O Herdeiro do Primeiro Peverell escrita por Britz Boll


Capítulo 37
Capítulo XXIX - Anjo e Demônio


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gente, eu estive trabalhando incessantemente neste capítulo que talvez esteja confuso pela quantidade de informações...
Esta enorme, mas acredito que vão gostar!
Ps.: O Nyah acaba aprovou mais uma RECOMENDAÇÃO! Obg K Felddripp, eu simplesmente adorei, estou... vibrante!
Neste capítulo:
Mason e Siger Crowe finalmente se encontraram. O que nos aguarda neste confronto? Até que ponto Siger sabia dos planos da parte maligna? E qual é o segredo obscuro que o Chefe do Sétimo Esquadrão tentou manter em segredo por tanto tempo? Tudo isso, e mais um pouco aqui. Boa leitura! ^^ (Narrativas de Mason e Siger em itálico)



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Capítulo XXIX

Anjo e Demônio

Os dois lados de uma mesma face


A aura de Siger Crowe pulsava pelas lembranças de um passado distante.



Para entrar no covil deixara um rastro de dor atrás de si, corpos moribundos que agonizavam num tênue fio de vida. O sangue ele trazia consigo. Era aquele que manchava a face e escorria da roupa empapada por entre seus dedos. Cada gotejar do líquido rubro era um prelúdio para os terríveis acontecimentos que viriam.


Siger Crowe respirava devagar. Mesmo o mais sutil dos movimentos era feito com cautela. Sua expressão estava estranha aos olhos dos Aurores. Era fria. Mortal. O ambiente na sala ficou pesado, tamanha a carga de poder que irradiava da figura. E qualquer um que observasse a cena de fora, teria muita dificuldade em dizer a qual dos lados ele pertencia.

Mas é claro, que também havia o outro Crowe.

Mason Crowe.

A chegada do irmão pareceu interromper qualquer linha de pensamento que tivesse sido criada para tomar a Varinha das mãos de Harry Potter. Siger se tornara agora, se não sempre, o centro de sua obsessão. Os dois se encaravam fixos. Um impassível e cauteloso, o outro curioso e fascinado.

Infeliz contraste de opostos, de forças hostis, mas que ainda assim tinham um encaixe perfeito. A cicatriz que começava na face de Siger Crowe e estendia-se até a ponta da mão esquerda, era a mesma que alongava-se e vinha encontrar a mão do irmão até subir e marcar-lhe o rosto também. Uma única linha que unia, ainda que a contragosto, os dois consangüíneos.

– Mason. – Siger finalmente conseguiu dizer. A fala saiu tesa, carregada de um sentimento desconhecido.

– Siger. – respondeu o outro. Muito diferente de uma saudação, o tom parecia mais uma ameaça.

Houve um momento de um silêncio denso.

– Vocês são irmãos? – a pergunta feita cautelosamente por Rony Weasley era a indagação muda de todos os presentes.

Siger permaneceu calado. Mason esboçou um sorriso de canto; parecia ter a confirmação das suas suspeitas.

– Você não contou a verdade a eles. – havia deboche no seu tom de voz. – É bom revê-lo irmão. Então finalmente veio enfrentar o seu Destino?

– Eu vim aqui pela minha equipe. – Siger continuou firme. – Nada mais.

Apesar da certeza de sua voz, seus olhos vacilaram para um ponto mais ao fundo da sala onde estava a maca de Charlotte. O olhar não passou despercebido a Mason, que sorriu malévolo.

– Então não se importaria se eu contasse a verdade para os seus amiguinhos. Não é mesmo?

A postura austera de Siger pareceu se abalar um instante. O silêncio foi rompido pelo grunhido de dor de Steven, ainda no chão. O chefe do Sétimo Esquadrão como que consciente pela primeira vez de sua presença desde que chegara ali, abaixou-se para amparar o garoto que estava na iminência da transformação.

– Steven... – chamou sacudindo-o. – Resista. Você é mais forte que isso!

– Não vai adiantar irmão. – Mason cortou, parecendo indiferente à presença de Steven. O reencontro com o irmão caçula era deveras mais interessante. – Ele só tem alguns minutos. Logo se transformará.

Siger pousou o menino novamente no chão e voltou-se impassível para o inimigo.

– Solte-os. Todos eles. E aí resolveremos tudo de uma vez. Essa batalha é entre mim e você.

– Então finalmente vai me enfrentar de forma justa? – o outro zombou. – Há tempos que deixo pistas para você me encontrar Siger e só agora você o faz. Se quisesse mesmo me enfrentar, teria feito há tempos.

– Siger... – Harry pareceu finalmente ter encontrado a sua voz. A Varinha ainda estava apontada para Mason, embora este não desse mais a mínima importância ao fato. O garoto poderia tê-lo estuporado se quisesse, mas a ânsia por respostas o impediu. Uma raiva crescente começara a apoderar-se dele, raiva por Siger tê-lo mantido no escuro tanto tempo. – Você sabia de tudo isso... Porque não nos contou? Onde estava quando a Charlotte e o Patrick foram raptados?

– Vamos irmão, – Mason incentivou com um sorriso. – conte para os seus admiradores a verdade sobre você.

– Potter, - o Chefe tentou explicar. – Eu tinha uma noção do que estava acontecendo, e precisava me preparar para tal. Estava tentando coletar informações sem chamar atenção, não podia ter contado a vocês. De qualquer forma, eu os estava preparando com a Maxim...

– Eu confiei em você! – o tom de Harry era acusatório. De todos os erros que Siger havia cometido o pior para o garoto tinha sido o seu próprio. Seu erro de confiar naquela figura que ele nem ao menos conhecia de fato.

Siger deu um suspiro rendido. Sabia que tinha cometido um grande erro ao subjugar sua equipe daquele modo. Viu isso no olhar dos companheiros e se sentiu arrependido no mesmo instante.

– Eu acho que está na hora da verdade. De toda a verdade.

Mason encarou o irmão com devida surpresa. Seus olhos brilhavam na expectativa do desfecho daquele enlace.

– Por favor, comece. – o Dr. pediu com uma singela reverência.

Siger se dirigiu a Harry e os demais, e iniciou seu relato.

"Nossa história remonta muitas décadas atrás. Nossa família é descendente direta de Antíoco Peverell, o primeiro dono da Varinha das Varinhas. A arma estava ligada a ele de tal forma, que essa ligação foi transmitida através dos tempos pela nossa linhagem. No momento que Antíoco morreu, e a Varinha saiu de sua posse, surgiu a profecia daquele que seria destinado a recuperá-la, o legítimo Herdeiro do Primeiro Peverell. Esse homem, “marcado pela destruição fraterna, era o que traria equidade entre os seres, e subjugaria a Morte criando a raça eterna”. Mas, pela falha de Antíoco em perder a Varinha, o que poderia ser uma benção, também se tornou maldição. Em nossa linhagem apenas o Herdeiro pode tocar na Varinha, caso contrário ela rejeita seu usuário de forma dolorosa e mortal.

Geração pós geração nossos familiares tem seguido o rastro da Varinha a fim de descobrir quem é o Herdeiro. A busca terminou tempos atrás, quando nosso avô finalmente conseguiu recuperá-la de um ladrãozinho de beira de estrada que roubara um carregamento sem saber o artefato valioso que havia ali dentro. Sorte ou Destino? O fato é que ele tentou cumprir a profecia, ainda que a seu modo. Foi atrás de um fabricante de Varinhas, Gregorovitch, e lhe pagou uma exorbitante quantia para que examinasse o objeto com sigilo e descobrisse um jeito de replicar suas propriedades mágicas. Estava tentando criar “a raça eterna”, sem tocar na Varinha, se livrando da possível maldição. Infelizmente ou felizmente, Gregorovitch acabou abrindo a boca e logo o que nosso avô temia aconteceu. Outros perseguidores das Relíquias começaram a se aproximar para checar os boatos, e não tardou a Varinha foi roubada. Consternado, apenas nos seus últimos dias de vida foi descobrir quem lhe usurpara a chance de se tornar Senhor da Morte. A missão de caçar o ladrão Gellert Grindelwald foi passada ao filho, e assim até nós."

– Espere. – Harry Potter interrompeu a narrativa. – Pensei que pra se tornar Senhor da Morte seria necessário ter as três Relíquias.

– É mais uma interpretação... – Siger ponderou. – Mas o fato é que a Varinha das Varinhas é a mais importante. Tanto que se fosse possível destruí-la, as outras Relíquias automaticamente perderiam suas propriedades mágicas.

Harry meneou a cabeça em entendimento e Mason aproveitou a brecha para continuar a história. Os irmãos formavam um dueto harmonioso, que não demonstrava dificuldade em enfrentar os fantasmas do passado. Ao menos, não agora.

Quando Dumbledore derrotou Grindelwald, - continuou Mason. - e conseqüentemente tomou posse da Varinha, nosso pai tinha poucas esperanças em ser o Herdeiro, mas criou total confiança de que seria um filho seu a seguir aquele destino. Quando nasci, ele me preparou de todas as formas possíveis para alcançar seu objetivo. Até que veio o Siger. Meu querido irmãozinho. Nossa mãe não se recuperou do parto dificultoso, e morreu dois dias depois; acometida de dores e febre intensas. Não sei como aconteceu de fato, mas de filho preferido e destinado a profecia, passei a ser deixado de lado. Acho que ele o fazia lembrar-se dela. De nossa mãe. Eu tinha tanto ódio do Siger por tê-la matado e isso só aumentava a medida que ele roubava o meu pai também. Meu irmão era um menino desobediente e irresponsável, enquanto eu era o garoto perfeito para a profecia. Mas nosso pai parecia cada vez mais em dúvida disso.

"Quando Siger completou seis anos, pegou a vassoura do pai escondido. Eu estava na sala, e ele entrou voando descontrolado pela janela, fazendo uma algazarra pelos corredores. Eu estava decidido a ignorar a travessura e esperar que aquilo diminuísse seus créditos com o pai. Porém ele foi rápido demais naquela curva, não devia ter chegado ali... Quando o vaso de porcelana da mamãe caiu no chão, eu perdi toda a paciência que me restava. Nós discutimos. Siger era muito atrevido. Então eu levantei a Varinha e dei o seu castigo. Para meu azar, nosso pai chegou no exato instante. Ele me viu torturando meu irmão e o castigo se voltou para mim.

Ficou clara a intenção dele de transformar o Siger no Herdeiro. Isso me irritou. Muito. Eu havia passado toda a minha vida me preparando para o sacrifício e meu irmãozinho simplesmente tomava o meu lugar.

Todos adoravam o pequenino. Siger era o menino esperto e brincalhão, que tinha um grande (ainda que só nós soubéssemos) futuro pela frente. Até que ele finalmente mostrou sua verdadeira face..."

– Pare agora Mason. – Siger cortou entre dentes. A face estava lívida. – Não precisa enchê-los com as suas mentiras!

– Ah, - Mason zombou. – não quer que eu conte a eles o que você fez Siger?

– Pare. – tornou a advertir.

– Não quer que eles saibam...

– PARE! – Siger bradou em recusa.

–... Que você é um ASSASSINO!

Houve um silêncio apreensivo perante aquela acusação. Os irmãos se encararam, tesos.

– Siger se envolveu numa briga na aldeia. – Mason continuou calmamente. – O outro garoto tinha quase a mesma idade que ele. Era um trouxa e foi preciso que o nosso pai se interpusesse. Como castigo pela briga, Siger deveria ajudar a irmã do garoto na barraca de frutas, seu nome era Helena e ela estava grávida. Ela se afeiçoou a ele. Todos os dias quando íamos à feira, ela dava morangos a ele e achava graça de qualquer peraltice que ele aprontava.

“Certo dia nosso pai pediu que ele buscasse algumas amoras na venda pra ele. A verdade é que Siger ainda estava muito chateado pelo castigo, então ele resolveu se vingar. No bosque perto de casa havia algumas frutinhas parecidas com amoras, porém de veneno fatal. Siger as deu ao nosso pai e o envenenou.”

– É mentira. – Siger rebateu de cabeça baixa. A lembrança do acontecido parecia atormentá-lo. Depois daquilo, a única pessoa que ele matara tinha sido o Lobisomem na sala de interrogatório do Quarto Esquadrão. Os capangas de Mason ele apenas ferira, embora eles preferissem estar mortos. O sangue que manchava sua roupa de repente se tornou pesado e repugnante. – Eu... Eu não sabia que elas poderiam matá-lo.

–Mas é claro que sabia, pois fez a mesma coisa com a Helena! – a acusação de Mason vinha em farpas afiadas para penetrar a alma de Siger. – No dia do enterro do nosso pai, eu vi vocês indo para o bosque. A Helena conhecia frutas, deve ter descoberto o que fez. Eu estranhei a demora e os segui. Foi ai que encontrei você ajoelhado no chão e ao seu lado estava o corpo frio e imóvel de Helena. Eu perguntei o que você tinha feito à ela, e você simplesmente ficou mudo. Eu empunhei minha varinha e joguei a do pai que estava em meu bolso pra que você me enfrentasse de forma justa. Você queria fugir Siger, mas eu não ia deixar. O Avada Kedrava parecia uma boa solução, mas você havia pensado o mesmo. Nossos feitiços se encontraram e então...

Num movimento quase cronometrado, ambos os irmãos acariciaram a cicatriz contígua, como se ainda pudessem sentir a dor que a causara.

– E então, - Mason falou mais para si, do que para os presentes. – você fugiu irmão. Os agentes do Ministério chegaram e me encontraram ao lado do corpo da Helena. Eu contei como você tinha matado nosso pai e ela da mesma forma e como havia me atacado. Eles fizeram a ocorrência e colocaram você na lista de procurados. E aí que me dei conta: eu havia perdido tudo. Fui até o jardim, olhei para a nossa casa e chorei a derradeira vez em minha vida. Chorei pela minha mãe, chorei pelo meu pai, e até chorei por aquela moça que ia se tornar mãe, mas encontrou seu trágico destino pela suas mãos. Depois disso bloqueei o passado, e fui enfim construir meu futuro. Achei que estava morto irmão, até que você se interpôs em meus planos novamente.

Os presentes permaneceram estáticos, tentando absorver todas as informações.

Siger Crowe ouviu toda a história com a atenção de um mártir. Revisitar o passado depois de tanto tempo, abriu-lhe as feridas de outrora e aprofundou a dor que a cicatriz carregava. Eram essas as cenas que habitavam os seus pesadelos mais terríveis, o âmago de seu sofrimento. O confronto com o irmão depois de tantos anos tentando evitá-lo se dava de forma pior do que imaginava. Siger travava uma luta interna com os fantasmas do seu passado.

Enquanto seu interior estava em guerra, o Siger percebia o mundo ao seu redor encarando-o, pressionando-o de forma hostil, por respostas. Respostas estas, que o chefe do Sétimo Esquadrão sabia que teria que dar, uma hora ou outra. Mas agora havia coisas mais importantes para serem feitas, e a verdade poderia esperar.

– O passado não interessa. – reafirmou. Seus olhos se encontraram aos de Harry num pedido mudo de confiança. – Potter, sei que devia ter lhe contado a verdade, mas eu precisava prepará-los para isso. Eu sabia que Mason estava próximo de cumprir a profecia, e sabia o quão necessário era impedi-lo. Desculpe-me, - e ai se dirigiu ao restante do Sétimo Esquadrão. – me desculpem. Minhas escolhas podem não ter sido as melhores, mas estou pronto para arcar com as conseqüências. Só preciso que, de agora em diante, confiem em mim.

Siger conhecia a sua equipe o suficiente para saber o desagrado que perpassava a mente deles naquele instante. Mas acreditava no senso de dever dos companheiros para que pudessem admitir o que era mais importante, o fato do chefe ter escondido algumas coisas deles ou todo o mundo bruxo estar em perigo. E assim um a um, Siger viu se formar no olhar, aquele brilho resoluto de quem quer lutar por uma causa justa. Ele sabia que não tinha sido perdoado, mas ainda assim lutariam juntos. Aquilo o engrandeceu de tal forma que seria impossível explanar. Era a segunda vez que Siger não se sentia sozinho.

– Ora, mas que comovente. – Mason tentou se manter indiferente, mas estava óbvio que ele esperara uma reação mais explosiva dos presentes para com as mentiras de Siger. – Já que decidiram acreditar mais uma vez neste mentiroso, receio ter que tomar minhas providências.

Harry aprumou a varinha novamente, esperando um ataque repentino. Siger se manteve parado, conhecia o irmão melhor que ninguém.

Mason esboçou um sorriso e se encaminhou para as macas no fundo da sala.

– É bom ver que deixou de ser um covarde meu irmão, mas chegou a hora de pôr todas as cartas na mesa. Neste exato instante, várias hordas dos meus lobisomens transmutados estão atacando o mundo bruxo e trouxa. A missão deles? Transformar o máximo de humanos possíveis até que eu possa concretizar a substância com o poder da Varinha das Varinhas. Ninguém mais morrerá, e não haverá mais dor ou sofrimento. A raça eterna enfim será criada!

– Seu plano não vai dar certo! – Chris Hareston bradou em suas correntes. – O amanhecer está chegando e logo todos voltarão ao normal.

Mason riu deliberadamente.

– Ah pobre garoto, esse é mais um problema que resolvi com o meu soro. Esses lobisomens estão com a última atualização da substância, fato que os torna cada vez mais fortes ao passo que a Alvorada se aproxima. Eles só se transformarão de volta se eu mandar.

– Mas como isso é possível? – Ronald Weasley perguntou abismado. – Lobisomens só respondem ao chamado de sua própria espécie.

– Vejo que a convivência com a Granger lhe ajudou Weasley. – Malfoy comentou baixinho ao seu lado. Rony não soube se agradecia ou xingava o garoto.

Como isso é possível? – Mason permaneceu indiferente. – Por que vocês mesmos não me respondem?

Mason Crowe deu um sorriso de canto. Alguma espécie de poder obscuro parecia se emanar dele em ondas que deixavam os cabelos em pé. No seu olhar havia algo estranho, uma espécie de brilho amarelo.

– Você é um deles. – Siger confirmou a indagação de todos.

– O sangue do garoto fez maravilhas em mim. – Mason esticou os braços, flexionou as mãos como se sentisse pela primeira vez cada membro do seu corpo. – E toda alcatéia tem que ter um Macho Alfa, não é mesmo? Eu até tentei experimentar a nova variação do soro em outras cobaias, - apontou para o Patrick animal, preso à maca. – mas não deu muito certo. Sabia que a substância atua de forma particular em cada indivíduo Siger? Foi isso que aconteceu com a nossa querida aqui. – Suas mãos afagaram carinhosamente o rosto, agora desacordado, de Charlotte Charpentier.

– O que fez com ela? – a calma abandonou o corpo de Siger naquele instante.

– Ah não, não – Mason brincou com um cacho solto e o pôs atrás da orelha da moça. – a pergunta é, o que eu fiz com ele. – sua mão desceu pelo corpo da moça até se depositar num ponto da barriga.

A compostura de Siger vacilou um pouco enquanto ele tentava juntar os pontos. A verdade lhe aparecia nos olhos, mas os lábios continuaram entreabertos e mudos, na tentativa falha de reproduzir o que se passava em sua mente.

– Ela está grávida, irmão. – Mason sorriu. – E pelas minhas pesquisas você deve ser o pai.

A surpresa perpassou a face dos Aurores. Siger estranhou tal reação até se lembrar de que o caso entre ele e a Charlotte era secreto. Era difícil definir o que o Chefe do Sétimo Esquadrão sentia naquele momento. Ela era apenas mais uma mulher, entretanto algo pareceu crescer dentro dele. Fosse alegria pelo ser que ainda nem nascera, mas já era parte dele, fosse indignação por Charlotte estar presa àquela maca à mercê das experiências do irmão.

– O que fez? – agora a fúria transbordava nas palavras de Siger.

– Eu injetei uma variação do soro nela. – Mason respondeu apático. – Não sabia que estava grávida, e agora não sei que efeito isto terá.

– Seu desgraçado! – Siger avançou um passo.

– Ora, não se irrite irmão. Eu não sabia de suas travessuras com a moça, embora possa entender o porquê. – ele lançou um olhar malicioso à Charlotte. – Agora falta apenas mais uma carta, e então o jogo poderá prosseguir.

– Do que está falando Mason? – dessa vez Harry Potter se interpôs, esperando que Siger Crowe se acalmasse. Eles só tinham uma chance e não podiam perdê-la por conta do temperamento explosivo do chefe.

– Venha cá Jessica. – o Dr. chamou.

A menina se encaminhou até o centro da sala, numa pose resoluta.

– Não lhe parece familiar Siger? – Mason perguntou segurando um braço da menina. – Eu a encontrei por força do Destino. Não se lembra desses olhos?

Siger encarou Jessica Aley como se a visse pela primeira vez. Mason o olhava de forma estranhamente solícita e assaz curiosa. Ele, assim como todos os demais na sala esperavam a definitiva descoberta, para que enfim o enredo se completasse.

– Helena. – o chefe do Sétimo Esquadrão disse como se não pudesse acreditar.

– Sim, irmãozinho. A filha dela sobreviveu, e veio buscar vingança contra você junto a mim.

– Não é possível... A criança foi dada como morta...

– Parece que o Destino resolveu acrescentar mais um fantasma do passado à sua vida, irmão.

– Jessica... – Siger tentou se aproximar, mas a garota se afastou com nojo.

– Não me toque! A minha mãe confiou em você, e foi morta! - Jessica disse com escárnio. – Eu não sou tão estúpida!

– Muito bem querida. - Mason a despachou como se ela fosse parte de uma peça teatral. – E agora que temos todas as cartas na mesa, - anunciou - finalmente podemos jogar.

– Mason, ainda há como voltar atrás. – Siger protelou. – Renuncie seu direito de Herdeiro e prometo que tudo se resolverá.

– Renunciar? – ele riu. – Eu sou o primogênito Siger! A Varinha do Destino é minha e nada vai me impedir de completar a profecia!

– Queria que tivesse sido diferente. – Siger lamentou. – Mas eu não vou deixar que você machuque mais pessoas inocentes na sua busca pelo poder! Isso acaba aqui.

– Você não vai mais ficar em meu caminho Siger, essa é a última vez que nos enfrentamos irmão. O jogo acabou.

Jessica Aley e os cinco capangas que estavam nos fundos do aposento, empunharam as varinhas de prontidão. Com um aceno de varinha Mason soltou as amarras do Patrick transmutado. A figura animalesca se levantou cambaleando, rosnando descontroladamente como uma fera desembestada.

– E o que acha irmão, - Siger não se abalou e disse em tom de desafio. – de deixarmos o jogo um pouco mais... Interessante?

Siger Crowe descreveu um arco com a varinha atrás de si. Uma a uma, em explosões luminosas, as correntes que prendiam os Aurores ao teto desapareceram, jogando os bruxos ainda fracos ao chão. Harry Potter ciente da manobra de Siger, ao mesmo tempo em que os colegas se punham de pé, fez um gesto rápido e convocou as varinhas que estavam sob a mesa aos seus respectivos donos. Até mesmo Loren que estivera no chão todo o tempo conseguira a muito custo se içar e ficar entre Mason e o Steven ainda em mutação. Os Aurores ergueram as mãos e agarraram suas armas com a determinação que pedia uma batalha como aquela.

O Sétimo Esquadrão estava pronto para a batalha. E o outro lado também.

Os dois irmãos empunharam as varinhas, e o gesto foi repetido pelas demais partes.

– Prepare-se irmão, - Mason bradou com um sorriso malévolo. – estamos no princípio do fim!

Siger Crowe avançou com um brilho violento no olhar. Em suas veias corriam a força necessária para salvar a mulher que carregava o seu filho e todo o mundo trouxa e bruxo. Do outro lado Mason se adiantava também, seu olhar além de uma convicção feroz sobre estar cumprindo seu Destino, ostentava um cruel brilho amarelo.

Havia algo de profético naquela cena quase que apocalíptica. Uma verdadeira luta entre o bem e o mal. Mesmo com os limites entre eles tão finos. Afinal, até que ponto Siger Crowe era inocente? E até onde havia maldade nos intentos de Mason?

Enquanto ambos se aproximavam para o ataque o contraste era claro, as mãos estendidas exibiam a cicatriz que os marcara para sempre. Aquela cicatriz que era uma maldição abençoada pelo Destino. Anos de história, anos de dor e sofrimento para ambas as partes. Os caminhos que percorreram para chegar até ali não foram os mais éticos, mas isso não importava. Estavam limpos dos pecados do passado, pois ali se desenrolaria o futuro.

Anjo e Demônio se encontravam enfim, para o confronto final, onde apenas um poderia triunfar.




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Notas finais do capítulo

E aí gente? Mereço reviews? Notei que estou com muitos leitores novos, sejam bem vindos e muito obrigado por acompanhar!
O que vocês acharam do Siger? Ele ter matado o pai e a Helena muda o que ele é hoje? E o Mason, será que todo esse ressentimento pelo irmão não deturpou a visão de "bem" dele?
Bom, eu espero realmente que tenham gostado e que ainda estejam com paciência para comigo. Qualquer dúvida, estoy aqui!
Sugestões para o próximo? É o princípio do fim minha gente!



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