reparou demais em você.

– Interessante. – o Chefe tamborilou os dedos na mesa, pensativo.

– E vi suas anotações... – pressionou um pouco mais. Chris Hareston estava jogando todas as suas cartas. – Sobre o soro 3T-i estar envolvido no episódio em que Steven foi atacado. – Siger manteve o silêncio, e Hareston firmou sua postura hostil. – E ainda tem o Potter... O que espera dele? Que ele vá lhe entregar a Varinha de bandeja com um cartão de Natal? O quanto ele sabe sobre o seu plano?

– Ele pode saber tudo... – Crowe não se deixou intimidar. – Ou nada. – fez mistério. - E minhas deliberações sobre a Mutação do Steven não passam disso: deliberações. Ele pode ser útil como espião. – arriscou. – Mas somente se aprender a controlar seus poderes. De qualquer forma precisaremos de um trunfo se quisermos descobrir onde nossos prêmios estão.

O controle da conversa por parte de Siger não agradava a Chris. Ele tinha de tomar as rédeas da situação. Estava ali pra obter as respostas que não conseguira sozinho, e precisava que o Chefe do Sétimo Esquadrão parasse de falar por enigmas e frases incompletas. Ele precisava da verdade. De toda ela.

– Então você é o Herdeiro afinal? – Chris elevou a voz. – Admita!

– As chances são as mesmas para todos. – Siger disse o encarando nos olhos.

Chris viu sinceridade em suas palavras pela primeira vez desde que entrara naquela sala. Siger Crowe parecia estar duvidando de si mesmo, do seu próprio Destino. Estava visivelmente em conflito com o destronar repentino do sentido de sua existência.

– Mas então... – o Auror ponderou sobre o futuro incerto. – Como saberemos quem a Varinha vai escolher?

– Será um risco. – o Chefe admitiu com desgosto. A ideia de perder o objeto que lhe fora destinado para o irmão executar seu plano maléfico, de fato parecia desagradá-lo. – A Varinha escolhe o bruxo. Teremos de esperar o momento certo. – ele virou-se para Chris com urgência nos olhos. – Você não pode contar a ninguém Hareston. Estamos juntos nessa.

Mais do que queria, Siger, o menino pensou consigo. Mais do que queria.

–*-

Siger Crowe teve de improvisar para fazer o plano de Chris dar certo.

Prioridade: Faça-o mostrar o lugar da substância. Formação S.

Somente essas palavras fizeram o Chefe do Sétimo Esquadrão tomar as providências necessárias. Tinha que tomar a substância e passá-la ao Potter. Depois o Destino deles seria descoberto. Ao desistir do duelo, tinha abusado do temperamento orgulhoso de Mason para fazê-lo revelar o lugar da substância, só não esperava o movimento seguinte por parte do irmão: deixar o vidro tão cobiçado despencar rumo ao chão.

Foi aí que teve que improvisar.

–*-

Enquanto todos festejavam no Salão, Chris Hareston esgueirou-se pela multidão até chegar a um canto mais isolado da festa de noivado, onde Siger Crowe bebericava um drink.

Aproximou-se do homem decidido a tirar todas as suas cartas da manga. Havia segredos demais entre duas pessoas que supostamente estavam trabalhando juntas. Siger baixou o copo para encará-lo. O Chefe olhou ao redor com desconfiança, mas Chris meneou a cabeça para dizer que era seguro conversarem ali. Era menos suspeito uma suposta conversa amigável, do que um encontro as escondidas.

– A que devo a honra de sua presença, Sr. Hareston? – se havia uma ponta de deboche ali, Chris não detectou. O homem parecia apenas tentar ser cordial, ou isso apenas fazia parte do disfarce para que ninguém percebesse a estranheza daquela conversa.

– Preciso saber dos seus próximos passos. - disse baixo.

– Daqui a pouco pretendia dar uns cinco passos em direção aquela outra bandeja de uísque de fogo. – apontou. – Isto é... Se me permitir. - sorriu.

Desta vez Hareston captou o escárnio e assumiu uma postura hostil.

– Tem escondido muitas coisas de mim, Crowe. – ele acusou num sibilo. Algumas pessoas passaram próximos à eles, e Chris sorriu amistosamente para Siger, pegando um copo cheio e o erguendo como num brinde. – Sabe disso tudo há muito tempo.

– Não muito. – o Chefe brindou com ele, sorrindo. – Não tinha considerado essa possibilidade uns anos atrás.

– Quando estava escolhendo os bruxos para participar do PSEA, não estava somente escolhendo os que tinham habilidade para aprender a Maximum Potentia. – ele tomou um gole, não era uma pergunta.

Siger esboçou um sorriso confessor.

– Não devia me impressionar com sua capacidade de dedução a essa altura do jogo. – sorriu. – Sim. – admitiu. - Eu não os escolhi apenas pelas capacidades mágicas. Os escolhi também porque todos vocês...

– Tinham possibilidade de ser o Herdeiro. – completou. Chris depositou o copo novamente sobre a mesa. – Está escondendo muitas coisas de mim, Siger... – tornou a afirmar.

– Isto é compreensível, Hareston... – Siger disfarçou bebendo um pouco mais. – Já que agora, tecnicamente, somos concorrentes.

Chris percebeu onde o outro queria chegar.

– Não tenho pretensões para com a Varinha.

– Diz isso agora. – Siger parecia mesmo vê-lo com desconfiança. – E se Ela o escolher?

– Então terei que tomar cuidado para não ser esfaqueado enquanto durmo. – ironizou.

Siger Crowe o encarou um instante, os olhos fixos, na tentativa de descobrir até onde a brincadeira era verdade.

– Preciso saber dos seus próximos passos. – Chris pediu novamente, dessa vez com menos cortesia.

Siger virou de uma vez seu copo, depositou-o já vazio sob a mesa e voltou a encarar o colega.

– Proteja os outros. – sua fala agora era séria. – Se algo der errado sabe onde nos encontrar. E Chris, - acrescentou. – prefiro que fique com Ela... Se quiser correr o risco, claro.

Então ele iria atrás de mais informações sobre a Varinha, Chris entendeu. E eu não posso acompanhá-lo porque se ele falhar eu sou o único capaz de impedir o Mason.

– Não confio em você. – Chris acusou.

Siger Crowe deu um último sorriso culpado.

– Nem eu em você.

– Não vai me contar mesmo aonde vai? – Chris deu um ultimato.

O Chefe do Sétimo Esquadrão ergueu os cinco dedos da mão esquerda e foi se afastando, abaixando um dedo a cada vez que dava um passo. Contou cinco até chegar à bandeja de uísque de fogo, puxou um copo, deu um sorriso e desapareceu no meio da multidão.

Desgraçado, Chris Hareston pensou com raiva.

Ainda assim não pode deixar de sorrir.

–*-

Charlotte Charpentier olhou para o homem com desdém.

– O que quer dizer com “estou de partida”?

Siger Crowe estava a sua frente. Estavam ambos no corredor que levava à ala dos banheiros mais abaixo. Lá fora a festa fervilhava, mas ali estava vazio, exceto pelos dois amantes em conflito.

– Não posso dizer mais do que isso. Ou eu mesmo a colocaria em perigo. – ele disse, soturno.

Charlotte estranhou aquela conversa, e tomou o colega por bêbado. Devia sair dali antes que ele falasse mais asneiras ou alguém os visse juntos. Ela virou-se para voltar a festa, mas um aperto no braço a deteve.

Siger Crowe a segurava firme, o olhar ostentava um brilho feroz. Ele a puxou, deixando-a a centímetros do seu corpo. Encararam-se um instante, saboreando aquela luta sem fim de orgulhos. O homem aparou uma madeixa dos seus cabelos sempre presos que se precipitava para frente, e a pôs delicadamente atrás da orelha da moça.

Charlotte se arrepiou com o seu toque, mas permaneceu em silêncio. Siger aproximou-se mais, dando a impressão de que iria beijá-la. A mulher chegou a entreabrir os lábios esperando aquele tão desejado contato, mas ele não veio. Quando sua boca roçou a dela, o Auror recuou, encostou sua testa na dela com os olhos fechados e respirou fundo.

– Preciso que me escute. – ele disse urgente. – Estou de partida. Há informações importantes que preciso buscar e pessoas perigosas que devo enfrentar. – ele fez uma pausa, encarando os olhos azuis da moça, repletos de preocupação. – Essa talvez, seja a última vez que nos vemos.

Charlotte se desvencilhou dele, em recusa àquela ideia.

– O que pensa que vai fazer Siger? – ela perguntou puxando o “r” do jeito que ele adorava.

Ele se virou, consternado. Não podia mais encará-la nos olhos ou isso o faria mudar de ideia e desistir de tudo.

– Isto é um adeus.

Os olhos de Charlotte marejaram. Mais de raiva do que de angústia. A moça pôs uma mão protetora sobre a barriga e encarou as costas do amante. As mais belas palavras e juras de amor ameaçaram saltar dos seus lábios, apenas para fazê-lo voltar pro seu lado. Apenas para poder abraçá-lo mais uma vez antes que ele partisse. Seu interior gritava por ele, implorava para que ele ficasse, clamava por seus beijos. Mas tudo que a moça disse antes de retirar-se foi:

– Passar bem Sr. Crowe.

E saiu deixando Siger sozinho.

O Auror esforçou-se para esquecer tudo que havia acontecido entre eles, e pensar nela apenas como mais uma mulher. Seria mentira dizer que havia atingido seu intento com sucesso, mas o fato é que o Chefe do Sétimo Esquadrão ergueu a cabeça, ajeitou a capa, e partiu para seu Destino.

–*-

– AGORA! – Chris Hareston bradou.

A movimentação foi rápida. Tinha de ser.

Menos de um segundo separavam a ampola com a substância do impacto com o chão cromado. Nesse instante, os Aurores tomaram suas posições e tudo aconteceu ao mesmo tempo.

Siger Crowe atirou-se para frente, numa queda livre, a mão estendida para aparar o vidro precioso...

Loren Price recuou perante o ataque de Jessica, ganhando tempo para carregar a Maximum Potentia na forma de um Impedimenta. A inimiga riu da sua covardia sem saber o que a aguardava.

Chris Hareston fez um movimento e os destroços da parte destruída do laboratório ergueram-se numa fila, formando uma passagem suspensa de blocos de concreto e armações de metal até a parte aberta do teto.

Rony esquivou-se de Patrick Stane uma vez mais, ficando no extremo da sala, no exato limiar entre os Aurores e o campo inimigo.

Harry Potter bloqueou seus oponentes e sacou o pequeno caldeirão sumidouro que Malfoy lhe dera de dentro da capa.

E então a Formação S. foi executada.

Mason não teve tempo de agir, antes que se desse conta os dedos de Siger Crowe se fecharam em torno da ampola, um milímetro antes que ela tocasse no chão. O irmão tentou acertá-lo com um feitiço enquanto estava vulnerável, mas Siger rolou pro lado protegendo o vidro com as mãos, no exato momento em que o feixe acertou a faixa cromada onde antes estivera.

Primeiro: Desarme.

No extremo oeste da sala, Loren ergueu-se determinada.

– Hey Jess! – ela chamou a oponente, sorrindo. – Segura essa, vadia!

Loren descarregou seu feitiço, fazendo um arco com a mão que empunhava a arma, soltando o feixe luminescente numa onda de Magia. Jessica foi impelida para trás, arremessada contra a parede metálica. A onda reverberou, atingindo Mason e seus capangas que seguiram o exemplo da bruxa, se espatifando no fundo da sala com um estrondo nauseante. Mason tombou, desnorteado pela pancada, ainda sem saber o que o atingira.

Esgotada, Loren Price caiu de joelhos ao lado de um Steven semiconsciente, a tempo de ver a próxima manobra ser executada.

Segundo: Contenção.

Na outra ponta, Rony ficou paralelo ao limite do seu campo e o campo de batalha inimigo. Tinha de ser rápido, não havia tempo para ver se tudo estava certo, aquele movimento era fundamental. Ele traçou uma linha imaginária até o fim da sala, sem perceber que havia dois alvos no seu caminho, e com um aceno ele lançou o Fogo Maldito. Rony percebeu sua falha tarde demais, não havia como parar o feitiço. A faixa de labaredas chamejantes, com mais de um metro de altura, se propagou em linha reta...

Loren Price percebeu as chamas se aproximando, mas não conseguiria tirar ela e Steven da linha de tiro...

Ergueu a varinha no ultimo instante perante as labaredas, num Protego desajeitado. A bruxa sentiu o calor passar pelo escudo, e a carne dos braços crestar. Fechou os olhos e gritou, esperando a morte, mas milagrosamente o calor passara. Ao abrir os olhos a garota contemplou ela e Steven a mais de dois metros da linha de fogo. Confusa, olhou ao redor, e percebeu Chris Hareston com a mão esquerda esticada na sua direção. Ela agradeceu com um olhar, salvaguardou novamente o corpo de Steven atrás de si.

Os inimigos já se punham de pé novamente. Feitiços foram atirados, mas a maioria ricocheteava perante o caminho de chamas.

– NÃO! – eles ouviram Mason berrar do outro lado da linha de fogo. Finalmente tinha percebido o que lhe acontecera, e quão difícil seria ultrapassar a barreira.

Terceiro: Fuga.

Siger Crowe arremessou o vidro pelo chão, o objeto deslizou até chegar às mãos de Harry.

– Malfoy! – Harry gritou o bruxo, apontando para o caminho suspenso de Chris.

O loiro rapidamente entendeu. Draco correu até a primeira peça de concreto, subiu-a com um pouco de dificuldade, e saiu saltando uma por uma, protegido dos feitiços inimigos pelas chamas que dançavam ao seu lado. Logo acima o buraco no teto estendia-se como uma saída, dando passagem para a casa que tinham avistado logo ao chegar ali, e de lá para a liberdade. Lá em baixo, Harry rapidamente jogou a ampola dentro do caldeirão sumidouro, vendo-o desaparecer instantaneamente. Lá em cima, já perto da saída, Malfoy apertou o jaleco sentindo o peso recém-chegado dentro do objeto similar que portava. Estava em posse da substância, e rumo à liberdade.

Estava feito.

*-*

Naquela noite Chris Hareston dividiu com Loren Price muito mais que memórias do seu passado. Ele contou a ela também todas as incertezas do seu futuro.

A decisão de revelar tudo à menina foi impensada, impulsiva, mas o menino não a repudiou. Precisava confiar em alguém de verdade. E se seus instintos apontavam para ela, então ele devia ao menos escutar a si mesmo.

Depois de contar o seu passado, juntos eles analisaram suas suspeitas sobre a situação decorrente. Falaram de Steven, do seu comportamento desde a alta do St. Mungus e de como ele e Siger estavam muito próximos. Neste momento Chris pediu uma pausa, e enfim contou seu segredo.

Loren escutou pacientemente, e admitamos, um tanto quanto surpresa. Nem em seus maiores devaneios poderia imaginar tão enredo intrincado como aquele que estavam vivendo. No primeiro momento, ela duvidou das palavras do garoto, mas depois de encarar seus olhos conflitantes a certeza se apoderou dela. E assim ela passou a sentir raiva do Siger, por tê-los envolvido em suas mentiras. E mais ainda por estar usando Steven para seus intentos.

– Siger o está treinando? – ela parecia não acreditar.

– Acho que o termo mais correto é domando. – Chris respondeu seco. – Não sei o que está fazendo, mas temos de manter o olho no Steven.

Loren concordou com a cabeça.

– Então sua mãe nunca lhe contou sobre seu verdadeiro pai? – ela perguntou voltando para a história de Chris. – Nem que você tinha um irmão que morreu?

– Não. – Chris sentou-se na cama ao lado dela. O olhar marejado pela lembrança da mãe. – Na época eu não entendia, mas ela sempre dizia para eu não fazer perguntas, porque era perigoso. Que nós estávamos melhores sem ele. E só descobri do meu irmão há pouco tempo... “marcado pela destruição fraterna”. – ele citou um trecho da profecia. – Faz sentido.

Loren afagou seu braço carinhosamente.

– E você nunca teve contato com ninguém da sua verdadeira família?

– Nunca. Fui pro internato exatamente por não ter parentes que pudessem tomar conta de mim. – Chris pôs uma mão na perna na garota. Uma lágrima desceu pela sua face. – Tudo que minha mãe fez foi para me afastar disso. Ela se sacrificou por mim... E agora...

Chris abaixou a cabeça, perdido em seu desespero. Loren se aninhou a ele, fazendo carinho no cabelo arrepiado do menino.

– Psiu. – ela o acalmou. – Está tudo bem. A culpa não é sua... O Siger é o culpado de tudo isso. Você não está sozinho... – puxou o queixo do menino até que ele a encarasse nos olhos. – Você tem a mim agora. E nós estamos um passo a frente dele. Vamos conseguir tirar você disso, eu prometo.

Loren deslizou a mão pela bochecha do garoto, e ele fechou os olhos apreciando seu toque. Não se sentia sozinho pela primeira vez em muito tempo. Seu coração se encheu pela veracidade daquele contato, e a alma revigorou-se pronta para enfrentar seu destino.

Chris Hareston abriu os olhos, e encontrou a menina a poucos centímetros de si. Ele aparou a mão dela sobre sua bochecha e depositou um beijo casto ali. Loren sorriu. Chris trouxe a mão dela até seu peito, onde seu coração acelerado denunciava seus sentimentos. A bruxa o encarou nos olhos.

– O que sente Hareston? – ela perguntou num sussurro. Estavam tão próximos que o menino podia sentir a respiração dela contra a sua.

– Eu sinto... – ele acariciou os cabelos dela. – Que não estou mais sozinho.

Havia mais verdades naquelas palavras do que qualquer um poderia enxergar. Era uma confissão do fundo de seu ser, uma verdade tão poderosa que nem mesmo o próprio Hareston conhecia. E Loren parecia partilhar daquilo. Como se tivesse escutado, ou visto nos olhos do menino, aquilo que esperara por muito tempo.

O fato é que ambos cortaram a distância que ainda os separava. Seus lábios se tocaram hesitantemente, e depois profundamente. Chris se embriagou daquele sentimento que o preenchia enquanto enlaçava Loren pelos cabelos e a trazia para mais perto de si.

Ficaram minutos desfrutando daquilo que não sabiam o que era. Até que a realidade os despertou. Chris Hareston afastou a menina e deu um suspiro pesado.

– Steven precisa de você. – as palavras lhe cortaram o coração.

Loren meneou a cabeça em concordância e deu um último beijo na testa dele.

Os dois se levantaram, estava na hora de sair do conto de fadas e voltar ao mundo real.

–*-

O fato é que quando Chris Hareston descobriu, não sua verdadeira identidade, - que, em sua opinião, sempre seria aquela – mas a que supostamente lhe pertencia também, tratou de tomar certas providências.

Basicamente, observar.

Tinha que ter provas conclusivas de que estava realmente atrelado àquela confusão. E elas não faltaram. Buscando o passado de sua família descobriu como a profecia poderia perfeitamente se encaixar a ele, e seu desempenho superior no uso da Maximum Potentia mostrava que ele estava apto para domar poderes maiores. Além de sua performance sem varinha.

Aceitado os fatos, ele passou a trabalhar para se livrar daquilo. Sabia é claro que Siger Crowe buscava-o como sua carta de emancipação da maldição profética, mas que ainda não confiava nele por achar que o garoto poderia já estar com planos junto a Mason.

Essa desconfiança entre ele e Siger era recíproca, e era o que, basicamente, equilibrava as coisas. Ambos estavam tentando fugir daquilo, mas como temiam a traição do outro, tinham de permanecer na luta, de olhos abertos sempre.

E assim Chris Hareston havia entrado naquele laboratório ciente que enfrentaria seu Destino, seja ele qual fosse. Com a chegada de Siger Crowe ao local, sua certeza só se intensificou, pois agora não haveria falhas. Um deles seria escolhido pela Varinha das Varinhas, um deles seria o Herdeiro.

Restava apenas descobrir qual.

–*-

Ao perceber a manobra do irmão, do outro lado da linha de fogo, Mason Crowe urrou de raiva. Cada partícula do seu ser se inflamou, a Magia inflando sua aura de poder. As veias arderam, os olhos também. O brilho amarelo resplandeceu perante as chamas avermelhadas. A pele começou a descamar, adquirindo um aspecto grosso e acinzentado. Os dentes alongaram-se em presas, as unhas transformaram-se em garras afiadas e mortais. Ele estendeu a mão para o fogo, mas não o sentiu queimar. A boca descarnada sorriu.

Sob seu comando os demais capangas começaram também sua mutação. Os pares de olhos amarelos foram surgindo, as feras juntando-se em torno do seu Alfa. Patrick Stane assumiu o lado direito do amo, esperando a ordem de atacar. Jessica Aley, a única que não possuía a mutação ficou mais afastada, receosa dos bichos ferozes que se preparavam para avançar.

Mason Crowe fez seu comando mental, os inimigos avançaram perante o fogo. Nada mais poderia impedir a decisão daquele embate.

Ambos os lados tinham cartas na manga.

Havia chegado a hora de sacar todas elas.


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Notas finais do capítulo

E aí gente? ah pfv não me matem.... eu sei que devia ter contado isso há um tempo, mas só me contaram agora tbm! Imagina... como assim o Chris Hareston também pode ser o Herdeiro?! omg! Ah, andei conversando com o Siger e ele me contou umas coisinhas tbm...
* o primeiro flashback dele e de Chris na sala sete, é a conversa que Harry escutou por trás da porta no capítulo XX - Sondando o Inimigo.
* O Patrick que revelou as informações ao Chris, era a Jessica Aley transmutada. Ela desacordou o verdadeiro quando desciam pelo elevador, e voltou para encher a cabeça do Hareston de caraminholas para que ele ficasse contra o Siger... Que vadia!
*O fato da performance "sem varinha" (não pensem merda,kkk) se deve a uma particularidade do verdadeiro Herdeiro segundo a profecia. Necessariamente ele não precisaria da Varinha. Já ouviram falar em Avaradores?

Bom, acho que é só isso que o Sr. Crowe me revelou, homem difícil esse... shaushaushaushau'
Mas fiquei sabendo umas coisinhas da Mione tbm...
*Ela e a Charlotte era tão próximas assim, pq Hermione era a única que sabia de seu caso com Siger e também da sua recente gravidez. Eram confidentes as duas, que lindo... !

Okay acho que é só, hehe . Qualquer coisa pode perguntar/xingar nos comentários, kkkk

Mil e 3 beijos da Britz!
Ps.: quem vocês acham que é o verdadeiro Herdeiro?
PPs.: vão me matar pelo lancezinho Chris/Loren? Eu shippo... kkk



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